sexta-feira, 20 de julho de 2012

Texto para a revista Teoria e Debate

O XVIII Encontro do Foro de São Paulo foi realizado entre os dias 3 e 6 de julho de 2010, na cidade de Caracas (Venezuela). Participaram delegados(as) e convidados(as) de mais de cem organizações, em sua maioria latino-americanas e caribenhas, mas também europeias, africanas e asiáticas. O PT participou com uma delegação integrada, entre outras pessoas, pela secretária de Relações Internacionais (SRI), Iole Iliada; pelo secretário de Movimentos Sociais, Renato Simões; pelo secretário nacional de Cultura, Edmilson Souza Santos; pelo secretário nacional de Juventude, Jefferson de Lima; pela secretária nacional de Combate ao Racismo, Cida Abreu; pela secretária nacional de Mulheres, Laisy Moriére; por vários membros do Diretório Nacional, entre os quais Joaquim Soriano, José Dirceu e Luiz Dulci; por integrantes da equipe da SRI e da Fundação Perseu Abramo; e também pelas senadoras Ana Rita (ES) e Angela Portela (RR). O partido também contribuiu com a distribuição, a todas as delegações que assistiram ao XVIII Encontro, de uma revista de 44 páginas, com textos em espanhol, sobre o Brasil, os governos Lula e Dilma, os diversos aspectos da ação partidária e, ainda, com nossa opinião sobre a conjuntura latino-americana. Por fim, durante a plenária de encerramento, coube a Luiz Dulci apresentar o vídeo com a mensagem do companheiro Lula ao XVIII Encontro do Foro de São Paulo. Lula fez um balanço da trajetória da esquerda latino-americana e caribenha agrupada no Foro e declarou, com todas as letras, que a vitória de Chávez será uma vitória do conjunto da esquerda regional. A memória do encontro será divulgada, incluindo as atas das reuniões do Grupo de Trabalho e das três secretarias regionais (Cone Sul, Andino-Amazônica e Meso-América e Caribe), a síntese das catorze oficinas, três encontros (de jovens, de mulheres e de parlamentares) e dois seminários (um sobre governos e outro sobre descolonização), além do documento-base, as resoluções e moções, bem como a Declaração Final. Toda essa documentação (incluindo vídeos) pode ser acessada nas páginas eletrônicas do Partido dos Trabalhadores e do Foro de São Paulo. Ainda no mês de agosto, o Grupo de Trabalho se reúne para discutir como implementar o plano de trabalho aprovado, com destaque para a solidariedade com o povo, o governo e a esquerda venezuelanos, que caminham para vencer a eleição presidencial de 7 de outubro, mas enfrentam desde já e seguirão enfrentando depois os ataques da direita local e do imperialismo estadunidense. A primeira atividade de solidariedade ocorre no dia 24 de julho, quando esperamos que em todo o mundo se promovam atividades em torno do aniversário de Simon Bolívar e de apoio à reeleição de Hugo Chávez. A reunião do Grupo de Trabalho terá grande importância, porque além das tarefas imediatas discutiremos o próprio funcionamento cotidiano do Foro de São Paulo. Criado no início dos anos 1990, noutra época histórica, o Foro possui debilidades organizativas que precisam ser urgentemente superadas. Não é fácil fazer isso, entre outros motivos porque é e deve continuar sendo um espaço plural, do ponto de vista político-ideológico. Portanto, soluções que poderiam ser cabíveis numa Internacional centralizada não são exequíveis num espaço com as características do Foro de São Paulo, que funciona na base do consenso, do respeito e da tolerância. Algumas das ações e medidas necessárias já foram debatidas em reuniões anteriores do Grupo de Trabalho: 1. A implementação de campanhas continentais e mundiais (por exemplo, a campanha de solidariedade a Venezuela, que foi objeto de uma resolução específica do XVIII Encontro); 2. A solidariedade para com as organizações do Foro em determinados países (os casos mais urgentes, nesse momento, são os de Honduras e Paraguai); 3. Sempre e quando solicitado pelas respectivas organizações nacionais, participar do debate e ajudar a enfrentar coletivamente os desafios locais (é o caso do Peru e de El Salvador, onde, por diferentes motivos, a presença do Foro pode jogar um papel importante); 4. Ampliar o intercâmbio de ideias, de informações, de experiências e de militantes entre as organizações integrantes do Foro de São Paulo (por exemplo, através de uma escola latino-americana); 5. Organizar de maneira mais sistemática o debate sobre os grandes temas estratégicos, como a natureza do capitalismo do século 21, o balanço das tentativas de construção do socialismo no século 20, nossos caminhos para o poder na América Latina etc.; 6. Melhorar o funcionamento do Grupo de Trabalho, das secretarias regionais e da secretaria executiva (o que exigirá, entre outras coisas, que alguns partidos encarreguem dirigentes para cuidar especificamente das questões do Foro de São Paulo). Essas e outras medidas com o objetivo de superar nossas debilidades organizativas devem respeitar uma cláusula pétrea: manter a natureza original do Foro, ou seja, seu caráter plural e com decisões consensuais. A experiência dos últimos vinte anos mostrou que essa natureza não é um obstáculo nem para os avanços práticos, nem para os acertos teóricos. Em contrapartida, há vários exemplos do fracasso de outras experiências internacionais, mais centralizadas e homogêneas. Mas, nos últimos cinco anos, a experiência revelou que é preciso buscar mais consensos e fazer maiores esforços para levar tais consensos à prática. Também nisso o Partido dos Trabalhadores está chamado a continuar jogando um papel importante no Foro de São Paulo. Hoje, por decisão do Grupo de Trabalho, o PT indica o secretário executivo do Foro. Caso a próxima reunião do GT mantenha essa indicação, o partido precisa responder em dois sentidos: primeiro, ampliando os recursos humanos disponíveis para a tarefa; segundo, ampliando o intercâmbio entre os países da região e o Brasil. O ideal é que o PT, além do secretário executivo e da secretaria técnica, disponibilize mais três dirigentes, que possam acompanhar de maneira permanente as secretarias regionais: Cone Sul, Andino-Amazônica, Meso-América e Caribe. Esse reforço é indispensável para dar conta das tarefas indicadas anteriormente e de outras que certamente serão aprovadas na reunião do Grupo de Trabalho. No terreno do intercâmbio, cito algumas iniciativas que podem ser adotadas: um plano de publicações, em português, sobre temas latino-americanos e caribenhos (com destaque para as experiências dos governos progressistas e de esquerda); um plano de publicações, em espanhol, das experiências e opiniões políticas do Partido dos Trabalhadores; o intercâmbio sistemático de delegações, especialmente entre jovens; e um plano de visitas de dirigentes petistas a todos os países da região. A situação brasileira é pouco conhecida, o que colabora para uma leitura equivocada acerca do papel que nosso país joga na região. Por exemplo: a reativação da IV Frota, o golpe do Paraguai e a tentativa de impedir a adesão da Venezuela ao Mercosul têm diversos objetivos e alvos. Mas está claro para nós, embora nem sempre esteja claro para todos, o quanto a direita e o imperialismo consideram crucial cercar e recuperar o Brasil para sua órbita de influência. Até por isso, o empenho do governo brasileiro para o êxito da integração regional (por meio de organismos como a Celac, a Unasul e o Mercosul, entre outros) e o do PT para o êxito da esquerda regional (com o fortalecimento do Foro de São Paulo, por exemplo) constituem não apenas um ato de solidariedade para com os demais, mas também atitudes que contribuirão para o êxito do processo brasileiro. O momento atual torna esse empenho ainda mais urgente. A principal característica da conjuntura latino-americana continua sendo a forte presença da esquerda, seja hegemonizando governos, seja protagonizando a oposição dos principais países da região. Mas também é verdade que, já há alguns anos, está em curso uma contraofensiva da direita e do imperialismo. Exemplo disso foi o que se passou em Honduras, mas também no Panamá, em Costa Rica e no Chile, para ficar apenas nesses casos. O ocorrido no vizinho Paraguai confirmou aquilo que, a partir do Foro de São Paulo, temos alertado seguidamente: está em curso uma contraofensiva das forças de direita, que é facilitada pelos efeitos da crise internacional, assim como pelas debilidades e contradições dos governos progressistas e de esquerda. Sobre esse último aspecto, podemos dizer que a ofensiva iniciada entre 1998 e 2002, com as eleições de Chávez e Lula, parece estar encontrando seus próprios limites. E as forças de direita, não apesar da crise, mas exatamente por causa da crise internacional, deflagraram desde a eleição de Obama (!) uma contraofensiva, que por enquanto vem nos golpeando nos elos mais fracos, como Honduras e Paraguai. Quando no Foro de São Paulo começamos, há alguns anos, a falar dessa contraofensiva, não eram poucos os que discordavam, chamando atenção para nossas fortalezas e avanços, assim como para as contradições no campo inimigo. Tudo verdade. Acontece que, mesmo nos marcos de uma contraofensiva do inimigo, podemos obter vitórias – ainda que algumas possam reacender velhos problemas, como em certa medida está se passando no Peru, após a vitória de Ollanta Humala. Também é verdade que as dificuldades e contradições no campo inimigo são imensas. Mas não se confundam as coisas: a contraofensiva da direita faz parte do esforço deles exatamente para enfrentar suas crises e contradições. Assim é que avançamos mais sob o governo Bush, do que sob o governo Obama. Assim é que a crise na Europa produz resultados contraditórios, como ocorreu nas eleições francesas e gregas. Assim é que prossegue a escalada militar, com riscos cada vez maiores de Síria e Irã serem convertidos pelo imperialismo no epicentro de um conflito de imensas proporções. Assim é, também, que voltamos a ouvir a palavra golpe no Cone Sul. Esse debate de fundo, acerca da conjuntura internacional e latino-americana, tem relação com o que estamos vendo nas eleições 2012 no Brasil, tema que evidentemente escapa dos objetivos deste texto. Assim, cabe apenas reiterar o que já dissemos antes: o XVIII Encontro foi um grande sucesso, mas, para enfrentar a atual conjuntura, precisamos de mais e melhor Foro de São Paulo, e isso será tanto mais fácil de conseguir quanto mais o PT possa contribuir. Valter Pomar é membro do Diretório Nacional do PT e secretário executivo do Foro de São Paulo  

Comentários (numa oficina da Universidade do PIE)


Comentários


1. La crisis tiene algunos componentes fundamentales: la crisis del capitalismo neoliberal,el deslocamiento del centro geopolitico hacia el oriente, el declinio de lahegemonia del Estados Unidos, la confrontacion entre dos modelos de capitalismo(neoliberal y de Estado), la incerteza acerca de las caracteristicas del mundopos-crisis.

2.Algunos aspectos geopoliticos: la orden mundial establecida en el pos segunda guerra mundial fue duplamente convulsionada, primero por la caida de la URSS, segundo por el declinio de Estados Unidos. Salimos de un mundo bipolar, para un mundo unipolar y ahora estamos en un mundomultipolar. Pero como es un mundo capitalista, imperialista, neoliberal y encrisis, la multipolaridad significa instabilidad, incerteza y guerras.

3.Alguns cenarios, para fines didaticos y con perdon del esquematismo: A) un pos crisis  capitalista, donde los paises hegemonicos en el periodo neoliberal, sigan dominantes en el periodo pos neoliberal; B) un poscrisis tambien capitalista, donde alguns paises no hegemonicos en el periodo neoliberal, se convertan en hegemonicos; c) un pos crisis donde convivan el capitalismo en alguns paises y la transicion socialista en otros paises.

3.El peor escenario para nosotros es el primero. Y, ojo, las fuerzas a favor deste primer escenario son impressionantes. El neoliberalismo esta desmoralizado ideologicamente, pelo las politicas neoliberales son muy fuertes, incluso debido al temor que alguns setores anti-neoliberales tienen de que ocurra un poso forzado de EUA y UE.

4.La mayor partede las fuerzas de la izquierda, mismo las que defienden el socialismo, en la pratica estan operando en favor del segundo cenario: um capitalismo de Estado, combinado con niveles mas o menos altos de democracia politica y bienestarsocial.

5.La experiencia del pos segunda guerra mundial ya demonstro que este segundo escenario es inestable, o sea, no consigue se mantener por mucho tiempo y, ademas, solamente se mantiene si y cuando las fuerzas capitalistas estan bajo forte presion de las classes trabajadoras. Notras palavras, este segundo escenario tiende a conformarse como parte del tercero escenario. Es, ademas de esto, un escenario extraordinario, que no se consigue mantener por mucho tiempo, una vez que a la larga el capitalismo no es compatible con democracia y bien estar.

6.El escenario mas deseable para nosotros es el tercero. Lo que supone tres cosas: primero, que la crisis se aprofundize, segundo que los sectores populares reacionen de manera mucho radical y, tercero, que las capas dominantes no tengan medios para detener el proceso de cambios.

7.Lembrar que la crisis es estrategicamente virtuosa, pero al mismo tiempo una amenaza del punto de vista tatico.

8.Tambien por esto no podemos creer que la piora en las condiones de vida de las masas va crear mejores condiciones para los cambios. Lo que efectivamente crea mejores condiciones para un cambio es la lucha organizada contra el sistema, en particular contra la peora de las condiones de vida. Tenemos que combinar la defensa de cambios profundos, con la defensa de soluciones imediatas, creibles y defendibles por las capas populares.

9.La diferencia entre la defensa de cambios profundos y la defesa de soluciones imediatas no es un problema teorico abstrato, sino un problema pratico, o sea, de correlacion de fuerzas.

10.Es nestos marcos que devemos considerar la operacion que estamos haciendo en latinoamerica. La combinacion entre gobiernos antineoliberales y integracion regional de nuevo tipo, en una region que hace parte de la periferia del planeta, esta permitiendo a la izquierda latinoamericana acumular fuerzas ya vanzar. Por supuesto, avanzar con enormes deficiencias y contradiciones; y ademas experimentando, hoy, un imenso contraataque de la derecha y de los EUA.

11.Construir un gobierno consecuentemente antineoliberal en una region periferica del mundo puede conducir a niveles crescientes de enfrentamiento con el imperialismo y con el capitalismo. Lo unico  que puede garantizar el suceso deste enfrentamiento es una combinacion entre apoyo interno y integracion regional.

12.Considerado de coyunto, existe la posibilidade de abrir un proceso en cuyos marcos se puede avanzar, sea en direcion de una socialdemocracia criolla, sea en direcion de nuevas tentativas de transicion socialista.  O, en caso de derrota, se puede retroceder en direcion a mas neoliberalismo y desarrollo capitalismo conservador.

13.Las tentativas de socialdemocracia fueron hasta hoy saboteados por el imperialismo y por los capitalistas nacionales. Asi pasa, entre otras razones, porque el capitalismo en los paises de la periferia no tienen las ventajas comparativas de los paises imperialistas, que pueden sacar de otras regiones una plusvalia adicional, con la cual pueden compensar las concesiones hechas a su classe trabajadora.

15.Las tentativas de transicion socialista iniciadas en paises de bajo desarrollo capitalista enfrentan problemas serissimos, que a la larga pueden hacer con que la transicion se interrumpa y que, ao final, se regrese al capitalismo.

16.Las tentativas de cambio son enfrentadaspor el imperialismo, que las combate utilizando el clasico metodo de Jack el estripador: por partes.

17.Los problemas estrategicos apuntalados pueden tener solucion en los marcos de una mirada de larga duracion y de naturaleza regional. La experiencia latinoamericana contiene, deste punto de vista, algunas soluciones potenciales.

18.Lo peor que nos pode pasar es que Estados Unidos recupere su hegemonia global; o queEstados Unidos concentre todas suas energias destructivas en Latinoamerica yCaribe. Nos interesa sobremanera que avanze la lucha socialy nacional de otras regiones del mundo.

19.la experiencia del Foro de Sao Paulo y de las distintas izquierdas en el reunidas: no hay un unico liderazgo, no hay un modelo de viejo tipo, no hay un pais o partido hegemonico, sino hay muchas, cambiantes y algunas vezes contrastadas entre si variantes. Parece que por esto mismo estamos conseguiendo, hasta este momento por lo menos, hacer un proceso de acumulacion de fuerzas muy importante para que el socialismo supere sua atual etapa de defensiva estrategica. Se vamos conseguir ou não, veremos nos próximos meses e anos.

Rascunho da palestra feita na Universidade do PIE

Bom dia a todos e todas.

Em primeiro lugar, gostaria de agradecer o convite para o Foro de São Paulo contribuir com a Universidade de Verão do PIE.

Para aqueles que ainda não conhecem o que é o Foro de São Paulo, recomendo ler dois textos: o Documento Base e a Declaração Final do XVIII Encontro do Foro de São Paulo, realizado de 3 a 6 de julho de 2012, em Caracas, Venezuela.

Estes dois textos foram traduzidos para o inglês e enviados para a organização desta Universidade de Verão, para que fossem distribuídos entre os participantes.

Também solicitei que fossem distribuídos dois outros textos, igualmente traduzidos para o inglês: as resoluções do 4º Congresso do Partido dos Trabalhadores do Brasil, de cuja direção nacional eu faço parte; e um texto de minha autoria, intitulado Una ventana abierta, em que apresento de maneira mais detalhada o que aqui vou falar de maneira mais resumida.

O tema desta nossa mesa é The crisis in Europa as a part of the global crisis.

Vou contribuir com este tema falando de três assuntos: como encaramos a crise global; como estamos reagindo a ela; e como estamos vendo a situação na Europa.

Concordamos que se trata de uma crise global, ainda que ela não afete de maneira igual todas as regiões, países, setores sociais e dimensões da vida humana. Vou resumir, a seguir, as principais variáveis que enxergamos nesta crise global.

Consideramos que se trata, em primeiro lugar, de uma crise do capitalismo neoliberal, ou seja, uma crise do padrão de acumulação capitalisa que se tornou hegemônico a partir da crise dos anos 1970.

Esta crise do capitalismo neoliberal se expressa e se traduz em diversas crises articuladas: financeira, comercial, ambiental, política, militar etc. Por razões de tempo, não vou abordar estes diferentes aspectos, mas ressalto que é desta análise concreta que se pode extrair diretrizes políticas para enfrentar a crise.

A crise do capitalismo neoliberal se articula com outra variável: o deslocamento do centro geopolítico do mundo, que parece estar se movimento do Ocidente de volta para o Oriente, depois de pelo menos 500 anos.

Uma terceira variável da crise global é o declínio da hegemonia dos Estados Unidos. Evidentemente, declínio não é fim. Além disso, como estamos vendo, as classes dominantes dos Estados Unidos estão agindo agressivamente para tentar reverter este declinio: dentro do país, operando um giro ainda mais reacionário, do ponto de vista social, político e ideológico; fora do país, lançando mão de seu aparato de mídia, do monopólio do dólar e da força das armas.

A crise global possui uma quarta variável, que é o conflito entre dois modelos de capitalismo: o de tipo neoliberal versus o capitalismo de Estado, conflito que visualizamos, ainda que de maneira imperfeita, no choque entre a aliança Estados Unidos mais União Européia versus os chamados Brics (Brasil, Rússia, India, China e África do Sul).

Ainda a respeito desta variável, quero destacar o seguinte: o principal conflito existente hoje no mundo é intercapitalista, entre modelos distintos de capitalismo. A alternativa socialista ainda encontra-se num momento de defensiva estratégica e compreender isto é algo politicamente fundamental.

Uma quinta variável da crise global é a incerteza acerca de qual será seu desfecho. Na verdade, o desfecho está sendo construído na luta entre Estados e, dentro de cada Estado, entre as diferentes classes sociais.

O pano de fundo desta luta remete para uma idéia clássica do marxismo: a contradição profunda entre o desenvolvimento das forças produtivas capitalistas, entre a capacidade da humanidade criar riquezas, versus o caráter limitado das relações de produção baseadas na propriedade privada e na apropriação privada desta imensa riqueza.

Esta contradição profunda pode ser traduzida assim: os problemas são cada vez mais globais e não serão resolvidos enquanto o poder estiver concentrado nas mãos de um punhado de capitalistas, empresas transnacionais e uns poucos e poderosos Estados nacionais.

A incerteza acerca do desfecho da crise global resultado, exatamente, da inexistência de um poder capaz de construir tal solução.

Evidentemente, isto não será assim para sempre. O que está ocorrendo neste momento nos Estados Unidos, na Europa e no Oriente Médio fazem parte de um plano mais ou menos articulado de superação da crise, do ponto de vista das classes sociais e dos países que dominaram e se beneficiaram do período neoliberal.

A questão é: as classes trabalhadoras e os países explorados conseguirão reunir a força política necessária para vencer esta disputa? Entendendo aqui vencer como 1) derrotar o neoliberalismo, 2) derrotar o capitalismo e 3) iniciar a transição para uma sociedade socialista avançada?

Evidentemente não temos como saber. Mas podemos dizer, com certeza, que o processo que está em curso na América Latina, desde 1998 e 2002, com as eleições dos presidentes Chavez e Lula, é um ponto de apoio para a luta das classes trabalhadoras e para a luta dos países explorados de todo o mundo.

Como podemos resumir o que está ocorrendo na América Latina?

Sendo muito sintético, as forças que se opuseram ao neoliberalismo conseguiram conquistar vários dos principais governos da região; e onde não somos governo, nos convertemos geralmente na principal força oposicionista.

Graças a isto, houve uma mudança na correlação de forças na região que chamamos de América Latina e Caribe. Esta mudança tornou possível ampliar os níveis de democracia política e as condições sociais de nossa população. Ao mesmo tempo, ampliamos os graus de soberania nacional e integração regional.

Evidentemente, tudo isto ocorre em meio a fortes contradições, de todo tipo. Não estamos falando de processos perfeitos, destes que só existem nos laboratórios dos chamados cientistas políticos. Estamos falando de processos reais, feitos por pessoas reais, nos marcos de uma correlação de forças mundial ainda profundamente difícil para quem é de esquerda.

É preciso destacar, ainda, que desde a eleição de Obama, estamos sofrendo um forte contraataque por parte dos Estados Unidos e dos setores conservadores de nossa região. Exemplo disto são as vitórias eleitorais da direita na Guatemala, no Panamá, na Costa Rica e no Chile; assim como os golpes em Honduras e Paraguai; ou ainda a recriação da IV Frota naval dos Estados Unidos, decisão que vinculamos a tentativa de controlar as reservas de petróleo da Venezuela e do Brasil.

Seja como for, a experiência da América Latina e do Caribe demonstram que é possível, mesmo nos marcos de uma situação global ainda muito difícil para a esquerda, avançar, vencer, construir alternativas e projetar esperanças.

Por fim, estamos convencidos de que não venceremos sozinhos. Se não houver mudanças na correlação de forças em outras regiões do mundo, mais cedo ou mais tarde sofreremos um retrocesso na América Latina e Caribe.

É por isso que o Foro de São Paulo está investindo na organização dos migrantes latinoamericanos nos Estados Unidos e na Europa.

É por isto, também, que temos a expectativa de que a esquerda européia seja capaz de defender o estado de bem-estar, seja capaz de defender as liberdades democráticas, seja capaz de derrotar a integração conservadora controlada principalmente pelo capital financeiro alemão e francês, seja capaz de enfraquecer o imperialismo e o colonialismo europeu e seja capaz, principalmente, de fazer a classe trabalhadora se tornar novamente protagonista.

Por fim, gostaria de destacar que o tema central, do nosso ponto de vista, está na política, na capacidade de reunir as forças sociais e políticas de esquerda em torno de um projeto político que ganhe o apoio da maioria da população.

É isto que estamos fazendo na América Latina e, pelo menos até agora, temos conseguido progressos importantes.

Muito obrigado.


Rascunho (em inglês) de palestra na Universidade do PIE

Good morning to all!

In the first place I would like to thank the invitation for the São Paulo Forum to contribute with the European Left Summer University.

For those who still do not know what the São Paulo Forum is, I recommend reading two texts: the Base Document and the Final Declaration of the 18th Meeting of the São Paulo Forum held on 3 to 6 July 2012, in Caracas, Venezuela.

These two texts have been translated into English and were sent to the organizing committee of this Summer University to be handed out to the participants.

I have also asked that two other texts be distributed, which have also been translated into English: the resolutions of the 4th Congress of the Workers Party of Brazil, on whose directing board I sit; and a text of my own, entitled Una ventana abierta [An Open Window], in which I detail what I will talk about here in a more summarized way.

Our panel’s theme is The crisis in Europe as a part of the global crisis.

I wish to contribute to this theme by addressing three issues: how we are facing the global crisis; how we are reacting to it; and how we are seeing the situation in Europe.

We agree this is a global crisis, even though it does not affect in the same way every region, country, social sector and dimension of human life. I will sum up, next, the main variables we see in this global crisis.

We consider, in the first place, that this is a crisis of neoliberal capitalism, that is, a crisis of the capitalist pattern of accumulation that has become hegemonic since the crisis of the 1970s.

This crisis of neoliberal capitalism is the expression of and is translatable into several interrelated crises: financial, trade, environmental, political, military and so on. For reasons of time, I will not approach these different aspects, yet I underscore that only by building on such concrete analysis will we be able to extract political guidelines to face the crisis.

The crisis of neoliberal capitalism is interrelated with another variable: the dislocation of the world’s geopolitical center, which seems to be shifting from the West back to the east, after at least 500 years.

A third variable of the global crisis is the decline in the United States hegemony. Surely decline is not demise. Besides, as we are witnessing, the United States’ dominant classes are acting aggressively to try and reverse this decline: at home, by operating a more reactionary shift from the social, political, and ideological point of view; and abroad, by resorting to the country’s media apparatus, the dollar’s monopoly, and the power of weapons.

The global crisis possesses a fourth variable, which is the conflict between two models of capitalism: the neoliberal type versus State capitalism, a conflict we can discern, however imperfectly, in the clash between the US–European Union alliance versus the so-called BRICS (Brazil, Russia, India, China, and South Africa).

Still regarding this variable, I would like to point out the following: the main conflict existing today in the world is intercapitalist, between distinct models of capitalism. The socialist alternative is still at a moment of strategic defensive and realizing this is of the utmost political importance.

A fifth variable of the global crisis is the uncertainty as to what its outcome will be.  . Actually, the outcome is being built in the struggles between the States and, within each State, between the different social classes.

The backdrop for this struggle is reminiscent of a classic Marxist idea: the profound contradiction between the development of the capitalist productive forces, between the capacity of humanity to create riches, and the limited character of relations of production based on private ownership and on private appropriation of this huge wealth.

This profound contradiction can be translated like this: the problems are increasingly more global and will not be resolved as long as power is concentrated in the hands of a few capitalists, transnational enterprises, and some few powerful national States.

The uncertainty about the outcome of the global crisis is the result, precisely, of the inexistence of a power that is capable of building such solution.

Evidently, this will not always be so. What is happening right now in the United States, in Europe, and in the Middle East is part of a somewhat coordinated plan to overcome the crisis, from the point of view of the social classes and countries that dominated and benefited from the neoliberal era.

The question is, “Will the working classes and the exploited countries manage to muster the political strength necessary to win the contest?”, whereas winning here means 1) defeating neoliberalism, 2) defeating capitalism and 3) beginning the transition toward an advanced socialist society.

Evidently we cannot know that. However, we can surely say that the process that has been underway in Latin America since 1998 and 2002, with the elections of presidents Chávez and Lula, is a fulcrum for the struggle of the working classes and for the struggle of the exploited countries of the world. 

How can we summarize what is happening in Latin America?

Very concisely, the forces that have opposed neoliberalism have managed to take over several of the most important governments of the region; and in those we are not the government, we have generally become the main opposition force.

Thanks to this there has been a change in the correlation of forces in the region we call Latin America and the Caribbean.  This change has made it possible to broaden the levels of political democracy and the social conditions of our population. At the same time, we have furthered national sovereignty and regional integration.

Evidently all this is taking place amid strong contradictions of all kinds. We are not speaking of perfect processes, those that only exist in the laboratories of the so-called political scientists. We are speaking of real processes, carried out by real people, within the framework of a worldwide correlation of forces that is still extremely hard for those who are leftist.

It must also be stressed that, since Obama’s election, we have been under a strong counterattack by the United States and our region’s conservative sectors. An example thereof are the electoral victories of the right in Guatemala, in Panama, in Costa Rica, and in Chile; as well as the coups in Honduras and Paraguay; or still in the re-creation of the United States Fourth Fleet, a decision we link to an attempt to control Venezuela’s and Brazil’s oil reserves.

Be as it may, the experience in Latin America and the Caribbean demonstrates that it is possible, even in the context of a still very difficult global situation for the left, to advance, win, build alternatives, and anticipate hope.

Lastly, we are convinced that we will not win alone. If there are no changes in the correlation of forces in other regions in the world, sooner or later we will suffer a setback in Latin America and the Caribbean.

This is why the São Paulo Forum is investing in organizing Latin-American migrants in the United States and in Europe. 

Moreover, this is why we expect the European left to be able to defend the Welfare State, to be able to defend democratic freedoms, to be able to defeat the conservative integration mostly controlled by the German and French financial capital, to be able to weaken European imperialism and colonialism and be able to, above all, to make the working class become once again a protagonist.

Lastly, I would like to highlight that the key theme, from our point of view, lies in politics, in the capacity to bring together the social and political leftist forces around a political project that can gain the support of the majority of the population.

This is what we have been doing in Latin America and, at least this far, we have made important accomplishments.

Thank you very much.

Tradutor: Robert Bruce de Figueiredo Stuart

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Polêmica epistolar

A los integrantes del Grupo de Trabajo

Como creo ser de vuestro conocimiento, estoy en Grecia representando el Foro de São Paulo en la Universidad de Verano del PIE.

Por este motivo, y también considerando las tareas generadas por las resoluciones del XVIII Encuentro del Foro, era mi intención dar por cerrada mi participación en la polémica epistolar sobre el balance del Encuentro de Caracas.
 

Entretanto, por razones institucionales, tengo la obligación de aclarar algunas cuestiones.



En primer lugar: es obvio que la Declaración final del XVIII Encuentro del Foro, así como todas las otras resoluciones y debates ahí realizados, contiene lacunas.



Pero el esencial es que las deliberaciones del Foro fueron excelentes y apuntan las batallas esenciales del periodo -entre las cuales resalto la defensa de Venezuela, destacada por Lula en el mensaje enviado al Foro.



El esfuerzo que hacen algunos, en indicar la imperfección de los arbustos, impide ver la belleza del bosque.



En segundo lugar: como es obvio para quien conoce el mínimo funcionamiento del Foro de São Paulo, no está al alcance de la Secretaría Ejecutiva aceptar o recusar disidencias, divergencias o polémicas.



El Foro puede discutir y revisar todo, a cualquier momento. A la Secretaría Ejecutiva cabe respetar y hacer cumplir las normas y decisiones colectivamente adoptadas.



Por ejemplo: el orden del día de la plenaria final del XVIII Encuentro fue debatido y deliberado en el Grupo de Trabajo; y también fue el Grupo de Trabajo quien deliberó quien sería responsable por la coordinación del acto de inauguración y del acto de clausura del XVIII Encuentro del Foro, inclusive la definición de quien sería invitado y quien hablaría.



En tercero lugar: referente al tema colombiano, reitero que no hubo ninguna falta de respeto a absolutamente nadie. Hubo sólo cumplimiento de las reglas del Foro.



Reitero, también, que en ningún momento fui procurado por cualquier portavoz de la Marcha Patriótica, para pedir la palabra y/o presentar una propuesta al Foro. La lectura atenta de lo que está escrito en la carta enviada por dirigentes de la Marcha lo deja evidente.



Sin embargo, lo que realmente importa es que: 1) la resolución aprobada por el Foro de São Paulo acerca de Colombia expresa lo que todos pensamos; 2) hace poco el Polo Democrático Alternativo nos informó que aprobó por unanimidad la entrada de la Marcha en el Foro.



O sea: exceptuando malentendidos y disputas de protagonismo, no hay divergencias relevantes; talvez sea esto lo que frustre algunos.



En cuarto lugar: cuanto al tema hondureño, reitero que el Frente de Resistencia es parte del Foro de São Paulo y el LIBRE podrá ser parte si solicitar, lo que aún no ha hecho.



Es obvio que el GT podría haber incluido en la programación de la plenaria final una exposición sobre el tema hondureño y/o los camaradas hondureños podrían haber solicitado la palabra al Grupo de Trabajo. Pero esto no ocurrió.



Hasta el momento, no recibí ningún mensaje de los camaradas hondureños, dirigida al GT o a la Secretaría Ejecutiva, reclamando o pidiendo aclaración.



De cualquier manera, me parece que la importancia conferida a Honduras y a la Resistencia no se puede medir por el hecho de que le hemos dado o no el tiempo en la última sesión plenaria de este XVIII Encuentro.



Además de lo que se dice acerca de Honduras en las resoluciones del XVIII Encuentro, es bueno recordar el énfasis dado a la situación hondureña en los Foros realizados en Buenos Aires y Managua.



Una vez más, como en el caso de Colombia, exceptuando malentendidos y disputas de protagonismo, la verdad es que no existe ninguna divergencia política acerca de lo que el Foro deliberó sobre Honduras.



A menos, por supuesto, para aquellos que deseen alentar diferencias que no existen.



En quinto lugar: el XVIII Encuentro dejó evidente la confluencia entre el Foro y el proceso venezolano, entre el PT y el PSUV, entre Chávez y Lula.



Es por eso que, donde algunos ven en el discurso de clausura hecho por Chávez una nueva agenda, yo veo la misma agenda. Además, como dijo Lula, la victoria de Chávez es nuestra victoria.



Es cierto que hay, tanto en la derecha cuanto en la extrema izquierda, personas que nos prefieren enfrentados. Ellos quedarán hablando sólos.



En sexto lugar: la polémica es bienvenida y la trabaremos donde y cuando siempre hicimos, en el lugar y en la hora correctas.



Por supuesto, rechazando dos posiciones: 1) la sumisión intelectual de los que quieren se presentar como voceros de los liderazgos; 2) la actitud irresponsable de los que, en medio de la batalla, hacen ataques públicos contra sus compañeros.



Y siempre buscando reafirmar determinadas ideas y profundizar determinadas reflexiones, que ya son parte de nuestro patrimonio común.



Por ejemplo: no es responsabilidad de los partidos cobrar del Foro Social Mundial que organice las energías canalizadas hacia la conquista del poder.



Algunas debilidades del Foro Social Mundial no se refieren a la lucha por poder, sino a algo más simple: transformar la dispersión de los debates en un programa unificado de movilización.



Otros ejemplos: es un error acusar al Foro de São Paulo de privilegiar de manera excluyente una sola forma de organización, el partido político, y una sola estrategia derivada de esa forma organizacional: la electoral; también es un error decir que los grandes avances democráticos de los últimos tiempos fueron resultados de arrolladoras insurrecciones populares  y no del funcionamiento del sistema de partidos; igualmente equivocado es decir que el Foro de São Paulo parte de la ingenua creencia de que el socialismo sobrevendrá como la caída de una fruta madura o, peor aún, la cínica convicción de que el socialismo es un proyecto que ya fracasó.



Quién dice esto no ha leído las resoluciones del Foro de São Paulo, no sigue nuestros debates y no ve nuestra acción.



Lo que ha ocurrido desde 1998 en América Latina fue el exito de variadas combinaciones entre lucha social, lucha electoral, acción de gobiernos y acción de partidos. Estos partidos, a su vez, también son muy heterogéneos.



No hay que confundir estrategia electoral con estrategia que incorpora el electoral. Y no nos iludimos acerca de la crisis del capitalismo y del neoliberalismo: por más profunda que sea la crisis, sólo serán superadas si la izquierda salir victoriosa en una batalla económica, política y cultural de larga duración. De lo contrario, el capitalismo puede sobrevivir, aunque a un costo social enorme.



También por esto y para esto precisamos de organización, incluso de partidos que, además de principios ideológicos, teóricos y estratégicos, tengan inteligencia táctica y organizativa.



Inteligencia, en nuestro caso, incluye la mejora del Foro de São Paulo, sin cambiar su naturaleza plural y consensual; sin confundirlo con una Internacional centralizada; sin imaginar que el Foro reemplaza o se sobrepone a los partidos que lo componen, muchos de los cuales cultivan otros espacios de articulación internacional, con los cuales muchas veces el propio Foro debe mantener un intenso intercambio.



Este es el espíritu que, en mi opinión, debe servirnos de guía en las próximas semanas, cuando el Grupo de Trabajo se reunir para debatir como poner en práctica las resoluciones del XVIII Encuentro y como mejorar nuestros métodos de funcionamiento.

Un abrazo,

Valter Pomar

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Declaración final


Declaración final

XVIII ENCUENTRO DEL FORO DE SAO PAULO



DECLARACIÓN DE CARACAS

LOS PUEBLOS DEL MUNDO, CONTRA EL NEOLIBERALISMO Y POR LA PAZ



1.        El décimo octavo Encuentro del Foro de Sao Paulo, reunido en Caracas, los días 4, 5 y 6 de julio de 2012, se realiza en medio de una fuerte crisis estructural del capitalismo, acompañada por la disputa por espacios geopolíticos y geoestratégicos,  la emergencia de nuevos polos de poder, las amenazas contra la paz mundial y la agresividad militar e injerencista del imperialismo que  intenta revertir su declive. Adicionalmente a la crisis económica hay que sumar la ambiental, la energética y la alimentaria, así como la crisis de los sistemas de representación política. Todas estas situaciones exigen una firme respuesta de los pueblos latinoamericanos y caribeños y una eficaz actuación de las fuerzas progresistas, populares y de izquierda.

2.        La crisis económica mundial está muy lejos de ser superada. Los responsables  de dirigir las instituciones financieras internacionales siguen anclados en el dogma neoliberal. El efecto de la contracción económica de Estados Unidos y la parálisis del motor europeo, ya se expresa en vastas regiones, incluso en la pujante economía china. La región latinoamericana y caribeña no escapa del impacto negativo de la crisis mundial, aunque las políticas económicas y sociales de buena parte de los gobiernos de la región han evitado un impacto mayor de la crisis



3.        Mientras en regiones como Europa y Estados Unidos, el neoliberalismo sigue siendo fundamento ideológico de la política económica, con sus políticas de austeridad permanente y prioridad para el capital financiero, en América Latina las fuerzas progresistas y de izquierda dirigen los destinos de una parte importante de las naciones del área y despliegan iniciativas que han permitido superar en alguna medida “la larga noche neoliberal”, apuntalando planes sociales de gran envergadura, obteniendo éxitos indiscutibles en la lucha contra la pobreza e impulsando como nunca antes el proceso de integración. El desafío es seguir haciéndolo y profundizando los cambios en las actuales condiciones de agravamiento de la crisis.



4.        Al crecimiento de las fuerzas democráticas, populares, progresistas y de  izquierda en América Latina y Caribe, la derecha y el imperialismo responden de diversas formas, entre otras con la agresión sistemática del gobierno de Estados Unidos, la manipulación y criminilización de las demandas sociales para generar enfrentamientos violentos y una contraofensiva golpista.



5.        Es de hacer notar que en Bolivia se han producido dos intentos de golpe y uno de magnicidio, además, del motín policial que recientemente fue derrotado por la acción de los movimientos sociales. Otros hechos golpistas han sido los siguientes: En 2002 se produjo el derrocamiento del presidente Chávez, por 47 horas,  y en junio de 2009, el Presidente Zelaya fue depuesto; en septiembre de 2010  se produjo un intento de golpe de Estado en Ecuador  que no se consolidó por la movilización inmediata del pueblo ecuatoriano y la rápida actuación de la comunidad internacional. Hace apenas unas semanas, el Presidente paraguayo, Fernando Lugo, fue derrocado. El golpe de Honduras y el derrocamiento de Fernando Lugo, señalan que la derecha está dispuesta a utilizar vías violentas y o manipulación de las vías institucionales para derrocar a gobiernos que no le sirvan a sus intereses.



6.        Asimismo, la derecha ha desatado una amplia campaña mediática instrumentada internacionalmente a través de poderosos consorcios comunicacionales. La actitud de los medios de comunicación de la derecha es un tema recurrente de la agenda política regional. Grandes corporaciones desarrollan planes desestabilizantes y se comportan como factores de poder, capaces de colocarse por encima de los poderes públicos que emanan del sufragio universal. Grandes empresas mediáticas desafían día a día a la democracia y sus instituciones. Es este, quizá, uno de los retos más grandes que tienen por delante los gobiernos de la izquierda: democratizar la comunicación.



7.        Al mismo tiempo, recientemente se registraron victorias electorales de significación, como la de Dilma Rousseff en Brasil, Daniel Ortega en Nicaragua, Cristina  Fernández de Kirchner en Argentina y de Danilo Medina en República Dominicana, triunfos contundentes que  dan cuenta del avance de las fuerzas progresistas y de  izquierda.



8.        Las Presidentas Dilma Rousseff y Cristina Fernández de Kirchner junto al Presidente José Mujica, hace pocos días, decidieron suspender del MERCOSUR al gobierno golpista Paraguay hasta tanto sea restaurada la democracia, y al mismo tiempo aprobaron la incorporación de Venezuela como miembro pleno del bloque político y económico más importante de esta parte del mundo.



9.        Es previsible que la incorporación de Ecuador al Mercado Común del Sur sea aprobada en un tiempo relativamente corto, de lo que se deriva una realidad nueva. El bloque sureño tendría salida al Pacífico y ya está en el Caribe al ser incorporada Venezuela.



10.   Entre tanto, los Jefes de Estado de los países que integran la Comunidad Andina de Naciones intentan dar un salto en el camino de la integración, aunque deberán superar enormes dificultades.



11.   Por otra parte, la Alianza Bolivariana de los Pueblos de Nuestra América, ALBA, viene conjugando políticas económicas comunes como el Sucre, el Fondo de Reservas, Petrocaribe y, recientemente, sus Presidentes decidieron la creación de una zona económica ALBA, que viene a señalar un nuevo momento en ese esfuerzo integrador de Antigua y Barbuda, Bolivia, Cuba, Ecuador, Dominica, Nicaragua, San Vicente y las Granadinas y Venezuela.



12.   El despliegue de esfuerzos de la Unión de Naciones Suramericanas, UNASUR, sorprende y alienta. Un conjunto de iniciativas integradoras han sido puestas en marcha, como son: la construcción de una política de defensa común, en la que se vincula la defensa al desarrollo y el sostenimiento de América Latina como una zona de paz, libre de armamento nuclear. Al mismo tiempo, se registran avances en la construcción de una nueva arquitectura económica que parta del criterio de la complementariedad, la cooperación, el respecto  a la soberanía y la solidaridad.

13.   Con la reunión constitutiva de la Comunidad de Estados Latinoamericanos y Caribeños, CELAC, realizada en Caracas, en diciembre de 2011, se marca un punto de inflexión en el proceso integrador. El acuerdo suscrito marca el inicio de un programa de trabajo que busca los puntos de encuentro, que pone de relieve la necesidad de la unidad, dado que todos reconocen que los grandes problemas comunes solo tienen salida con la integración.



14.   Por otra parte, ante el fracaso del ALCA y los limitados logros de los Tratados de Libre Comercio bilaterales, el imperialismo busca debilitar los mecanismos de integración latino y sudamericanos, impulsando la Alianza del Pacifico.



15.   La integración tiene una base política, responde a una realidad cambiante y cuenta con una base material, que son las fuerzas productivas y  los recursos naturales cuantiosos y diversos, los bosques, el petróleo, minerales de todo tipo, tierras raras, el gas, amplias extensiones de tierra para el cultivo y la cría y, lo más importante, la integración cuenta con la diversidad cultural y humana de más de 500 millones de seres. El proceso de integración debe buscar políticas comunes en el manejo y uso soberano de los recursos naturales, ello incluye la defensa del agua y su reconocimiento como un derecho humano.



16.   Un tema trascendente,  que hace parte de la agenda del Foro de Sao Paulo, es la necesidad de contar con una política común, de desarrollo sustentable, con ciencia y tecnología, desarrollo humano inclusivo, con prioridad para las mujeres, la niñez y la juventud.



17.   Debido a la magnitud de los recursos naturales renovables y no renovables que existen en nuestra región, tenemos que reforzar la defensa del medio ambiéntela, emprender una ruta de desarrollo industrial, tecnológico y científico de gran envergadura y hacer respetar los derechos de los pueblos originarios y su derecho a la consulta.



18.   La derecha intenta apropiarse simbólicamente del discurso en defensa del medio ambiente, olvidando las políticas neoliberales depredadoras de la Madre Tierra y la deuda ambiental que el capitalismo tiene con el mundo. Hay una intensa lucha por el control de estas riquezas.



19.   En los próximos meses hay varios procesos electorales, como el de noviembre de 2012 en Nicaragua, que convoca a elecciones municipales. En febrero de 2013 hay elecciones generales en Ecuador, donde el Presidente Rafael Correa está propuesto para la reelección, el Foro de Sao Paulo manifiesta su compromiso, solidaridad y total apoyo.



20.   El Foro de Sao Paulo convoca también a la defensa de la democracia en México. Una vez más, la derecha mexicana recurrió a la manipulación mediática con encuestas amañadas, compra masiva de votos y otro tipo de fraudes que distorsionaron la elección presidencial celebrada el primero de julio. Todo ello para tratar de imponer un candidato opuesto a los mejores intereses del pueblo mexicano. El FSP se pronuncia porque se investiguen a fondo las denuncias de los partidos progresistas.



21.   La batalla central de los próximos meses es la contienda electoral en Venezuela, que tiene como fecha  el 7 de octubre. La campaña se inició con potentes movilizaciones populares en respaldo a la candidatura de Chávez y al programa que éste ha presentado. Todos los sondeos de opinión indican a las claras que la ventaja del candidato Hugo Chávez sobre el candidato de la derecha es de 20 puntos. A pocos meses de los comicios,  la derecha ya considera como cierta la victoria de Hugo Chávez. Por esta razón, la derecha  participa en el proceso electoral, pero, preparando las condiciones para desconocer el resultado y al Consejo Nacional Electoral. Frente a esta situación, el Foro de Sao Paulo convoca a las fuerzas progresistas y de izquierda a respaldar la democracia venezolana, y a rechazar  los intentos de desestabilización de la derecha.



22.   Los partidos de izquierda, populares, progresistas y  democráticos del Foro de Sao Paulo reafirman su apoyo a las relaciones de amistad, fraternidad, cooperación solidaria, integracionista y de absoluto respeto a la soberanía de los países que promueve el gobierno de la República Bolivariana de Venezuela. En ese orden rechazan firmemente las infundadas acusaciones de ingerencismo que el gobierno ilegítimo de Paraguay ha formulado en contra del Canciller Nicolás Maduro.



23.   Los desafíos tácticos y estratégicos del Foro de Sao Paulo son enormes. Para enfrentarlos con éxito, contamos con la fuerza expresada en la asistencia a este XVIII Encuentro, donde participan 800 delegados y delegadas, provenientes de 100 partidos y organizaciones de 50 países de los cinco continentes.



24.   Durante los días 4, 5 y 6 de julio, esta potente delegación hizo decenas de actividades, entre las cuales se destacan: las reuniones de las Secretarías Regionales del Cono Sur, Andino-Amazónica y Meso-América y el Caribe; los talleres temáticos de Afrodescendientes; Autoridades Locales y Subnacionales; Defensa; Democratización de la información y la comunicación; Fundaciones, escuelas o centros de capacitación; Medio Ambiente y Cambio Climático; Migraciones; Movimientos sindicales; Movimientos sociales y poder popular; Pueblos originarios; Seguridad Agroalimentaria; Seguridad y narcotráfico; Trabajadores  de Arte y Cultura; Unión e integración latinoamericana y caribeña. El I Encuentro de las Mujeres, el IV Encuentro de las Juventudes, el Segundo Seminario sobre gobiernos progresistas y de izquierda y el Seminario sobre paz, soberanía nacional y descolonización.



25.   La relatoría de cada una de estas reuniones y actividades, los respectivos resolutivos, el Documento Base, así como las mociones y la Declaración Final  serán publicadas en los anales del XVIII Encuentro. Entre estas resoluciones hay algunos temas que quisiéramos destacar.



26.   Los partidos miembros del Foro de Sao Paulo, de izquierda, progresistas y antiimperialistas reconocen que: la presencia y participación de las mujeres en los diferentes sectores de la sociedad, incluyendo los partidos es imprescindible para su fortalecimiento, crecimiento y desarrollo. No es posible construir el socialismo (o una sociedad socialista, justa, equitativa) si no se modifican los roles y patrones tradicionales que han sido asignados y asumidos de forma diferente históricamente por hombres y mujeres y se crean condiciones necesarias para desenterrar las bases de la discriminación contra la mujer y que ambos participen en condiciones de igualdad, tanto en el ámbito público como en el privado. Continúa siendo un reto la incorporación de un correcto enfoque de género y de la agenda feminista de las mujeres de izquierda y revolucionarias en las políticas, programas y acciones que se diseñan en la lucha contra la derecha y el capitalismo depredador y patriarcal, y la construcción del socialismo



27.   Desde el mismo nacimiento del Foro, el reconocimiento de la soberanía de la República Argentina sobre las Malvinas es claro y contundente. El XVIII Encuentro acompaña la solicitud de abrir las negociaciones diplomáticas entre Argentina y Reino Unido, además, de reiterar la protesta latinoamericana por las acciones que el gobierno británico ha emprendido en una zona declarada libre de armas nucleares. Asimismo el FSP condena la situación de colonialismo en la que se encuentran las Guyana Francesa y Holandesa.



28.   El FSP respalda la reivindicación del pueblo y el gobierno de Bolivia de una salida soberana al océano Pacífico.



29.   Los partidos de izquierda agrupados en el Foro y todos los movimientos sociales tenemos la tarea de desplegar todas las iniciativas posibles para que el tema de la independencia de Puerto Rico se convierta en un punto esencial de la agenda de las Naciones Unidas. Es inconcebible que en el siglo XXI persistan enclaves coloniales en nuestra región y en el mundo. Nos unimos al reclamo por la excarcelación del prisionero político puertorriqueño Oscar López Rivera, que ha estado encarcelado en prisiones de Estados Unidos por más de 31 anos, por el solo “delito” de luchar por la independencia de su patria.

30.   Este Encuentro debe implementar nuevas tareas y un plan de acción conjunto en contra del bloqueo norteamericano a Cuba y por la libertad de los cinco héroes, bandera común de todos y todas.



31.   El Foro de Sao Paulo expresa su respaldo al pueblo de Nicaragua y a su gobierno, ante la amenaza del embargo financiero que significaría la negación por el gobierno de Estados Unidos, de la dispensa que otorga o niega cada año como un arbitrario instrumento de chantaje, mediante el uso de  su poder de veto en los organismos multilaterales, siendo la pretensión norteamericana imponer decisiones políticas que son de exclusiva competencia de los nicaragüenses en uso de su soberanía.



32.   El Foro de Sao Paulo expresa su respaldo al pueblo boliviano y a su presidente, compañero Evo Morales Ayma, en la defensa de la democracia y el profundo proceso de cambio que encabeza junto con los movimientos sociales y sectores populares.



33.   El Foro de Sao Paulo expresa su apoyo y activa solidaridad para con el pueblo paraguayo, con el Frente Guasú y el Frente por la Defensa de la Democracia,  y con el movimiento campesino movilizado, desconociendo al gobierno de facto encabezado por el golpista Federico Franco y anunciando acciones continentales a favor de la democracia, del respeto a la voluntad popular expresada en abril de 2008 y por la unidad e integración de los pueblos y gobiernos de América Latina  el Caribe.



34.   El Foro de Sao Paulo expresa su solidaridad con el pueblo haitiano, en su lucha por la recuperación de su dignidad y su soberanía nacional. Sólo la consolidación de las estructuras estatales permitirá a Haití superar la crisis que está viviendo, el éxito de este proceso exige el apoyo de los gobiernos de izquierda y de los pueblos latinoamericanos y caribeños, así como, el retiro programado de las fuerzas extranjeras del territorio Haitiano. La superación de la situación de crisis que vive Haití exige nuestro apoyo tecnológico, humanitario y material.



35.   El Foro de Sao Paulo expresa su apoyo al proceso de paz en Colombia, donde sigue vigente la lucha por una solución política al conflicto armado, la paz con justicia social y por un nuevo modelo económico y social que garantice los derechos humanos y la protección  de la naturaleza, y decide conformar una comisión representativa de los movimientos y partidos políticos del Foro de Sao Paulo, que de común acuerdo con los partidos y movimientos colombianos, visite al país y proponga una agenda de estudio, de contactos y apoyo para los propósitos unitarios.



36.   El Foro de Sao Paulo expresa su total apoyo y solidaridad con la lucha del pueblo Saharauí en defensa de su autodeterminación, soberanía e independencia nacional.

37.   El Foro de Sao Paulo expresa su apoyo a la lucha por la soberanía y autodeterminación de Palestina y su ingreso a las Naciones Unidas, como miembro de pleno derecho.



38.   Nos oponemos rigurosamente a cualquier intervención armada externa en Siria e Iran y convocamos a las fuerzas progresistas y de izquierda  a defender la paz en la región.



39.   El XVIII Encuentro del Foro de Sao Paulo concluye convocando a los pueblos a luchar contra el neoliberalismo y las guerras, a construir un mundo de paz, democracia y justicia social. Otro mundo es posible y nosotros lo estamos construyendo: un mundo socialista.