quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Intervenção no seminário do Instituto Lula

O Instituto Lula promoveu, no dia 21 de janeiro, um encontro com intelectuais sul-americanos, para debater os "caminhos progressistas para o desenvolvimento e a integração regional".

Abaixo, a versão resumida do que falei neste seminário, na parte da tarde, quando se discutia o tema  "estágio atual, desafios e perspectivas da integração regional". Uma versão editada será enviada, proximamente, ao Instituto Lula.

Meu posto de observação, para opinar sobre o tema integração, é o Foro de São Paulo, do qual sou secretário-executivo desde 2005.

Todos os partidos do Foro consideram que a integração é algo central, estratégico, seja como proteção contra ingerências externas em geral e contra os impactos da atual crise internacional em particular; seja para aproveitar melhor todo o potencial regional; e, também, como "guarda-chuva" para os diferentes projetos estratégicos que os partidos do Foro perseguem.

Dos que defendem o socialismo, aos que defendem um novo modelo de desenvolvimento capitalista, todos reconhecem que a integração é um fator decisivo para limitar o alcance e a ingerência da aliança conservadora entre as oligarquias locais e seus aliados metropolitanos.

Agora, os partidos que integram o Foro também reconhecem a existência de um déficit teórico. Não apenas nos itens indicados até aqui, neste encontro (o balanço da década de governos progressistas e de esquerda, a integração regional), mas também em três outros temas.

Os temas nos quais se aponta a existência de um déficit teórico são: a análise do capitalismo do século XXI, pois muitos continuam operando com uma interpretação acerca do capitalismo que corresponde ao século XX; o balanço das experiências socialistas, social-democratas e nacional-desenvolvimentistas do século XX, pois muitos repetem erros e desconsideram acertos daquelas experiências; e a estratégia, pois no imaginário de grande parte da esquerda latinoamericana Che ainda suplanta Allende, apessar de que estamos todos envolvidos hoje numa experiência que tem mais a aprender com Allende do que com Che.

Claro que o déficit teórico não significa "pouca produção intelectual", mas sim a relativa debilidade desta produção.

No caso do Brasil, as causas desta debilidade são pelo menos três.

Em primeiro lugar, a perda de status da "classe média tradicional" empurra parcelas deste setor social seja para posturas esquerdistas, seja para posturas conservadoras proclives ao fascismo. E como a classe média é a base de grande parte da intelectualidade, inclusive a de esquerda, isto afeta a produção teórica.

Em segundo lugar, o impacto do neoliberalismo e da tripla crise (do socialismo soviético, da social-democracia e do nacional-desenvolvimentismo) no terreno da cultura, da educação e da comunicação social.

Este impacto afeta os mecanismos de formação e promoção da intelectualidade, não favorecendo o pensamento de esquerda.

Por outro lado, a influência neoliberal na cultura, educação e comunicação obstaculiza a formação de um pensamento de massas: não haverá uma cultura popular, com dezenas e dezenas de milhões a favor da integração, se não tivermos uma indústria cultural, uma educação pública e uma comunicação de massas de novo tipo.

Sem  esta mudança, continuaremos colhendo o que foi registrado na recente pesquisa que aponta o PT como partido mais querido (24%, contra 6% do PMDB e 5% do PSDB), mas no contexto de uma redução no número de pessoas que têm preferência partidária (caímos de 61% em 1988 para 44% em 2012).

Em terceiro lugar, há diferenças políticas sobre como se articulam nossas duas grandes tarefas: superar a hegemonia neoliberal  e realizar reformas estruturais que superem o desenvolvimentismo conservador.

Estas diferenças políticas geram duas posturas: ou um governismo exacerbado, que só tem olhos para o que é "possível fazer" aqui e agora, atacando qualquer postura crítica; e um esquerdismo também exacerbado, que só tem olhos para o objetivo final, desconsiderando qualquer análise realista da correlação de forças.

O governismo e o esquerdismo expressam um mesmo fenômeno: a ruptura entre teoria e prática, entre objetivos finais e os meios políticos, entre estratégia e tática.

Neste sentido, aplaudo o que disse o Lula na fala inicial deste seminário: precisamos de uma "doutrina", pois afirmar isto equivale a reconhecer a necessidade de uma conexão forte entre teoria e política.

Aliás, não é por acaso que nos damos conta desta necessidade de doutrina, neste momento, em que atingimos um sucesso parcial, mas em que também percebemos que para seguir adiante será preciso alterar a maneira como viemos nos comportando até agora.

Agora, como outros, eu prefiro não falar de doutrina. Sem entrar em outras considerações, eu prefiro não falar de doutrina, porque acho que não devemos cair no erro de construir "uma" doutrina; devemos sim constituir um campo de idéias, que terá um núcleo duro, composto pela prioridade ao social, pela defesa da ampliação das liberdades democráticas, pela afirmação do papel do Estado, pela combinação entre soberania nacional e integração regional.

Agora, este campo de idéias compreende um leque de posições que não cabe nas palavras "doutrina" e "progressista".

É importante assinalar que o tempo corre contra nós.

Não está dado que vamos conseguir passar da ênfase à superação do neoliberalismo, para a ênfase nas reformas estruturais.

A desacumulação que estamos vendo na esquerda mexicana e colombiana, mais a operação denominada "Arco do Pacífico", são alguns dos sinais de que a situação está se complicando. E está se complicando, entre outros motivos, porque as oligarquias, a começar da brasileira, não querem alterar de maneira estrutural a repartição da riqueza entre Capital e Trabalho e dão sinais de que não vão respeitar as regras do seu próprio jogo, se estas regras levam-nas a perder o jogo: vide Paraguai e Honduras.

O caso de Honduras confirma, por outro lado, que devemos manter uma orientação latinoamericanista e caribenha. É claro que nosso foco imediato é a integração da América do Sul. Mas para esta integração ter sucesso, é inescapável enfrentar a hegemonia dos Estados Unidos junto ao México, Caribe e América Central.

Por fim, não haverá integração sem Brasil. Talvez sejamos o país menos latinoamericano da região, mas somos também o capitalismo mais potente, que tem melhores condições para ajudar a financiar a integração.

Mas para podermos fazer isto, teremos que afastar a sombra de que somos sub-imperialistas, o que exigirá entre outras coisas mais presença do Estado e mais controle sobre a atuação das transnacionais privadas brasileiras.

Um bom momento para prosseguir esta discussão será o XIX Encontro do Foro de São Paulo, que será realizado no Brasil, na cidade de São Paulo, de 31 de julho a 4 de agosto de 2013.




quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Una mirada desde Latinoamérica y Caribe



En 17 de enero de 2013 ocurrió una reunión del Grupo de Trabajo del Foro de São Paulo, en Quito, Equador. Las decisiones desta reunión estan disponibles en www.forodesaopaulo.org.br, asi como más informaciones sobre el próprio Foro, creado en 1990 y que reúne los más importantes partidos de izquierda del continente, como el Partido dos Trabalhadores de Brasil, la Frente Amplio de Uruguay, el PAIS de Equador, el MAS de Bolívia, el PSUV de Venezuela, la Frente Sandinista de Nicarágua, la Frente Farabundo Marti de El Salvador y el Partido Comunista de Cuba.

La reunión del Grupo de Trabajo del Foro hizo un debate sobre la evolución de la crisis del capitalismo, la coyuntura en Estados Unidos y Europa, los conflictos en Oriente Medio y África, la situación en Eurasia y América Latina, además de evaluar algunas situaciones particulares, como por ejemplo Venezuela, Colombia, Ecuador y Paraguay.

Lo primero que se destacó fue que la crisis internacional sigue. Aunque con diferencias de impacto de región para región, de país para país, de sector económico para sector económico, de camada social para camada social, la verdad es que la crisis sigue y es en torno de ella, de sus efectos y de la busca de soluciones, que se organiza la lucha entre Estados y clases sociales en escala nacional y global.

La crisis internacional sigue en parte por los determinantes estructurales del capitalismo en esta etapa de imperialismo financiero; en parte porque las capas dominantes en Estados Unidos y Europa siguen comprometidas con políticas de tipo neoliberal, de austeridad a ultranza, de explotación contra sus poblaciones, de saqueo y guerra contra las denominadas periferias del mundo, y también de enfrentamiento contra los países, chicos o grandes, que se proponen a construir alternativas al neoliberalismo, al imperialismo, a las fuerzas aún hegemónicas en el planeta; y también en parte porque todavía no se constituyeron, por lo menos en la escala necesaria, fuerzas de cambio capaces de superar la crisis en beneficio de otro tipo de sociedad.

La continuidad de la crisis, la postura de las capas dominantes y la debilidad relativa de las fuerzas progresistas y de izquierda indican que seguiremos viviendo en un periodo de inestabilidad global, marcada por crisis económicas, por grandes conflictos sociales, por cada vez más peligrosas guerras. No se puede prever cuanto tiempo durará esta inestabilidad, ni se puede saber cuales tendencias prevalecerán en mediano plazo, ya que ello depende de la lucha que se está labrando hoy entre las clases sociales en cada país y entre los Estados en escala regional y global.

La reunión del GT del Foro evalúo en detalle algunos aspectos de la situación, por ejemplo cual será la orientación del segundo mandato de Obama: la expectativa es que reproduzca en líneas generales lo que ya experimentamos en el primer mandato.

Estados Unidos sufre un doble problema: por una parte, un declínio de su hegemonía mundial; por otra parte, un agotamiento relativo de su estructura productiva. Los dos procesos, por supuesto, están vinculados. Enfrentar exitosamente los dos, del punto de vista das capas dominantes, reestructurando la economía de los EUA y recuperando su rol hegemónico em ámbito mundial, implica entre otras cosas un alto grado de unidad de la clase dominante estadounidense, que solo tiende a ocurrir en un ambiente de agudo conflicto militar internacional y/o de colapso interno.

En lo que toca al primero, EUA no están hoy en condiciones geopolíticas y económicas de trabar un conflicto que tenga los efectos colaterales benéficos que tuvo la Segunda Guerra para su economía. En lo que toca al segundo punto, no hay colapso y sino un importante deterioro, que por su vez genera un ambiente interno de malestar, que constituye el telón de fondo de la confrontación política y social entre las fuezas políticas estadounidenses, estimulando la postura de tensión permanente en escala global, proclive a solucionar todos los conflictos por medios militares.

Para complicar la situación, hay el impasse político y cierto equilibrio entre los partidos Republicano y Demócrata. Por todo esto que decimos, nuestra expectativa es que el segundo mandato de Obama sea, en la mejor hipótesis, similar al primero. Lo que no constituye buena noticia para América Latina, ni por el lado de la economía, ni por el lado de la política.

El segundo aspecto que la reunión del GT evaluo fue la evolucion de la situación en Europa. Como ya decimos, el compromiso de las capas dominantes es con las políticas de austeridad a ultranza, con el desmonte del denominado estado de bienestar social y con la reafirmación de la Europa de los negocios, por sobre la Europa democrática.

Esta opción conduce a un proceso de centralización antidemocrática y antipopular, que provoca reacciones diversas, desde el crecimiento simultáneo de la izquierda y de la ultraderecha (como en Grecia), pasando por cuestionamientos a la unidad nacional (como en España), estímulo al militarismo (como se vio en diversas acciones de Italia y Francia en los meses recientes), amenazas de ruptura con la Unión Europea (como hace el gobierno inglês) etc.

Consideramos con más detalle tres aspectos del problema. Primero, la posición de Alemania: no tenemos expectativa de las elecciones deste ano cambien las posiciones del gobierno alemán, no solamente porque las encuestas de hoy favorezcan Merkel, sino por que la política de Merkel hegemoniza gran parte de la sociedade allemana.

Segundo, la postura de la socialdemocracia europea, que tanto donde está en la oposición, como en Alemania, como donde está en el gobierno, como en Francia, no consigue proponer ni llevar a cabo un programa realmente alternativo. De manera general, el Grupo de Trabajo entiende ser necesário hacer llegar, a los partidos socialdemocratas europeos, nuestra evaluación profundamente crítica acerca de su accionar, frente a la crisis actual, frente a las políticas neoliberales, frente al tema de los migrantes y, neste momento particular, su actitude frente a situaciones como as de Líbia, Síria, Mali y Iran.

En tercer lugar, la situación de la izquierda no socialdemócrata, que con excepciones importantes (como en Grecia) aún no consiguió se convertir en alternativa de gobierno. Lo que lanza sombras pesimistas sobre la capacidade de Europa salir de la crisis, por la izquierda, por lo menos en corto prazo.

El Grupo de Trabajo también debatió el comportamiento de los gobiernos de India, Rusia y principalmente China, así como la evolución interna en estos países. Sobre esto, consideramos muy importante estudiar las resoluciones del reciente congreso del Partido Comunista Chino.

Consideramos que el conflicto entre EUA y sus aliados versus los BRICS es una de las expresiónes de un proceso de larga duración, a saber, el desplazamiento geopolítico del centro dinámico del mundo, en dirección a Asia.

La competencia entre los denominados BRICS y el bloco liderado por Estados Unidos se refleja en distintas regiones, como África pero también América Latina, lanzando  muchos desafios para América Latina y Caribe, que no pretende sustituir la hegemonia de Estados Unidos por otra, venga donde venga.

El denominado Arco del Pacífico, iniciativa estimulada por Estados Unidos para quebrantar los esfuerzos de integración autonomos como Unasul y Mercosul, tambien hace parte de los cambios de la política estratégica de EUA, no sentido de concentrar esfuerzos en Ásia.

Por este y otros motivos, debemos propiciar más intercambio entre el gobierno, los partidos y movimientos sociales peruanos, con los demás procesos de cambio en curso en Latinoamérica y caribe. Tratase de facilitar la convergencia del actual gobierno peruano con el proyecto de integración regional, y su correspondiente alejamiento del denominado Arco del Pacífico.

El Grupo de Trabajo debatión, aun, la situación en Norte África, Oriente Medio y cercanías. Como en otros períodos de la historia, esta región concentra conflictos y contradicciones, que de per si ya son trágicas para sus pueblos, pero que hoy pueden evolucionar de manera aún más terrible para toda la humanidad.

Alguns situaciones son más urgentes. Las elecciones en Israel, ocurridas poco después de la reunión del GT, reafirmaron la victória de los que se oponen a solución de los dos Estados y, además, defenden una postura antidemocrática, racista y militarista. Esto constituie una amenaza más, no solamente para los palestinos y para el Iran, sino para la paz mundial.

Los conflictos en Síria y Mali, por su vez, confirman que está en curso un proceso de desestabilización de la región, que tiene como propósito facilitar y buscar legitimar la presencia de potencias europeas y Estados Unidos, bajo los pretextos de combate al terrorismo o da hipócrita responsabilidad de proteger.  

La mirada del Grupo de Trabajo sobre la situacion mundial constituió el punto de partida de la evaluación de los logros, desafíos, debilidades y contradicciones tanto del proceso de integración regional, cuanto de nuestros movimientos sociales, partidos y gobiernos, como es el caso de Uruguay y Cuba, Nicaragua y Bolivia, Argentina y Brasil, El Salvador y Equador etc.

Reafirmamos la necesidad de conecer, evaluar y divulgar más los logros de los gobiernos progresistas y de izquierda. Constatamos que, de manera general, todos están colocados frente a necesidad de profundizar los cambios.

El Grupo de Trabajo reafirmó nuestra solidaridad con el pueblo y el gobierno de Venezuela. Y los partidos políticos presentes a la reunión firmaran una nota de apoyo a la reelección de Rafael Correa, aunque algunos partidos equatorianos integrantes del Foro critiquen duramente su gobierno y defendan otra candidatura.

Además de Equador, en 2013 y 2014 van ocurrir procesos electorales presidenciales en Paraguay, Chile, El Salvador y Honduras. El caso de Paraguay fue objeto de una conclamación del Foro de São Paulo en favor de la unidad, una vez que la izquierda garani presento três candidaturas y listas, situación que debe cambiar para que la izquierda tenga alguna posibilidad de vencer o por lo menos polarizar la pelea electoral. Para los golpistas, es sumamente útil que no se construa la unidad y que la izquierda no quede entre los dos primeiros lugares.

Hay dos países donde el control del gobierno nacional por la derecha constitue un importante limitador para el proceso pleno de integración regional.

Uno es México, otro es Colombia. Es necesário dar seguimiento y apoyar el proceso de negociación FARC-Santos, al mismo tiempo que apoyamos el acionar de las distintas fuerzas que componen la izquierda colombiana. Tratase no apenas de viabilizar la paz, sino también evitar que la política colombiana siga polarizada entre santistas y uribistas.

Sigue sendo necesario, ademas, hacer una evaluacion de la situación caribeña y cumprir las resoluciones del Foro de São Paulo acerca de Haití.

De manera general, en el actual contexto internacional, la América Latina y Caribeña ofrece mejores condiciones para sacar la lucha por el socialismo de la situación de defensiva estratégica. Pero en América Latina y el Caribe hay señales crecientes de agotamiento de las distintas estrategias adoptadas hasta ahora, que exige de nuestras organizaciones una profundización del debate programático, estratégico e ideológico, así como exigen mejorar el funcionamiento orgánico del Foro de São Paulo. Por lo tanto, mejorar las condiciones de funcionamiento del Foro de São Paulo es el equivalente partidario de la mejora de la integración regional: no resuelve todos los problemas estratégicos/político-organizativos existentes en la región y/o en cada país, pero crea el ambiente en el cual mejor podemos resolver estos problemas. Y uno de estos problemas es que la persistencia de la defensiva estratégica por parte de los socialistas puede abrir espacio para soluciones reaccionarias.


quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

“El desafío es cómo pasar a una segunda etapa”



Reportaje a Valter Pomar (Dirección nacional del PT)
Toer - Federico Montero

-¿Cuáles son los desafíos que asoman luego de 10 años de gobierno del PT en Brasil?
- En perspectiva histórica lo que hicimos con relativo éxito en estos diez años de gobierno puede ser resumido a una sola idea, que es sacar el neoliberalismo de la escena nacional. Pero sucede que en la historia de Brasil, el neoliberalismo es una excepción. La regla de la historia nacional es de un desarrollismo conservador, que se asemeja al neoliberalismo en el hecho de que mantiene una sociedad con tasas muy altas de desigualdad y de dependencia externa, tasas muy bajas de democracia, pero no tiene nada que ver con el neoliberalismo respecto al rol del estado y el peso de la industria en el proyecto nacional. Entre los años ’30 y los años ‘50 pasamos de ser una nación agro-exportadora a una potencia industrial, a una velocidad superior a la de otros países en la misma época e incluso superior a lo que sucede hoy, porque tuvimos tasas de crecimiento de diez puntos en algunos años. Entonces, hoy estamos desplazando al neoliberalismo, aún no lo hemos hecho pero lo estamos haciendo. Esto llevará a que la sociedad brasileña regrese a su situación normal, que es la de una pelea entre dos vías de desarrollo: la vía del desarrollismo conservador y la vía del desarrollismo progresista, apoyado por los setores democrático-populares. Y en la historia brasileña siempre el desarrollo conservador fue predominante, porque significa un desarrollo que mantiene las estructuras sociales heredadas del período anterior. Cuando ganamos la elección presidencial de 2002, lo que estaba en el imaginario del país es que una vez superado el neoliberalismo se podría pasar a una etapa desarrollista progresista. Lo que estamos viendo en estos diez años es que en realidad hay un juego cruzado de alianzas: en algunas cuestiones nosotros nos aliamos con el desarrollismo conservador contra el neoliberalismo, pero en otras el neoliberalismo se alía con los sectores desarrollistas conservadores contra nosotros. Vemos que cuanto más éxito tenemos en desplazar al neoliberalismo, más el país amenaza con regresar a la hegemonía del desarrollismo conservador. Y eso no ocurre por casualidad. El camino que adoptamos para sacar al neoliberalismo del país trajo como efecto colateral un debilitamiento de nuestra visión estratégica, programática, organizativa. Esto es el dilema, el lío en que estamos. Nuestro desafío es cómo pasar a la segunda etapa del proceso.

- ¿Cómo se procesa este debate al interior del PT?
         La situación interna del PT es muy difícil de explicar, porque hay distintos componentes entrecruzados. Hay un componente más ideológico. Dentro del PT conviven, con mayor o menor belicosidad, una corriente claramente social-liberal que tiene como su principal expresión pública a Antonio Palocci que fue Ministro de Hacienda en el primer gobierno de Lula; una corriente nacional desarrollista – Dilma es su expresión más clara- que tiene una influencia tremenda; una corriente social-demócrata clásica que entiende que Brasil puede tener un Welfare-State tropical; y hay una corriente socialista clásica que defiende la sustitución del capitalismo por otro modo de producción. Otro aspecto de la interna del PT, es un aspecto generacional. Tenemos la generación que creó el PT, que luchó bajo la dictadura, que luchó contra la transición conservadora de los ochenta, la generación que luchó contra el neoliberalismo en los noventa, y hay una nueva generación que conoce el PT en el gobierno. Son tres experiencias generacionales muy distintas y por motivos obvios la tercera generación es mayoría. El PT tenía algo como 300.000 afiliados durante los ‘90 y hoy tenemos 1.800.000. O sea, hubo un crecimiento tremendo de afiliaciones que provienen del período del PT gobierno, no del PT oposición a la dictadura o de la transición, no del PT oposición al neoliberalismo. Esta masa de afiliados tiene una cultura política muy limitada desde el punto de vista de su experiencia personal, característica que es acentuada por el hecho de que en este período el partido debilitó mucho su labor educacional interna y también en este período el debate programático en el país tuvo un empobrecimiento. Hay que agregar un tercer componente sociológico, también muy fuerte, que es que hubo un cambio en la base social del PT. Nosotros teníamos un partido proletario, en el sentido amplio de la palabra, en los ochenta; y hoy tenemos un partido popular, en el sentido más fuerte de la palabra. Hay una nueva clase trabajadora -que muchos dentro del PT y muchos afuera denominan erróneamente de clase media, pero no lo es- que está en movimiento pero tiene poca experiencia de lucha tradicional como clase, tiene poca conciencia de clase para sí, pero es crecientemente mayoritaria. Y por último hay un cuarto componente, más organizativo, que es que el PT en su comienzo era un partido claramente de militancia, después evolucionó para un partido de afiliados y hoy es un partido de electores. Gran parte de sus 1.800.000 afiliados, no son afiliados en el sentido clásico de la palabra, sino que son lo mismo que un elector. Entonces, estos varios elementos que mencioné -las distintas corrientes ideológicas, el problema generacional, el sociológico y la estructura organizativa- contribuyeron a que el debate político dentro del PT se haya debilitado mucho en los últimos años. La mayoría de los cuadros que el partido tiene en puestos de mando en todo el país no están involucrados de manera orgánica en un proceso de debate estratégico, participan poco de la dinámica normal del partido y no se plantean los temas de reformas estructurales. Pero en los cuadros principales sí hay una percepción creciente de que nosotros hasta acá llegamos con la estrategia que teníamos, el partido que tenemos, los movimientos sociales que tenemos, la coyuntura que tenemos, y que para seguir adelante hay que construir otra cosa de calidad distinta en términos organizativos, políticos y estratégicos. Sobre este punto no hay una respuesta única, hay un abanico de respuestas distintas.

-  ¿Qué lecciones implicaría el derrotero de la social-democracia europea para la discusión sobre ese horizonte estratégico al que hacías mención,?
 - La experiencia socialdemócrata europea fue durante muchos años un paradigma para los sectores socialdemócratas del PT. Pero lo que pasó, ya en los años noventa y después, es que se debilitó mucho este modelo por dos razones. Primero, porque la “socialdemocracia fuerte”, el estado de bienestar social, fue un efecto pasajero de una situación de equilibrio mundial, entre el campo socialista y el campo capitalista. Una vez que uno cae el otro se va. Y en segundo lugar, “la socialdemocracia flaca” que se consolidó a partir de los ’80 en algunos países de Europa y en los ‘90 en casi todas partes, es una social-democracia que tiene muy poco de “social” y de “democracia”. Entonces, la social-democracia como tal perdió fuerza como paradigma en los debates ideológicos dentro del PT, pero esto no significó en estas circunstancias un fortalecimiento de los sectores socialistas sino una deriva de importantes sectores socialistas y socialdemócratas hacia el nacional desarrollismo. Con el socialismo debilitado y la social-democracia empantanada, creció mucho en la gramática de la izquierda en Brasil durante la última parte del siglo XX, el nacional desarrollismo.

- A la hora de la profundización, además de la discusión ideológica pesa también la correlación de fuerzas…
- Sí, y en esto estamos muy retrasados y muy complicados. Porque el problema fundamental en este terreno es que para hacer estos cambios más profundos hay que tener una fuerza política muy significativa que nosotros todavía no tenemos. La izquierda en Brasil, la suma de todos los sectores, sean oficialistas u oposición al gobierno, pasamos poco del 30% de los votos en las elecciones. La fuerza social organizada tampoco es predominante, la mayoría de los trabajadores brasileños no está organizada en sindicatos o movimientos barriales. La mayoría de la juventud tampoco está organizada. Los medios de comunicación siguen tan monopolizados como antes de que llegáramos al gobierno. El aparato de estado no evidenció ninguna transformación efectiva, en el sentido radical, en este período. Las iglesias en los ’70 y ’80  tenían una predominancia progresista; hoy es al revés, tienen una orientación conservadora y aún las que apoyan al gobierno son prisioneras de la teología de la prosperidad. Por otra parte, las capas sociales que mejoraron su capacidad de consumo en estos diez años, no relacionan esto con nuestra presencia en el gobierno. Entonces, si tú reúnes todos estos elementos puedes tener la certeza de que la situación en el ámbito político es muy complicada. Puedo resumirlo así: una vez que el neoliberalismo va siendo desplazado de escena, los partidos que tradicionalmente lo defendieron y lo defienden, también pierden terreno, pero lo que pasa es que una parte de la coalición del gobierno nacional empieza a enfrentarse con el PT.

-¿Cómo juega la oposición de derecha en ese esquema?
- El plan de la oposición y también de los sectores conservadores que son parte de nuestro gobierno, es hacer una concertación entre ellos en la primera o en la segunda vuelta presidencial de 2014. Esto nos coloca en la obligación de que en los próximos dos años libremos una batalla política muy intensa por la hegemonía en la sociedad a favor de un cambio más profundo. Te doy un ejemplo: los grandes indicadores sociales del país están mejorando, pero vuelven a los niveles que tenían en los años ochenta y ahí van a parar. Pero ahí estaban cuando nosotros creamos el PT. Para que el cambio sea más profundo falta lo que defendíamos en los ochenta, cambios estructurales y no solamente sacar al neoliberalismo de escena. Curiosamente algunos sectores conservadores están haciendo mención, demagógicamente, al hecho de que despues de dez anos de gobierno petista, seguimos un país desigual. Nuestro desafío es impedir que ellos consoliden esa demagogia y que seamos nosotros mismos quienes presentemos una mirada de más largo plazo, combinada con  nuestro fortalecimiento político. De lo contrario, el peligro que veo hacia 2014 no es que seamos víctimas de una derrota electoral sino de una derrota política en la que pasemos de sepultar al neoliberalismo a revivir el desarrollismo conservador tradicional en el país.

-¿Cómo influye el hostigamiento mediático al PT en esa situación?
-Hay una preocupación muy fuerte por la ofensiva de la derecha contra nosotros. Esta ofensiva tiene como elemento principal este tema de la corrupción con un elemento muy fuerte de demagogia en los ataques. Aunque estamos muy tranquilos en que desde que llegamos al gobierno, lo que aumentó es el combate a la corrupción y no la corrupción, es verdad que aumentó el número de casos de corrupción -y es obvio que pasaría esto- involucrando miembros de nuestro partido. ¡Es claro! Entonces esto ofrece a nuestros enemigos un componente de veracidad -entre comillas- a los ataques que hacen contra nosotros. Por otra parte, deberíamos haber adoptado una actitud más proactiva de combate a la corrupción, en especial en su componente más estructural, que es el financiamiento privado empresarial de las actividades electorales, que es legal en el país -la burguesía lo hizo para sí no para nosotros-, pero que introduce un componente de corrupción política, ideológica y administrativa en toda la actividad política de Brasil. Nosotros como partido minoritario, opositor, éramos los que más denunciábamos esto y hoy, además de denunciar la hipocresía o demagogia de la derecha debemos también tomar medidas proactivas, principalmente viabilizando la reforma política, sin la cual este componente estructural de corrupción seguirá vigente. El fondo de la cuestión es que nuestro partido, que es un partido de izquierda, que representa los sectores populares, se acostumbró a hacer campañas electorales gracias a los recursos que las empresas privadas aportan, todo dentro de la ley. Pero poco importa desde el punto de vista político que sean o no legales, porque el problema de fondo continúa. Un partido de trabajadores no puede depender financieramente de recursos empresariales. Está claro que hay ahí una deformación brutal que no es sostenible.

-¿En qué medida las operaciones mediáticas, al concentrarse sobre el PT, debilitan su posición relativa tendiente a profundizar el proceso de su aislamiento al interior de la alianza de gobierno?
-Nosotros tuvimos la primer gran crisis en 2005. En aquel momento hubo una actitud, que yo creo absolutamente correcta, de hacer un blindaje en defensa del gobierno. El partido asumió para sí el manejo de la situación y la responsabilidad de los hechos, y esto no fue una puesta en escena, un teatro, la verdad es que esa crisis tuvo que ver con un manejo incorrecto de las finanzas partidarias. Esta actitud después se convirtió en una especie de fórmula que se adoptó en estos casos: la idea es que el gobierno no debe asumir para sí la defensa de los hechos que son de responsabilidad del partido. No me parece que esto sea malo, en comparación con otros procesos latinoamericanos nosotros acá tenemos una vida partidaria autónoma con relación al gobierno. El problema entonces es otro. El partido en estos años perdió mucho protagonismo social y la participación en los gobiernos y en los procesos electorales se fue convirtiendo en su principal labor. Esto hizo que el partido haya perdido potencia social, potencia política, quedando una lacuna que no es, ni pode ser, ocupada por el gobierno. Volviendo a lo que mencioné anteriormente, nosotros necesitamos hacer una reforma política pero no conseguimos, desde 2003 hasta hoy, hacer que este debate gane a la sociedad. No hay manera de hacerlo desde el gobierno ni desde el parlamento. Habría que desencadenar un movimiento político social, que tenga al partido y a los partidos de izquierda aliados como protagonistas. Pero la verdad es que el partido se acostumbró demasiado a salir a las calles en los procesos electorales y centrar el debate político sobre los temas que hacen al gobierno. Y el gobierno, por su parte, se acostumbró a relegar al partido algunos temas que sí son de su responsabilidad. Por ejemplo: no compete al gobierno presentar un proyecto de reforma política, es un tema parlamentario y partidario, pero sí compete al gobierno presentar un proyecto de reforma de la comunicación social en el país, y en esto el gobierno actúa como si no fuera su tarea. Entonces, una cierta división del trabajo que se fue dando hace que el gobierno y el partido no cumplan con sus labores respectivas en algunos proyectos de mayor dimensión. Este es uno de los debates en los que nosotros hemos insistido dentro del PT y en consecuencia buscamos influenciar al gobierno. Por una parte debemos salir a la calle, y por otra parte el gobierno debe tomar las riendas de algunos procesos de cambio más estructurales que son su responsabilidad al vincularse con la cosa pública en el sentido más amplio de la palabra y con la institucionalidad.

-En relación a esto último, habría que destacar que en América Latina, junto a la oposición de los medios, el entramado institucional heredado del neoliberalismo es un límite a los procesos de cambio allí donde no se produjeron reformas constitucionales…
-Claro. Volvamos al caso del juicio contra los dirigentes del PT. Para hacerlo, los tipos subvirtieron una serie de procedimientos jurídicos tradicionales. Nosotros tenemos una broma aquí en Brasil que dice “para los amigos todo, para los enemigos la ley”. Pero en este caso para los enemigos ni la ley, ellos cambiaron aspectos importantes de la aplicación de la ley para hacer el juicio. Porque, en verdad ¿de qué los están los acusando? De hacer uso de la llamada “caixa dois”, el financiamiento privado no declarado públicamente. Pero como dije antes, esto que se convirtió, según la Suprema Corte del país, en el símbolo máximo de la corrupción, es la regla del funcionamiento normal de todo el sistema político brasilero en los últimos treinta años. Pusieron en marcha una maquinaria jurídica y no sé cómo van a hacer para mantener una coherencia. Mi impresión en este y muchos otros casos, es que se está creando una situación en que la institucionalidad que tenemos ya no sirve para la derecha, porque la verdad ellos están siendo derrotados hace tres elecciones presidenciales, pero tampoco sirve para nosotros. Y tanto una como otra facción política del país no se proponen solucionar el tema en un ámbito correcto, que sería una asamblea constituyente. Esto significa una crisis crónica en la que la composición momentánea de las relaciones de poder determina hacia dónde se va dentro de un armado institucional que está cuestionado. Esto es un problema que tenemos en Brasil. La solución adoptada por nosotros, que es parte de la tradición nacional, de hacer cambios lentos seguros, graduales, minimalistas, no se adapta a una situación internacional y nacional que exige cada vez más cambios un poco más profundos  y veloces.

-Parece difícil combinar estabilidad y cambios…
- Mira, nosotros tenemos un paradigma mental porque somos de izquierda en Latinoamérica, que es la Revolución Cubana. Pero lo que estamos haciendo en los países que gobernamos, es un proceso que si tiene algún parentesco es con la Unidad Popular en Chile, que en resumen se proponía hacer un área de propiedad social y una transformación institucional a través de una Asamblea Popular. En algunos países de Latinoamérica, el neoliberalismo primero, y la crisis del neoliberalismo después, hicieron tierra arrasada de la política institucional. Se trata de los casos de Bolivia, Ecuador y Venezuela. No pasó así en Brasil, en Uruguay, en Paraguay, Perú, Argentina - el caso de Argentina es curioso porque sufrió en algunos aspectos una crisis de gran profundidad pero el esqueleto del sistema político se preservó. En estos países, el problema es que la necesitad de un cambio, de la reforma estatal profunda sigue vigente. Porque no es posible hacer cambios estructurales, realmente profundos, sin otra institucionalidad. Volviendo a Brasil, el problema para nosotros es cómo crear las condiciones políticas “a frío” para hacer una revisión constitucional allí donde la crisis institucional no se produjo de forma espontánea con la caída del neoliberalismo. Pero si la cosa no es hecha por nuestra iniciativa, el peligro que podemos sufrir es que la situación internacional por una parte produzca una regresión en lo que hicimos en el terreno social y económico y a la vez desencadene una crisis interna que ponga en cuestión nuestra permanencia   en el gobierno. Entonces, el tiempo es corto, la ventana es chica, se puede cerrar. Y el problema es que como nos acostumbramos a una situación -entre comillas- más o menos normal, esta urgencia no está clara para el común de la gente.

- ¿Cuál es la gravitación que tiene el escenario regional en estas discusiones?
-Voy a contestar con el caso de Brasil. Supuestamente la potencia económica de Brasil y su insularidad, podrían llevarnos a concluir que poco importan lo que pasa más allá de sus fronteras. Pero esto no es exactamente verdad. Desde el punto de vista político interno, la influencia de lo regional no es tan importante, pero desde el punto de vista económico sí lo es. La posibilidad de que tengamos un proceso de desarrollo económico capaz de elevar sustancialmente  el nivel de vida de la población brasileña y de aprovechar la potencialidad natural, ambiental, hidroeléctrica, energética que tenemos supone un plan de desarrollo regional. Entonces, yo no creo que lo regional sea una precondición significativamente influyente sobre la política brasilera, pero la posibilidad de implementar otro proyecto de desarrollo no se materializará si no estamos integrados, en especial a Venezuela y a Argentina. Para otros países es distinto. Hay países para quienes la influencia regional tiene un impacto político directo, es el caso de Uruguay, claro está. Pero lo fundamental es siempre el nivel de conciencia, de organización y la hegemonía en cada país. Conversando con compañeros de Paraguay o de Honduras, yo percibí en algunos la idea de que el elemento fundamental para que el golpe tuviera éxito fue la influencia externa. Yo no creo esto, la influencia fundamental fue la debilidad o la fortaleza de los sectores sociales internos. Pero el nivel de desarrollo económico necesario para proporcionar a nuestros pueblos estándares de vida correspondientes a lo que se universalizó en Europa en los años ‘60 por ejemplo, supone una escala continental, aún para un país como Brasil.

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Entrevista à página do PT nacional

Um dos temas da política internacional mais abordados e explorados pela grande mídia nos últimos dias, e que fatalmente estará na pauta da reunião do Grupo de Trabalho do Foro em Quito, é a situação atual na Venezuela com a doença do presidente Hugo Chávez. Esses fatos afetam politicamente a região? Qual deve ser a posição que será tirada dessa reunião sobre a Venezuela?


Em primeiro lugar, Chavez é conhecido e amigo de muitos dos dirigentes do PT e dos partidos do Foro de São Paulo. Assim, quando torcemos pela sua recuperação, não há apenas uma avaliação política envolvida.
Quanto a situação venezuelana, os fatos são conhecidos: o presidente foi reeleito, a posse deveria ter ocorrido dia 10 de janeiro, Chavez estava impossibilitado de comparecer, a Justiça venezuelana se pronunciou, o governo segue funcionando sob a coordenação do vice-presidente Nicolás Maduro.
Frente a isto, a oposição venezuelana está dividida, predominando neste momento aqueles que parecem ter percebido que o chavismo não é uma pessoa, é um movimento político-social; que as mudanças iniciadas em 1998 são profundas e que não serão revertidas com golpes de azar.
Como quer que a evolua a situação de Chavez, há alguns desafios de curto e médio prazo para a esquerda venezuelana, em particular para o PSUV, entre os quais a constituição de novas lideranças públicas, de massa; e de organismos e métodos coletivos de direção.
Se estes desafios forem bem resolvidos, não haverá retrocessos, nem em escala venezuelana, nem em escala regional. Acredito ser esta a opinião dos partidos que estarão presentes na reunião do Grupo de Trabalho do Foro de São Paulo, dia 17 de janeiro, em Quito, Equador.


Em 2013  haverá eleições presidenciais no Equador e no Paraguai e o Foro de São Paulo vem acompanhando de perto o cenário político nesses dois países. Qual a avaliação sobre a situação política no Equador governado atualmente pelo presidente Rafael Correa?


A maioria dos partidos do Foro apóia a reeleição do presidente Rafael Correa. Digo a maioria, porque no Equador há 6 partidos que pertencem ao Foro, e alguns destes partidos não apóiam Correa. Situação similar a do Brasil: o PCB e o PPS fazem parte do Foro, assim como o Pátria Livre, o PDT, o PSB, o PCdoB e o PT.
Apesar das diferenças de escala e nível de industrialização, também há similaridades na situação estratégica: o governo Correa está combatendo a herança neoliberal, adotando medidas de desenvolvimento econômico, políticas sociais fortes, resgate da soberania sobre as riquezas nacionais, apoiando a integração regional e mudanças na chamada arquitetura internacional.
Isto provoca conflitos com os Estados Unidos e aliados europeus; gera, também, conflitos com setores importantes da burguesia equatoriana; e gera, ainda, conflitos com bases populares que apoiaram a primeira eleição de Correa, mas foram se distanciando, como é o caso de parte dos movimentos indígenas.
Salvo ocorra uma catástrofe, Correa vencerá as eleições presidenciais do Equador. Uma dúvida é como será o desempenho do seu partido, o Pátria Altiva i Soberana (PAIS). Para nós, como é óbvio, interessa não apenas a reeleição de Correa, mas também que o PAIS se fortaleça.


E no Paraguai, após o golpe que derrubou o presidente Fernando Lugo, há chances de retomada do poder central pelas organizações de esquerda?


Em geral eu respondo este tipo de pergunta lembrando que, com raras exceções, a esquerda latinoamericana detém apenas parcelas do governo: o poder mesmo segue com os de sempre. No caso do Paraguai, durante o governo Lugo, isto era ainda mais verdadeiro. E uma das razões disto, entre tantas, é que tínhamos o presidente da República, mas não tínhamos uma representação parlamentar expressiva, em parte porque a esquerda estava dividida.
O grave é que a divisão se aprofundou após o golpe. A tal ponto que temos três candidaturas presidenciais oriundas da esquerda. Se isto se mantiver até as eleições de abril, se reduzem muito as chances de elegeremos o presidente, ou pelo menos uma bancada parlamentar expressiva.
O esforço que estamos fazendo, tanto o Foro quanto bilateralmente os partidos de esquerda da região, é no sentido da reunificação da esquerda paraguaia, seja para aumentar as chances de vitória, ou pelo menos para que sejamos a segunda força política e com isto possamos futuramente voltar a governar o Paraguai.
Agora, como em todas as partes, vale lembrar a luta política as vezes nos presenteia com surpresas inesperadas e positivas.


Outro assunto que deverá estar na pauta do Grupo de Trabalho do FSP em Quito são as negociações de paz na Colômbia. Como estão essas negociações? Há chances reais de se alcançar a paz entre o governo colombiano e as Farc?


Há chances reais de um acordo de paz, se o governo colombiano estiver disposto a fazer algumas concessões, entre elas a adoção de uma política agrária e agrícola em benefício dos camponeses e trabalhadores agrícolas. Em tese isto é possível, exatamente porque há uma divisão na classe dominante colombiana, divisão que é política, entre apoiadores de Uribe e de Santos, e que tem também uma base econômica, que reside entre outras coisas no conflito entre o setor latifundiário mais atrasado, do qual Uribe é uma das expressões, e outros setores econômicos.
Para o presidente Santos, um acordo de paz consagraria sua vitória pessoal e a da sua fração de classe, sobre Uribe e companhia. Neste sentido, temos que fazer de tudo para que as negociações terminem em bom termo. O que seria facilitado pela interrupção das ações militares ofensivas por parte do governo; a guerrilha já o fez, unilateralmente.
Cabe lembrar que um acordo de paz concluiria um processo e abriria outro. E neste novo processo, as diferentes esquerdas colombianas precisam de uma grande força social, política e eleitoral. O PT tem um protocolo de cooperação com o Pólo Democrático Alternativo de Colombia, a CUT brasileira mantém relações com a CUT colombiana, e esperamos que as diferentes forças políticas de esquerda existentes na Colombia se viabilizem como alternativa de governo, para disputar tanto com Santos, quanto com Uribe, .


Que outros temas prioritários estão na pauta da reunião do GT do Foro em Quito? Quais as próximas agendas políticas do Foro de São Paulo?


A reunião do Grupo de Trabalho terá duas partes.
Na primeira delas, vamos fazer uma análise da situação mundial, da situação regional e da situação de cada país.
Do ponto de vista macro, a crise internacional prossegue e as classes dominantes nos EUA e na Europa continuam adotando políticas que causam mais crise e prejudicam os demais países. Motivo pelo qual é importante continuar trabalhando por mudanças nas instituições internacionais, realizar acordos estratégicos com outros países  e blocos regionais, defender a paz, ser solidário com lutas de outros povos, como os palestinos e gregos. E especialmente acelerar a integração regional, que é um de nossos mecanismos de proteção e desenvolvimento. 
Além disso, aos partidos do Foro compete continuar administrando e fazendo mudanças onde a esquerda governa. Assim como fazer oposição e muita luta político-social onde a direita governa,  como é o caso de Chile, da Colombia e do México, entre outros. Países que, por sinal, se articulam no chamado Arco do Pacífico.
A segunda parte da reunião do Grupo de Trabalho será dedicada a revisar a agenda político-organizativa do Foro de São Paulo. Isto inclui desde medidas práticas de apoio e solidariedade, inclusive a processos eleitorais que vão ocorrer proximamente em vários países, como é o caso de Honduras e El Salvador; até definir data, local e programa do primeiro curso de formação política do Foro de São Paulo, em três etapas, tendo como tema central a integração regional.


Já foram definidos a data e o local do próximo encontro do Foro?

Ainda não. Há várias possibilidades, entre as quais a Colômbia e a Bolívia. O Partido dos Trabalhadores e o PCdoB propuseram, como alternativa, o Brasil. A última vez que fizemos o Foro no Brasil foi em 2005. Será ótimo fazê-lo novamente aqui, neste ano de 2013.

Perguntas a responder


A brutal desigualdade social, a acentuada dependência externa e a limitada democracia política, traços característicos do capitalismo brasileiro, agravaram-se durante os governos neoliberais de Fernando Collor e Fernando Henrique.

No governo Lula e agora com Dilma, estamos enfrentando, com maior ou menor êxito, a herança neoliberal. Os efeitos benéficos disto para o povo brasileiro são conhecidos, nos três terrenos: social, nacional e democrático.

Mas atenção: o desmonte do neoliberalismo, ainda em curso e em muitos aspectos longe de concluir, está revelando as fundações dos problemas que o Brasil exibia antes do período neoliberal: um país rico, uma classe dominante conservadora e anti-democrática, um povo tremendamente explorado.

A imagem fica clara se pensarmos no neoliberalismo como o bode na sala. Tire o bode, e momentaneamente a sala vai nos parecer melhor. Mas logo perceberemos se tratar da conhecida sala apertada.

Para a oposição de direita (e também para a oposição de esquerda), isto constitui matéria-prima para atacar o PT. Como fez recentemente Aécio Neves, ao dizer cinicamente que, apesar de eventuais acertos de nossos governos, o Brasil continua muito desigual.

Já para a esquerda que chegou ao governo com Lula e Dilma, em especial para nós do Partido dos Trabalhadores, trata-se de responder se os métodos que vem sendo utilizados para enfrentar a herança neoliberal são (ou não) suficientes para superar a desigualdade social, a dependência externa e a limitada democracia política que caracterizam o capitalismo brasileiro.

Não se trata do debate sobre concordar ou não com os métodos utilizados para enfrentar a herança neoliberal. Tampouco se trata do balanço do que fizemos e seguimos fazendo, no plano da ideologia, da política, da sociedade e da economia brasileiras. Estes debates são relevantes, mas a discussão proposta é outra.

Trata-se de responder o seguinte: a estratégia e o programa adotados até aqui, pelo PT, no enfrentamento do neoliberalismo, são suficientes para a tarefa de enfrentar e superar as características estruturais do capitalismo brasileiro?

Caso a resposta seja que sim, que são suficientes, então podemos nos concentrar nos debates táticos, setoriais e pragmáticos. Caso a resposta seja que não, que não são suficientes, então devemos dar destaque, em nossa pauta, aos debates estratégicos, programáticos e ideológicos.

Para responder aquela pergunta, o primeiro a considerar é o acúmulo de forças, por parte da esquerda em geral e do PT em particular, através de variáveis como a evoluçao da cultura política do povo, o nível de associativismo e os resultados eleitorais. A conclusão é que ainda estamos oscilando ao redor dos patamares alcançados na onda vermelha de 2000-2002.

Patamares que nos permitiram conquistar e manter a presidência da República, mas sem maioria congressual de esquerda, pré-condição institucional para mudanças mais profundas no país.

Patamares altos, como nunca antes na nossa história, mas ainda assim inferiores aos níveis de satisfação popular com nosso governo e, de maneira geral, com a vida.

Há várias explicações para a situação descrita, entre as quais:

1) a melhoria da vida do povo não está sendo acompanhada da correspondente politização e organização deste povo: a maioria dos beneficiários das políticas sociais considera que seu progresso deve-se principalmente a seu esforço pessoal;

2) parcelas crescentes das novas gerações nos enxergam apenas como gestores do presente, não como superadores do passado e construtores do futuro: com isto, crescem as parcelas da juventude que buscam candidaturas alternativas, à esquerda ou à direita;

3) os meios de comunicação e o financiamento privado das campanhas reduzem nosso potencial eleitoral, especialmente das candidaturas parlamentares. além de desgastar a esquerda, estimulando ainda a degeneração ideológica e a desorganização popular;

4) parcela crescente do petismo tem se convertido em força predominantemente eleitoral, que faz política e busca o povo intensamente, apenas nos anos pares, o que pode ser suficiente para ganhar eleições e administrar, mas não é suficiente para governar transformando estruturalmente o Brasil.

Sem alterar estas e outras variáveis, não teremos os meios necessários para fazer mudanças estruturais no Brasil.

A estratégia e o programa adotados até aqui, no enfrentamento do neoliberalismo, são suficientes para alterar as variáveis citadas?

Um segundo ponto a considerar é o comportamento do grande empresariado frente a nossos governos, não através do que dizem, mas através do que fazem com aquilo que consideram mais importante: seu Capital.

Já houve um tempo em que, nas palavras de Lula, eles lucraram como nunca. Mas hoje, as taxas de investimento privado indicam que o Capital não está satisfeito com a rentabilidade resultante da combinação entre crise internacional, juros cadentes, baixas taxas de desemprego e participação crescente do trabalho na renda nacional.

Baixas taxas de investimento resultam em baixas taxas de crescimento. Que podem repercutir sobre o emprego, sobre os salários, sobre a participação do trabalho na renda nacional, sobre os recursos disponíveis para as politicas públicas e, por tabela, no estado de ânimo da população em relação ao nosso governo.

Contornar esta situação exige mais participação do Estado. Mas os meios disponíveis são limitados. Para ampliá-los, será necessário submeter o setor financeiro privado e/ou ampliar a tributação das camadas mais ricas da população.

Perguntamos: a estratégia e o programa adotados até aqui, no enfrentamento do neoliberalismo, são suficientes para alterar as variáveis citadas acima?

Um terceiro ponto a considerar é o comportamento dos setores médios. Como é de sua natureza, estão divididos. Parte deles constitui desde o início a tropa de choque do PSDB. Outra parte incorporou-se desde sempre na construção do PT. Um terceiro setor oscila entre os dois pólos da política brasileira desde 1994 –o que se expressa, de maneira distorcida, na postura do PMDB e outros partidos frente aos governos FHC, Lula e Dilma.

Pois bem: parcelas crescentes dos setores médios, assim como parcela dos trabalhadores que progrediram materialmente desde 2003, estão sendo empurrados para uma postura de rejeição visceral ao petismo.

A fórmula para isto é clássica: as acusações de corrupção, trombeteadas pelos meios de comunicação e supostamente confirmadas pelos setores conservadores do Judiciário.

A rejeição ao petismo é a cunha através da qual a oposição busca dividir a base de apoio do governo.

Novamente a pergunta: a estratégia e o programa adotados até aqui, no enfrentamento do neoliberalismo, são suficientes para disputar os corações e as mentes dos setores médios?

Os que consideram que a resposta para esta e anteriores perguntas é não, têm pela frente o desafio de retomar o fio vermelho das elaborações programáticas e estratégicas do PT, que num passado não muito distante, antes da onda neoliberal, formulou uma alternativa democrático-popular e socialista para os dilemas estruturais da sociedade brasileira.






segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Entrevista concedida ao Portal Terra





1. Como o PT está acompanhando a doença do presidente venezuelano, Hugo Chavez?

O presidente Hugo Chávez é um aliado do Brasil, do governo Dilma e do PT. ALém disso, é amigo pessoal de várias pessoas da esquerda brasileira. Acho que isto responde a tua pergunta.

2. As lideranças do partido recebem, de alguma maneira, notícias periódicas sobre a saúde de Chávez? Se sim, quais lideranças estão mais próximas do assunto e de onde chegam essas notícias?

Acompanhamos através de vários canais: grande imprensa, blogosfera, embaixadas, governos, contatos partidários e pessoais. As fontes e os contatos são múltiplos, aqui e lá.
 
3. Há algum tipo de temor por parte do partido ou do governo brasileiro quanto à quebra institucional na Venezuela? Esse temor viria de uma divisão entre os chavistas ou de uma tentativa de golpe da oposição?

Não há temor algum. O governo venezuelano, o Pólo Patriótico e o PSUV estão unidos, em torno das orientações recebidas de Chávez antes de ir para Cuba. E a oposição está dividida, com um setor importante consciente de que a chamada revolução bolivariana é um processo político-social muito consistente, que não depende nem se resume a uma pessoa, por mais importante que seja. Motivo pelo qual acho difícil que eles embaruem numa aventura. Claro que sempre haverá uma minoria tresloucada e provocadora, mas isto está precificado.
 
4. Qual é a melhor solução para a Venezuela num momento em que o dia da posse se aproxima e o presidente eleito parece não ter condições de saúde para assumir o cargo?

A melhor solução está prevista na Constituição e será adotada pela Assembléia Nacional venezuelana. 

5. Qual seria o impacto, na visão do PT e em relação ao Brasil, de uma Venezuela sem Hugo Chávez?

No curto prazo, esperamos que Chávez se reestabeleça e esta situação não ocorra pelos próximos 20 ou 30 anos, pelo menos. No médio e longo prazo, isto obviamente vai ocorrer. E na nossa opinião, o que deve ser considerado é a solidez econômica, social, institucional e cultural das mudanças que vem sendo implementadas desde 1998. Na nossa opinião, são mudanças sólidas o suficiente, para prever que as relações estratégicas entre Brasil e Venezuela continuarão muito intensas, no mesmo rumo atual.
 
6. O PT avalia que haverá algum problema durante a transição de governo caso Chávez não se recupere para presidir o país? Se sim, que tipo de problema? Se não, por que será uma transição tranquila?

Como disse, nossa desejo, torcida e esperança é que Chávez se reestabeleça e cumpra seu mandato. Caso isto não ocorra, não esperamos nenhum tipo de problema. As instituições e a democracia são fortes na Venezuela, o PSUV e seus aliados são hegemônicos, os setores aventureiros e provocadores da oposição parecem minoritários.

 
7. O vice-presidente, Nicolás Maduro, tem mantido contato com o governo dos Estados Unidos. É possível que haja maior aproximação entre Venezuela e EUA num futuro pós-Chávez?

Não tenho informação sobre contatos recentes entre os governos da Venezuela e dos Estados Unidos. O que lembro é que Hugo Chávez disse, na campanha eleitoral presidencial, que se fosse eleitor nos EUA votaria em Obama. Portanto, é óbvio que da parte da Venezuela há disposição para uma aproximação. Quem não parece querer manter uma relação normal é o governo dos EUA. Os gringos é que precisam decidir se vão normalizar ou não as relações com a Venezuela.
 

8. O Mercosul, que incorporou oficialmente a Venezuela em 2012, pode ser afetado de alguma forma com uma mudança na presidência venezuelana?

A integração da Venezuela ao Mercosul é uma decisão de Estado, não de governo. Logo, independe de quem governo o país.

domingo, 6 de janeiro de 2013

Entrevista ao Dario do Pagina 12

A quem possa interessar, segue a íntegra da entrevista que concedi ao Dario Pignotti, do Página 12:

Voce acha que a doença do presidente afeta o proceso regional de mudancas e as políticas de integração regional?

A doença não afeta o processo, no sentido mais profundo da palavra. A Venezuela vive um processo de mudanças que vem desde 1998. Tais mudanças se traduziram em uma nova Constituição, em novas funcionamento das instituições --inclusive partidárias e militares-- e principalmente num novo patamar de consciência popular. As forças populares venceram, com folga maior ou menor, quase todas as eleições desde 1998, com a exceção da reforma constitucional. Portanto, o que os venezuelanos chamam de "chavismo" não depende mais da presença direta de Chavez.
Obviamente, a doença lança vários desafios sobre o funcionamento interno do chamado chavismo, por exemplo o de criar novas lideranças públicas e de estabelecer mecanismos eficazes de direção coletiva. Nada que seja impossível de fazer. E Chavez deu uma ajuda importante nisto, ao indicar Maduro.

Tem mantido contato com dirigentes venezuelanos nesses dias, o que eles falam da situacao e da ofensiva da direita politica e midiática?

Tenho acompanhado a blogosfera e a mídia venezuelana. Me parece que a direita venezuelana vive um dilema: ou bem entende que o chavismo é um processo histórico profundo e aceita o papel de oposição dentro dos marcos constitucionais; ou bem cai no conto de que o chavismo é um acidente, dependente de um líder, e nesse caso embarca numa aventura.

A presidenta Dilma esta informada o tempo todo sobre Venezuela (Kennedy Alencar dixit), ela pode cumprir um rol importante caso a oposição venezuelana queira gerar crise ou procure ameaçar a ordem democrática na Venezuela?

A Celac, a Unasul, o Mercosul, todos os governos da região, a começar pelo Brasil, acompanham atentamente a situação. E não permitiriam qualquer ameaça a soberania popular na Venezuela. Mas prefiro apostar que a direita venezuelana vai pensar duas vezes antes de partir para uma provocação, provocação que num momento de apreensão e dor, pode gerar uma reação espontânea da população, cujas consequências aí sim seriam difíceis de prever.


Página 12 deste domingo 6 de janeiro sobre Venezuela: http://www.pagina12.com.ar/diario/elmundo/index.html