domingo, 26 de junho de 2022

Resolução sobre conjuntura e tarefas

A direção nacional da tendência petista Articulação de Esquerda, reunida no dia 26 de junho de 2022, debateu e aprovou a seguinte resolução sobre a conjuntura e as nossas tarefas. 

1.Faltam menos de 100 dias para o primeiro turno da eleição presidencial brasileira. Está cada vez mais evidente que os resultados de 2 e 30 de outubro poderão ter impacto profundo, não apenas sobre a realidade do Brasil, mas também sobre os destinos da América Latina e do mundo.

2.A situação mundial segue marcada pela crise, pela instabilidade, pelo declínio dos Estados Unidos e pela ascensão da República Popular da China. Foram totalmente frustradas as expectativas – anunciadas por importantes lideranças do nosso Partido - de que o governo Biden fosse capaz de fazer uma “revolução” no capitalismo, ou pelo menos algo similar ao New Deal dos anos 1930. Pelo contrário, vem prevalecendo a receita tradicional, sob a batuta do capital financeiro e do complexo militar industrial. Uma das decorrências disto, no plano eleitoral interno, se verificará no dia 8 de novembro, quando acontecerão eleições legislativas nos EUA. Outra decorrência é a política adotada por Biden, de lutar contra a Rússia “até o último ucraniano”, escalando e esquentando a nova guerra fria contra a Rússia e a China. A difícil situação do governo Biden ajuda a compreender as dificuldades que tiveram para ingerir nas recentes eleições colombianas.

3.No domingo 19 de junho, pela primeira vez em sua história, o povo colombiano elegeu um governo de esquerda. Gustavo Petro e Francia Márquez, do Pacto Histórico, alcançaram ao redor de 50% contra 47% do conservador Rodolfo Hernández. Considerando os dois turnos presidenciais e a eleição legislativa anterior, foram três derrotas eleitorais seguidas da direita e da extrema direita uribista. A vitória de Petro/Francia não foi resultado apenas do processo eleitoral. Como no Chile, as urnas colombianas colheram um resultado plantado nas ruas, durante o Paro Nacional de 2021, um conjunto de mobilizações, atos e greves que comoveram o país. O uribismo e os paramilitares responderam com a violência de sempre: foram ao redor de 80 o número de militantes assassinados durante a repressão ao Paro. A mobilização e a organização popular contribuíram para a vitória do Pacto Histórico nas eleições para o legislativo e, agora, também na eleição para a presidência. Os desafios do novo governo colombiano, que toma posse no dia 15 de agosto, são enormes: desde garantir a paz na Colômbia, colocar fim ao assassinato de lideranças políticas e sociais, afirmar a soberania e a autonomia perante os Estados Unidos, enfrentar as desigualdades sociais e a miséria que assolam o país. Mas um passo fundamental foi dado: a conquista da presidência.

4.As vitórias eleitorais no México, Colômbia, Honduras, Chile, Peru, Bolívia e Argentina, a sobrevivência de governos liderados pela esquerda em Cuba, Nicarágua e Venezuela, somadas a possível vitória que estamos buscando construir no Brasil, poderão abrir novamente as alamedas por onde passará a integração latino-americana e caribenha. E a integração constitui condição essencial para garantir nossa soberania frente ao imperialismo norte-americano, assim como para garantir um desenvolvimento econômico associado ao bem estar da classe trabalhadora da região, combinando tudo isto com uma democracia real para nossos povos. Portanto, vista de conjunto a situação mundial e continental, a eleição de Lula como presidente do Brasil agravará a situação estratégica dos Estados Unidos. Se é verdade que os problemas internos e externos reduzem a margem de manobra da ingerência estadounidense nas eleições brasileiras – sem falar do fato de que Bolsonaro é publicamente identificado com o trumpismo- também é verdade que não devemos esperar neutralidade, nem muito menos apoio dos EUA, que só aconteceriam se estivéssemos dispostos a lhes dar apoio na batalha global que travam contra a China. Entretanto, salvo acontecimentos extraordinários, como uma escalada na guerra ou uma nova crise econômica mundial – a intervenção direta dos EUA contra nós provavelmente não se dará na eleição propriamente dita, mas principalmente no pós-eleição. É preciso manter atitude alerta, até porque há outros agentes atuando, como o governo de Israel e suas agências, assim como as redes da extrema-direita internacional, como as protagonizadas por Steve Bannon e Elon Musk.

5.Ainda sobre a situação continental, cabe destacar que os governos progressistas e de esquerda eleitos no último período estão enfrentando dificuldades em certo sentido maiores do que no ciclo anterior, iniciado em 1999-2003 com as eleições de Hugo Chavez, Lula e Nestor Kirchner. As dificuldades atuais são em certa medida maiores porque a situação material interna é pior, porque a situação mundial é mais complicada, porque a extrema direita está mais radicalizada que antes, mas também porque problemas estratégicos presentes no ciclo anterior e naquela ocasião mal resolvidos, seguem presentes e ainda mais impactantes no ciclo atual. Uma destas dificuldades consiste em como lidar com a relação entre Estado, governos, organizações e lideranças. Tal dificuldade é agravada pelo debilitamento de muitas organizações, como é o caso de sindicatos e partidos (a redução do protagonismo do Foro de São Paulo e o protagonismo do Grupo de Puebla tem relação com isso). A citada dificuldade é agravada, também, pela desaparição física de algumas lideranças (Chavez, Nestor, Fidel, Tabaré) ou pela redução no protagonismo de outras lideranças (Raul, Correa, Evo, Lugo, Mujica) de lideranças decisivas no ciclo anterior. 

6.Neste sentido, o Brasil é exceção a esta situação. Aliás, o protagonismo e a influência pessoal de Lula são maiores hoje do que antes. Entretanto, muitos partidos, sindicatos e movimentos sociais brasileiros estão mais débeis do que no período anterior. Esta debilidade é principalmente organizativa e -em especial no caso do nosso Partido – tende a ser em parte encoberta pelo crescimento da simpatia eleitoral por nossas candidaturas e por nossa legenda. Mas não devemos nos enganar: se não corrigirmos rapidamente as nossas debilidades organizativas, no médio prazo a situação tende a piorar muito, pois no melhor dos casos viveremos o mesmo que vivemos entre 2003 e 2016, ou seja, um fortalecimento dos governos e das bancadas frente a organização partidária. Ademais, a força pessoal de Lula – fundamental na presente disputa eleitoral – não é eterna e não há nenhum sinal de que possa ser herdada por outra pessoa física. Ou seja: se não for construído um poderoso sujeito coletivo, corremos o risco de, em algum momento futuro, vivermos um vácuo, uma forte dispersão e debilitamento. 

7.O problema citado anteriormente tem uma dimensão de médio prazo, mas tem também uma dimensão de curto prazo. Afinal, a situação atual exige mais radicalidade para conseguir o mesmo que conseguimos antes, com menos radicalidade. Um exemplo: a Petrobrás jogou um papel decisivo nos êxitos dos governos Lula-Dilma. Pois bem: para que a Petrobrás possa jogar um papel similar num futuro governo Lula, a partir de 2023, será preciso desprivatizar e reestatizar a empresa, revogando e revertendo os crime lesa-pátria cometidos por Temer e Bolsonaro. E nada disso será fácil de fazer, exigindo mudanças estruturais e velozes. 

8.Outros exemplos podem ser citados: para fazer o mesmo que antes, será preciso muito mais radicalidade. Entretanto, a opção política feita pela maior parte de nosso partido vem sendo no sentido de tentar contornar ou desconhecer o problema apontado. Aliás, a maior parte da esquerda brasileira – inclusive, paradoxal e ironicamente, setores que pretendiam estar fazendo “oposição de esquerda” aos governos Lula e Dilma – adota hoje uma linha política e um programa que só ganhariam pleno sentido se estivéssemos enfrentando uma situação estratégica similar a de 2002. É por isso, aliás, que falam e agem como se o golpe de 2016 não tivesse existido e como se aquele golpe não tivesse comprovado existirem alguns “problemas não resolvidos” na estratégia adotada em 1995, aprofundada em 2002 e materializada nos anos seguintes.

9.Um destes problemas não resolvidos no ciclo 2003-2016 é como evitar que a classe dominante use a institucionalidade estatal não apenas para sabotar, mas inclusive para derrubar governos eleitos pela esquerda. Fomos capazes de vencer quatro eleições presidenciais seguidas, mas não fomos capazes de evitar um golpe. Solucionar este problema exige, por exemplo, combinar medidas no plano do Estado (por exemplo, acabar com a tutela das forças armadas, acabar com a militarização e violência sistemática dos aparatos de segurança contra os setores populares, acabar com a partidarização do sistema judiciário e com a judicialização da política, bem como fazendo uma reforma política e adotando uma política de participação popular), com medidas no plano econômico e social (por exemplo, acabando com o oligopólio privado da comunicação e ampliando a auto-organização da classe trabalhadora). Logo depois do golpe de 2016 e durante a campanha Lula Livre, um importante setor do Partido começou a debater estas questões. Mas desde que recuperamos os direitos políticos de Lula, este debate foi deixado de lado em favor da velha “teoria” da “governabilidade através de alianças com setores de centro e direita”. Um dos efeitos práticos disto foi o apoio apenas formal à campanha Fora Bolsonaro (registre-se, aliás, que nosso país não ocorreu nada parecido às grandes mobilizações do Chile, Bolívia, Colômbia, EUA etc.). Outro efeito prático foi a prioridade concedida à construção de uma aliança com parte dos golpistas de 2016. E, o que é muito pior, esta aliança é as vezes defendida em termos absolutamente falsos, segundo os quais tais neoaliados seriam “defensores da democracia”, afirmação que só seria verdadeira se estes neoaliados tivessem feito autocrítica ou se nós tivéssemos passado a considerar que em 2016 houve “apenas” um impeachment, não um golpe. No fundo, este discurso falso serve para distrair alguns incautos da necessidade de resolver o problema evidenciado em 2003-2016: como evitar que a classe dominante use a institucionalidade estatal não apenas para sabotar, mas inclusive para derrubar governos eleitos pela esquerda.

10.Outro problema não resolvido no ciclo 2003-2016 é como articular políticas públicas (destinadas a enfrentar os problemas urgentes e imediatos, tais como a fome, o desemprego, a desassistência) com reformas que alterem as estruturas permanentes da sociedade brasileira. No período dos governos Lula e Dilma, alguns setores defendiam não existir o problema citado. Davam como exemplo, para sustentar esta opinião, que combater a fome era em si algo estrutural. Pois bem: o que ficou demonstrado, pela volta do Brasil ao mapa da fome durante os governos Temer e Bolsonaro, é que a solução para o problema da fome – e para outros problemas sofridos pela maioria do povo brasileiro - pode ser conjuntural ou estrutural. E se queremos soluções que sejam permanentes, irreversíveis, é preciso ir além de políticas públicas. Por exemplo: ou reindustrializamos o país, enfrentamos o agronegócio, fazemos uma reforma agrária e garantimos a soberania alimentar, ou temas como a fome e o desemprego vão ciclicamente nos assombrar. Sendo assim, nosso programa precisa combinar “reconstrução” com “transformação”. Entretanto, nas seguidas versões do programa debatido e aprovado, tanto pelo PT quanto pela Federação, há uma crescente ênfase na reconstrução e uma crescente secundarização da transformação. Aliás, há uma série de temas estruturantes (como o papel do agronegócio, do capital financeiro, das forças armadas etc. sobre os quais a atual versão do programa cala ou tergiversa). No lugar de uma solução para os problemas estratégicos, ressurge a igualmente velha “teoria” da “aliança com setores do empresariado”, acompanhada da tese segundo a qual o neoliberalismo estaria em decadência mundo afora e, portanto, estaria se criando um consenso mundial que facilitaria nossa ação de governo. Como vimos no caso do governo Biden, os anúncios da morte do neoliberalismo são um pouco prematuros. Mas o mais importante é que – neoliberal ou não – o imperialismo segue imperialista e a ele não interessa que o Brasil mude seu lugar na divisão mundial do trabalho.

11.A opção de evitar certos problemas e definições estratégicas tem como um de seus objetivos declarados facilitar a vitória, tornar possível uma vitória no primeiro turno e, também, facilitar a ação do futuro governo. E o fato de estarmos liderando as pesquisas presidenciais é apresentado como comprovação do sucesso desta linha frente amplista. Obviamente nos é impossível comprovar a tese oposta, a saber, de que com outra linha política estaríamos liderando da mesma forma. Mas se observarmos os dados das pesquisas feitas desde o ano passado até agora, eles indicam que a ampliação das alianças está incidindo pouco ou nada nos resultados; e indicam também que os motivos pelos quais Bolsonaro está atrás nas pesquisas não decorrem principalmente das alianças feitas por nós, mas decorrem isto sim essencialmente dos erros cometidos pelo cavernícola e das consequências de suas políticas. Isto posto, é óbvio que as alianças com setores da direita não bolsonarista reduziram o espaço da terceira via e, nesse sentido, podem sim contribuir para uma vitória no primeiro turno. Mas atenção: se essa vitória não vier no primeiro turno, a antecipação das citadas alianças pode – paradoxalmente – tornar muito mais difícil para nós o quadro do segundo turno, pois em tese haveria menos espaço para crescer. Finalmente, sobre a ideia de que amplas alianças vão facilitar a ação do futuro governo, podemos dizer que já vimos, entre 2003 e 2016, que tipo de governabilidade decorre das amplas alianças e o que podemos esperar ou Temer.

12.O fato de a maior parte da esquerda brasileira ter abraçado ou ter aceito a linha criticada nos parágrafos anteriores não altera em absolutamente nada nossa tarefa principal nos próximos 100 dias, a saber: eleger Lula presidente do Brasil. Entretanto, o mesmo fato nos obriga a combinar o esforço por eleger Lula, com o esforço por reduzir os danos causados pela linha atualmente majoritária na esquerda brasileira. A seguir vamos enumerar algumas das ações práticas que decorrem disso.

13.Devemos seguir apoiando e estimulando as lutas sociais. A mobilização social contribui para a massificação da própria campanha eleitoral e será fundamental para a governabilidade social de um futuro governo Lula.

14.Devemos combater a ofensiva neoliberal em curso no Congresso nacional. Esta ofensiva é em parte preventiva: a direita busca aproveitar o que lhe parece ser o tempo restante. Mas os efeitos desta ofensiva sobre a campanha e inclusive sobre nosso futuro governo são ou podem ser imensos.

15.Devemos trabalhar para manter as candidaturas majoritárias do PT e de esquerda nos estados onde segue existindo uma pressão por candidaturas de partidos de centro e direita.

16.Devemos priorizar a campanha das candidaturas majoritárias e proporcionais do PT e da esquerda. 

17.Devemos combater a ilusão indevida nos neoaliados. Os neoliberais golpistas de 2016 podem estar nesse momento contra Bolsonaro, mas isto não os converte em democratas, muito menos em companheiros. No caso específico de Alckmin, é preciso utilizar este personagem para conquistar votos junto ao eleitorado de direita (e não, como vem sendo feito prioritariamente, levá-lo para discursar a setores que já nos apoiam).

18.Devemos prosseguir no debate programático, para incluir no programa medidas emergenciais, políticas públicas e reformas estruturais hoje ausentes. Há problemas inescapáveis, tais como reverter a privatização e destruição da Petrobrás, acabar com a tutela das forças armadas, interromper a política de insegurança pública, acabar com a hegemonia do agronegócio e do setor financeiro, proteger a Amazônia, realizar a reforma tributária gravando os ricos, submeter o BC ao comando do governo. Sem falar de outros temas, como revogar o teto de gastos, a reforma trabalhista e a reforma da previdencia, enfrentar a reforma do ensino médio, retomar o investimento em políticas públicas como saúde e educação (um detalhamento completo das medidas por nós defendidas está em documentos aprovados e divulgados anteriormente pela tendência petista Articulação de Esquerda).

19.Devemos enfatizar firmemente a defesa dos direitos dos indígenas, dos quilombolas, das mulheres, dos negros e negras, da juventude, das pessoas com deficiência, dos LGBT+, de todas e de todos os setores que são alvo da extrema direita e do fundamentalismo em geral.

20.Devemos criar na coligação um núcleo de esquerda – composto por exemplo pelo próprio PT, PSOL, PCdoB, MST, algumas centrais e entidades. Hoje este núcleo não existe, prevalecendo a postura de “ceder antes da negociação começar”. Se este núcleo não for construído, viveremos novamente a experiência de 2003-2016: um governo em disputa... principalmente pela direita.

21.Devemos lutar por proteger o Partido da degeneração causada pelo eleitoralismo, pela transferência de poder para parlamentares e governantes, pela substituição da militância por cabos eleitorais. A defesa do Partido inclui a luta em defesa do nosso objetivo estratégico: um Brasil democrático, popular e socialista.

22.Devemos, finalmente, combater a ideia de que já ganhamos a eleição, cabendo a nós apenas “administrar a vitória”. Uma parte da nossa direção, da nossa militância, da nossa base social e eleitoral vem se orientando exclusivamente pelas pesquisas. Como as pesquisas hoje estão ótimas, muitas pessoas não se sentem convocadas a fazer o esforço extraordinário que consideramos indispensável. Obviamente, se as pesquisas se alterarem, corremos o risco de se instalar um ambiente de desorientação. Entretanto, como pesquisa não é eleição, a verdade é que a vitória na eleição presidencial não está garantida. E muito menos está garantida a eleição de governadores, senadores e parlamentares que ajudem a sustentar o governo Lula. Não está garantida, entre outros motivos, pelo seguinte: o inimigo não desistiu, não entregou os pontos, luta pela sua (deles) vida e pela sua (deles) liberdade, está motivado, tem força e tem muito ódio contra nós. A cassação ilegal do vereador Renato Freitas pela Câmara Municipal de Curitiba, o assassinato de Genivaldo, Bruno e Don, o espancamento de uma procuradora por um criminoso que não foi imediatamente preso, o ataque contra os indígenas no município de Amambai no Mato Grosso do Sul, são alguns dos muitos exemplos de que está em curso uma campanha onde a violência será a tônica, uma campanha diferente das vividas entre 1994 e 2016, uma campanha mais dura do que as de 1989 e 2018. Não podemos, portanto, abaixar a guarda. É preciso manter a guarda alta especialmente no período entre a eleição e a posse. Não se deve esperar uma transição normal, institucional, republicana.

23.O que ainda pode ser feito pelo cavernícola, para tentar evitar sua derrota? Em primeiro lugar, ele seguirá fazendo luta política. A ênfase com que nós falamos de “golpe” reflete – além das ameaças reais já citadas – a crença de que só através de um golpe eles poderiam nos derrotar. Mas esta crença é incorreta. O nosso inimigo ainda dispõe de ferramentas políticas para tentar vencer as eleições. Neste momento, o esforço principal do cavernícola é levar a eleição para o segundo turno. Para tentar isto, lança mão de ações de governo; e, também, pode inflar um pouco a candidatura linha auxiliar (Ciro) e a chamada terceira via. Cabe lembrar da existência de uma grande reserva de eleitores que votam em branco, nulo ou se ausentam das eleições; um movimento de parte destes eleitores pode levar a disputa para o segundo turno. 

24.Além de medidas políticas estrito senso, o cavernícola e seus apoiadores preparam e já vem executando “operações extraordinárias” de variados tipos, desde as organizadas pelo “gabinete do ódio”, ações de violência sistemática, tumultuar o processo, sabotagem nas urnas, questionamento do resultado etc. Sem descartar nunca, pois estamos diante de gente com mentalidade e prática assassina, a hipótese indizível. Além disso, existe a possibilidade – ainda remota, mas que vem sendo ventilada – de um desesperado “gambito”: removerem Bolsonaro, para assim viabilizar uma alternativa de terceira via contra Lula.

25.Nossa resposta a esses movimentos é, no essencial, implementar uma campanha presidencial de massas. Esta é a principal medida, seja para ganhar, seja para prevenir operações golpistas, seja para contribuir na criação de uma correlação de forças que nos permita transformar o país. Os neoliberais e os neofascistas, aconteça o que acontecer, seguirão atuando, alguns deles inclusive por dentro do Estado e do próprio governo. 

26.Temos muitos motivos para ter otimismo. A eleição de Lula abre a possibilidade de retomarmos o processo de transformação do Brasil, no sentido de construirmos soberania, bem-estar social, desenvolvimento e socialismo. Mas para transformar esta possibilidade em realidade, será preciso linha justa, muito trabalho e guarda alta, cabendo ao PT em todos os níveis assumir a coordenação deste esforço para fazer uma campanha Lula massificada, nos locais de trabalho e lazer, nas escolas e nos locais de moradia, nas redes e nas ruas.

Brasília, 26 de junho de 2022

SEM REVISÃO


quinta-feira, 23 de junho de 2022

Roteiro de análise de conjuntura

O roteiro abaixo foi utilizado em palestra feita no dia 22 de junho, para a direção nacional do MST.

1/ "Después de 214 años logramos un gobierno del pueblo, un gobierno popular. El gobierno de la gente, de las manos callosas, el gobierno de la gente de a pie, el gobierno de los nadies y las nadies de Colombia", disse Francia Márquez em seu primeiro discurso depois da vitória. Noutra mensagem ela dedicou a vitória aos setores populares. E enfatizou temas como o combate ao racismo e ao patriarcado, a defesa do meio ambiente, os direitos lgbt.

2/ No caso do Brasil, muitos de nós defendíamos uma vice mulher e negra, representante deste tipo de embocadura. Mas a “fórmula” que predominou foi outra, como sabemos.

3/ O mapa do resultado eleitoral na eleição presidencial da Colômbia mostra uma correspondência entre o voto dado em 2016, favoravelmente ao acordo de paz, e o voto dado em 2022 na “fórmula” Petro/Francia. Lembrando os números:

-NO ao acordo de paz: 50,21% versus SI ao acordo de paz: 49,78%

-votos em Hernandes: 47,31% versus votos em Petro: 50,44%

4/ Vitória na Colômbia foi resultado combinado de:

-acúmulo de forças

-organização

-dificuldades e divisões na direita

-situação econômico e social da Colômbia

-Paro Nacional de 2021

5/ "A responsabilidade do eleitor brasileiro só aumenta. Já não é mais ‘tão somente’ pelo Brasil, é por toda a região", escreveu o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL), filho do presidente Bolsonaro.

6/ Mais do que antes, a eleição brasileira de 2022 é um importante evento internacional. Principal agente internacional interessado no resultado das eleições brasileiras: os Estados Unidos.

7/ Dificuldades dos EUA:

-divisão na classe dominante dos EUA sobre a política externa correta neste momento

-Bolsonaro é alinhado com Trump, oposição a Biden

-acontecerão eleições este ano nos EUA (8 de novembro)

-governo Biden está focado no conflito Ucrânia x Rússia

8/ As dificuldades enumeradas não significam que não possa haver intervenção dos EUA no processo eleitoral brasileiro. Aliás, haverá, sempre há, já está havendo. Mas as dificuldades dos EUA indicam que teremos mais margem de manobra. Entretanto, não devemos esperar neutralidade, muito menos favorecimento (salvo se mudássemos totalmente de linha e nos dispuséssemos a nos alinhar com os EUA na batalha geopolítica global).

9/ Importante lembrar que há outros agentes internacionais intervindo: Israel, redes de extrema direita (Espanha e Portugal) etc.

10/ A hipótese principal é que -salvo acontecimentos extraordinários, como uma escalada na guerra ou uma nova crise – a intervenção estrangeira contra nós não se dará principalmente na eleição propriamente dita, mas principalmente no pós-eleição. Isto foi, em certa medida, demonstrado na eleição colombiana.

11/ Voltando à eleição colombiana:

-se confirmou o país estar dividido politicamente, socialmente, ideologicamente, regionalmente

-a divisão é confirmada pelo fato de 47% dos eleitores votarem a favor de um energúmeno

-apesar da maioria eleitoral, a maior parte dos poderes institucionais e fáticos estão alinhados contra o governo Petro/Francia

12/ Um agravante no caso da Colômbia: o histórico anterior (em 214 anos nunca fomos governo, direita muito violenta, aliança de esquerda recente).

13/ Vale destacar: não é coincidência a vitória eleitoral ter ocorrido depois dos acordos de paz, a divisão profunda entre duas estratégias distintas impedia ambas de terem sucesso. Mas é preciso interpretar corretamente o significado disto: uma maior unidade estratégica na esquerda em torno do papel da disputa eleitoral facilitou a vitória na peleia pelo governo, mas ter o governo NÃO resolve o problema do poder, NÃO resolve o problema do modelo econômico e muito menos garante o respeito do outro lado à democracia.

14/ O governo Petro/Francia enfrentará muitas dificuldades. Aliás os atuais governos progressistas e de esquerda estão enfrentando dificuldades em certo sentido maiores do que no período anterior.

-Argentina

-Chile

-Peru

-Venezuela

-Cuba

-Bolívia

-Nicarágua

-Honduras

15/ Tais dificuldades se originam:

-de uma situação objetiva interna pior que antes

-de uma situação externa pior que antes

-de uma extrema direita mais radicalizada que antes

-de problemas estratégicos presentes no ciclo anterior de governos e já então mal resolvidos, seguindo assim no atual ciclo

-do desaparecimento ou do enfraquecimento de certos “liderazgos” (exceto Lula, as principais figuras do ciclo anterior se foram ou estão em segundo plano)

-da fragilização (em comparação com o período anterior) das organizações coletivas

16/ Do ponto de vista da liderança e das organizações, o Brasil é uma meia exceção:

-por um lado, Lula segue protagonista e concentra mais poderes que antes

-por outro lado, partidos, sindicatos e movimentos estão mais fracos do que no período anterior

-se nada for feito para corrigir este descompasso, no médio prazo a situação tende a piorar muito, com alto risco de surgir um vácuo e uma forte dispersão e debilitamento plus

17/ As dificuldades enumeradas antes não seriam tão problemáticas em condições normais. Acontece que a situação atual exige mais radicalidade para conseguir o mesmo que conseguimos antes com menos radicalidade (exemplo: o papel da Petrobrás no ciclo anterior e o que se faz necessário para que a Petrobrás possa jogar um papel similar agora).

18/ A rigor, a situação atual exige mais audácia estratégica, sob pena de nos adaptarmos ao “novo normal”, ou seja: podemos ter sucesso em tirar o bode da sala, mas isto não alterará o fato da sala estar muito mais apertada que antes.

19/ A opção política feita até agora pela maior parte da esquerda brasileira, desde 2016 até agora, contorna este problema de fundo. A maior parte da esquerda brasileira – inclusive, ironicamente, setores que fizeram “oposição de esquerda” aos governos Lula e Dilma – trabalha como se estivéssemos enfrentando uma situação estratégica similar a de 2002. É por isso, aliás, que falam e agem como se o golpe de 2016 não tivesse existido e comprovado que havia um problema não resolvido na estratégia adotada em 2002 e nos anos seguintes)

-em decorrência da visão acima descrita, decorreu entre 2016 e 2022 uma concentração crescente das energias na disputa eleitoral (não apenas por isso, mas também por isso, nosso país não viveu grandes mobilizações comparáveis ao Chile, Bolívia, Colômbia, EUA etc.)

-também em decorrência da visão acima descrita, prevaleceu por ampla maioria a construção de uma aliança com parte dos neoliberais e golpistas responsáveis pelo golpe de 2016 [aliás, uma curiosidade: em ato recente em Natal, a companheira Gleisi Hoffmann, presidenta do PT, iniciou seu discurso falando do golpe contra a democracia em 2016 e terminou dizendo que em nossa coligação há diferenças, mas todos estamos unidos em defesa da democracia, raciocínio que só tem sentido lógico se a/parte de nossos aliados tivesse feito autocrítica sobre seu apoio ao golpe de 2016 OU se b/nós aceitássemos que em 2016 houve um impeachment, não um golpe)

-finalmente, como decorrência da visão exposta, no programa debatido há uma crescente ênfase na RECONSTRUÇÃO e um crescente secundarização da TRANSFORMAÇÃO [a esse respeito, ver o banner e a maioria dos discursos feitos no ato de apresentação das diretrizes]

20/ A opção política adotada pela maioria da esquerda tem como objetivos declarados:

-facilitar a vitória

-tornar possível uma vitória NO PRIMEIRO TURNO

-facilitar o governo

21/ Como estamos liderando as pesquisas, isto é apresentado como comprovação do sucesso da linha adotada. Obviamente é impossível comprovar o oposto: de que com outra linha estaríamos liderando da mesma forma. Mas se observarmos os dados desde o ano passado até hoje, eles indicam a/que a ampliação das alianças incide pouco ou nada nos resultados; b/que os motivos pelos quais Bolsonaro está atrás nas pesquisas NÃO decorrem das alianças feitas por nós, mas essencialmente de erros cometidos por eles. Obviamente, entretanto, as alianças reduziram o espaço da terceira via e nesse sentido podem contribuir para uma vitória no primeiro turno. Mas se essa vitória não vier, a antecipação das alianças pode – paradoxalmente – tornar muito mais difícil para nós o quadro do segundo turno (menos espaço para crescer).

22/ Seja como for, é importante analisar os problemas existentes e ver como se pode enfrentar e prevenir.  Entre eles:

-um problema acumulado já citado é a reduzida aposta e investimento em lutas sociais e também no Fora Bolsonaro. Isto evidentemente não impede uma vitória eleitoral, mas funciona como um freio contra a massificação da campanha (massificação dificultada também por inúmeros outros fatores);

-ilusão indevida nos aliados (já citamos anteriormente a confusão entre tomada e focinho de porco: os neoliberais golpistas de 2016 podem ser antibolsonaristas e podem ser nossos aliados, mas isto não os converte em democratas. Tal confusão é ainda mais intensa nos estados, onde figuras conservadoras vem recebendo nosso apoio ou compondo nossas chapas. Novamente um episódio ocorrido no ato de Natal é ilustrativo a respeito: a governadora Fátima denunciou a herança maldita deixada pelas oligarquias, relatou tudo o que foi feito no nosso governo, ressaltou a importância de não perder a eleição e concluiu dizendo que para isso é fundamental fazer aliança... com parte das mesmas oligarquias que deixaram a tal herança maldita. Por óbvio, isso significa que se tudo correr bem teremos um segundo governo de coabitação com parte dos promotores da herança maldita). Como as alianças já estão feitas, o tema é: não se deve esperar destes aliados muita firmeza na defesa da democracia e, pelo contrário, se deve esperar deles exigências programáticas no sentido oposto ao defendido por nós.

23/ Estas concessões apareceram no debate petista acerca das diretrizes de governo da coligação de 7 partidos apoiadores da pré-candidatura de Lula.

24/Supostamente, PT, PSOL e PCdoB deveriam ser a ala esquerda da coligação. Mas vem prevalecendo uma postura de “ceder antes da negociação começar”. Concordemos ou não, da parte do PCdoB trata-se de uma atitude perfeitamente coerente com a estratégia geral deste partido. No caso do PSOL, há uma evidente contradição com a atitude adotada por este partido frente aos governos Lula e Dilma e, também, uma contradição com a imagem construída por este partido, de estar supostamente “à esquerda” do PT. Mas como já foi dito por alguém, não se deve medir um partido pelo que ele diz de si mesmo.

25/ No caso do PT, os argumentos para adotar tal postura de “ceder antes de negociar” são variados, mas podem ser resumidos a três:

-primeiro, a clássica “vamos fazer, mas não vamos falar agora disto”

-segundo, a também clássica “vamos ganhar primeiro, depois a gente decide os detalhes do que faremos”

-terceiro, a igualmente clássica afirmação de que “a correlação de forças não é boa e, portanto, precisamos escolher nossas batalhas”;

Os três argumentos, resumidos acima de forma evidentemente grosseira e caricatural, não são descabelados. Nem tudo precisa ser dito, é preciso ganhar primeiro e a correlação de forças realmente é difícil. Mas atenção: há problemas inescapáveis (Petrobrás, forças armadas, segurança pública, agronegócio, setor financeiro e BC) e correlação de forças não se altera espontaneamente. Assim, a conclusão é: as concessões programáticas estão sendo feitas porque prevalece o “espírito de 2002”: achar que é possível melhorar substancialmente a vida do povo essencialmente através de políticas públicas, sem fazer reformas estruturais. Se isto for verdade, ótimo. Se não for, teremos muitos problemas.

26/ Além das dificuldades de mobilização, da ilusão nos aliados e das concessões programáticas, é preciso citar outro problema: em grande número de estados, não teremos candidaturas de esquerda, nem a governador, nem ao senado. Em grande número de estados a esquerda apoia candidaturas de direita, ou de centro, ou abriu espaço nas chapas, ou está um pouco atrapalhada devido a tentativa de fazer ou manter certas alianças

-a esse respeito, vale atenção especial para a situação da Bahia, Ceará, SP, RJ e MG

-a ver qual será a decorrência eleitoral deste movimento (inclusive seu efeito nas campanhas proporcionais) e a ver também qual será a postura dos governadores de centro e direita que venham a ser eleitos

27/ Outro ponto a considerar é a ofensiva neoliberal no Congresso nacional. Esta ofensiva é em parte precaução: a direita busca aproveitar o tempo restante. Mas os efeitos desta ofensiva sobre a campanha e inclusive sobre nosso futuro governo são ou podem ser imensos.

28/ Apesar dos problemas citados e de outros não comentados, continuamos liderando, em parte por qualidades nossas, em parte em decorrência da situação geral do país, em parte devido a imensa confusão do lado de lá:

-crise social

-política econômica

-dificuldades políticas do governo e seus aliados

-conflitos dentro do aparato de Estado (vide a prisão do ex-ministro Milton Ribeiro, ou a “novela” entre FFAA e TSE)

29/ Esses e outros elementos contribuem para a nossa dianteira. Entretanto, apesar dos resultados favoráveis das pesquisas, é preciso reafirmar: a vitória na eleição presidencial não está garantida. Entre outros motivos pelos seguintes: o inimigo não desistiu, não entregou os pontos, luta pela sua (deles) vida e pela sua (deles) liberdade, está motivado, tem força e tem muito ódio.

-atenção para o simbólico Projeto “Desenvolvimento Brasil 2035 – o país que queremos”

30/ O que pode ser feito pelo lado de lá? Primeiro, política. A ênfase com que falamos de “golpe” reflete – além das ameaças reais – a crença de grande parte de nós de que só assim eles poderiam nos derrotar. E essa visão é incorreta. O nosso inimigo ainda pode vencer as eleições. No momento, o esforço principal do cavernícola é levar a eleição para o segundo turno. Para isto podem, entre outras coisas, inflar um pouco (alguns pontos percentuais) a terceira via e a candidatura de Ciro. Cabe lembrar, ainda, a existência de uma grande reserva de eleitores que votam em branco, nulo ou se ausentam das eleições; um movimento de parte destes eleitores pode levar a disputa para o segundo turno. Finalmente, existem os mecanismos tradicionais da política, acessíveis para quem controla a máquina do governo.

31/ Evidentemente, além da política estrito senso, o cavernícola e seus apoiadores vão lançar mão de operações extraordinárias de variados tipos, desde as organizadas pelo “gabinete do ódio”, ações de violência sistemática, sabotagem nas urnas, questionamento do resultado, tumultuar o processo. Sem descartar nunca, pois estamos diante de gente com mentalidade e prática assassina, a hipótese indizível.

32/O que devemos fazer?

-o essencial é massificar a campanha: sobre isto há um acordo muito grande entre todos os setores da esquerda, diferenças outras a parte

-tomar as medidas preventivas para neutralizar operações golpistas

-não baixar a guarda e não acreditar que “já ganhamos”

33/ Além disso, há ações com foco na campanha mas principalmente no day after.

-debate programático (é preciso criar uma correlação de forças que nos permita transformar o país)

-ampliar a organicidade (dos partidos, sindicatos e movimentos) para enfrentar os neoliberais e os neofascistas, que aconteça o que acontecer, seguirão atuando

-construir um polo de esquerda (um dos balanços do ocorrido entre 2003-2016 é: se estaremos diante de um governo em disputa, é preciso travar esta disputa de maneira explícita e organizada)

34/ Finalmente, como não podemos deixar de falar das flores, é preciso pelo menos tentar usar o vice para ganhar votos e apoios do lado de lá. Até agora temos levado o Alckmin para falar para nosso povo. E, vamos reconhecer, cada vez que ele fala cresce a impressão de que este Alckmin estava preso num calabouço e que era seu irmão gêmeo que estava governando São Paulo. Entretanto, cantar a Internacional não ajuda no diálogo com o eleitorado do lado de lá

35/ Temos muitos motivos para ter otimismo e podemos ganhar a eleição, mas como já foi dito não podemos baixar a guarda. E isso inclui lembrar do seguinte: a eleição de Lula abre a possibilidade de retomarmos o processo de transformação do Brasil, soberania, bem-estar social, desenvolvimento e socialismo. Mas para transformar esta possibilidade em realidade, será preciso muito suor e linha justa.

(sem revisão)

domingo, 19 de junho de 2022

Viva Colômbia!!

Hoje é um dia histórico para a Colômbia e para toda a América Latina e Caribe.

Pela primeira vez, o povo colombiano elegeu um governo de esquerda: Gustavo Petro e Francia Márquez do Pacto Histórico alcançaram ao redor de 50% contra 47% do conservador Rodolfo Hernández. 

Considerando os dois turnos presidenciais e a eleição legislativa anterior, foram três derrotas eleitorais seguidas da extrema direita uribista.

Esta vitória não foi meramente eleitoral. Como no Chile, as urnas colheram o resultado plantado nas ruas. 

No caso da Colômbia, em 2021 aconteceu o Paro Nacional, um conjunto de mobilizações, atos e greves que comoveram o país. O uribismo e os paramilitares responderam com a violência de sempre: foram ao redor de 80 o número de militantes assassinados durante a repressão ao Paro.

A mobilização e a organização popular contribuíram para a vitória do Pacto Histórico nas eleições para o legislativo e, agora, também na eleição para a presidência.

Os desafios futuros são enormes, desde garantir a paz na Colômbia, colocar fim ao assassinato de lideranças políticas e sociais, afirmar a soberania e a autonomia perante os Estados Unidos, enfrentar as desigualdades sociais e a miséria que assolam o país. Mas um passo fundamental foi dado: a conquista da presidência.

A Colômbia demonstrou que derrotar eleitoralmente a direita é difícil, é duro, mas é perfeitamente possível, especialmente se combinarmos uma tática eleitoral correta, com a organização e a mobilização popular, importantes inclusive para sustentar e fazer avançar as transformações desejadas pelo povo.

As vitórias eleitorais recentes no Chile, Peru, Honduras e Bolívia, a presença de governos liderados pela esquerda, como a Argentina, Cuba, Nicarágua e Venezuela, a vitória de hoje na Colômbia e a vitória que estamos construindo no Brasil abrem novamente as alamedas por onde passará a integração latino-americana e caribenha, condição essencial para garantir nossa soberania frente ao imperialismo norte-americano, assim como para garantir um desenvolvimento econômico associado ao bem estar da classe trabalhadora da região, combinando tudo isto com uma democracia real para nossos povos.

Obrigado a todos e a todas que entregaram suas vidas para que este momento pudesse chegar!

Obrigado povo colombiano!

Novos triunfos virão!

A direção nacional da tendência petista Articulação de Esquerda

terça-feira, 7 de junho de 2022

Emendas ao documento DIRETRIZES PARA O PROGRAMA DE RECONSTRUÇÃO DO BRASIL.

 À Comissão Executiva Nacional do PT

Apresentamos, a seguir, nossas emendas ao documento DIRETRIZES PARA O PROGRAMA DE RECONSTRUÇÃO DO BRASIL.

Como o documento foi divulgado na segunda, 06 de junho, e o prazo para entrega das emendas foi na terça, 07 de junho às 16h, nos limitamos ao que consideramos prioritário.

Se houvesse mais tempo, faríamos outras emendas, inclusive sobre a “forma” do texto e sobre sua extensão. Por fim, não apresentamos emendas acerca de temas sobre os quais divergimos, mas o DN já deliberou em reuniões anteriores, como é o caso da negociação tripartite sobre legislação trabalhista.

Att,

Direção nacional da tendência petista Articulação de Esquerda

Natália Sena, Valter Pomar, Júlio Quadros, Patrick Araújo, Jandyra Uehara (integrantes do DN)

 

EMENDAS: 

 

1 - No título (VAMOS JUNTOS PELO BRASIL - COMPROMISSOS PARA A RECONSTRUÇÃO DO PAÍS) e no ponto 1 e em todos os demais pontos, propomos: sempre que se falar em reconstrução, falar também de transformação. Nosso objetivo não é voltar ao status quo ante; nosso objetivo é retomar o processo de transformação. Por isso é fundamental falar sempre de reconstrução e transformação.

 

2 - No ponto 2, o documento critica a desnacionalização de setores estratégicos do patrimônio público. Propomos falar de privatização e desnacionalização, pois como se está falando do patrimônio público, a premissa óbvia da desnacionalização é a privatização, palavra que precisa ser incluída no parágrafo.

 

3 - No ponto 3, onde fala “Diante desta situação, o primeiro e mais urgente compromisso que assumimos é com a restauração das condições de vida da população brasileira – sobretudo os que mais sofrem com a crise, a fome, o alto custo de vida, os que perderam o emprego, o lar e a vida em família. São esses brasileiros e brasileiras que precisamos priorizar, tanto por meio de ações emergenciais quanto por meio de políticas estruturantes, desde o primeiro minuto de um governo que será eleito para reconstruir o Brasil, superar a crise presente e resgatar a confiança no futuro”, propomos acrescentar: “decretar situação de emergência em âmbito nacional, para que o novo governo tenha os meios legais necessários para enfrentar o caos herdado do governo anterior”. Ou seja: é preciso considerar a fome como uma situação similar a COVID e tomar as compatíveis medidas extraordinárias.

 

4 - No ponto 4, ao citar os compromissos históricos, propomos incluir a defesa da igualdade. Há séculos a defesa da igualdade diferencia o lado de cá do lado de lá. Esta palavra, assim como transformação, deve constar com destaque de nossas diretrizes. O mesmo vale para a defesa da autodeterminação dos povos.

 

5 - O ponto 5 parece querer resolver um problema enunciando um slogan. O problema é: precisamos de desenvolvimento e só haverá desenvolvimento se houver investimento público e o investimento público comporta sempre o risco de algum tipo de desequilíbrio. O slogan é: “estabilidade”, palavra que o senso comum neoliberal interpreta da maneira como sabemos. Para deixar claro nossa posição, propomos incluir neste ponto a seguinte ideia: “Temos compromisso com a ampliação dos investimentos públicos na produção e nas políticas sociais, para gerar um desenvolvimento” e segue o texto como está.

 

6 - No ponto 6, propomos incluir a palavra “empregos” ao lado de trabalho, para explicitar ainda mais um de nossos pontos centrais.

 

7- No ponto 7, propomos falar explicitamente da luta contra o racismo, contra o machismo, contra a misoginia, contra a lgbtfobia.

 

8 - No ponto 8, propomos falar explicitamente da interrupção imediata e total da expansão do agronegócio na Amazônia. E propomos falar também explicitamente na prioridade para os pequenos e médios produtores de alimentos.

 

9 - No ponto 9, propomos agregar na frase a seguir o indicado em negrito: “em torno da superação do Estado neoliberal e da consolidação de um Estado de bem estar social, como parte de uma perspectiva socialista”. Na periferia do mundo, Estado de bem estar social e capitalismo são incompatíveis no médio prazo. A classe dominante sabe disto e dá golpes também por isso.

 

10 - No ponto 12, propomos incluir a reforma agrária entre as medidas visando criar oportunidades de trabalho e emprego.

 

11 - No ponto 14, propomos dar nova redação a frase final. Explicando: ao falar de “resgatar” a sustentabilidade, abre-se a porta para aceitar a premissa de muitas reformas previdenciárias antipopulares. Propomos, portanto, falar assim: “o desenvolvimento econômico, a geração de empregos e a inclusão previdenciária serão centrais para a sustentabilidade financeira do regime geral de previdência social”.

 

12 - No ponto 21, propomos incluir na frase citada o destacado em negrito: “Reafirmamos o nosso compromisso com o fortalecimento do SUS público e universal, o aprimoramento da sua gestão, a valorização e formação continuada de profissionais de saúde, carreira única, nacional, interfederativa e multiprofissional, a retomada de políticas como o Mais Médicos e o Farmácia Popular, bem como a reconstrução e fomento ao Complexo Econômico e Industrial da Saúde, a ampliação dos recursos orçamentários, a reversão das privatizações e das terceirizações e regulação estatal dos planos privados”.

 

13 - No ponto 22, propomos construir uma nova redação, com base no programa apresentado em 2018 pela chapa Haddad/Manuela. Lá está dito o seguinte: “A atual política de repressão às drogas é equivocada, injusta e ineficaz, no Brasil e o no mundo. É o grande nó a ser desatado em favor do presente e do futuro de nossas crianças e jovens. Hoje, o país prende mais pessoas não violentas, não organizadas e desarmadas, do que homicidas, traficantes de armas e lideranças do crime organizado, que já se transnacionalizou. Com isso, agrava a já desumana condição dos presídios, que funciona como recrutamento em massa de mão-de-obra para facções criminosas. É premente alterar a política de drogas, para combater o que de fato é prioritário: o poder local armado despótico exercido sobre territórios e comunidades vulneráveis. É preciso enfrentar a rede que o tráfico internacional promove. O dinheiro decorrente do tráfico alimenta várias esferas da economia, viabiliza o acesso a armas em grande quantidade – que favorecem a violência letal – e financia a corrupção e outras atividades criminosas. Precisamos priorizar o rastreamento do dinheiro sujo, para suprimir o financiamento do tráfico. O país precisa olhar atentamente para as experiências internacionais de política sobre drogas. É urgente promover medidas consistentes de prevenção da violência, evitando o recrutamento de jovens vulneráveis pelo crime. O Brasil possui um contingente de 11 milhões de jovens entre 15 e 24 anos, e 1,5 milhão entre 15 e 17 anos que não trabalham nem estudam. Evidentemente esses jovens estão em situação de alta vulnerabilidade. Por isso, é fundamental que o Poder Público possa assegurar perspectivas de futuro para as juventudes, oferecendo-lhes educação, cultura, valorização e alternativas atraentes de integração à vida pacífica e ao mercado de trabalho. Em paralelo, o governo federal deve assumir suas responsabilidades no enfrentamento da criminalidade que, tendo origem transnacional, afeta a segurança dos estados e dos municípios. Isso permitirá uma experiência inovadora de atuação da Polícia Federal no ciclo completo na cadeia do crime. A Polícia Federal já atua na cooperação internacional, no controle de fronteiras e armas, e na repressão interestadual, o que a habilita a atuar no enfrentamento do crime organizado, do financiamento associado, em todas as modalidades criminosas de grande vulto que incidem sobre os centros urbanos, mas cujas dinâmicas extrapolam seus limites. A proposta na área de segurança pública deve estar vinculada a medidas de prevenção ao uso de drogas nas áreas de saúde e educação. No âmbito da saúde, é preciso incentivar a abordagem científica e atualizada à luz dos protocolos reconhecidos internacionalmente como mais avançados e eficazes, fortalecer a rede de atenção psicossocial, permitir políticas de redução de danos e atuar com sensibilidade para abordar de diferentes e flexíveis formas a prevenção em relação a grupos sociais distintos. Na educação, é preciso garantir que a comunicação com os adolescentes e jovens seja eficiente e não geradora de mitos e mentiras. Priorizar a dimensão do ensino que dialoga com a vida real do estudante é fundamental, de modo que a abordagem científica deve partir dos problemas experimentados no cotidiano. A prevenção passa pelo estabelecimento de políticas voltadas à primeira infância – de modo a garantir educação, saúde e cuidados para nossas crianças - e de formação continuada , para profissionais de educação nos três níveis de ensino, além de projetos pedagógicos de prevenção do uso indevido de drogas alinhados às diretrizes curriculares nacionais e aos conhecimentos relacionados a drogas”.

 

14 - No ponto 23, propomos trocar a frase “legítima e crescente demanda dos brasileiros e brasileiras por maior segurança pública” por “o direito dos brasileiros e brasileiras por segurança pública”. E propomos incluir a seguinte emenda: “Um país que se preze democrático necessita proteger seus cidadãos de toda sorte de violência. É fundamental fortalecer medidas de combate à violência policial, de controle da atividade policial e de formação das forças policiais e das guardas municipais que sejam pautadas numa segurança pública cidadã, de direitos humanos e das liberdades democráticas, combatendo violências, arbitrariedades, e situações agravantes como a tortura ou outras penais cruéis, desumanas ou degradantes. Ademais encaminharemos a revogação da legislação que facilitou a compra e a posse de armas”. De nosso ponto de vista, portanto, não basta falar em controle de armas, é preciso acabar com a venda de armas. Defendemos apresentar PEC para desmilitarizar a segurança pública, com o objetivo de deter a escalada de violência contra as populações pobres, periféricas e negras, combinado com as medidas para por fim à denominada “guerra às drogas”.

 

15 - Nos pontos 23 e 24, entre eles, incluir o seguinte: “As políticas de prevenção à criminalidade e promoção de uma segurança pública cidadã deverão ter um foco na juventude deste país, sobretudo na juventude negra. Ações de ampliação à cultura, acesso à educação formal e informal, reformas do ensino médio e proteção da vida e inclusão social dos e das adolescentes e jovens deverão ser prioridade. Reafirmamos nosso compromisso em retirar nossos jovens do crime organizado, reconhecendo-os como sujeitos explorados pelo tráfico de drogas e enquanto vítimas de trabalho infantil”.

 

16 - No ponto 24 propomos explicitar a ampliação dos investimentos públicos em cultura e a recriação do Ministério da Cultura.

 

17 - No ponto 28, propomos incluir a proposta feita publicamente pelo presidente Lula, na linha de criar um ministério dos povos indígenas.

 

18 - No ponto 29, onde diz “com o superencarceramento”, escrever “combatendo o superencarceramento”. Sabemos ter sido esta a intenção do redator.

 

19 - Nos pontos 29 e 30, entre eles, incluir o seguinte: “Vivemos num país que detém a terceira maior população carcerária do mundo. As taxas de criminalidade não vêm se reduzindo em detrimento do aumento da privação de liberdade. É imprescindível fortalecer políticas de prevenção à criminalidade, de desencarceramento e o fortalecimento das medidas de meio aberto, tanto para adultos quanto para adolescentes autores de ato infracional. Ao mesmo tempo em que é imprescindível restaurar os espaços de privação de liberdade e qualificar o atendimento a presos adultos e adolescentes e jovens em cumprimento de medida socioeducativo. De modo a reverter o quadro do estado de coisas inconstitucional das prisões e unidade socioeducativas no país”.

 

20 - Entre os itens 35 e 36, incluir: “Reconstrução das Secretarias Especiais de Mulheres, Igualdade Racial, da Juventude e criação da Secretaria Nacional LGBTQIA+, do Sistema Nacional de Igualdade Racial e retomada das políticas em defesa dos idosos, das pessoas com deficiência, dos povos indígenas e quilombolas”.

 

21 - No ponto 38, propomos incluir entre os “investimentos” que podem abrir “enormes possibilidades”: o complexo industrial ligado a saúde, a reforma agrária, o investimento nas pequenas e médias empresas, cooperativas e economia solidária.

 

22 - No ponto 40, no trecho que fala de “um novo regime fiscal”, é preciso incluir o seguinte: “Vamos colocar o pobre outra vez no Orçamento, os super-ricos pagando impostos, colocar o sistema financeiro a serviço do projeto de desenvolvimento nacional e tomar todas as medidas cabíveis para alterar a política e revogar a “independência” do Banco Central”. Não é possível fazer nada do proposto no item 40, sem tratar da “independência” do BC, da oligopolização do sistema financeiro, da dívida pública etc. para alterar imediatamente a política do Banco Central.

 

23 - No ponto 41, propomos trocar a palavra “corrigir” por “extirpar”. Corrigir seria reduzir a sonegação; num programa, devemos expor nossa meta. E propomos acrescentar o seguinte: “estabelecer um imposto sobre grandes fortunas, lucros e dividendos, para contribuir no financiamento das medidas de reconstrução e transformação nacional, especialmente para dobrar ao longo do primeiro biênio de governo as receitas do SUS”.

 

24 - No ponto 43, propomos incluir ao final do item o seguinte: Nesta perspectiva, serão tomadas as medidas necessárias para que a Petrobrás e a Eletrobrás sejam empresas públicas colocadas ao serviço dos interessas nacionais.”

 

25 - No ponto 47, incluir na frase citada o indicado em negrito: “É preciso fortalecer e modernizar a estrutura produtiva por meio da reindustrialização, do fortalecimento da pequena e média produção agrícola e do estímulo a setores e projetos inovadores. Incluir também: “Como parte desta perspectiva, reconstruir o MDA e retomar a política de apoio  à pesca artesanal e a aquicultura familiar”.

 

26 - No item 49, propomos tirar a referencia a Defesa. Precisamos, como parte das mudanças indispensáveis nas forças armadas, dotá-las de meios para cumprir seu papel – a defesa nacional. Entretanto, não achamos razoável misturar esta discussão com a política industrial.

 

27 - No ponto 52, propomos incluir nas frases citadas o indicado em negrito: “Precisamos avançar rumo a uma agricultura e uma pecuária comprometidas com a sustentabilidade ambiental e social, o que pressupõe a já citada reforma agrária, para a qual contribuirá a atualização dos índices de produtividade agrícola. Sem isso, perderemos espaço no mercado externo e não contribuiremos para superar a fome e o acesso a alimentos saudáveis dentro e fora das nossas fronteiras. Ademais, é imprescindível agregar valor à produção agrícola, com a constituição de uma agroindústria de médio e pequeno porte, de primeira linha, de alta competitividade mundial”.

 

28 - No ponto 53, na frase a seguir, propomos retirar a palavra “também” e alterar a redação da frase a seguir: “O investimento privado também será parte fundante da reconstrução do Brasil e será estimulado por meio de créditos, concessões, parcerias e garantias”. Convenhamos: o investimento privado sempre foi parte, sempre foi estimulado e sempre teve garantias além da conta. Segue a frase proposta como alternativa: “O investimento privado será parte importante do esforço de reconstrução do Brasil, com prioridade para créditos, concessões, parcerias e garantias voltados aos pequenos e médios investidores”.

 

29 - No ponto 58, retomando tema já tratado em emenda anterior, propomos uma redação compatível com quem será governo, a saber, ao invés de falar “nos opomos”, falar “Reverteremos a privatização em curso da Petrobras e da Pré-Sal Petróleo S.A – PPSA”.

 

30 - No ponto 60, na mesma linha, propomos ficar assim: “Reverteremos a privatização da Eletrobras, maior empresa de geração de energia elétrica da América”.

 

31 - No ponto 61, na mesma linha, propomos ficar assim: “Reverteremos a privatização dos Correios, uma empresa com importante função social, logística e capilaridade em todo o território nacional”.

 

32 - No ponto 70, propomos acrescentar: Convocação de concursos públicos emergenciais para recompor o quadro de servidores públicos federais. Sem isso, o “protagonismo” do governo federal não passará da proclamação de intenções.

 

33 - No ponto 77, propomos incluir a seguinte formulação: reafirmar a histórica defesa de um Atlântico desmilitarizado e desnuclearizado.

 

34 - No ponto 78, propomos incluir: devolução imediata às Forças Armadas de todos os militares nomeados para cargos de natureza civil; transferência para a reserva de todos os comandantes nomeados no mesmo período; apresentar PEC para retirar a seguinte frase do paragrafo 6 do artigo 144 da CF: “forças auxiliares e reserva do Exército”; apresentar PEC para retirar do caput do parágrafo 142 da CF o trecho onde se diz: “à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem.”

 

Segue a integra do caput do Art. 142: “As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem.”

 

Segue a integra do item 6 do Artigo 144: § 6º As polícias militares e os corpos de bombeiros militares, forças auxiliares e reserva do Exército subordinam-se, juntamente com as polícias civis e as polícias penais estaduais e distrital, aos Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 104, de 2019).

 

35 - No ponto 82, propomos incluir ao final o seguinte: “onde defenderemos uma reforma política-eleitoral que possibilite à maioria do povo brasileiro eleger seus representantes no Congresso nacional, sem as distorções causadas pelo poder econômico, pela compra de votos, pelo oligopólio da comunicação, garantindo o princípio democrático de uma pessoa um voto e revendo as distorções da representação nos Estados bem como o papel do Senado como câmara revisoraTambém como parte deste debate, os partidos integrantes da coligação colocarão em discussão a necessidade da convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte”.

 

36 - No ponto 83, incluir a “retomada de medidas em defesa do direito à memória e à verdade do povo brasileiro e responsabilização dos agentes envolvidos em desrespeitos aos direitos, liberdades e vida do povo. Retomada das propostas contidas no PNDH-3”.

 

37 - No ponto 86, propomos agregar o seguinte: “instalação de processos administrativos e judiciais contra todos (as) que tenham atentado contra os direitos humanos, assegurando-lhes a ampla defesa, o contraditório e o devido processo legal”.

 

38 - No ponto 87, propomos incluir: Nesta perspectiva tomaremos medidas para revogar o chamado "orçamento secreto", escandaloso mecanismo de corrupção de parlamentares e de sequestro das atribuições do executivo.

 

39 - No item 90, incluir: “relançamento da Empresa Brasileira de Comunicação, implementação das previsões constitucionais contrárias ao oligopólio privado da mídia”.