segunda-feira, 3 de março de 2025

Quem substituirá Gleisi?

A presidenta Gleisi vai virar ministra.

Espero que ela tenha sucesso em sua nova tarefa. Evidentemente, isso dependerá em parte das circunstâncias, em parte da missão que receba do presidente Lula e em parte dela mesma.

Entretanto, será preciso substituir a presidenta do Partido.

Segundo o artigo 34 do nosso estatuto (sim, ainda temos estatuto!), "no caso de licença de até 180 dias do presidente, ou da presidenta, assumirá imediatamente a função o respectivo vice-presidente ou vice-presidenta. Parágrafo único: Tratando-se de licença superior ao período previsto no caput desse artigo, deverá o respectivo Diretório, entre seus membros, eleger um presidente, ou presidenta, interino. 

Art. 35. Em caso de vacância, em qualquer instância partidária, do cargo de presidente por cancelamento da filiação, renúncia ou morte, assumirá o cargo o respectivo vice-presidente ou vice-presidenta, até a escolha do substituto a ser feita por maioria absoluta de votos dos membros do Diretório correspondente, em reunião a ser realizada no prazo máximo de 60 (sessenta) dias, contados do fato que deu origem à vaga. 

Parágrafo único: O substituto, ou a substituta, deverá ser escolhido entre os membros efetivos e cumprirá o tempo de mandato restante".

Portanto, uma pergunta é: Gleisi pedirá licença ou renunciará ao cargo? Não sei dizer, entre outros motivos porque sua ida para o governo nunca foi debatida no Diretório Nacional.

Se for licença, um vice pode assumir até que o PED de 6/7 eleja uma nova pessoa para ocupar a presidência do Partido.

Se for renúncia, um vice pode assumir, mas antes do PED será necessário que o Diretório escolha um/uma presidente/a interino/a.

Em qualquer das possibilidades, de imediato um vice deve assumir. Quem? O "primeiro-vice", claro.

Mas quem é o primeiro vice? Não se sabe, pois quando se escolheu a atual executiva, foram eleitos cinco vices, todos homens, todos da tendência "Construindo um Novo Brasil" (CNB), sem hierarquia entre eles.

Como um desses vices assumiu posteriormente o posto de ministro, foi substituído por outro homem, também da CNB.

Hoje os 5 vices são, salvo engano: Quaquá, José Geraldo, Luis Dulci, José Guimarães e Humberto Costa.

Como não há hierarquia entre eles, é imprescindível que o Diretório Nacional seja convocado para eleger quem substituirá Gleisi.

Este não é um assunto privativo da CNB. Não se trata de substituir um nome da CNB por outro nome da CNB. Quem elege os integrantes da CEN é o Diretório. E a presidenta do Partido foi eleita em separado das chapas, diretamente pelo congresso do Partido. Logo, não é um assunto que possa ser resolvido apenas pela executiva.

Assim, esperamos que a próxima reunião da CEN, marcada para o dia 7 de março, convoque imediatamente uma reunião do Diretório Nacional do PT. Seja para definir qual dos vices substituirá, seja para eleger um/a interino/a dentre os integrantes do DN.




Maricá, campeã de novas filiações ao PT

O PT tem poucos filiados.

Hoje temos mais ou menos 2 milhões e seiscentos mil filiados e filiadas.

Mas se quisermos governar o Brasil, governar a maioria dos estados e municípios, ter maioria nos parlamentos, ter petistas atuantes nos movimentos sociais e sindicatos, presentes nas principais empresas do país, nas escolas, em todos os territórios e instituições, precisamos de muito mais.

Precisamos - segundo as minhas contas - de uns 15 milhões de filiados e filiadas.

Neste sentido, devemos comemorar o fato de termos conseguido filiar 341 mil novas pessoas ao nosso Partido. Sendo preciso reconhecer que isso é apenas um pequeno passo perto do que precisamos.


Entretanto, sempre há um entretanto, não precisamos apenas de filiados. Precisamos de militantes. Isso é fácil de conseguir, quando estamos vivendo épocas de grandes lutas sociais. Mas em épocas de refluxo, cabe ao Partido transformar os filiados em militantes.

Infelizmente, como sabemos, o Partido poucas vezes consegue fazer isso. Entre outros motivos, porque nem sempre a filiação é feita com este propósito. Pelo contrário, é muito comum que se filie com um único objetivo: que os novos filiados compareçam para votar na eleição das novas direções partidárias.

Isso sem falar, é claro, daqueles casos em que a arregimentação de novos filiados foi feita por lideranças vindas de outros partidos. Lideranças que passaram recentemente a usar a estrela do PT, mas têm cabeça, tronco e membros de direita.

Por isso, cabe analisar com muito cuidado as filiações feitas até o dia 28 de fevereiro e seguir a recomendação da secretaria nacional de organização, a saber: impugnar quem for necessário até o dia 15 de março de 2025

Especial atenção deve ser dada as cidades do país em que houve um número expressivo de novas filiações. Em alguns casos estas novas filiações são perfeitamente compatíveis com o tamanho das cidades e com a força eleitoral do Partido. Noutros casos, contudo, destoa, ao menos tomando como base a lista que a SORG nacional acaba de divulgar, com o número de antigos e novos filiados, município por município.

Infelizmente, a lista da SORG é organizada por ordem alfabética de estados e, dentro de cada estado, por ordem alfabética de cidades. 

A SORG deveria nos fornecer uma lista comparando o tamanho da população e o número de novos filiados; e outra lista comparando a votação do Partido em 2024 e o número de novos filiados.

Isso permitiria detectar discrepâncias, que podem (ou não) indicar filiação em massa.

Sem estes dados relativos, é possível apenas destacar o número de cidades onde se filiou mais de 1 mil pessoas. Salvo engano, trata-se das seguintes:

PORTO ALEGRE (RS) de 24.802 para 25.807, acréscimo de 1.005 novas filiações.

ITAGUAÍ (RJ), de 1.240 para 2.254, acréscimo de 1.014 novas filiações.

VISEU (PA), fomos de 366 para 1.380, acréscimo de 1.014 novas filiações.

Em Maués (AM) fomos de 883 para 1.508, ou seja, 1.018 novas filiações.

CRATO (CE), de 2.066 para 3.104, acréscimo de 1044 novas filiações.

Em Palmeira dos Índios (AL), fomos de 636 para 1.655, ou seja, 1.108 novas filiações.

PARNAÍBA (PE), de 2.290 para 3.482, acréscimo de 1.196.

PETRÓPOLIS (RJ), de 2.155 para 3.455, acréscimo de 1.305.

GOIÂNIA (GO),de 15.894 para 17.204, acréscimo de 1.310.

PEDRA BRANCA (CE), de 452 para 1.801, acréscimo de 1.349.

PAULISTA (PE), de 7.486 para 8.846, acréscimo de 1.360.

TAMBORIL (CE), de 1.533 para 3.030, acréscimo de 1.497.

ICÓ (CE), de 527 para 1.951, acréscimo de 1.425.

ITAPIPOCA (CE), de 2.152 para 3.673, acréscimo de 1.521.

Camaçari (BA), de 5.040 para 6.606, acréscimo de 1.566.

FEIRA DE SANTANA (BA), de 3.752 para 5.345, acréscimo de 1.593.   

ANANINDEUA (PA), de 4.937 para 6.556, acréscimo de 1.619.

OLINDA (PE), de 8.673 para 10.472, acréscimo de 1.799.

APARECIDA DE GOIÂNIA (GO), de 3.528 para 5.368, acréscimo de 1.840.

Em Arapiraca (AL), fomos de 1.521 para 2.703, ou seja, 1.995 novas filiações.

JAPERI (RJ), de 2.355 para 4.480, acréscimo de 2.125.

ARACAJU (SE), de 7.967 para 10.170, acréscimo de 2.216 novas filiações.

SÃO JOÃO DE MERITI (RJ), de 7.268 para 9.598, acréscimo de 2.331.

ITABORAÍ (RJ), de 2.671 para 5.010, acréscimo de 2.339.

MESQUITA (RJ), de 3.641 para 6.456, acréscimo de 2.815.

NOVA IGUAÇU (RJ), de 15.520 para 18.511, acréscimo de 2.992.

Santana (AP) fomos de  9.970 para 13.135, ou seja, 3.165 novas filiações.

BELÉM (PA), de 19.434 para 22.809, acréscimo de 3.375.

ABAETETUBA (PA), de 2.144 para 5.623, acréscimo de 3.479.

Em Manaus (AM) fomos de 20.273 para 23.930, ou seja, 3.657 novas filiações.

DUQUE DE CAXIAS (RJ),de 10.366 para 14.038, acréscimo de 3.672.

Santana (AP), de 6.190 para 10.126, acréscimo de 3.936.   

TERESINA (PI), de 15.534 para 19.509, acréscimo de 3.975.

MARACANAÚ (CE), de 4.813 para 9.577, acréscimo de 4.764.

SÃO LUÍS (MA), de 9.841 para 13.316, acréscimo de 5.619.   

Salvador (BA), de 32.713 para 38.382, acréscimo de 5.669.

NITERÓI (RJ), de 18.692 para 24.658, acréscimo de 5.968.

BELFORD ROXO (RJ), de 5.101 para 11.904, acréscimo de 6.804.

Maceió (AL), fomos de 5.582 para 12.640, ou seja, 8.934 novas filiações.

Na cidade de Maricá, no estado do Rio de Janeiro. Em outubro de 2024 havia 8.521 filiados na cidade. Agora saltou para 18.062. Ou seja, 9.541 novas filiações.

SÃO GONÇALO (RJ), fomos de 18.825 para 29.490, ou seja, 10.670 novas filiações.

RECIFE (PE), de 54.378 para 65.641, acréscimo de 11.263.

SÃO PAULO (SP),de 188.763 para 201.477, acréscimo de 12.715 novas filiações.

Em Fortaleza (CE), fomos de  42.357 para 57.797, ou seja, 15.440 novas filiações.

RIO DE JANEIRO (RJ), fomos de 85.275 para 107.941, ou seja, 22.666 novas filiações.

Como se pode ver, Maricá está em sexto lugar em número absoluto de novos filiados. Mas na sua frente estão quatro capitais de estado e uma cidade com 896 mil habitantes. Enquanto Maricá tem 223 mil habitantes.

Só para comparar com duas outras cidades em que reelegemos nosso projeto: em Juiz de Fora, fomos de 6.174 para 6.762, ou seja, 588 novas filiações. E em Contagem, fomos de 8.533 para 9.044, ou seja, 511 novas filiações.

Maiores conclusões dependem de uma análise, citada acima, dos números relativos à população e votação no PT. Seja como for, os dados preliminares me fazem lembrar de uma conversa que tive com o secretário-geral do Partido, em que solicitei que a Executiva Nacional apreciasse dois pedidos de comissão de ética contra um certo cidadão.

O secretário-geral não atendeu meu pedido. E um de seus argumentos foi o de que o referido cidadão seria eleito prefeito e ia recuar da política nacional. Como se vê pelos números acima, não só os da cidade do tal cidadão, mas também os números de outras cidades que perfazem sua área de influência, o secretário-geral estava totalmente errado. 




sábado, 1 de março de 2025

Zelensky merece pena?

 


Entendo, mas não concordo com aqueles que tratam o governo da Ucrânia como vítima de uma injustificada agressão russa.

Igual entendo, mas também não concordo com certas teorias sobre o “trumputinismo” e sobre “os freios e contrapesos” que os europeus supostamente impunham à OTAN.

Mas, além de não concordar, não consigo entender como alguém de esquerda é capaz de escrever frases como as que vem a seguir:

“Não tenho nenhuma simpatia por Zelensky, mas a humilhação a que foi submetido hoje é também a humilhação de todos os países periféricos”. 

“O desprezo aos palestinos e aos ucranianos é idêntico”. 

Idêntico? 

De “todos”? “

As duas frases foram perpetradas por Fevereiro e Carneiro, respectivamente, e integram os textos que reproduzo abaixo. 

Por caminhos e com propostas diferentes, ambos têm pena de quem só merece escárnio.

Zelensky merece “pena” sim. Mas de outro tipo.


Texto de Fevereiro
O FIM DA OTAN O deplorável episódio de hoje na Casa Branca onde Trump e Vance humilharam Zelensky ameaçando-o publicamente caso não aceite os termos russos para a paz significa também o fim da Otan. Não tenho nenhuma simpatia por Zelensky, mas a humilhação a que foi submetido hoje é também a humilhação de todos os países periféricos. Muito claramente Donald Trump inaugura uma era onde os EUA passam a operar sozinhos , com menos força portanto, mas com mais liberdade de movimentos. Sem os freios e contrapesos que as consultas aos aliados europeus impunham. A Otan é uma aberração, é verdade. Já deveria ter acabado desde os anos 90. A lógica da sua autoperpetuaçao precisou da construção de um novo inimigo. A Rússia foi escolhida artificialmente para cumprir esse papel. Hoje a Otan acabou . Seria uma boa notícia se o seu fim fosse o resultado do avanço de uma geopolítica mais pacificada e menos belicosa. Não é o caso. Trump precisa liquidar a Otan , para ter liberdade total de movimentos nos seus interesses geopolíticos mais proximos . A Europa que se resolva com a Russia que Trump tem mais o que fazer. Más notícias para as Américas.

Texto de Carneiro
A explicitação obscena da truculência imperial é uma técnica fascista. O tom de voz elevado, a gestualidade ameaçadora é como um bullying declarado. O vídeo de Gaza e o tratamento gangsterista contra Zelensky são duas explicitacões do império principal em decadência contra seus rivais, mas, acima de tudo, contra os povos do mundo. O desprezo aos palestinos e aos ucranianos é idêntico. O recado é o mesmo de Teddy Roosevelt: big stick. Dentre os quatro grandes blocos imperialistas, Trump escolheu se aliar a Putin contra a Europa para tentar isolar a China. Além dos interesses econômicos há um eixo político ideológico na disputa: reabilitar e reprogramar o fascismo histórico como novo regime trumputinista. A única alternativa é a mobilização social de massas. A Grécia, a Sérvia, a Coreia do Sul, Bangladesh e a própria Alemanha e EUA apontam o caminho: cada vez mais manifestações, greves, ações diretas de massas.


A lei da selva: sobre notícia publicada no UOL


O UOL publicou o seguinte: Mudança em estatuto do PT foi 'ilegal', diz dirigente: 'Lei da selva'

Uma correção: a matéria diz que eu sou filiado ao PT desde 1980. Não é fato. Fiz campanha para o PT em 1982 mas só me filiei em 1985.

De resto, reproduzo abaixo a íntegra das respostas que dei, por escrito, ao jornalista do UOL que assina a matéria. Reproduzo também, para dar sentido à algumas respostas, trechos do diálogo que mantive com o jornalista, por zap.

[19:27, 18/02/2025] luccas: oi professor! tudo bem?

[19:27, 18/02/2025] luccas: luccas aqui, do UOL. conversamos por e-mail

[19:27, 18/02/2025] luccas: conseguimos uma conversa ainda esta semana? sei que o senhor tá cheio de tarefas e tudo mais

[19:39, 18/02/2025] Valter Pomar: Então: de hoje até domingo, impossivel. Semana que vem, talvez. Mas veja: eu só dou entrevistas por escrito. Então, se  voce quiser mandar alguma pergunta, eu posso tentar responder.

(...)

[10:46, 24/02/2025] luccas: 1- vemos a reprovação de Lula subindo com a alta do preço dos alimentos - o que necessariamente não é culpa dele, mas a direita usa muito bem esse fator negativo. mesmo com as eleições sendo daqui 18 meses, isso já preocupa?

2- o PT vem enfrentando uma dificuldade de renovação em seus quadros mesmo com bons nomes novos, como Luna Zarattini e outros mais. o partido deveria se atentar mais a abraçar essa nova geração de políticos que vem vindo?

3- vimos nos últimos dias que o PT mudou o estatuto, liberando reeleição sem limites e dificultando a renovação dos quadros do partido. para o senhor, a mudança foi bem-vinda?

4- é citada em uma matéria da Folha de São Paulo que o senhor e Jilmar Tatto discutiram antes da reunião. a discussão foi por conta das propostas ou foi algo mais técnico da reunião (como o jeito que seria a votação)?

5- na sua visão, mesmo com a presidência, o partido precisa se reorganizar e falar mais com a base novamente?

6- Gleisi foi importante para manter a base mobilizada enquanto Lula estava preso, mas hoje sofre críticas por conta de "fogo-amigo" contra ministros. essa é uma atitude que incomoda?

(....)

[12:37, 24/02/2025] Valter Pomar: 1- vemos a reprovação de Lula subindo com a alta do preço dos alimentos - o que necessariamente não é culpa dele, mas a direita usa muito bem esse fator negativo. mesmo com as eleições sendo daqui 18 meses, isso já preocupa? A inflação preocupa, especialmente do preço dos alimentos. Mas a preocupação maior não é eleitoral. A preocupação maior é que prejudica a vida do povo, principalmente de quem recebe menores salários. Por isso é preciso intervir na economia, imediatamente.

2- o PT vem enfrentando uma dificuldade de renovação em seus quadros mesmo com bons nomes novos, como Luna Zarattini e outros mais. o partido deveria se atentar mais a abraçar essa nova geração de políticos que vem vindo? Então, não concordo com a tese exposta na pergunta. Em primeiro lugar, considero que o principal problema do país não é idade dos parlamentares ou dos executivos. O principal problema do país é que a elite controla os centros de poder. Os trabalhadores são maioria na sociedade e minoria no parlamento. As mulheres, os negros e negras, são maioria na sociedade. E são minoria no parlamento. Nada disso não acontece por conta da "dificuldade de renovação" do PT. O PT é vítima disto, não causa do problema. Em segundo lugar, figuras como Luna, Natália Bonavides, Dandara e tantas outras companheiros e companheiros que hoje tem entre 20 e 40 anos, não surgiram de processos eleitorais. Surgiram da luta política e social. O jeito de renovar geracionalmente o Partido é através das lutas sociais, o eleitoral é consequência.

3- vimos nos últimos dias que o PT mudou o estatuto, liberando reeleição sem limites e dificultando a renovação dos quadros do partido. para o senhor, a mudança foi bem-vinda? A mudança foi ilegal e ilegítima. O estatuto não pode ser mudado por uma maioria simples de membros do Diretório. Uma resolução congressual também não pode ser mudada assim. Ademais, a proposta caiu de para-quedas um dia antes de ser submetida a votação, numa reunião que não poderia ter discutido conjuntamente os dois temas, que dizem respeito a coisas diferentes (mandatos internos ao Partido e mandatos eleitos). Votei contra as mudanças. E, no caso dos mandatos parlamentares, defendi que fosse convocada uma reunião específica para debater o assunto. 

4- é citada em uma matéria da Folha de São Paulo que o senhor e Jilmar Tatto discutiram antes da reunião. a discussão foi por conta das propostas ou foi algo mais técnico da reunião (como o jeito que seria a votação)? O companheiro Jilmar Tatto disse, numa reunião do Diretório Nacional do PT, que não seria necessário ter maioria qualificada para mudar o estatuto. Eu respondi que este critério é a lei da selva, em que uma maioria eventual pode tudo. Não se trata de um assunto técnico. Se uma maioria eventual pode mudar a qualquer momento um estatuto, então não há estatuto. Existe, na verdade, uma minoria que faz qualquer coisa para tentar se manter como maioria. 

5- na sua visão, mesmo com a presidência, o partido precisa se reorganizar e falar mais com a base novamente? Os petistas falam com a base o tempo todo. Se não fizéssemos isso, não teríamos ganho 5 das últimas 9 eleições presidenciais. Nem teríamos ficado em segundo lugar nas outras 4. O problema, portanto, é outro. Primeiro, é preciso organizar nossa atuação coletiva na base. Segundo, é preciso recuperar territórios e corações perdidos. Terceiro, é preciso que a maior parte da classe trabalhadora abrace os ideais da esquerda, do socialismo, das reformas estruturais.  

6- Gleisi foi importante para manter a base mobilizada enquanto Lula estava preso, mas hoje sofre críticas por conta de "fogo-amigo" contra ministros. essa é uma atitude que incomoda? Eu não votei em Gleisi. Mas das vezes que eu lembro dela criticando algum ministro, acho que ela tinha razão. Esse é o caso, em particular, da política econômica. Quanto ao tema da mobilização, acho que nós todos, da atual direção nacional do PT, não tivemos sucesso em fazer a mobilização que era necessária.

[13:05, 24/02/2025] luccas: nessa do estatuto, apesar da votação considerada errada, você concorda com as mudanças?

[13:06, 24/02/2025] luccas: e outra coisa: uma votação acelerada assim pode abrir 'precedente' para outras votações serem feitas de forma semelhante?

[13:07, 24/02/2025] Valter Pomar: Claro que não. Como eu escrevi acima, votei CONTRA as mudanças.

[13:07, 24/02/2025] Valter Pomar: Se votei contra, não concordo com elas.

[13:08, 24/02/2025] Valter Pomar: Não gera precedente algum. Um erro não gera "precedente". Um atropelo não gera "precedente".

(...)

[13:11, 24/02/2025] luccas: e uma última: fora a votação acelerada que você bem disse, o senhor votou contra as mudanças por qual motivo?

[13:12, 24/02/2025] Valter Pomar: https://valterpomar.blogspot.com/2025/02/declaracao-de-voto.html

[13:12, 24/02/2025] Valter Pomar: Meus motivos estão aqui acima.

(...)