quarta-feira, 27 de dezembro de 2023
Valter Pomar, um trotskista!
segunda-feira, 18 de dezembro de 2023
A Federação e os vetos presidenciais
domingo, 17 de dezembro de 2023
Petiscos chineses para domingo cedo
Hoje acontecem dois congressos estaduais de uma determinada tendência petista.
Em ambos estados, aconteceu algo parecido: militante importante saiu da referida tendência.
Até aí, normal.
O interessante, entretanto, não é o normal, mas o "novo normal".
Em ambos casos, os tais militantes fizeram pequenas mensagens informando estarem saindo da tendência.
Em ambos casos não se informam os motivos políticos.
Antigamente, isso era praxe: a pessoa saia informando discordar do programa, da estratégia, da tática, da concepção organizativa, dos métodos da direção ou, até mesmo, criticando a "insistência" em disputar os rumos do Partido.
Nos dois casos citados, entretanto, não se disse absolutamente nada acerca dos motivos políticos que informam a saída.
Não vou transcrever, mas ambas cartas têm uma pegada subjetiva, do tipo "estou num novo momento em minha vida e preciso dar um tempo".
O curioso é que, também em ambos casos, poucos dias depois de terem saído, as referidas pessoas já estavam de fato aninhadas noutro canto, onde se praticam outras políticas e outros métodos.
Na época de ambas saídas, preferi não comentar. Mas agora posso dizer: minha impressão é que "venderam o passe" e foram aplicar, noutro lugar, suas habilidades.
Sinal dos tempos. Na direita, "vender o passe" é algo normal e trivial, especialmente entre cabos eleitorais. Na esquerda em geral, no Partido em particular, isso também vem ocorrendo com frequência crescente. É um dos efeitos colaterais negativos da chamada via institucional.
Noutras plagas, há quem adote medidas cada vez mais duras contra alguns desses efeitos colaterais. Por exemplo:
Mas, infelizmente, em se tratando de China, há quem goste apenas dos negócios.
Para quem não pensa assim, seguem abaixo dois petiscos chineses:
Eliminar Resolutamente do Partido toda Ideologia não Proletária (marxists.org)
Liu-Chao-Tsi: "Como Conduzir a Luta Interna no Partido" (funkeirocomunista.blogspot.com)
sábado, 16 de dezembro de 2023
quinta-feira, 14 de dezembro de 2023
Marta vem aí?
Embora haja ministros que minimizem, o fato é que a direita e a extrema-direita operam para impor uma grande derrota ao PT em 2024.
E, convenhamos, a situação não está fácil.
Entre muitos outros motivos, porque cometemos muitos erros, que agora cobram seu preço. São Paulo capital é um bom exemplo disso.
Haddad deveria ter sido candidato a prefeito em 2020. Se tivesse sido, provavelmente teria ido ao segundo turno e poderia ter vencido. Mas Haddad não quis, essencialmente porque - na minha opinião - achava que ia “botar o bloco na rua” em 2022.
Como um erro leva a outro, a desistência de Haddad foi seguida de várias opções erradas, com destaque para as feitas por parte importante do PT paulistano.
O resultado foi uma campanha em que nosso candidato a prefeito foi menos votado do que nossa bancada de vereadores; e parte do eleitorado petista votou em Boulos nas eleições municipais.
Em 2022 as candidaturas majoritárias do PT foram as mais votadas na cidade de São Paulo. Mesmo assim, em 2024, o PT decidiu ir de Boulos prefeito, já no primeiro turno.
Com Boulos existem chances de vitória? Sim, como indicam os resultados de 2022 e as pesquisas de intenção de voto. E, obviamente, uma vitória da esquerda em SP capital nos ajudaria muito nas duras disputas que virão no biênio 2025-2026.
Mas, embora a vitória seja possível, o quadro é muito difícil. E para aumentar nossas chances, está circulando a ideia de colocar Marta como vice de Boulos.
Eleitoralmente a ideia tem seu sentido. Basicamente porque, na periferia paulistana, a memória do governo Marta segue presente e positiva.
O que não faz sentido, na minha opinião, é Marta se filiar ao PT. O que ela fez em 2016, apoiando o golpe, foi uma violência inesquecível e imperdoável.
Imperdoável, entre outras por uma razão muito simples: quem cruza determinadas fronteiras, não cruza uma única vez.
Tê-la como aliada, na disputa pela prefeitura de São Paulo, pode fazer parte. Tê-la como “companheira” de Partido, não faz parte.
Uma coisa é o PT adotar uma política “ampla”. Podemos concordar ou discordar, mas em si mesmo isso não muda a natureza do Partido.
Outra coisa é o PT trazer, para dentro de si, certos aliados, suas políticas, seus programas e, principalmente, seus hábitos. Isso vai mudando, por dentro, a natureza do Partido.
É verdade que isso já está sendo feito, em grande número de estados e de cidades do país. Há até quem comemore a filiação, ao Partido, de pessoas com trajetória para lá de conservadora. E, reconheço, perto de algumas tranqueiras, agora filiadas ao PT, a refiliação de Marta parece ser até razoável.
O problema é que certas decisões, por sua visibilidade e simbolismo, têm um efeito desmoralizante, inclusive por borrarem a fronteira entre o que é aceitável e o que não é aceitável na disputa política.
Se Marta, depois do que fez em 2016, pode mesmo assim voltar a ser filiada ao PT; e filiada com o objetivo de disputar a vice-prefeitura da maior cidade do país, supostamente em nome do PT; e ainda ser recebida com pompa e circunstância; então estaremos cruzando uma perigosa fronteira.
Espero que a ideia não prospere.
terça-feira, 12 de dezembro de 2023
Saiu no dia 11 a resolução do dia 8
As 22h51 de segunda-feira 11 de dezembro veio à luz, depois de um longo “trabalho de parto”, a resolução política do Diretório Nacional do PT.
Os lances anteriores estão explicados aqui:
http://valterpomar.blogspot.com/2023/12/a-cozinha-do-dn.html?m=0
http://valterpomar.blogspot.com/2023/12/a-cozinha-do-dn-de-8122023.html?m=1
https://pagina13.org.br/textos-de-contribuicao-ao-diretorio-nacional-do-pt-do-dia-08-12/
https://youtu.be/DtZ3xvgzcSQ?si=p77seeyZVa-GmopO
Já a reta final começou as 19h15 da noite de segunda-feira, quando o projeto de resolução, incluindo emendas, foi submetido à votação no grupo de zap do Diretório Nacional.
Participaram da votação no grupo de zap, incluindo na conta os retardatários, 55 integrantes do DN. Como a instância tem 94 integrantes, a votação durou mais de três horas e incluiu um animadérrimo debate sobre o “centrão” e sobre o “austericídio”, vai saber as razões dos 39 membros do DN que não deram as caras.
Votaram a favor do texto, com ou sem ressalvas, 46 integrantes do DN. Mais detalhes, noutro momento.
Segue abaixo o texto aprovado, que suponho já esteja disponível na página eletrônica oficial do PT.
RESOLUÇÃO DO DIRETÓRIO NACIONAL DO
PARTIDO DOS TRABALHADORES
impõe a necessidade de responsabilizar e punir, de maneira firme e pedagógica, os comandantespolíticos do golpismo, civis e militares, a começar por Jair Bolsonaro, para que nunca mais voltem a ameaçar a democracia. Como afirmou o presidente Lula em seu discurso de posse no Congresso, o Brasil quer democracia para sempre. Não vamos tolerar o golpismo nem o fascismo.
Apesar dos esforços assassinos do governo Bolsonaro, a pandemia da Covid 19 foi detida pelo Sistema Único de Saúde. Coerente com isso, o PT vai continuar lutando para ampliar e aperfeiçoar o SUS, combatendo a mercantilização da saúde, a terceirização de serviços inerentes ao setor público e as tentativas de alterar o piso constitucional da Saúde.
O piso constitucional da saúde e da educação, a política de elevação do salário-mínimo e a previdência pública são políticas civilizatórias. Não aceitamos que – a pretexto de “aperfeiçoar” as regras de cálculo – se abra caminho para alterar as regras atualmente vigentes.
Devemos desconstruir e enfrentarcompletamente a herança deixada pelo bolsonarismo na área da educação, a começar pelas políticas do chamado Novo Ensino Médio e das escolas cívico-militares. Mas é preciso ir além disso. Devemos usar os próximos três anos de governo Lula para fortalecer o sistema público em todos os níveis.
Do ponto de vista estratégico, programático e histórico, o governo Lula fará toda a diferença à medida em que contribua para desencadear um ciclo de desenvolvimento, com ampliação das liberdades democráticas, do bem-estar social, da soberania nacional e da integração regional. Mas para que isto aconteça, este ciclo de desenvolvimento deve, entre outras mudanças, superar nossa condição primário-exportadora e prisioneira do capital financeiro. O que, por sua vez, exige que o Estado brasileiro amplie substancialmente o investimento público e apoio ao desenvolvimento da indústria brasileira.
O ciclo de desenvolvimento que defendemos tem como um de seus objetivos converter o Brasil em uma potência industrial e tecnológica. Para atingir este propósito, em particular a reindustrialização, será preciso combinar em medida adequada o investimento estrangeiro e nacional, o investimento privado e público, a grande e a pequena empresa. Entretanto, não há dúvida acerca do protagonismo estatal, não apenas em outros ciclos, mas principalmente no ciclo de desenvolvimento democrático e popular que almejamos. Neste sentido, devemos aprofundar a reconstrução do papel estratégico da Petrobrás no desenvolvimento do país e seguir nos esforços para recuperar o controle público da Eletrobrás, entre outras empresas estatais que foram e seguem sendo vítimas da sanha neoliberal privatista.
Não devemos esquecer que o Banco Central não pode continuar sendo o defensor dos interesses do grande capital financeiro. Foi graças à credibilidade de Lula, e apesar do BC de Campos Neto, que a inflação caiu eestá sob controle, o emprego aumentou,a renda da população melhorou. Temosainda reservas internacionais de US$350 bilhões, reforçadas no atual governo, que nos protegem de eventuais choques externos. Não faznenhum sentido, neste cenário, apressão por arrocho fiscal exercida pelo comando do BC, rentistas e seus porta-vozes na mídia e no mercado. O Brasil precisa se libertar, urgentemente, da ditadura do BC “independente” e do austericídio fiscal, ou não teremos como responder às necessidades do país.
12) Vencemos numa campanha de frente ampla, para fazer um governo de coalizão, mas é inegável que nosso campo político permanece minoritário no Congresso Nacional. As forças conservadoras e fisiológicas do chamado Centrão, fortalecido pela absurda norma do orçamentoimpositivo num regime presidencialista, exercem influência desmedida sobre o Legislativo e o Executivo, atrasando,constrangendo e até tentando deformara agenda política vitoriosa na eleição presidencial. O governo, coerentemente com nosso compromisso democrático, respeita a legitimidade de um Congresso igualmente eleito pelo povo. É urgente, no entanto, nos organizarmos politicamente para alterar estacorrelação de forças, o que só se dará pela conscientização e mobilização daqueles e daquelas que representamos e defendemos.
É necessário um esforço conjunto, de nossos dirigentes e ministros, dos nossos aliados na política e nasociedade, para levar à população oconteúdo político-transformador dasmudanças e da reconstrução do país.Isso se faz por meio de uma claraestratégia de comunicação política, que precisamos reforçar cada vez mais, mas se faz também essencialmente pela disputa política cotidiana, denunciando as mentiras e falando as verdades sobre nós e nossos adversários.
É tarefa do PT, de nossos dirigentes emilitantes, seguir incidindo sobre a elaboração e implantação de políticas públicas em todos os setores, inclusivesobre temas como Segurança Pública eo papel da Forças Armadas, que nãodevemos tratar como tabus.
Viva o Partido dos Trabalhadores e das Trabalhadoras!
Viva o Povo Brasileiro!
Brasília, 8 de dezembro de 2023