Há 45 anos, num 11 de
setembro, o presidente Salvador Allende foi derrubado por golpistas dirigidos
por um general de quem se dizia ser profissional e legalista.
Domingo, dia 9 de setembro de 2018, o general Villas
Boas, comandante do exército brasileiro, apontado por alguns como profissional
e legalista, concedeu mais uma entrevista, desta vez ao jornal O
Estado de São Paulo.
Nesta entrevista, o general Villas Boas opinou sobre
o processo político e eleitoral brasileiro.
A entrevista atualizou e aprofundou opiniões
manifestadas anteriormente pelo general, como na entrevista concedida ao Valor, em fevereiro de 2017.
A esse respeito, ler aqui:
A entrevista dada no dia 9 de setembro de 2018 confirmou
os alertas feitos no texto disponível no seguinte endereço:
Um governo democrático deveria demitir o general,
porque suas posições são inaceitáveis.
Mas não são posições surpreendentes.
Ele é o principal porta-voz da cúpula das forças
armadas brasileiras.
E na cúpula das forças armadas predomina a decisão
de impedir, pelos meios que forem
necessários, que a esquerda volte a governar o Brasil.
Não é apenas contra Lula.
Não é apenas contra o PT.
É contra o direito de escolhermos, livremente, quem
vai presidir o Brasil.
Mais uma comprovação de que “eleição sem Lula é
fraude”.
O Partido dos Trabalhadores reagiu, de maneira clara
e enérgica, às declarações de Villas Boas.
A esse respeito, ver esta nota:
Qual o objetivo do general, ao dar estas declarações
neste exato momento? Há várias hipóteses.
Qual o efeito que estas declarações terão sobre a atual
conjuntura política e eleitoral? Também há várias hipóteses.
Mas uma coisa é certa: a cúpula das forças armadas
está operando abertamente. Algo parecido ocorreu em 1989.
Outra semelhança entre 2018 e 1989 é a movimentação de
setores do empresariado, dos meios de comunicação e dos partidos tradicionais,
no sentido de apoiar ou pelo menos estabelecer pontes com a candidatura da
extrema direita.
A adoção do parlamentarismo e a independência oficial
e formal do Banco Central podem ajudar nesta movimentação, impulsionada por
diversos fatores: a) o medo diante da resiliência de Lula e do PT; b) a
preocupação diante da impopularidade das candidaturas preferidas pela cúpula
golpista; c) certo atavismo típico da classe dominante; d) os índices de Bolsonaro
nas pesquisas de opinião.
O que pode bloquear seu crescimento nas camadas populares é mostrar que ele defende
políticas que prejudicam o povo.
Em síntese: mostrar
que Bolsonaro é Temer, tanto quanto as demais candidaturas golpistas.
A repercussão do atentado ajuda a manter em
evidência o candidato da extrema-direita, compensando seu pouco tempo no horário eleitoral gratuito.
E também parece contribuir para consolidar o núcleo
duro do seu eleitorado, suficiente por enquanto para garantir a passagem para o
segundo turno.
O atentado também contribui para “legitimar” a
violência contra a militância da esquerda. Vide os tiros disparados também no dia 9 de setembro contra Renato Freitas, candidato a deputado estadual do PT no Paraná.
E por falar nisso, vale a pena voltar às declarações do general Villas Boas na já citada entrevista de 9 de setembro.
Segundo o general,
Bolsonaro “tem apelo no público militar”, uma vez que “procura se identificar com
questões que são caras às Forças”, além de ter “senso de oportunidade aguçada”.
Isto foi dito acerca de alguém que há poucos dias prometeu “metralhar a petralhada”.
Não podia ser mais
claro.
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