Recomendo
enfaticamente a leitura de um artigo publicado no dia 9 de agosto, na página
eletrônica do jornal Causa Operária.
O artigo
chama-se “Tamanho não é documento?” e tem como subtítulo “Os bandeirantes, o
progresso e a luta contra o imperialismo”.
Assinado por
Eduardo Vasco, a íntegra do artigo pode ser lida aqui:
https://www.causaoperaria.org.br/rede/dco/opiniao/colunistas/os-bandeirantes-o-progresso-e-a-luta-contra-o-imperialismo/
Para
facilitar a vida, copiei e colei ao final.
Comprovando
algumas semelhanças já apontadas entre o MR8 e o PCO, o título do artigo
confirma a adesão do autor ao machismo leninismo.
Mas este aspecto do digamos
“problema” deixo para quem é especialista neste tipo de gente que acha que
“tamanho” é “documento”.
Deixarei de
lado, também, o debate sobre se defumar Borba Gato foi correto ou não, do ponto
de vista da luta contra Bolsonaro.
Como já expliquei em outras oportunidades,
constatar que alguém é um cavernícola genocida não implica em nenhuma tática
específica para combater o referido.
Várias táticas são possíveis e acumulam
mais ou menos para o êxito da luta.
Vou me
dedicar aqui apenas a um dos temas trazidos pelo texto de Eduardo Vasco: a
bizarra tese de que defumar a estátua de Borba Gato seria um ato em defesa do
imperialismo, contra “a própria nação brasileira".
Outros aspectos da polêmica, abordarei noutro momento.
Comecemos
pelo começo: qual teria sido o papel “dos bandeirantes na história nacional”?
Em resumo, a
tese de Vasco é que os bandeirantes teriam contribuído para expandir nossas
fronteiras, o que teria resultado num país grande, o que por sua vez é muito
importante na luta contra o imperialismo.
Logo os bandeirantes e sua obra deveriam
ser defendidos por quem luta contra o imperialismo.
Esta lógica
– como me observou um companheiro a quem preservo o nome, para ele não ser
achincalhado como “pequeno burguês” e outros epítetos que o adorável Vasco
despeja sobre minha cabeça – deveria conduzir o PCO a defender a construção de
estátuas para Medici, que assinou decreto alargando nosso “mar territorial” para
200 milhas marítimas.
Não vou
reproduzir aqui frase-a-frase o que diz Vasco em seu texto.
Como estudei em um grupo
escolar público exatamente no início dos anos 1970, quando a ditadura adotava
uma retórica aparentemente nacionalista para encobrir sua submissão ao
imperialismo, consigo reconhecer as digitais intelectuais presentes em frases e
raciocínios que nos levam a aplaudir a colonização portuguesa e seus métodos,
em nome dos resultados alcançados.
Entretanto, Vasco acha
que sua posição é marxista.
E para “provar” isto, cita as posições de Marx e
Engels acerca da expansão territorial dos Estados Unidos e conclui que caso a
Califórnia “tivesse se mantido sob o poder do México, ela não seria muito
diferente do resto do país latino, pobre e atrasado”.
Nem eu, nem
Vasco nem ninguém saberia dizer o que teria acontecido se a história tivesse
sido diferente.
O que sei é que aceitar o “argumento” de Vasco nos conduz inevitavelmente
a defender o “papel civilizatório” do imperialismo e do colonialismo.
Não vou
cansar os leitores deste texto com um debate sobre como evoluíram as
posições de Marx e Engels acerca deste assunto.
Limito-me a informar que na Segunda
Internacional houve confrontos imensos entre defensores e opositores do “colonialismo
socialista”.
Os primeiros baseavam-se na “lógica” de Vasco. E terminaram como se sabe.
Lógica que
um conhecido camarada russo chamava de “objetivismo”: começava-se reconhecendo
o papel progressista do capitalismo e terminava-se fazendo a apologia do capitalismo.
Para
explicar a tal “apologia”, vejamos o seguinte trecho do texto de Vasco: “Para a
esquerda pequeno-burguesa, como Valter Pomar, assim como para os identitários impulsionados
pelo imperialismo, a história do homem não é uma história de progresso, de
desenvolvimento das forças produtivas e de constante luta de classes”.
Segundo este
raciocínio, o capitalismo é um progresso em relação ao feudalismo.
Isto é
verdade?
Sim, é.
Mas daí não decorre que devamos defender, aplaudir, tomar
partido de tudo aquilo que os capitalistas fizeram para destruir o feudalismo.
Pois
se o fizermos estaremos nos comportando como... capitalistas.
Ao invés de
fazer a apologia do passado, é preciso fazer a crítica.
No caso, significa levar
a sério a tese segundo a qual a história é “constante luta de classes”, luta entre
explorados e exploradores, entre opressores e oprimidos, entre o colonialismo e
colonizados etc.
Vasco repete
a frase citada acima, mas não a toma a sério, como se vê no seguinte trecho: “Logo,
um ataque à cultura e à história do Brasil ─ independentemente se essa história
é “boa” ou “má”, afinal, ela é o que é, não o que gostaríamos que fosse ─ é um
ataque ao povo brasileiro”.
Ou seja: segundo Vasco, atacar Borba Gato seria “um ataque à cultura e à história do Brasil”.
Por qual
motivo? Porque, segundo Vasco, não importaria se essa história é “boa” ou “má”.
De
fato, não importa se é "boa" ou se é "má", termos que aliás não fazem nenhum sentido: o que importa é de que lado estamos, se
dos exploradores e opressores, ou se dos explorados e oprimidos.
Por exemplo: na Roma
Antiga, Vasco estaria do lado das legiões romanas, não de Spartacus?
Na "Alemanha" medieval, Vasco estaria do lado dos que massacraram a revolução camponesa?
Nos EUA, Vasco estaria do lado de Custer ou dos "Sioux"?
Quero crer que Vasco responderá de maneira “politicamente correta” estas três questões.
Então por
qual motivo aqui na América Latina e no Brasil ele fica do lado dos
bandeirantes?
Voltaremos ao assunto, na sequência deste texto.
SEGUE O TEXTO CRITICADO
Tamanho não
é documento?
Os
bandeirantes, o progresso e a luta contra o imperialismo
O alvo não é
Borba Gato, mas a própria nação brasileira e sua luta pela emancipação – Foto:
Gabriel Schlickmann
Por: Eduardo
Vasco
• Publicado em: 09/08/21 - 00:00
• Edição nº 6461 – segunda-feira –
09/08/2021
Oincêndio da
estátua de Borba Gato alimentou a discussão a respeito do papel dos
bandeirantes na história nacional. A esquerda pequeno-burguesa e seus
pseudoativistas e pseudointelectuais louvaram a ação pseudorradical.
Como
enfatizado diversas vezes por este diário e pelos órgão de imprensa do PCO, contudo,
tal ação, como todas as ações dos grupos identitários, serve não para
impulsionar, mas sim para sabotar a verdadeira luta dos oprimidos.
E parte
essencial dessa luta é a luta contra o imperialismo. A luta de classes na época
dos grandes monopólios que dominam o mundo se resume à luta entre a classe
operária e esses monopólios, que formam o imperialismo. Ganha destaque a luta
da classe operária dos países de capitalismo atrasado ou semicoloniais,
impedidos de se desenvolverem devido justamente à dominação imperialista.
O
imperialismo utiliza os grupos identitários ─ forjados nas universidades
norte-americanas e europeias ─ para contribuírem com essa dominação. Os ataques
contra estátuas e outros símbolos nacionais nos países atrasados, dizem os
identitários, são um ataque contra a opressão. Mas esses mesmos grupos são, via
de regra, financiados justamente pelos opressores imperialistas! Ao invés de
lutarem contra a opressão atual ─ à qual, na verdade, eles servem ─, inventam
uma falsa luta contra os alegados opressores do passado. E, para isso, usam e
abusam de um discurso anacrônico.
Segundo
eles, os bandeirantes seriam os piores demônios que já pisaram em solo
brasileiro. Portanto, é preciso remover seus vestígios da história do Brasil,
como suas estátuas. É preciso apagar a história, uma vez que ela é uma história
“má”. Mas a quem serve apagar a história, seja ela “boa” ou “má”, de um país
oprimido pelo imperialismo, cujo conhecimento de sua própria história é
ferramenta importante para a sua libertação? Serve exatamente aos interesses de
dominação imperialistas.
Se
dependesse da vontade do imperialismo, não apenas a história do Brasil seria
apagada (como ele tenta fazer através dos grupos identitários), mas inclusive
parte de seu território deveria ser apagada do mapa. É o que o imperialismo
sempre tentou fazer com a Amazônia ─ daí a ampla campanha política, diplomática
e propagandística supostamente a favor do meio ambiente no Brasil.
Agora, por
que os movimentos populares, a esquerda e os oprimidos historicamente sempre
defenderam que a Amazônia brasileira é brasileira? Por chauvinismo? Não. Porque
ela é fonte de grandes recursos naturais para o desenvolvimento do Brasil, um
país pobre e atrasado. E porque, se for retirada do Brasil, irá para as mãos do
imperialismo, golpeando ainda mais qualquer possibilidade de desenvolvimento e
de soberania de um país oprimido.
Nesse
sentido, soa um tanto ingênuo o posicionamento de um desses pseudointelectuais
da esquerda pequeno-burguesa, que ignoram a luta de um país oprimido contra o
imperialismo, como é o caso de Valter Pomar.
Em artigo
recente, tentando refutar o posicionamento do PCO, expresso pelo presidente
nacional do Partido, Rui Costa Pimenta, o dirigente da Articulação de Esquerda
(corrente oportunista dentro do PT), questiona a noção de progresso e
desenvolvimento econômico ─ embora se autointitule marxista!
A tese
central de Pomar é que os bandeirantes foram grandes opressores (aqui não se
difere dos identitários) e que (agora algo novo!) o seu trabalho para a
expansão territorial do Brasil seria algo irrelevante, ou, pior ainda,
condenável. Afinal, se foram monstros que não deveriam sequer ter existido, a
expansão do Brasil para além do Tratado de Tordesilhas conduzida por eles
também seria algo abominável.
Nosso
marxista de gabinete busca ridicularizar a ideia de que, para o imperialismo,
seria melhor que o Brasil fosse um país pequeno, pois mais fácil de ser
dominado. Esse é o pensamento de Pomar que fica implícito quando diz que a
“elite de São Paulo” ensina os “lugares comuns” de que os bandeirantes foram
instrumentos de progresso e que o progresso consiste em ser grande. Pomar não
concorda.
Perguntemos
a ele: se o Brasil se resumisse ao Nordeste, Sudeste e metade de Goiás, ele
teria o mesmo nível de desenvolvimento que tem atualmente? Por acaso o
desenvolvimento não interessa aos oprimidos, mas apenas aos opressores?
Voltemos ao
caso da Amazônia. Se ainda vigorasse o Tratado de Tordesilhas ─ acordado entre
as coroas portuguesa e espanhola e violado pelos bandeirantes ─, Amazônia,
Pantanal e o Aquífero Guarani, por exemplo, não pertenceriam ao Brasil. Talvez
nem mesmo os índios brasileiros ─ tão falsamente adorados pelos identitários ─
tivessem sobrevivido, pois teriam ficado a mercê dos espanhóis, que devastaram
os impérios Inca, Asteca e Maia ─ muito mais evoluídos do que os brasileiros.
Para a
esquerda pequeno-burguesa, como Valter Pomar, assim como para os identitários
impulsionados pelo imperialismo, a história do homem não é uma história de
progresso, de desenvolvimento das forças produtivas e de constante luta de
classes. Ao contrário do que pode pensar o dirigente petista, o posicionamento
que apresenta em sua crítica a nossas posições não tem nada a ver com marxismo.
Pelo contrário, é antimarxista.
Em artigo
publicado em fevereiro de 1850 na Nova Gazeta Renana, Marx e Engels demonstram
que viam como um progresso a descoberta de ouro na Califórnia e sua anexação
pelos Estados Unidos ─ concretizada sete meses depois.
“Agora, após
somente dezoito meses, podemos prever que essa descoberta terá muito maiores
consequências do que o descobrimento da própria América. Por trezentos e trinta
anos todo o comércio da Europa para o Oceano Pacífico foi conduzido por uma
comovente e resignada paciência ao redor do Cabo da Boa Esperança ou do Cabo
Horn. Todas as propostas de atravessar o canal do Panamá foram um desastre por
causa do ciúme tacanho das nações comerciais. As minas de ouro da Califórnia
foram descobertas apenas dezoito meses atrás e os americanos já construíram uma
ferrovia, uma grande rota terrestre e um canal a partir do Golfo do México,
navios a vapor já estão navegando regularmente de Nova Iorque ao Chagres, do
Panamá a São Francisco, o comércio do Pacífico já está se concentrando no
Panamá e a jornada pelo Cabo Horn já se tornou obsoleta. Um litoral que se
estende por trinta graus de latitude, um dos mais bonitos e férteis do mundo e
até agora pouco povoado está visivelmente se transformando em uma terra rica,
civilizada e densamente povoada por homens de todas as raças, dos ianques aos
chineses, dos negros aos indianos e malaios, dos criolos e mestiços aos
europeus. O ouro da Califórnia está derramando em torrentes sobre a América e a
costa asiática do Pacífico e está arrastando os relutantes povos bárbaros para
o comércio mundial, para o mundo civilizado. Pela segunda vez o comércio
mundial encontra uma nova direção. O que Tiro, Cartago e Alexandria foram na
antiguidade, o que Gênova e Veneza foram na Idade Média, o que Londres e
Liverpool têm sido até agora, o empório do comércio mundial ─ isso é o que Nova
Iorque, São Francisco, San Juan del Norte, León, Chagres e o Panamá vão se
tornar a partir de agora. O ponto focal do tráfico internacional ─ na Idade
Média, a Itália; nos tempos modernos, a Inglaterra ─ é agora o sul da península
norte-americana: a indústria e a riqueza de outros, que demandaram e ainda
demandam uma distribuição de propriedade diferente ─ na verdade, a total
abolição da propriedade privada.”
Sim, para o
horror da esquerda pequeno-burguesa pseudomarxista, Marx e Engels concluíram
que era uma etapa fundamental do desenvolvimento da sociedade a expansão
territorial dos Estados Unidos, abocanhando parcela significativa do atrasado e
miserável México. Estava-se levando o capitalismo, em sua época progressista,
para além das antigas fronteiras norte-americanas. E, hoje, mesmo os
identitários mais histéricos não podem negar que foi um progresso: a Califórnia
é o estado mais industrializado dos EUA e se fosse um país ela teria o 5° PIB do
mundo todo. Caso, no entanto, tivesse se mantido sob o poder do México, ela não
seria muito diferente do resto do país latino, pobre e atrasado.
Os Estados
Unidos só são a maior potência que o mundo já viu devido à sua expansão
territorial. A Inglaterra só alcançou esse status por causa do império
ultramarino que construiu durante séculos. O mesmo vale para os mais
desenvolvidos dos países atrasados, como o próprio Brasil, a Rússia, a China ou
a Índia ─ todos países territorialmente grandes e muito populosos.
A Revolução
Russa abalou o mundo não apenas porque foi a primeira revolução proletária da
história, mas também porque ocorreu no maior país do planeta. Graças ao seu
tamanho, a Rússia (e depois a URSS) se transformou em uma ameaça para o
imperialismo, influenciando diretamente as lutas operárias na Europa e na Ásia
(com quem faz fronteira) e indiretamente os povos do mundo todo. Algo
semelhante aconteceu com a China ─ qual a revolução mais importante, a chinesa
ou a vietnamita?
Se Cuba, uma
ilha de 11 milhões de habitantes, pobre e isolada, conseguiu influenciar com
sua revolução os movimentos populares de todos os países oprimidos e mesmo dos
países ricos, então o que poderíamos dizer caso o Brasil tivesse uma revolução
parecida? O continente viria abaixo e a dominação imperialista, a nível
continental e mundial, viria-se fatalmente abalada. É famosa a posição
preocupada do governo dos EUA sobre a possibilidade de o Brasil se transformar
“em uma nova Cuba”, o que levou o imperialismo a executar o golpe de 1964. Os
EUA nunca esconderam que o País é o mais importante do continente para os
próprios interesses norte-americanos. Não é o Uruguai, não é o Paraguai, não é
São Cristóvão e Neves. É o gigantesco Brasil, maior e mais populoso país da
América Latina.
Por outro
lado, não há como ignorar os esforços do imperialismo para desmembrar os
grandes países, como as já citadas Rússia e China. A desintegração da União
Soviética em 15 países, da Iugoslávia em seis países, a divisão da
Checoslováquia ─ bem como da Alemanha, ao final da II Guerra Mundial ─ foi uma
política do imperialismo. Mesmo sem a URSS, a Rússia continua sendo um entrave
para a dominação imperialista, por isso a política açougueira continua
(tentativas de separar a Chechênia já levaram a guerras). A Sérvia, como
coração da ex-Iugoslávia, perdeu ainda Montenegro e o Cossovo. Até 20 anos
atrás, a China esteve separada de Hong Kong e Macau e ainda hoje não recuperou
Taiwan.
Os
imperialistas dividiram o Vietnã em dois e a luta pela reunificação foi uma das
forças propulsoras da luta pela independência e pela revolução naquele país.
Caso semelhante é o da Coreia, que ainda hoje permanece dividida devido à
intervenção imperialista. A Guerra da Coreia foi travada pela Coreia do Norte
com o objetivo de livrar o sul da invasão norte-americana e reunificar o país e
até os dias atuais o estado operário norte-coreano tem como uma de suas
principais bandeiras a reunificação.
Para o imperialismo,
é muito mais fácil dominar um país pequeno do que um país grande. É a velha
política de dividir para conquistar.
Por sua vez,
os países imperialistas impedem de todas as maneiras a divisão de seus
territórios. Catalunha, País Basco e Galícia na Espanha; Irlanda do Norte, País
de Gales e Escócia na Grã-Bretanha ou Córsega na França e Flandres na Bélgica
são conhecidos exemplos de movimentos independentistas que até hoje nunca
conseguiram grandes resultados, porque esses países, todos imperialistas, não
largam o osso. Sabem que a unidade territorial é peça chave para a
sobrevivência da sua condição de potência imperialista. Sua desintegração
territorial poderia inclusive agilizar a decomposição de todo o sistema
imperialista mundial.
Mas Pomar
ignora a importância da luta pela unidade nacional como parte da luta geral da
classe operária nos países atrasados por sua emancipação do imperialismo e pela
revolução socialista. E no caso dos países oprimidos a unidade nacional não tem
o mesmo significado da “unidade nacional” apregoada por essa mesma esquerda ─
isto é, a união com a direita, com a burguesia, deixando a classe trabalhadora
a reboque de seus opressores. Para os povos oprimidos, a verdadeira unidade
nacional é produto da luta histórica das classes exploradas e do
desenvolvimento das forças produtivas ─ em determinados períodos, produzido
pelas classes exploradoras e seus representantes. A unidade nacional, aqui, é a
unidade territorial do Brasil, a unidade da população que aqui vive em um território
único. É uma das mais fundamentais maneiras de se resistir ao assédio
incessante das potências e dos monopólios imperialistas.
Em uma época
de total desintegração do regime imperialista, na qual as contradições se
acentuam de maneira acelerada, fica cada vez mais aguda a polarização política
entre as duas classes antagônicas: o proletariado e a burguesia. Nos países
oprimidos essa polarização se torna evidente quando percebemos que essa luta é
expressa pelos trabalhadores de um lado ─ que carregam atrás de si os
interesses da nação, seja da pequena burguesia ou mesmo de setores da burguesia
─ e pelo imperialismo de outro lado.
Portanto, os
trabalhadores, ou seja, a classe revolucionária da época imperialista, são os
que tomam para si os interesses da nação oprimida, são os únicos que podem
levar às últimas consequências a luta pela independência e a libertação
nacional dos países atrasados. A nação brasileira, assim, pertence cada vez
mais ao povo brasileiro, aos trabalhadores e demais setores oprimidos. Da mesma
forma lhes pertence a cultura e a história nacionais. Logo, um ataque à cultura
e à história do Brasil ─ independentemente se essa história é “boa” ou “má”,
afinal, ela é o que é, não o que gostaríamos que fosse ─ é um ataque ao povo
brasileiro. E, novamente, um ataque ao povo brasileiro, como um povo oprimido,
um ataque ao Brasil como um país oprimido, serve única e exclusivamente aos
interesses de dominação, submissão e espoliação imperialistas.