segunda-feira, 31 de agosto de 2020

Discurso de Dilma no dia 31 de agosto de 2016

https://www.youtube.com/watch?v=gKkpe53jaPk

Ao cumprimentar o ex-Presidente Luís Inácio Lula da Silva, cumprimento todos os senadoras e senadores, deputadas e deputados, presidentes de partido, as lideranças dos movimentos sociais. Mulheres e homens de meu País.

Hoje, o Senado Federal tomou uma decisão que entra para a história das grandes injustiças. Os senadores que votaram pelo impeachment escolheram rasgar a Constituição Federal. Decidiram pela interrupção do mandato de uma Presidenta que não cometeu crime de responsabilidade. Condenaram uma inocente e consumaram um golpe parlamentar.

Com a aprovação do meu afastamento definitivo, políticos que buscam desesperadamente escapar do braço da Justiça tomarão o poder unidos aos derrotados nas últimas quatro eleições. Não ascendem ao governo pelo voto direto, como eu e Lula fizemos em 2002, 2006, 2010 e 2014. Apropriam-se do poder por meio de um golpe de Estado.
É o segundo golpe de estado que enfrento na vida. O primeiro, o golpe militar, apoiado na truculência das armas, da repressão e da tortura, me atingiu quando era uma jovem militante. O segundo, o golpe parlamentar desfechado hoje por meio de uma farsa jurídica, me derruba do cargo para o qual fui eleita pelo povo.
É uma inequívoca eleição indireta, em que 61 senadores substituem a vontade expressa por 54,5 milhões de votos. É uma fraude, contra a qual ainda vamos recorrer em todas as instâncias possíveis.
Causa espanto que a maior ação contra a corrupção da nossa história, propiciada por ações desenvolvidas e leis criadas a partir de 2003 e aprofundadas em meu governo, leve justamente ao poder um grupo de corruptos investigados.
O projeto nacional progressista, inclusivo e democrático que represento está sendo interrompido por uma poderosa força conservadora e reacionária, com o apoio de uma imprensa facciosa e venal. Vão capturar as instituições do Estado para colocá-las a serviço do mais radical liberalismo econômico e do retrocesso social.
Acabam de derrubar a primeira mulher presidenta do Brasil, sem que haja qualquer justificativa constitucional para este impeachment.
Mas o golpe não foi cometido apenas contra mim e contra o meu partido. Isto foi apenas o começo. O golpe vai atingir indistintamente qualquer organização política progressista e democrática.
O golpe é contra os movimentos sociais e sindicais e contra os que lutam por direitos em todas as suas acepções: direito ao trabalho e à proteção de leis trabalhistas; direito a uma aposentadoria justa; direito à moradia e à terra; direito à educação, à saúde e à cultura; direito aos jovens de protagonizarem sua história; direitos dos negros, dos indígenas, da população LGBT, das mulheres; direito de se manifestar sem ser reprimido.
O golpe é contra o povo e contra a Nação. O golpe é misógino. O golpe é homofóbico. O golpe é racista. É a imposição da cultura da intolerância, do preconceito, da violência.
Peço às brasileiras e aos brasileiros que me ouçam. Falo aos mais de 54 milhões que votaram em mim em 2014. Falo aos 110 milhões que avalizaram a eleição direta como forma de escolha dos presidentes.
Falo principalmente aos brasileiros que, durante meu governo, superaram a miséria, realizaram o sonho da casa própria, começaram a receber atendimento médico, entraram na universidade e deixaram de ser invisíveis aos olhos da Nação, passando a ter direitos que sempre lhes foram negados.
A descrença e a mágoa que nos atingem em momentos como esse são péssimas conselheiras. Não desistam da luta.
Ouçam bem: eles pensam que nos venceram, mas estão enganados. Sei que todos vamos lutar. Haverá contra eles a mais firme, incansável e enérgica oposição que um governo golpista pode sofrer.
Quando o Presidente Lula foi eleito pela primeira vez, em 2003, chegamos ao governo cantando juntos que ninguém devia ter medo de ser feliz. Por mais de 13 anos, realizamos com sucesso um projeto que promoveu a maior inclusão social e redução de desigualdades da história de nosso País.
Esta história não acaba assim. Estou certa que a interrupção deste processo pelo golpe de estado não é definitiva. Nós voltaremos. Voltaremos para continuar nossa jornada rumo a um Brasil em que o povo é soberano.
Espero que saibamos nos unir em defesa de causas comuns a todos os progressistas, independentemente de filiação partidária ou posição política. Proponho que lutemos, todos juntos, contra o retrocesso, contra a agenda conservadora, contra a extinção de direitos, pela soberania nacional e pelo restabelecimento pleno da democracia.
Saio da Presidência como entrei: sem ter incorrido em qualquer ato ilícito; sem ter traído qualquer de meus compromissos; com dignidade e carregando no peito o mesmo amor e admiração pelas brasileiras e brasileiros e a mesma vontade de continuar lutando pelo Brasil.
Eu vivi a minha verdade. Dei o melhor de minha capacidade. Não fugi de minhas responsabilidades. Me emocionei com o sofrimento humano, me comovi na luta contra a miséria e a fome, combati a desigualdade.
Travei bons combates. Perdi alguns, venci muitos e, neste momento, me inspiro em Darcy Ribeiro para dizer: não gostaria de estar no lugar dos que se julgam vencedores. A história será implacável com eles.
Às mulheres brasileiras, que me cobriram de flores e de carinho, peço que acreditem que vocês podem. As futuras gerações de brasileiras saberão que, na primeira vez que uma mulher assumiu a Presidência do Brasil, a machismo e a misoginia mostraram suas feias faces. Abrimos um caminho de mão única em direção à igualdade de gênero. Nada nos fará recuar.
Neste momento, não direi adeus a vocês. Tenho certeza de que posso dizer “até daqui a pouco”.
Encerro compartilhando com vocês um belíssimo alento do poeta russo Maiakovski:
“Não estamos alegres, é certo,
Mas também por que razão haveríamos de ficar tristes?
O mar da história é agitado
As ameaças e as guerras, haveremos de atravessá-las,
Rompê-las ao meio,
Cortando-as como uma quilha corta.”


Um carinhoso abraço a todo povo brasileiro, que compartilha comigo a crença na democracia e o sonho da justiça.

sábado, 29 de agosto de 2020

Belford Roxo, Peter Pan, Capitão Gancho e o cara dos heterônimos: tudo junto e misturado

Belford Roxo, Peter Pan, Capitão Gancho e o cara dos heterônimos: tudo junto e misturado

Um certo jornalista, escrevendo acerca dos debates internos do PT, informou que eu chamei Quaquá de intelectual orgânico. Pelo tom como o cidadão escreveu, suspeito que ele não tem noção exata do que se trata. Para quem estiver na mesma condição que ele, recomendo uma visita rápida ao Antonio.

Isto posto, repito: Quaquá é um intelectual orgânico de um setor da esquerda brasileira, especificamente de um setor que está tentando converter o PT em um partido populista convencional. Antes que o mesmo jornalista se alvoroce: como intelectual orgânico, “populista” não é um xingamento, é uma categoria política. 

Por tudo isso, como considero importante ler e debater aquilo que Olavo de Carvalho escreve, ainda que o personagem me cause repugnância, considero muito mais importante ler e debater aquilo que Quaquá escreve. Afinal, mesmo que o estilo dele seja, na minha opinião, demasiado violento e deletério, ou por isso mesmo, sua influência em certos meios é crescente.

Basta dizer que Quaquá foi o principal protagonista daquilo que ele mesmo denominou de “batalha de Belford Roxo”, da qual saíram derrotados 6 ex-presidentes nacionais do PT, entre outros tantos. Por principal protagonista, leia-se, foi quem tentou dar dignidade teórica a uma aliança pragmática com um prefeito bolsonarista.

Claro que a vitória de Quaquá, na batalha de Belford Roxo, não deriva propriamente da qualidade de seus argumentos. Os que votaram a favor (e os que não votaram e silenciaram) têm seus motivos, e não são motivos de natureza, digamos, teórica. Mesmo assim, é importante conhecer os argumentos utilizados, pois de alguma maneira eles vão criando escola e causando danos para além da geopolítica do Rio de Janeiro, termo cunhado até onde eu sei pelo André Ceciliano, aliado de Quaquá na batalha de Belford Roxo.

Vamos então aos argumentos, tal e qual aparecem num texto intitulado “Entre ser de esquerda e se dizer de esquerda”, divulgado se não me engano no dia 10 de agosto de 2020. Peço de antemão desculpas pelo método adotado – ler e comentar cada frase ou parágrafo; é que, as vezes, só glosando.

Quaquá começa seu texto assim: “Eu costumo dizer que o discurso esteticamente de esquerda, ou revolucionário, nem sempre leva a uma prática de esquerda e revolucionária. No mais das vezes, leva mesmo a um retrocesso e a derrota das classes populares no embate da luta de classes. Ou seja, acabam servindo à direita”.

Quaquá, acho eu, militou no passado numa tendência acusada de esquerdista. Não é o meu caso: minha militância começou em uma organização acusada do oposto. Talvez por isso, nossas sensibilidades sejam distintas. Manias a parte, é óbvio que há várias maneiras de servir à direita: uma delas é a citada por Quaquá (o esquerdismo); a outra é o direitismo, a conciliação de classe, aquela aliança em que o lado de lá ganha tudo, ou quase, e o lado de cá perde tudo, ou quase.

Quaquá sabe disso. Por qual motivo, então, ele não fala disso, nem que seja para constar? Alguém mal intencionado diria: porque ele está fazendo exatamente isto em Belford Roxo e não se fala de corda, em casa de enforcado. Mas como não sou mal intencionado, prefiro uma explicação mais neutra: Quaquá provavelmente acha que o maior perigo, para o PT, neste momento, é o esquerdismo.

É por isso que ele começa o segundo parágrafo do seu texto afirmando o que segue: “Não se ganha uma guerra no isolamento. Como na guerra, na luta de classes, na luta política real, se ganha o embate identificando claramente quem é o inimigo principal e quem é o secundário. Daí é preciso buscar aliados para vencer esse inimigo principal, atraindo inclusive os secundários e explorando eventuais contradições e desacordos que estes tenham como o inimigo principal. Pode-se nem mesmo traze-lo para nosso lado, mas dividi-lo e neutraliza-lo já é de grande utilidade”.

Leio e releio o parágrafo acima e não consigo discordar do que está escrito. O problema não está, portanto, no que está escrito. Mas em saber se o que está sendo feito – no caso em tela, Belford Roxo – corresponde ao que está prescrito. Waguinho e a deputada federal que, ó tristeza, acha legal se nomear “do”, seriam por acaso “aliados” na luta contra o bolsonarismo? Apoiar alguém como Waguinho ajudaria a vencer o bolsonarismo??

Na cidade de Belford Roxo, certamente não ajuda. O PT vem diminuindo de tamanho na cidade, desde que esta aliança começou. Na Baixada Fluminense, ajuda? No estado do Rio, ajuda? No país ajuda?? Não consigo achar provas disso, muito antes pelo contrário. E Quaquá não dá, tampouco, nenhuma prova disso. Portanto, ele usa uma teoria correta, para respaldar uma prática que não é a aplicação da teoria citada, mas sim outra coisa.

Aliás, essa é uma dificuldade que enfrentamos, quando se trata de analisar alguns dos argumentos de Quaquá. Ele muitas vezes encadeia axiomas, como se isso demonstrasse os argumentos. Por exemplo: depois de afirmar que não se ganha uma guerra no isolamento, ele pula para outro parágrafo. Nele, afirma o seguinte: “No Brasil a esquerda sempre possuiu em torno de 25 a 30% de apoio social e de voto nas eleições. São os votos que o PT anteriormente a intervenção de 1998 tinha e depois o PSOL, com Freixo, passou a ter na capital do Rio, por exemplo. Eram os votos que Lula tinha nacionalmente, um pouco mais, um pouco menos, dependendo da eleição: 1989; 1994; 1998...

A conclusão implicitamente sugerida é: quando tínhamos de 25% a 30% estávamos isolados. Antes de seguir adiante, vejamos se esta conclusão é verdadeira. Para isso, façamos um exercício mental: voltemos para 1989. Naquele ano, Lula teve 17% dos votos no primeiro turno. No segundo turno de 1989, Lula chegou a 47% dos votos e quase ganhou a eleição. Como foi que passamos do “isolamento” para a quase vitória? A resposta tem que incluir o seguinte: ao longo de 9 anos, acumulamos forças, mesmo que as vezes as custas de ficar isolados (como no Colégio Eleitoral, na crítica ao Plano Cruzado, no Congresso Constituinte, na intransigência, na “pureza” etc.). 

Dizendo de outra forma: o processo pelo qual um partido minoritário eleitoralmente, se converte em majoritário eleitoralmente, é muito complexo. Simplificar este processo, com frases do tipo “não se ganha uma guerra no isolamento” (ou simplificações equivalentes, ainda que de sentido oposto), pode servir na melhor das hipóteses para justificar políticas erradas.

Um exemplo disto está no parágrafo seguinte do texto de Quaquá, onde se pode ler o seguinte: “a grande contribuição que a CNB (a corrente Interna majoritária do PT - Construindo um Novo Brasil) deu ao partido, e o PT deu a história do Brasil, e a história da esquerda brasileira, foi a mudança na tática eleitoral e na efetivação da estratégia democrática e popular em 2002”.

Ou seja: as grandes novidades que o PT introduziu na política brasileira (e na prática da esquerda brasileira), entre 1980 e 2002, são secundarizadas frente a “grande contribuição” que teria sido dada em 2002. 

Talvez por obtusidade, não consigo compreender o resultado de 2002, desconsiderando tudo o que foi feito desde 1980. Podemos concordar ou discordar da política de alianças adotada em 2002; podemos concordar ou discordar da “Carta aos Brasileiros”; mas mesmo supondo que ambas tenham sido indispensáveis, na melhor das hipóteses elas teriam acrescentado – a tudo aquilo que o PT já havia acumulado entre 1980 e 2002 – um tanto que faltava para vencer as eleições presidenciais.

E mesmo que a Carta e as alianças de 2002 tivessem agregado o que faltava, elas não foram as responsáveis pelo que foi acumulado nos 22 anos anteriores. Para dar números, tivemos 31% dos votos no primeiro turno de 1998 e 46% dos votos no primeiro turno de 2002. Mesmo supondo que os 15% a mais tenham resultado, integralmente, da Carta e das alianças de 2002, estes 15% não teriam adiantado nada sem os 31% que tinham sido acumulados antes.

Este é o núcleo da divergência que tenho com todo o argumento de Quaquá: ele parece raciocinar como se o passado estivesse dado e fosse imperdível. E não percebe que sua postura unilateral e “radical”, em favor de certas alianças e concessões, nos conduzirá a perder, a desacumular aquilo que conquistamos antes. E o resultado final é, como vimos no Rio de Janeiro tantas vezes, nos isolar ainda mais que antes.

Quaquá afirma que “muitos foram contra e foi difícil aprovar internamente a aliança com o PL e garantir a vice do Lula para Zé Alencar. Sem a tática de atrair o centro, dificilmente Lula teria sido eleito presidente da república em 2002. Teríamos continuado a correr atrás do próprio rabo. A disputar apenas os 30% do eleitorado progressista e de esquerda tradicional do Brasil”.

Como se pode ler no texto acima, nem Quaquá está 100% seguro do que ele afirma peremptoriamente. Numa frase ele diz que “sem a tática de atrair o centro”, “teríamos continuado a correr atrás do rabo”. Mas noutra frase ele reconhece que “dificilmente Lula teria sido eleito”. Dificilmente não é impossível; portanto, Quaquá admite que outra tática seria possível e poderia levar ao mesmo resultado.

A rigor, ninguém era contra disputar o centro. A divergência real era como e quando fazer isso. Se no primeiro ou no segundo turno; se incluindo na coligação ou na chapa como vice; se fazendo mais ou menos concessões programáticas. Essa era a divergência real. Quaquá simplifica o debate, talvez porque na época deste debate ele estivesse defendendo posições diferentes das que ele defende hoje e tivesse, mesmo, uma posição mais digamos “simplificada”. Ou, talvez, ele simplifique o debate daquela época, para forçar uma analogia entre 2002 e 2020.

Antes que me acusem de exagerar, vamos ler o parágrafo seguinte: “Na época os dirigentes que conceberam e efetivaram a ferro e fogo essa política, Ze Dirceu, Delúbio, Genoíno, etc foram acusados de traidores e direitistas pelos mesmos que hoje advogam (e também advogavam naquela época) o isolamento do PT, para no máximo, até os partidos de esquerda. A turma que se contenta a disputar os 30% e a perder abraçados na fé e na pureza”.

Para bom entendedor, meio parágrafo basta: os que criticavam Dirceu e Genoino em 2002, são os mesmos que criticam Quaquá e André Ceciliano em 2020. Nos dois casos, os críticos defenderiam o “isolamento do PT”, preferindo “perder abraçados na fé e na pureza”. Acho que o nome disto é sofisma. Pois não dá para comparar o José Alencar com o Waguinho; não dá para comparar uma aliança com um empresário para derrotar FHC, com uma aliança com um bolsonarista para... para o que mesmo?? Para derrotar Bolsonaro é que não é...

Não sei se Quaquá acredita mesmo que exista alguma analogia entre 2002 e 2020. Para simplificar, falo por mim: fui contra as duas alianças, por motivos diferentes. Por exemplo: em 2002, eu achava que era um preço desnecessário a pagar, embora reconhecesse que ampliava as chances de vitória. Em 2020, eu acho que é um estorvo, que nos custa caro, sem devolver nada em troca. Ou melhor: me baseando em uma afirmação de Ceciliano ao Diretório Nacional do PT, vamos eleger um bolsonarista, em troca de dois vereadores.

Acreditando ou não na analogia 2002/2020, Quaquá afunda o pé na jaca e afirma o seguinte: “O fato é que a política foi correta e nos deu a vitória eleitoral em 2002. Pela primeira vez se elegeu um operário presidente do Brasil. Pela primeira vez um presidente oriundo de uma organização de esquerda e do movimento de organização popular e operária foi eleito presidente do país. Um fato histórico, a partir de uma política de alianças e de uma estratégia correta. Tivéssemos seguido o que os pseudo-revolucionários e o que a pseudo-esquerda advogava, teríamos perdido a eleição e Lula não teria sido presidente do Brasil”.

Ou seja: embriagado pelas próprias palavras, Quaquá desmente aqui o que acabou de escrever ali. Antes: “Sem a tática de atrair o centro, dificilmente Lula teria sido eleito presidente da república em 2002.” Agora: “Tivéssemos seguido o que os pseudo-revolucionários e o que a pseudo-esquerda advogava, teríamos perdido a eleição e Lula não teria sido presidente do Brasil”.

Este exemplo que dei acima é demonstrativo da seriedade com que Quaquá manipula as frases (não vou falar em “argumentos”, pois de verdade não se trata disso) em seu texto. Seu foco não é a demonstração, a sustentação de um determinado raciocínio. Seu foco é a desqualificação do oponente: “pseudo-revolucionários”, “pseudo-esquerda”. De novo, não sei o que Quaquá pensava da aliança, na época em que ela foi feita. Mas temo que ele esteja brigando mais com os seus demônios, do que com os argumentos realmente utilizados por quem participou do debate.

Depois que se enfia o pé na jaca pela primeira vez, há quem goste. Nos parágrafos seguintes, Quaquá disserta sobre a esquerda mundial. Vamos ver o que ele fala, ponto a ponto.

Ponto 1: “Essa pseudo esquerda anda tendo como parâmetro a nova esquerda europeia, ou Bernie Sanders, no Partido Democrata americano. Transplantam, como sempre, de lá para cá o universo conceitual e as fórmulas prontas de explicação dos fenômenos políticos e sociais. Primeiro erram, porque lá na Europa e nos EUA, é verdade que a esquerda hegemônica desde o século XX: a social democracia, integrou-se ao regime e fez uma aliança orgânica com a burguesia depois do pós guerra. Com a quebra do pacto social democrático pela burguesia, os partidos da esquerda hegemônica europeia ficaram ao lado da burguesia contra os trabalhadores e embarcaram na defesa desavergonhada das contra-reformas neoliberais”. 

Não sei quem, dos que se opuseram a aliança em Belford Roxo com um bolsonarista, adotaria como parâmetro Bernie Sanders ou a esquerda europeia. Mas mesmo que possa existir, duvido que seja algo expressivo, motivo pelo qual a afirmação de Quaquá não passa de uma artimanha retórica. Pois, insisto, o que está em jogo não é uma divergência sobre fazer ou não fazer alianças com o centro. A divergência está em fazer ou não fazer alianças com a direita, com bolsonaristas; e, o que é pior: por motivos locais e pragmáticos.

Ponto 2: “Mas é sociologicamente incorreto transplantar essa análise para o Brasil, como sempre fazem com seu pensamento colonizado e dogmático. A esquerda hegemônica no Brasil: o PT, não fez acordo orgânico com a burguesia, e não atuou para destruir o pouco de conquistas sociais dos brasileiros e brasileiras. Pelo contrário, foram os governos Lula e petistas que avançaram com direitos em um momento difícil da esquerda mundial. Quando a esquerda sucumbia ao neoliberalismo e a tal terceira via, que nada mais era do que a submissão as políticas neoliberais, Lula e o PT no Brasil apontavam um caminho de mudança sociais e incorporação dos trabalhadores e do povo a economia e a sociedade, sem paralelo naquele momento, no mundo”.

Admitamos, para simplificar, que o que está dito acima seja 100% correto. Pergunto: o que isto tem que ver com o que estamos discutindo? Pois vejamos: não estamos discutindo o PT. Nem o governo Lula. Nem estamos questionando uma aliança com o centro. A discussão é sobre Waguinho, um bolsonarista...

Ponto 3: “Não foi o podemos na Espanha; não foi o Syriza na Grécia; nem o PS renovado de Portugal com sua politica vitoriosa; nem o Chavismo na Venezuela; nem os Democratas nos EUA; na época, nem os chineses… quem tirou 30 milhões de pessoas da miséria em seu país; ou incorporou 4 milhões de jovens das classes populares as universidades… Aqui se produziu na prática o efeito civilizatório de 3, 4 revoluções cubanas. Foi esse o legado do Lula e do PT, fruto da política majoritária levada ao fim e ao cabo pela CNB. Não foi a toa que praticamente toda a nova esquerda europeia e os lideres dos movimento de renovação da sociais democracia europeia tem Lula como exemplo e possuem por ele imensa admiração e solidariedade”.

No trecho acima, Quaquá está mais do embriagado, está inebriado pelas suas próprias palavras. Não bastasse a esquerda dos EUA e a da Europa, ele enfia no pacote a Venezuela, Cuba e a China. Mas, inebriado ou não, ele não joga dinheiro fora. A frase sobre os chineses é um primor: “na época, nem os chineses”. Como não se sabe de que época estamos falando, vai saber... (embora os dados globais sobre as políticas chinesas sejam públicos e não confirmem a afirmação de Quaquá). Já a frase sobre Cuba chega a ser poética, de tão malandra que é: “Aqui se produziu na prática o efeito civilizatório de 3, 4 revoluções cubanas”. Como Cuba tem cerca de 10 milhões de habitantes, como as mudanças citadas no Brasil atingiram cerca de 34 milhões, daí surgem os números mágico de “3,4”. Mas demonstra, também, que Quaquá não tem a menor noção do que seja o “efeito civilizatório” de uma revolução, pois a de Cuba resiste há décadas aos Estados Unidos e a nossa não conseguiu resistir a uma ofensiva golpista protagonizada por uma elite de merda.

Quaquá sabe disso. Ele usa a retórica demagógica, mas não é tonto, longe disso. Já no parágrafo seguinte, ele afirma: “Claro que cometemos o erro de não organizar o povo. De achar que a democracia brasileira tinha alguma solidez e que a burguesia brasileira pudesse ter o mínimo de compromisso com o jogo democrático. Mas não fomos só nós da CNB que não organizamos o povo para o embate pela democracia. Quem na esquerda fez isso? Ou seja, os que se autoproclamam mais revolucionários que os outros organizaram 1, 2, 1000 ou 100 mil pescadores no Ministério da Pesca, que foi pela maior parte do tempo dirigido pela Articulação de Esquerda? Todas as correntes internas do PT tiveram espaço no governo Lula e Dilma. Quantos exércitos organizaram? Quantos milhões de brasileiros e brasileiras organizaram? Quantos milhares? Sejamos mais modestos… quantas centenas de pessoas organizaram?”

O parágrafo acima confirma: Quaquá é como aqueles atores do teatro moderno, que trocam de roupa no meio do palco. Sai o estadista que discute a política internacional, entre o chefete de facção interna. Mas mesmo no esterco, há qualidades. Comecemos pelo começo: “Claro que cometemos o erro de não organizar o povo. De achar que a democracia brasileira tinha alguma solidez e que a burguesia brasileira pudesse ter o mínimo de compromisso com o jogo democrático”. Perfeito, estamos de acordo que este erro foi cometido. Mas a pergunta é: será que este erro tem alguma relação com o que foi apresentado, parágrafos antes, como um grande acerto? Na nossa opinião, tem: embora não fosse necessário ser assim, na prática a escolha por fazer determinadas alianças e determinadas concessões conduziu o Partido a baixar a guarda e a cometer os erros citados.

Ao invés de discutir esta questão, ao invés de se perguntar se havia alguma falha em nossa estratégia, Quaquá se preocupa unicamente em tirar o seu da reta. Primeiro, reduz todo o problema a “não organizar o povo”, quando o problema é bem maior (por exemplo, envolve política de cultura, política de comunicação, política de defesa, política de segurança pública etc.). Segundo, afirma de cara que “não fomos só nós da CNB que não organizamos o povo para o embate pela democracia”. Um comportamento típico de quem, com medo de levar a culpa, não quer discutir o malfeito.

Mas como já foi dito, mesmo no esterco aparecem coisas belas. Vamos ler de novo a frase do parágrafo de Quaquá: “Mas não fomos só nós da CNB que não organizamos o povo para o embate pela democracia. Quem na esquerda fez isso? Ou seja, os que se autoproclamam mais revolucionários que os outros organizaram 1, 2, 1000 ou 100 mil pescadores no Ministério da Pesca, que foi pela maior parte do tempo dirigido pela Articulação de Esquerda? Todas as correntes internas do PT tiveram espaço no governo Lula e Dilma. Quantos exércitos organizaram? Quantos milhões de brasileiros e brasileiras organizaram? Quantos milhares? Sejamos mais modestos… quantas centenas de pessoas organizaram?

Tirante o sectarismo, vamos ao núcleo lógico do argumento de Quaquá: a organização do povo para o embate pela democracia é algo a ser feito pelas tendências, pelas tendências que tiveram espaço no governo, e a organização do povo deve ser feita através do governo. Ou seja: bêbado de entusiasmo pelo seu próprio discurso, Quaquá deixa escapar uma visão totalmente institucionalizada da chamada “organização do povo”. Como já dissemos antes, muita coisa deveria ter sido feita pelo governo, para defender a democracia, por exemplo no âmbito das forças armadas e da comunicação. Mas achar que a organização do povo deveria ser feita pelo governo, é um modo de encarar o problema que, suspeito, tenha mais que ver com a tentativa de exportar para o mundo a experiência singular de Maricá.

No parágrafo seguinte de seu texto, Quaquá afirma que “há uma divergência essencial entre a estratégia da CNB e a da auto proclamada esquerda petista em relação a estratégia de transformação social. Em relação de como se dá o processo revolucionário no Brasil. Para eles a revolução é um ato apoteótico, quase carnavalesco… O povo desperta numa sexta feira, se da conta do carnaval e vai pra avenida tomar o palácio de inverno. São presos ao enredo da Rússia de 17. Todo ano e o ano todo o mesmo enredo. Pra nós a revolução é construída na vida, em processo, a cada dia, avançando a cada vitória e superando cada derrota”.

Buenas, como Minas Gerais, a esquerda do PT são muitas. E mesmo assim, embora eu conheça um pouco nossa fauna e nossa flora, não consigo encontrar quem se enquadre neste enredo carnavalesco descrito por Quaquá: “Para eles a revolução é um ato apoteótico, quase carnavalesco… O povo desperta numa sexta feira, se da conta do carnaval e vai pra avenida tomar o palácio de inverno. São presos ao enredo da Rússia de 17”. E para variar, tampouco consigo entender direito o que tudo isso tem que ver com a aliança com um bolsonarista em Belford Roxo. Isto posto, entendo que Quaquá tenha autoridade para falar acerca da CNB. Assim, vamos ver o que ele afirma ser a estratégia da CNB.

Primeiro: “a revolução é construída na vida, em processo, a cada dia, avançando a cada vitória e superando cada derrota”. A frase é bonita, mas o sentido lógico dela é inverter outra frase famosa, a saber: “Quando o extraordinário se torna cotidiano, é a revolução”. Ou seja: aquilo que Quaquá chama de revolução é o que o senso comum chama de acúmulo de forças; aceita esta definição quaquaista, o sentido específico da palavra “revolução” se perde totalmente.

Segundo, Quaquá afirma que: “Nossa estratégia é a constituição de maiorias sociais e políticas. Não existe revolução sem maiorias sociais organizadas e conscientes do papel de transformar a sociedade. Revolução de vanguarda não é revolução, ou é golpe ou é uma tomada de poder que se transformará em ditadura. Nossa estratégia, a da CNB e a do PT, é a estratégia democrática de formação de maioria e qualificação substantiva permanente da democracia, ampliando-a, incorporando o povo, avançando na formação cultural do povo, abrindo espaços de participação e politização. Sendo assim, cada prefeitura que ganhamos, cada governo do Estado, cada vez que ocupamos a Presidência da República e mudamos a vida concreta e real de milhões de seres humanos concretos, estamos jogando água no açude da revolução brasileira”.

O debate sobre a “estratégia da maioria” é bem antigo. Lembro de uma discussão que fizemos a respeito, dentro da velha e boa Articulação dos 113, creio que em 1987, quando suspeito que Quaquá defendia posições muito diferentes das atuais.

Quem tiver interesse no debate de mérito a respeito desta questão, pode ler aqui:

http://valterpomar.blogspot.com/2011/09/gilney-ataca-novamente.html

Mas, como sabemos, Gilney Viana é contra o apoio a um bolsonarista em Belford Roxo. E mesmo eu, que não estou de acordo com a tal “estratégia da maioria”, acho que usar este argumento para defender o apoio a um bolsonarista é simplesmente forçar a mão. Me lembra Palloci defendendo as taxas de juros altíssimas e outras barbaridades, como se aqueles absurdos fossem a única alternativa disponível nos marcos da estratégia defendida pela CNB.

Quaquá, num ato falho, começa seu parágrafo seguinte dizendo que “até acredito que não é por pura maldade que boa parte da pseudo esquerda petista que crítica a CNB, com o mesmo discurso da direita mais raivosa e ideológica, que dizia que quando Lula criou o Bolsa Família, aquilo era politica assistencialista; ou que o ProUni era errado, pois fortalecia as universidades privadas. É porque eles tem uma visão idealista, hegeliana, e, no frigir dos ovos, elitista do mundo. A revolução é um ato ideal, um ato puro, um ato teatral e carnavalesco, puro, controlado pelas ideias e pela estética que se forma na cabeça deles. Assim, da pra voltar e corrigir o que não esta bonitinho no texto...  Não interage com o povo, não interage com a realidade. O povo na verdade não é o agente concreto e principal. O povo é só o glacê e a decoração de um bolo sem massa”.

Como ele, acho até que não é por pura maldade que ele escreve o que escreve. Pelo contrário: a hipocrisia é a homenagem que o vício rende à virtude. Para justificar uma aliança com um bolsonarista, motivada pelo mais puro pragmatismo, Quaquá tenta dourar a pílula de tudo quanto é jeito. Mas, como não podia deixar de ser, o excesso de velas põe fogo na igreja. Por exemplo: chamar uma parte do PT de “pseudo esquerda” vá lá, mas dizer que “boa parte” desta “pseudo esquerda” critica a CNB “com o mesmo discurso da direita mais raivosa e ideológica” é algo que não tem pé, nem cabeça.

Quaquá talvez esteja se referindo a amigos antigos dele próprio, que saíram do PT. Pois, por motivos óbvios, os setores do PT que têm críticas ao Bolsa Família e ao ProUni não repetem o “mesmo discurso” da “direita mais raivosa e ideológica”. Não custa lembrar, aliás, que quem está defendendo uma aliança com um amigo desta direita é Quaquá. Portanto, a psicologia explica a raiva com que o cidadão investe contra seus críticos, chegando ao ponto de gritar “pega ladrão”, para ver se distrai a atenção.

Mas voltemos ao que diz Quaquá sobre a estratégia da CNB: “A nossa estratégia é o da revolução das maiorias; da revolução democrática; da revolução com o povo; da estratégia democrática e popular que pressupõe mudar a vida do povo; melhorar suas condições materiais de vida; elevar sua condição de apropriação dos bens culturais. Pressupõe casa melhor; bairros melhores; salários melhores; mais tempo livre; mais educação; mais saúde; mais condições de valorização, produção e consumo crítico de bens culturais, os populares e os clássicos universais. Esse é um processo longo, extenso e em rede. Se dá, na organização popular nos bairros e periferias; se dá, na organização nas fabricas e escolas; se dá, nas nossas Prefeituras e nas políticas transformadoras que realizamos, também em maior escala nos nossos governos estaduais”.

Isso tudo está muito bom. Mas nisso tudo, como o próprio Quaquá admite implicitamente, falta um tema: o poder de Estado. Revolução que não toca no poder de Estado, não é revolução. E, portanto, esta longa exposição feita por Quaquá não informa nada sobre o núcleo das divergências que existem dentro do PT, a saber: como construir e conquistar o poder de Estado. Sem entrar neste debate, qualquer conversa sobre revolução é para boi dormir. Embromação.

Ao invés de dar alguma resposta para esta questão, Quaquá troca de novo de roupa em pleno palco e afirma: “Temos muito que melhorar? Temos! Nosso partido precisa ser mais orgânico e estar mais presente de forma militante e organizado nas periferias? Precisa! Devemos ser menos inorgânicos e menos comitês eleitorais e sermos mais partido movimento e partido escola de formação do povo? Precisamos? Mas onde a dita esquerda dirige os diretórios estaduais e municipais fazem diferente? Não! Então a tarefa de organização do PT é de todos nós! E a culpa polos erros também!

A linha de argumentação é conhecida: os acertos são todos meus, os erros são todos nossos. Mas o problema principal da argumentação de Quaquá, como já dissemos antes, não é esta generosidade reversa, é a empulhação. Ele simplesmente não discute o tema central de qualquer estratégia, de qualquer processo que se queira chamar de revolução: o poder de Estado.

Talvez no fundo ele ache que o problema se resolva elegendo governos, e que para eleger governos precisamos de alianças, logo a revolução depende de termos... uma ampla política de alianças, e quanto mais ampla, mais eficaz. Donde ganha sentido a pompa e circunstância com que ele fundamenta a aliança com o, palavra dele, “malandro” de Belford Roxo.

Devolvamos a palavra ao Quaquá: “Não será com o abandono da política de alianças que foi vitoriosa em 2002 que vamos corrigir os erros de não termos fortalecido a Frente de Esquerda no âmbito da coalizão maior de nossos governos; e de não termos organizado o povo para sustentar a democracia. Corrigir os erros não significa jogar fora a criança junto com a água do banho. Significa antes e sobretudo, reter o que foi positivo e corrigir os erros”. A frase é bonita, mas o argumento é pura prestidigitação. O que está em questão, no debate sobre Belford Roxo, não é a “política de alianças vitoriosa em 2002”. O que está em jogo é outro tipo de política de alianças, com um bolsonarista.

Como todo mágico, Quaquá precisa desviar a atenção do que suas mãos estão fazendo. Por isso, logo depois de equiparar José de Alencar com Waguinho, ele ataca indiretamente a presidenta Dilma: “Infelizmente é isso que a pseudo esquerda petista quer fazer. Aliás vem fazendo desde que ganhou força ainda no governo Dilma. Foi essa inclusive uma das causas de nossa derrota, porque tem esse pessoal tem vocação para o isolamento”. 

E, tendo vestido de novo as roupas de chefete de fração, ele ataca: “Me lembro de um episódio que vivi como prefeito no governo Dilma. Fui ao palácio numa audiência com o ministro da Articulação Política do governo, o deputado federal Pepe Vargas do PT do RS e da DS. Fui inclusive muito bem recebido pelo chefe de Gabinete, que havia sido prefeito de uma simpática cidade do Rio Grande do Sul, com quem fiquei conversando por meia hora antes de ser recebido pelo ministro. Ele me contou que também tinha sido prefeito e que havia perdido a reeleição por apenas 3%. E emendou: o PP queria aliança conosco, e o candidato deles teve 6%, não aceitei fazer aliança com a direita. Perdemos, mas mantivemos nossa posição ideológica! Saí de lá dizendo: Fudeu! Isso não pode dar certo! Essa é a visão de nossa articulação política? O resultado nós vimos qual foi…

Cada vez que eu vejo alguém como o Quaquá metendo a boca no governo da presidenta Dilma, eu me pergunto: onde estava vossa senhoria em 2015, no congresso do PT realizado em Salvador, no debate acerca da política econômica de Levy?

Teria outras perguntas a fazer, mas já me contentaria em saber a resposta para esta pergunta, pois ela basta para demonstrar a farsa da argumentação. O erro decisivo cometido pelo governo Dilma não foi produto da pureza ideológica, muito antes pelo contrário.

Evidentemente, Quaquá pensa diferente. Vejamos o que diz o parágrafo seguinte: “De lá pra cá tem sido essa a tônica. Melhor ser derrotado mas não perder a pureza ideológica. Eu pergunto: e o povo da cidade? que certamente teve a vida melhorada por um governo petista e de esquerda? Não se levou em conta? A mesma coisa serve para o Brasil. As alianças, num país onde o nível de consciência do povo é arcaico, fruto de anos de escravidão e iniquidades por parte das elites, que produziu um imenso embrutecimento das classes populares, levam em conta não uma vontade de pureza, mas uma necessidade política. Levam em conta a análise concreta da realidade nacional. Da diversidade da realidade nacional.

Sim, é fato: as alianças devem levar em conta tudo isso e muito mais. O “tudo isso” explica romper a aliança com o PSB em Recife. O “muito mais” explica a aliança com um bolsonarista em Belford Roxo. Quaquá não percebe que sua prédica contra a “pureza” é tão exagerada, que é impossível não perceber que ele está querendo naturalizar... a impureza como critério. 

Quaquá, como muitos outros, usa o nome de Lula como argumento de autoridade. Neste caso ele tem alguma razão, como se pode ler no parágrafo a seguir: “Nessas eleições municipais fomos nós da CNB , instados pela liderança do presidente Lula, que defendemos a tática de lançar candidaturas próprias nas capitais e nas cidades reprodutoras de TV e as acima de 200 mil eleitores. Em Recife, por exemplo, a DS apoiou a intervenção contra Marilia Arraes. Como correntes que se auto proclamam “mais à esquerda” defenderam alianças com o “Republicanos” em Caxias, no Maranhão. Então não venham querer transformar Belford Roxo no centro do mundo! Porque Belford Roxo, aquela cidade abandonada da Baixada Fluminense, onde Lula tinha 67% das intenções de votos mesmo na cadeia (injustamente, diga-se com todas as letras), e, quando foi impedido de concorrer, e os votos “dele” migraram para Bolsonaro, é parte de uma complexa rede de cidades onde o PT precisa definir a melhor tática para o povo local e para nosso fortalecimento para a disputa de 22”.

Infelizmente, Quaquá não desenvolve a argumentação. Ele poderia, por exemplo, nos contar se vê alguma relação entre o apoio dado pelo PT a Waguinho em 2016 e o resultado eleitoral obtido por Haddad em Belford Roxo em 2018. E poderia, também, responder se ele é adepto da filosofia “ou restaure-se a moralidade, ou todos nos locupletemos”. Pois veja: todas as tendências do Partido devem ter, nas suas fileiras, quem implemente uma política errada. Mas o Diretório Nacional do Partido não é câmara de compensação bancária, que fica sopesando débitos e créditos das tendências. É uma instância dirigente, que precisa decidir o que é melhor para todo o Partido. Por isso, a questão é: alianças com bolsonaristas são úteis para o PT? São indiferentes? São negativas?

Quaquá sabe muito bem que o problema é esse. Tanto é que escreve, de forma audaciosa, que “Waguinho não é bolsonarista. Muito menos é de esquerda. Doutor Tancredo disse uma vez, perguntado se o PSD era comunista como Jango ou racionario como Magalhaes Pinto e Carlos Lacerda, ele respondeu: “Meu filho, entre a Bíblia e O Capital, o PSD fica com o Diário Oficial”. Não entender esse caráter histórico de uma parcela da política e dos políticos brasileiros é se abster de disputar a maioria e ficar preso aos 30% da esquerda. É deixar que nossos adversários da direita e do fascismo os atraia, rompendo as relações com o mundo e a vida real”.

Eu não sei exatamente quais são os critérios que Quaquá utiliza para definir o que é um “bolsonarista”. Mas os critérios que estão na política de alianças aprovada pela direção nacional do PT incluem o seguinte: “Nas situações em que o PT não encabeça a chapa e o candidato seja de um partido que não integre o espectro citado acima, somente serão permitidas alianças táticas e pontuais se autorizadas pelo Diretório Estadual, desde que candidato(a) tenha compromisso expresso com a oposição a Bolsonaro e suas políticas e não tenha práticas de hostilidade ao PT e aos presidentes Lula e Dilma”.

Waguinho se enquadra nesses critérios ou não?

Novamente, Quaquá sabe da verdade muito mais do que eu. Por isso, ele novamente troca de roupa no palco e, no parágrafo seguinte, afirma o que segue: “Tentar demonizar os adversários internos. Usar imagens e episódios pontuais como verdade. Atacar e difamar oponentes do mesmo campo nas redes é tática tão fascista como a dos bolsonaristas. Eu mesmo fui alvo de ofensas de pseudos militantes de esquerda até em postagem familiar do dia dos pais, em foto com meu neto e meu filho… Isso é prática de gente de esquerda? De gente que se diz libertaria? São práticas tão fascistas quanto as dos bolsonaristas!

Pronto: de promotor de uma aliança com bolsonaristas, ele vira vítima. E o assunto que importa – Waguinho se enquadra nos critérios aprovados? – fica para trás. Mas, como sabemos, Quaquá não tem  physique du rôle de vítima. E no parágrafo seguinte, ele espanca sem dó nem piedade: “Um anacrônico e caricatural dirigente de uma das correntes da pseudo esquerda petista me chamou de traidor e disse que não me chamaria de companheiro. Como se eu não fosse dormir por conta disso... Atitudes como deste personagem, que parece ter saído tardiamente de uma adaptação mal feita para o teatro nacional dos “10 anos que abalaram o mundo”, onde essa espécie de Peter Pan jacobino, vem incentivando sua minguada Ospália a agredir todos os que não usam seu nariz vermelho. Podia ser uma suástica…. Não se diferencia da empáfia dos filhos de Bolsonaro.”

Fico pensando nos motivos que levaram Quaquá a escolher, de todos os personagens possíveis, o simpático Peter Pan. Talvez ele não conheça a história, só as versões simplificadas (quem não tiver paciência de ler a respeito, recomendo pelo menos assistir a Finding Neverland, um filme de 2004 que tem Johnny Depp no papel principal).. Ou talvez a leitura de meus textos sobre a crise dos 40 (crise dos 40 do PT) tenham levado ele à analogia com um personagem conhecido por não querer envelhecer. Pode ser isto ou podem ser outros motivos, vai saber o que passa na cabeça das pessoas. Mas eu não posso deixar de pensar que foi um ato falho: quem acusa seu oponente de Peter Pan, pode estar querendo assumir o papel de Capitão Gancho.

Devaneios literários a parte, o melhor do texto de Quaquá está por vir: “Essas figuras minoritárias e sem importância na vida real eu entendo, como entendo o universo magico e lúdico das crianças. Mas ver ex-presidentes do PT assinando um manifesto sobre Belford Roxo? um ato dessa magnitude, da junção urgente e imoerativa de ex-presidentes, uns que até defenderam a expulsão de outros do partido,  só se explicaria se houvesse uma ameaça a história do PT. Será que a desejo de arrivismo com a atual presidência vale o ridículo? vale o apequenamento? Cheguei a brincar que a esquerda teve na história sua batalha contra o fascismo em momentos dramáticos e decisivos. Trotsky venceu os exércitos brancos e a sanha fascista (quando o termo ainda nem tinha sido cunhado historicamente) de restauração; Stalin venceu e derrotou os nazistas na Batalha de Stalingrado; Fidel expulsou os mercenários e agentes da Cia em Praia Girón. Nossos presidentes escolheram a Batalha de Belford Roxo…

Tanto Quaquá, quanto André Ceciliano, não pouparam ofensas contra os ex-presidentes nacionais do PT. Isso apesar de um deles ser tido e havido como um dos principais líderes e inspiradores da CNB. Fico pensando se alguém intelectualmente mais sério, frente a crítica dos seis, não teria se perguntado: “será que não estou fazendo algo errado?” Mas Quaquá parece não ter dúvidas. Pior: ainda insinua que a motivação da crítica dos ex-presidentes seria o “arrivismo com a atual presidência”. Vindo dele esta frase, só posso concluir que a triste verdade é que Quaquá não tem limites. E o que é ainda pior: ele não tem limites, não na batalha pela humanidade, não na batalha pelo Brasil, não na batalha pelo socialismo. Ele não tem limites na luta por uma aliança... com um bolsonarista.

Isto é que, no fundo, no fundo, mais me preocupa nesta coisa toda. Mais do que a aliança em si, que é um desastre, considero terrível que a maioria do Diretório Nacional tenha se dobrado a certas razões que é melhor a razão desconhecer. Já vi isso acontecer, outras vezes, na história recente do PT. Para citar dois casos em que estou pessoalmente envolvido, vi as pessoas defendendo Pallocci e defendendo Delcídio, contra todas as evidências. Vi no que deu. Todos vimos.

Mas voltemos a operação glosa. Nos parágrafos finais do seu texto, Quaquá diz o seguinte: 

A CNB precisa dirigir o PT e o PT dirigir o Brasil rumo a revolução democrática e popular. Não podemos ficar presos a um esquerdismo infantil. Temos vocação para a disputa do poder. Temos vocação para, ao ganhar governos, mudar a vida das pessoas concretas. De um povo real que vive na total precariedade e, com nossos governos, passa a ter um mínimo de dignidade. Esse mínimo de dignidade possibilita que milhões consumam, comam, morem, estudem, acreditem em si próprios, deem passos rumo a dignidade humana. Primeira etapa de uma luta por emancipação”.

Quem sonha, vive e atua em favor de uma revolução sem povo, construída nas nuvens e na sua teoria pura, pode não querer se embrenhar no mato e pisar na lama das periferias, da Baixada Fluminense, do Capão Redondo ou de qualquer periferia desse país, onde o povo sofre e a vida é torta. Quem quer uma revolução democrática e popular atua na realidade. identifica no território os adversários principais e os aliados circunstanciais.  Fortalece sua organização e sua militância. Prepara as vitorias futuras e atrai aliados para isso”.

Quaquá saiu do esquerdismo, mudou de política, mas a fé missionária típica do esquerdismo não saiu dele. Especialmente nesses dois parágrafos, Quaquá aparece tomado da fúria verbal dos que se acreditam o último biscoito do pacote. Ele parece mesmo acreditar que sabe tudo e conhece tudo acerca do povo, enquanto os demais não sabem de nada e não conhecem nada. Digamos que ele saiba muito, mas nem por isso ele está certo em propor a aliança que propôs. Lembremos, por outro lado, que a lista dos que se opuseram a ele não é composta por pessoas que não têm experiência e serviços prestados à causa do povo, pelo contrário. Isso não dá a estas pessoas a condição de acertar sempre; mas seria recomendável pelo menos escutar a crítica delas.

Mas Quaquá não está nem aí. Segundo ele diz no parágrafo final de seu texto, “nós queremos construir desde já a vitória do Lula ou do Haddad em 2022. Não podemos perder tempo com lutas intestinas e com a transformação do secundário em principal. Transformar Belford Roxo na sua batalha pessoal de Stalingrado é além de obtusidade, má fé e falsificação histórica. A CNB precisa dar rumo a essa náu do PT. Caso contrário esses marinheiros de video-game da pseudo esquerda petista vão nos fazer ficar parados no porto, à deriva, uma espécie de deriva da inércia, sem sequer ter saído no mar pra navegar. Afundaremos parados no cais. Se os lusitanos a quem tanto acusam pelos males nacionais tem algo a ensinar é que “Navegar é preciso!

Pois é, dizem os estudiosos que antes de lusitana, a frase é romana: Navigare necesse, vivere non est necesse. Mas, de fato, ela ganhou fama moderna com um genial lusitano. Nos dois casos, a frase completa sempre incluía um “viver não é preciso”. Seja como for, Quaquá sabe escolher, pois há toda uma polêmica exatamente sobre a relação entre o poeta e o salazarismo, embora nesta polêmica ninguém chame ninguém de “malandro”. De um dos textos desta polêmica, eu saco uma citação de algum heterônimo, citação que me parece conforme o espírito deste debate, pois versa sobre os efeitos supostamente positivos de certas opções: “A obra principal do fascismo é o aperfeiçoamento e organização do sistema ferroviário. Os comboios agora andam bem e chegam sempre à tabela. Por exemplo, você vive em Milão; seu pai vive em Roma. Os fascistas matam seu pai mas você tem a certeza que, metendo-se no comboio, chega a tempo para o enterro”.

(não revisado, pode conter erros)

 


Roteiro (não corrigido) da aula sobre a Internacional Comunista

Boa noite a todos.

Boa noite a todas.

Boa noite a quem nos acompanha aqui na sala zoom.

Boa noite a quem nos assiste online.

Cumprimento, também, a quem venha assistir este curso em outro momento.

Meu nome é Valter Pomar.

Sou professor de relações internacionais na Universidade Federal do ABC.

E integro a equipe de professores voluntários da Escola Latinoamericana de História e Política.

Neste momento damos CONTINUIDADE A MAIS UM CURSO DA ELahp, NESTE CASO INTITULADO “TROTSKY e STALIN: polêmicas sobre a luta pelo socialismo na URSS e no mundo”.

Como vocês sabem, a programação do curso “TROTSKY e STALIN: polêmicas sobre a luta pelo socialismo na URSS e no mundo” inclui 12 aulas, sempre começando as 21h e terminando as 23h.

As aulas oferecidas até agora foram:

1/uma aula introdutória

2/uma aula sobre Trotsky, vida e obra 

3/uma aula sobre Stálin, vida e obra 

4/uma aula sobre a revolução permanente, 

5/uma aula sobre o socialismo em um só país

Hoje, nesta sexta aula, falaremos de A história da Terceira Internacional. As polêmicas sobre a revolução alemã, sobre revolução chinesa e a guerra civil espanhola. 

*

Trotski e Stálin foram socialdemocratas até 1918, embora militando em “frações” diferentes do movimento.

A palavra “fração” era utilizada na época, mas na prática, em 1917, a fração bolchevique e a fração menchevique eram dois partidos diferentes, originados de uma cisão ocorrida ao término do congresso do POSDR em 1903.

Trotsky foi inicialmente menchevique, depois passou a atuar num grupo próprio; Stálin entra na fração/partido bolchevique pouco depois da cisão de 1903.

Em agosto de 1917, Trotsky ingressou na fração bolchevique.

E, em 1918, de 6 a 8 de março, acontece o VII Congresso do POSDR, que muda o nome do partido, de Partido Operário Social Democrata Russo (bolchevique) para Partido Comunista Russo (bolchevique).

As explicações dadas por Lênin, nesse momento, foram de dois tipos: a política e a científica.

A política: a traição da socialdemocracia em 1914 havia contaminado o termo “socialdemocrata”.

A científica: deixar claro o objetivo final, o de uma sociedade comunista, sendo o socialismo a etapa de transição entre o capitalismo e o comunismo.

A resolução oficial está aqui, na página 340: https://www.marxists.org/espanol/lenin/obras/oe3/lenin-obras-2-3.pdf

Grande parte das polêmicas diretas entre Stalin e Trotsky se deram no período em que ambos eram comunistas.

Trotsky foi expulso do Partido Comunista e depois forçado ao exílio, mas isso nunca o levou a considerar a si próprio um ex-comunista. Ao contrário, ele passará o período entre 1927 e 1940 (quando foi assassinado) se considerando o protetor e continuador do que ele considerava o legado legítimo da tradição comunista, mais especificamente o leninismo e o bolchevismo, contra o que ele considerava uma degeneração, o stalinismo.

Ver a citação feita por Alain Bossat, no livro Em los origenes de la revolucion permanente. El pensamento político del joven Trotsky: “Não posso dizer que meu trabalho tenha sido “insubstituível”, inclusive no que diz respeito ao período 1917-1921. [Lenin bastava ou teria bastado, para essa tarefa.] Enquanto o que eu faço agora é, em todos os sentidos da palavra, “insubstituível”. Não existe a menor vaidade nesta afirmação (...) Dotar a nova geração de um método revolucionário, por cima dos chefes da II ou da III Internacional, é uma tarefa para a qual não há, salvo eu, homem capaz de cumpri-la (...) Necessito todavia pelo menos cinco anos de trabalho ininterrupto para garantir a transmissão da herança” (Diário do exílio, 1936).

Stálin morreu em 1953. Durante o período 1927 e 1953, embora tenha enfrentado todo tipo de situações e inimigos, Stálin (e os que se consideravam seguidores dele) sempre tiveram um, digamos, carinho especial por Trotsky. E o apresentavam como a síntese das correntes que, originadas do movimento socialista e comunista, o teriam abandonado e traído.

Parte importante das polêmicas entre Trotsky e Stalin dizia respeito aos caminhos da construção do socialismo na Rússia e depois na URSS.

Mas, como é óbvio, estas polêmicas se entrelaçavam com outras, que diziam respeito aos caminhos da luta pelo socialismo no mundo: a situação do capitalismo mundial, o papel do Estado Soviético frente aos conflitos internacionais, o papel da Internacional Comunista, o caminho da revolução em diversos países e regiões do mundo, as relações recíprocas entre estes fatores.

Estas polêmicas tinham como pano de fundo uma certa interpretação acerca do capitalismo que se construiu ao longo da grande crise sistêmica ocorrida na primeira metade do século XX, crise que teve seu pico entre 1914 e 1945. 

Paradoxalmente, acerca desta questão havia mais pontos de contatos do que divergências entre Stalin e Trotsky. Ainda que tirassem conclusões diferentes disto, ambos compartilhavam uma análise que exagerava ou maximizava as contradições do capitalismo e a suposta impossibilidade do capitalismo se estabilizar de maneira mais duradoura.

Nesta aula vou tomar como ponto de observação, ou como fio da meada, a história da Internacional Comunista, também conhecida como III Internacional.

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A Internacional Comunista foi fundada em março de 1919.

Vejamos o que diz o Discurso de Lenin na Abertura do que se transformou no 1º Congresso da Internacional Comunista, no dia 3 de março de 1919.

“Por encargo do Comitê Central do Partido Comunista de Rússia declaro inaugurado o primeiro Congresso Comunista Internacional. Antes de tudo, rogo a todos os pressentes a honrar a memória dos melhores representantes da III Internacional, de Karl Liebknecht e Rosa Luxemburgo, fiquemos de pé”.

[ambos haviam sido assassinados por milícias direitistas, no dia 15 de janeiro de 1919, com a cumplicidade ativa da cúpula do Partido Socialdemocrata alemão]

“Camaradas: Nossa assembléia reviste grande alcance histórico-universal. Demonstra o fracasso de todas as ilusões da democracia burguesa. Pois a guerra civil é um feito não somente na Rússia, mas sim nos países capitalistas da Europa mais desenvolvidos, como a Alemanha, por exemplo”.

“A burguesia tem um medo extremo ao crescente movimento revolucionário do proletariado. Isso se compreenderá se temos pressente que o curso dos acontecimentos, depois de a guerra imperialista, conduz inevitavelmente ao movimento revolucionário do proletariado, que a revolução mundial começa e cobra forças em todos os países”.

“O povo se da conta da magnitude e alcance da sua luta travada em nossos dias. Só falta encontrar a forma prática que permita ao proletariado exercer seu domínio. Uma forma assim é o sistema soviético com a ditadura do proletariado. A ditadura do proletariado! Palavras essas que soaram em latim para as massas. Perante a propagação do sistema de soviets por todo o mundo, este latim foi traduzido para todas as línguas modernas; as massas operárias deram a forma prática da ditadura. As grandes massas operárias a compreendem graças ao poder soviético instalado na Rússia, graças aos espartaquistas da Alemanha e as diversas organizações de outros países, como os Shop Stewards Committees na Inglaterra, por exemplo. Tudo isso demonstra que foi encontrada a forma revolucionária da ditadura do proletariado, que o proletariado já está em condições de aplicar na prática seu domínio”.

“Camaradas: Creio que depois dos sucessos da Rússia e depois da luta de Janeiro na Alemanha é de singular importância assinalar que também em outros países se abre caminho à vida e adquire domínio a novíssima forma do movimento do proletariado. Hoje, por exemplo, li em um jornal anti-socialista um comunicado telegráfico sobre o fato de o governo inglês ter concedido audiência ao soviet de deputados operários de Birmingham e expressou sua disposição a reconhecer os soviets como organizações econômicas. O sistema soviético venceu no solo da atrasada Rússia, senão na Alemanha, o país mais desenvolvido na Europa, assim como na Inglaterra, o país capitalista mais velho. A burguesia segue cometendo atrocidades, assassinam aos milhares os operários. A vitória será nossa, a vitória da revolução comunista mundial é certa”.

“Camaradas: Os saúdo cordialmente em nome do Comitê Central do Partido Comunista da Rússia, proponho que passamos para a eleição da presidência. Peço a sugestão de nomes”.

A “RESOLUCIÓN SOBRE LA CREACIÓN DE LA INTERNACIONAL COMUNISTA” afirma o seguinte:

"Los representantes del Partido Comunista de la Austria alemana, del Partido socialdemócrata de izquierda de Suecia, de la Federación obrera revolucionaria socialdemócrata de los Balcanes, del Partido Comunista de Hungría, proponen la creación de la Internacional Comunista.

1. La necesidad de la lucha por la dictadura del proletariado exige la organización uniforme, común e internacional de todos los elementos comunistas que piensan de un mismo modo.

2. Esta creación es un deber tanto más imperioso si se tiene en cuenta que actualmente se intenta en Berna y quizás se haga lo mismo en otras partes, restablecer la antigua Internacional oportunista y reunir a todos los elementos confusos y vacilantes del proletariado. Por eso es preciso establecer una neta separación entre los elementos revolucionarios proletarios y los elementos social-traidores. 

[a referência a Berna: uma de várias reuniões ocorridas no período, em que os partidos integrantes da Internacional socialdemocrata buscaram reconstituir a organização, que havia ficado congelada durante a guerra de 1914-1918]

3. Si la III Internacional no fuese creada por la Conferencia con sede en Moscú, eso daría la impresión de que los Partidos comunistas están en desacuerdo, lo que debilitaría nuestra situación y aumentaría la confusión entre los elementos indecisos del proletariado de todos los países.

4. La constitución de la III Internacional es, por lo tanto, un deber histórico absoluto, y la Conferencia comunista internacional con sede en Moscú debe hacerla realidad."

Esta resolución fue adoptada por unanimidad con excepción de cinco abstenciones (delegación alemana).

[os comunistas alemães consideram prematuro criar a IC pelos seguintes motivos: 1/temor da hegemonia russa sobre a nova organização 2/temor da tentativa de universalizar o “modelo” russo 3/necessidade de criar mais partidos antes de criar a IC 4/necessidade de disputar outros setores da socialdemocracia, a partir de dentro 5/necessidade de disputar as massas, a partir das organizações que elas já conhecem 6/além disso, há diferentes leituras sobre a dinâmica real do processo. Lenin tem, digamos, “pressa”. Ver trechos em vermelho da PLATAFORMA]

A DECISIÓN se adota em 4 de marzo de 1919.

Todos los partidos, todas las organizaciones y los grupos conservan el derecho, durante ocho meses, de adherir definitivamente a la III Internacional.

A plataforma adotada pelo congresso diz o seguinte:

Las contradicciones que el sistema capitalista mundial alberga en su propio seno se manifestaron con terrible violencia en una enorme explosión: la gran guerra imperialista mundial.

El capitalismo intentó superar su propia anarquía organizando la producción. En lugar de numerosas empresas compitiendo entre sí se constituyeron poderosas asociaciones capitalistas (sindicatos, consorcios y trusts), el capital bancario se asoció con el capital industrial, toda la vida económica pasó a ser dominada por la oligarquía financiera capitalista que, a través del organigrama basado en semejante poder, alcanzó la autoridad absoluta. En lugar de la libre competencia surge el monopolio. El capitalista individual se hace miembro de asociaciones capitalistas. A la insensata anarquía se la sustituye con la organización.

Pero en la misma medida en que en los distintos países la anarquía es sustituida por la organización capitalista, los contrastes, las luchas de competencia y el desorden crónico se hacen sentir en la economía mundial de modo cada vez más agudo. La lucha entre los mayores estados saqueadores organizados, condujo necesaria e ineluctablemente a la monstruosa guerra capitalista mundial. La avaricia de beneficios arrastró al capitalismo mundial a la lucha por la conquista de nuevos mercados como válvula de escape, a la conquista de nuevas esferas de acción del capital, de nuevas fuentes de materias primas, de mano de obra a bajo coste suministrada por los esclavos de las colonias. Los estados imperialistas que se habían repartido el mundo entero, y que habían transformado en bestias de carga a muchos millones de proletarios y campesinos africanos, asiáticos, australianos y americanos, tenían que mostrar tarde o temprano en un gigantesco conflicto la verdadera naturaleza anárquica del capital. Y así se llegó al más grande de los crímenes: la piratería de la guerra mundial.

El capitalismo se esforzó también por superar las contradicciones de su estructura social. La sociedad burguesa es una sociedad de clase. El capital de los mayores estados “civiles” se había propuesto ocultar las contradicciones sociales. A costa de las colonias que venía depredando, el capital corrompió a los propios esclavos asalariados, llegando así a crear una comunidad de intereses entre explotadores y explotados en contraste con los intereses de las colonias oprimidas, de los pueblos coloniales amarillos, negros o rojos, y encadenó los obreros europeos y americanos a la “patria” imperialista.

Pero este mismo método de continua corrupción, que ha generado el patriotismo de la clase obrera y su servilismo moral, ha generado también, por obra de la guerra, su antítesis. Anulación física, sometimiento total del proletariado, opresión monstruosa, empobrecimiento y degeneración, hambre en el mundo entero: este es el precio final de la paz burguesa. Y por eso esta paz se ha quebrantado. La guerra imperialista se ha transformado en guerra civil.

¡La nueva época ha nacido! Es la época de la disgregación del capitalismo, de su disolución interna, la época de la revolución comunista del proletariado. El sistema imperialista se desmorona. Inestabilidad en las colonias, inestabilidad en las pequeñas naciones antes sometidas, insurrección del proletariado, victoriosas revoluciones proletarias en varios países, disgregación de los ejércitos imperialistas, y total incapacidad de las clases dirigentes para dirigir el destino de los pueblos: este es el cuadro de la situación actual en el mundo entero. Sobre la humanidad, cuya civilización ha sido abatida, se cierne la amenaza de una destrucción total. Sólo una fuerza puede salvarla, y esta fuerza es el proletariado. El antiguo “orden” capitalista ya no existe, no puede seguir existiendo. El resultado final del proceso productivo capitalista es el caos, y este caos puede ser superado solamente por la clase productora más grande: la clase obrera. Ésta tiene el cometido de crear el verdadero orden – el orden comunista – de aplastar el dominio del capital, de hacer que las guerras sean imposibles, de eliminar las fronteras de los Estados, de transformar el mundo en una comunidad que trabaje para sí misma, de llevar a cabo la fraternidad y la emancipación de los pueblos.

Contra un programa tal, el capital mundial prepara sus armas para la lucha final. Bajo el manto de la Sociedad de las Naciones y de una profusión de palabras pacifistas, el capital se afana en el último esfuerzo por recomponer las partes disgregadas del sistema capitalista y por dirigir sus fuerzas contra la ascendiente revolución proletaria.

Contra el monstruoso complot de las clases capitalistas, el proletariado debe responder con la conquista del poder político, usar este poder contra las clases enemigas y ponerlo en acción como palanca para la transformación económica. La victoria definitiva del proletariado mundial equivale al principio de la verdadera historia de la humanidad liberada.

I.

LA CONQUISTA DEL PODER

La conquista del poder político por parte del proletariado significa destruir completamente el poder político de la burguesía. El instrumento de gobierno más potente de la burguesía está constituido por el aparato estatal, con su ejército capitalista bajo el mando de oficiales burgueses o de la nobleza, con sus distintos cuerpos de policía, de carceleros, de jueces, de curas, de cargos administrativos, etc. La conquista del poder político no puede significar solamente un cambio de personas en los ministerios, sino que debe significar aniquilación de un aparato estatal enemigo, la conquista de las palancas efectivas, el desarme de la burguesía, de los oficiales contrarrevolucionarios, de la guardia blanca, armar a los proletarios, a los soldados revolucionarios y a la guardia roja obrera; el alejamiento de todos los jueces burgueses y la organización de tribunales proletarios; la eliminación del dominio de la burocracia reaccionaria y la creación de nuevos órganos administrativos proletarios. La victoria del proletariado está en la desorganización del poder enemigo y en la organización del poder proletario; en la destrucción del aparato estatal burgués y en la construcción del aparato estatal proletario. Solamente cuando haya alcanzo la victoria y aplastado la resistencia de la burguesía, el proletariado podrá considerar a sus viejos adversarios en la condición de servidores útiles para el nuevo orden, poniéndoles bajo control y ganándoles gradualmente para la obra constructiva del comunismo.

II.

DEMOCRACIA Y DICTADURA

El estado proletario es – como todo estado – un aparato de coacción, pero dirigido contra los enemigos de la clase obrera. Su objetivo es el de aplastar e inutilizar la resistencia de los explotadores, los cuales en su lucha desesperada hacen uso de cualquier medio para sofocar con sangre la revolución. La dictadura del proletariado, que reconoce que coloca a este último en una posición preeminente en la sociedad, es por otra parte una institución transitoria.

En la medida en que la resistencia sea vencida, la burguesía será expropiada y pasará a formar parte de la masa trabajadora, la dictadura del proletariado desaparecerá, el Estado se extinguirá y con él también las clases sociales.

La llamada democracia, o sea, la democracia burguesa, no es más que la dictadura burguesa disfrazada. La usual “voluntad popular”, tan alabada, es inexistente, como inexistente es también la unidad del pueblo. En realidad existen clases con voluntades opuestas e inconciliables. Por ser la burguesía una pequeña minoría se vale de esta ficción, de esta falsa etiqueta de la “voluntad popular” para consolidar, con ayuda de esta bella definición, su dominio sobre la clase obrera e imponerle su voluntad de clase. Por el contrario, el proletariado, que constituye la enorme mayoría de la población, aplica abiertamente la fuerza de clase de sus organizaciones de masa, de sus soviets, para eliminar los privilegios de la burguesía y allanar el camino hacia la sociedad comunista sin clases.

La esencia de la democracia burguesa está en un reconocimiento puramente formal de los derechos y las libertades, que sin embargo, son inaccesibles a la población trabajadora, a los proletarios y semiproletarios que no disponen de medios materiales, mientras que la burguesía puede usar sus recursos materiales, su prensa y sus organizaciones para timar al pueblo y engañarlo. Por el contrario, el sistema de soviets – esta nueva forma de poder estatal – da al proletariado la posibilidad de realizar sus derechos y su libertad. El poder de los soviets pone a disposición del pueblo los mejores edificios, las casas, las imprentas, las reservas de papel, etc., para la prensa, sus reuniones y sus círculos. Sólo así se hace verdaderamente posible la democracia proletaria.

La democracia burguesa, con su sistema parlamentario, embauca con la palabra a las masas para hacerlas creer que son partícipes en la administración del Estado. En realidad a las masas y sus organizaciones se las mantiene totalmente fuera del verdadero poder y de la administración del Estado. En el sistema de soviets gobiernan las organizaciones de masas y, a través de ellas, las masas mismas, puesto que los soviets llaman a la administración del Estado a una cantidad cada vez mayor de obreros: sólo así toda la población obrera podrá ser llamada poco a poco a participar efectivamente en el gobierno del Estado. El sistema de soviets se apoya por tanto en la organización de las masas proletarias, representadas por los soviets mismos, por los sindicatos revolucionarios, por las cooperativas, etc..

La democracia burguesa y el sistema parlamentario, con la distinción entre el poder legislativo y el poder ejecutivo, y con la irrevocabilidad de las decisiones parlamentarias, agudizan la escisión entre las masas y el Estado. Por el contrario, el sistema de los soviets, con el derecho de revocación, con la unión de los poderes legislativo y ejecutivo, con los soviets entendidos como colectividad de trabajo, liga las masas a los órganos administrativos. Esta unión es reforzada por el hecho de que en el sistema de los soviets las elecciones no se hacen en base a artificiosas divisiones territoriales, sino en base a las unidades de producción. El sistema de soviets realiza por tanto la verdadera democracia proletaria, una democracia que se convierte en instrumento del proletariado y por ello constituye la fuerza interior contra la burguesía. En tal sistema es preferible confiar al proletariado industrial, por su mejor organización y madurez política, el papel de clase dirigente, con cuya hegemonía los semiproletarios y los pequeños campesinos tienen la posibilidad de elevarse progresivamente. La momentánea situación ventajosa del proletariado industrial debe ser utilizada para quitar a las masas más pobres la influencia de la pequeña burguesía campesina, de los terratenientes y de la burguesía, y organizarlas y enseñarlas para que colaboren en la construcción del comunismo.

III.

LA EXPROPIACIÓN DE LA BURGUESÍA Y LA SOCIALIZACIÓN DE LOS MEDIOS DE PRODUCCIÓN

El desmoronamiento del orden capitalista y de la disciplina capitalista del trabajo hacen imposible, dada las relaciones que existen entren las clases, la reanudación de la producción sobre las antiguas bases. Las luchas de los obreros por la subida de los salarios no conllevan – aun en caso de conseguirlo – el esperado mejoramiento de las condiciones de vida, ya que el inmediato aumento del coste de los bienes de consumo hace ilusoria cualquier consecución. El nivel de vida de los obreros puede elevarse solamente cuando el proletariado mismo – y no la burguesía – gobierna la producción. La enérgica lucha de los obreros por el aumento de los salarios, en todos los países en los que la situación se muestra abiertamente sin salida, hace imposible, con su ímpetu elemental y su tendencia a la generalización, ulteriores progresos de la producción capitalista. Para potenciar la fuerzas productivas de la economía, para acabar lo antes posible con la resistencia de la burguesía, que prolonga la agonía de la vieja sociedad, generando así el peligro de una ruina total de la vida económica, la dictadura proletaria debe poner en practica la expropiación de la gran burguesía y la clase feudal, y hacer que los medios de producción e intercambio se conviertan en propiedad colectiva del Estado proletario.

En la época actual el comunismo ha de nacer de las ruinas del capitalismo, la historia no deja otra salida a la humanidad. Los oportunistas que proceden con la utópica reivindicación del resurgimiento de la economía capitalista por no aceptar la socialización, no hacen más que retrasar la solución del problema y suscitan el peligro de una ruina total; la revolución comunista, en cambio, es el mejor y único medio para conservar la fuerza productiva más importante de la sociedad – el proletariado – y con él la sociedad misma.

La dictadura proletaria no comporta en absoluto división alguna de los medios de producción e intercambio; por el contrario su meta consiste en la organización de la producción en el marco de un plan unitario. 

(COMENTÁRIO WP: O que, em si, indicava o atraso do próprio desenvolvimento capitalista).

Los primeros pasos hacia la socialización de toda la economía exigen: la socialización del conjunto de grandes bancos, que actualmente dirigen la producción; la toma de posesión por parte del poder proletario de todos los órganos del Estado capitalista que rigen la vida económica; la toma de posesión de todas las empresas municipalizadas; la socialización de los sectores productivos monopolistas y asociados en trust y la socialización de todos aquellas ramas de la industria cuyo nivel de concentración y centralización del capital lo hace técnicamente posible; la socialización de las propiedades agrarias y su transformación en empresas agrícolas dirigidas por la sociedad.

Por lo que respecta a las empresas de menor dimensión, el proletariado debe socializarlas gradualmente, según su importancia. 

(Comentário WP: Em outras palavras, o desenvolvimento tecnológico do capitalismo ainda não chegara a um nível que permitisse a concentração e centralização do capital. Portanto....)

En este punto es necesario poner de relieve que la pequeña propiedad no será de hecho expropiada y que los propietarios que no explotan el trabajo de otros no deben ser sometidos a ninguna medida coercitiva. Este estrato social será gradualmente integrado en la organización socialista con el ejemplo y la práctica, que demuestran la superioridad del nuevo orden, orden que liberará a la clase de los pequeños campesinos y la pequeña burguesía urbana de la presión económica del capital usurario y la nobleza, así como de los impuestos (principalmente con la anulación de la deuda del Estado, etc.).

La función de la dictadura proletaria en el ámbito económico, puede ser llevada a cabo sólo en la medida en que el proletariado sea capaz de crear órganos centralizados de dirección de la producción y hacer que la administración se haga por parte de los obreros. Para ello el proletariado debe aprovechar necesariamente sus organizaciones de masa que están más estrechamente ligadas al proceso productivo.

En cuanto a la distribución, la dictadura proletaria debe sustituir el comercio por un justo reparto de productos, las medidas útiles para conseguir este objetivo son: la socialización de las grandes empresas comerciales; la toma de posesión por parte del proletariado de todos los órganos de distribución burgueses, estatales y municipales; el control sobre las grandes cooperativas de consumo, cuya organización tendrá todavía una gran importancia económica en el período de transición; la progresiva centralización de todos estos organismos y su transformación en un cuerpo único que gobierne la racional distribución de los productos. 

(Comentário WP: Ou seja, a substituição da concorrência capitalista, impulsionadora do desenvolvimento técnico e do barateamento dos bens de consumo, por um sistema estatizado. A experiência histórica mostrou que não dá certo.)

En el ámbito de la producción, así como en el de la distribución, es necesario servirse de todos los técnicos y especialistas cualificados, en cuanto sea vencida su resistencia política y estén en condiciones de servir no al capitalismo, sino al nuevo sistema de producción. El proletariado no les oprimirá, incluso será el primero que les dé la posibilidad de desarrollar la más intensa actividad creadora. La dictadura proletaria sustituirá la separación entre trabajo físico e intelectual, generada por el capitalismo, por la colaboración entre ambos, realizando así la unión del trabajo y la ciencia. 

(Comentário WP: Ou seja, a disputa econômica e social é substituída pela colaboração, embora o desenvolvimento técnico ainda não tenha solucionado o atendimento a todas as necessidades sociais.)

Con la expropiación de las fábricas, de las minas, las propiedades, etc., el proletariado debe también abolir la explotación de la población por parte de los capitalistas propietarios de inmuebles, transferir los grandes edificios de viviendas a los soviets obreros locales, alojar a la población obrera en las casas burguesas, etc...

Durante este período de profunda transformación el poder de los soviets debe, por un lado, construir todo un aparato administrativo cada vez más centralizado, y por otro lado, llamar a su directa administración a capas cada vez más amplias de la población obrera. 

(Comentário WP: A relação contraditória entre a centralização e a democratização administrativa se mostrou muito mais complicada do que o desejo).

IV.

EL CAMINO A LA VICTORIA

La época revolucionaria exige del proletariado el uso de sistemas de lucha capaces de concentrar toda su energía, como es la acción de masas, hasta su extrema y lógica consecuencia: el choque directo, la guerra declarada contra la máquina estatal. A este objetivo deben estar subordinados todos los otros métodos, por ejemplo la utilización revolucionaria del parlamentarismo burgués.

[Orientação geral para os comunistas se separarem dos demais]

Las premisas necesarias para la victoria en esta lucha no es sólo la ruptura con los lacayos directos del capital y con los verdugos de la revolución comunista, cuyo papel ha sido asumido actualmente por los socialdemócratas de derecha, sino también la ruptura con el “centro” (grupo de Kautsky), que en el momento crítico abandona al proletariado para coquetear con sus enemigos declarados. Por otra parte es necesario realizar un bloque con aquellos elementos del movimiento obrero revolucionario que, aunque no pertenecieran con anterioridad al partido socialista, están actualmente en todo y para todo sobre el terreno de la dictadura proletaria bajo la forma de poder de los soviets, es decir por ejemplo con los elementos próximos al sindicalismo.

El ascenso del movimiento revolucionario en todos los países, el peligro para esta revolución de ser sofocada por la alianza de los Estados capitalistas, las tentativas de los partidos traidores al socialismo de unirse entre ellos (formación de la Internacional amarilla en Berna) para prestar sus servicios a la liga de Wilson; en conclusión la absoluta necesidad para el proletariado de coordinar sus esfuerzos, por todo ello se debe llegar a la fundación de una Internacional comunista verdaderamente revolucionaria y verdaderamente proletaria.

Al subordinar los llamados intereses nacionales a los de la revolución mundial, la Internacional pondrá en práctica la ayuda recíproca entre los proletarios de los distintos países, ya que sin esta ayuda, económica y de otra naturaleza, el proletariado no estará en disposición de organizar una sociedad nueva. Por otra parte, en oposición a la Internacional socialpatriota amarilla, el comunismo proletario internacional apoyará a los pueblos explotados de las colonias en su lucha contra el imperialismo, para favorecer la caída definitiva del sistema imperialista mundial.

Los bandidos del capitalismo afirmaban, al inicio de la guerra, limitarse a defender la respectiva patria. Pero el imperialismo alemán mostró muy pronto su verdadera naturaleza rapaz con sanguinosas fechorías en Rusia, Ucrania y Finlandia. A su vez, las potencias de la Triple Entente se revelan, ahora ya también a los ojos de las capas más atrasadas de la población, como piratas dispuestos a saquear el mundo entero y como asesinos del proletariado. Junto a la burguesía alemana y a los socialpatriotas, con frases hipócritas de paz en la boca, intentan sofocar con sus maquinarias bélicas y sus tropas coloniales bárbaras y estupidizadas, la revolución del proletariado europeo. Indescriptible ha sido el terror blanco de los caníbales burgueses. Innumerables han sido las victimas de la clase obrera, que ha perdido sus mejores representantes: Karl Liebknecht y Rosa Luxemburgo.

¡El proletariado debe defenderse a toda costa! La Internacional comunista llama al proletariado del mundo entero a esta lucha extrema. ¡Arma contra arma! ¡Fuerza contra fuerza!

¡Abajo el complot imperialista del capital!

¡Viva la república internacional de los soviets proletarios!


O congresso adota outras resoluções:

RESOLUCIÓN SOBRE EL TERROR BLANCO

http://ciml.250x.com/archive/comintern/spanish/1_congreso_1919_resolucion_sobre_el_terror_blanco_spanish.html

Sobre a conferência de Berna, é uma resolução interessante porque traz uma avaliação sobre o debate da guerra travado na Segunda internacional.

http://ciml.250x.com/archive/comintern/spanish/1_congreso_1919_resolucion_sobre_la_conferencia_de_berna_spanish.html

La Internacional Comunista

1er Congreso, 2 marzo de 1919

RESOLUCIÓN

SOBRE LA POSICIÓN RESPECTO

A LAS CORRIENTES SOCIALISTAS

Y LA CONFERENCIA DE BERNA

 Ya en 1907, en el Congreso internacional socialista de Stuttgart, cuando la II Internacional abordó el problema de la política colonial y de las guerras imperialistas, se comprobó que la mayoría de la II Internacional y de sus dirigentes estaban, con respecto a esos problemas, mucho más cerca de los puntos de vista de la burguesía que del punto de vista comunista de Marx y Engels.

Pese a ello, el Congreso de Stuttgart adoptó una enmienda propuesta por los representantes del ala revolucionaria, Lenin y Rosa Luxemburg, concebida en los siguientes términos:

"Si pese a todo estalla una guerra, los socialistas tienen el deber de actuar para ponerle rápidamente fin y de utilizar por todos los medios la crisis económica y política provocada por la guerra para despertar al pueblo y obtener así el derrumbe de la dominación capitalista.

En el Congreso de Basilea de noviembre de 1912, convocado en momentos de la guerra de los Balcanes, la II Internacional declaró:

"Que los gobiernos burgueses no olviden que la guerra franco-alemana dio origen a la insurrección revolucionaria de la Comuna, y que la guerra ruso-japonesa puso en movimiento a las fuerzas revolucionarias rusas. A los ojos de los proletarios, el matarse entre sí para beneficio del predominio capitalista, de la rivalidad dinástica y del auge de los tratados diplomáticas, constituye un crimen."

A fines de julio y comienzos de agosto de 1914, 24 horas antes del comienzo de la guerra mundial, los organismos e instituciones competentes de la II Internacional continuaron todavía condenando la guerra que se aproximaba, como al más grande crimen de la burguesía. Las declaraciones referidas a esos días y emanadas de los partidos dirigentes de la Segunda Internacional constituyen el acta de acusación más elocuente contra los dirigentes de la II Internacional.

Desde el primer ruido de cañón que sonó en los campos de la carnicería imperialista, los principales partidos de la II Internacional traicionaron a la clase obrera y se ubicaron, con el pretexto de la "defensa nacional", al lado de "su" burguesía. Scheidemann y Ebert en Alemania, Thomas y Remaudel en Francia, Henderson e Hyndman en Inglaterra, Vandervelde y De Brouckere en Bélgica, Renner y Pernerstorfer en Austria, Plejanov y Roubanovitch en Rusia, Branting y su partido en Suecia, Gompers y sus camaradas de ideas en América, Mussolini y Cía. en Italia, exhortaron al proletariado a una "tregua" con la burguesía de "su" país, a renunciar a la guerra contra la guerra, y en los hechos a convertirse en carne de cañón para los imperialistas.

Fue en ese momento cuando la II Internacional entró en bancarrota y naufragó. Gracias al desarrollo económico general, la burguesía de los países más ricos, por medio de pequeñas limosnas sacadas de sus inmensas ganancias, tuvo la posibilidad de corromper y de seducir a la dirección de la clase obrera, a la aristocracia obrera. Los "compañeros de lucha" pequeñoburgueses del socialismo afluyeron a las filas de los partidos socialdemócratas oficiales y orientaron poco a poco a éstos de acuerdo con los fines de la burguesía. Los dirigentes del movimiento obrero parlamentario y pacífico, los dirigentes sindicales, los secretarios, redactores y empleados de la socialdemocracia, formaron toda una casta de una burocracia obrera que tenía sus propios intereses de grupo egoístas y que fue en realidad hostil al socialismo.

Gracias a todas esas circunstancias, la socialdemocracia oficial degeneró en un partido antisocialista y chauvinista.

Ya en el seno de la II Internacional se revelaron tres tendencias fundamentales. En el curso de la guerra y hasta comienzos de la revolución proletaria en Europa los contornos de estas tres tendencias se esbozaron con toda nitidez:

1) La tendencia social-chauvinista (tendencia de la "mayoría"), cuyos representantes más típicos son los socialdemócratas alemanes que comparten ahora el poder con la burguesía alemana y que se convirtieron en los asesinos de los jefes de la Internacional Comunista Karl Liebknecht y Rosa Luxemburg.

Los social-chauvinistas se han revelado en la actualidad como los enemigos de clase del proletariado y siguen el programa de "liquidación" de la guerra que la burguesía les ha dictado: hacer recaer la mayor parte de los impuestos sobre las masas trabajadoras, inviolabilidad de la propiedad privada, mantenimiento del ejército en manos de la burguesía, disolución de los consejos obreros que surgen en todas partes, mantenimiento del poder político en manos de la burguesía. La "democracia" burguesa contra el socialismo.

Pese al rigor con el que los comunistas han luchado hasta ahora contra los "socialdemócratas de la mayoría", los obreros sin embargo aún no han reconocido todo el peligro que esos traidores entrañan para el proletariado internacional. Una de las tareas más importantes de la revolución proletaria internacional consiste en hacer comprender a los trabajadores la traición de los social-chauvinistas y neutralizar por la fuerza de las armas a ese partido contrarrevolucionario.

2) La tendencia centrista (socialpacifistas, kautskystas, independientes). Esta tendencia comenzó a formarse con anterioridad a la guerra, sobre todo en Alemania. A comienzos de la guerra, los principios generales del "Centro" coincidían casi siempre con los de los social-chauvinistas. Kautsky, el jefe teórico del "Centro", defendía la política seguida por los social-chauvinistas alemanes y franceses. La Internacional sólo era un "instrumento en tiempos de paz". "Lucha por la paz", "lucha de clases en tiempos de paz", esas eran las consignas de Kautsky.

Desde el comienzo de la guerra, el "Centro" se pronuncia por "la unidad" con los social-chauvinistas. Luego del asesinato de Liebknecht y de Luxemburg, el "Centro" continúa predicando esta "unidad", es decir la unidad de los obreros comunistas con los asesinos de los jefes comunistas Liebknecht y Luxemburg.

Desde el comienzo de la guerra, el "Centro" (Kautsky, Victor Adler, Turati, Mac Donald) comienza a predicar "la amnistía recíproca" con respecto a los jefes de los partidos social-chauvinistas de Alemania y Austria por una parte, y de Francia e Inglaterra por la otra. El "Centro" preconiza esta amnistía aun en la actualidad, después de la guerra, impidiendo así que los obreros so formen una idea clara sobre las causas del hundimiento de la II Internacional.

El "Centro" envió sus representantes en Berna a la conferencia internacional de los socialistas, facilitando así a los Scheidemann y a los Renaudel su tarea de engañar a los obreros.

Es absolutamente necesario separar del "Centro" a los elementos más revolucionarios, lo que se puede lograr sólo por medio de la crítica despiadada y comprometiendo en ella a los jefes del "Centro". La ruptura organizativa con el "Centro" es una necesidad histórica absoluta. La tarea de los comunistas de cada país consiste en determinar el momento de esa ruptura, según la etapa que su movimiento haya alcanzado.

3. Los comunistas. En el seno de la II Internacional, donde esta tendencia defendió las concepciones comunistas-marxistas sobre la guerra y las tareas del proletariado (Stuttgart 1907, resolución Lenin-Luxemburg), esta corriente era minoritaria. El grupo de la "izquierda radical" (el futuro Spartakusbund) en Alemania, el partido bolchevique en Rusia, los "tribunistas" en Holanda, el grupo Juvenil en una serie de países, formaron el primer núcleo de la nueva Internacional.

Fiel a los intereses de la clase obrera, esta tendencia proclamó desde el comienzo de la guerra la consigna de trasformación de la guerra imperialista en guerra civil y se ha constituido ahora como la III Internacional.

La conferencia socialista de Berna en febrero de 1919 era una tentativa por resucitar el cadáver de la II Internacional.

La composición de la conferencia de Berna demuestra manifiestamente que el proletariado revolucionario del mundo no tiene nada en común con esta conferencia.

El proletariado victorioso de Rusia, el proletariado heroico de Alemania, el proletariado italiano, el partido comunista del proletariado austríaco y húngaro, el proletariado suizo, la clase obrera de Bulgaria, de Rumania, de Serbia, los partidos obreros de izquierda suecos, noruegos, finlandeses, el proletariado ucranio, letón, polaco, la Juventud Internacional y la Internacional femenina se negaron ostensiblemente a participar en la conferencia de Berna de los socialpatriotas.

Los participantes de la conferencia de Berna que aún tienen algún contacto con el verdadero movimiento obrero de nuestra época han formado un grupo de oposición que, en el problema esencial al menos, es decir la "apreciación de la revolución rusa", se han opuesto a los manejos de los social-patriotas. La declaración del camarada francés Loriot, que condenó a la mayoría de la conferencia de Berna como soporte de la burguesía, refleja la verdadera opinión de todos los obreros conscientes del mundo entero.

En la pretendida "cuestión de las responsabilidades", la conferencia de Berna se movió siempre en los marcos de la ideología burguesa. Los social-patriotas alemanes y franceses se hicieron mutuamente los mismos reproches que se habían lanzado recíprocamente los burgueses alemanes y franceses. La conferencia de Berna se perdió en detalles mezquinos sobre tal o cual actitud de uno u otro ministro burgués antes de la guerra, sin querer reconocer que el capitalismo, el capital financiero de los dos grupos de potencias y sus lacayos social-patriotas eran los principales responsables de la guerra. La mayoría de los social-patriotas de Berna quería hallar al principal responsable de la guerra.

Una mirada en el espejo hubiera bastado para que todos se reconociesen como culpables.

Las declaraciones de la conferencia de Berna sobre el problema territorial están llenas de equívocos. Ese equívoco es justamente lo que la burguesía necesita. Clemenceau, el representante más reaccionario de la burguesía imperialista, reconoció los méritos de la conferencia social-patriota de Berna ante la reacción imperialista al recibir a una delegación de la conferencia de Berna y proponerle participar en todas las comisiones de la conferencia imperialista de París.

La cuestión colonial reveló claramente que la conferencia de Berna iba a la zaga de esos políticos liberales-burgueses de la colonización que justifican la explotación y el sojuzgamiento de las colonias por la burguesía imperialista y solamente tratan de disfrazarla con frases filantrópicas-humanitarias. Los social-patriotas alemanes exigieron que la pertenencia de las colonias alemanas al Reich fuese mantenida, es decir apoyaron la continuidad de la explotación de esas colonias por el capital alemán. Las divergencias que se manifestaron al respecto demuestran que los social-patriotas de la Entente tienen el mismo punto de vista de negrero y consideran como muy natural el sojuzgamiento de las colonias francesas e inglesas por el capital metropolitano. De ese modo, la conferencia de Berna demuestra que olvidó totalmente la consigna "Abajo la política colonial".

En la apreciación de la "Sociedad de las Naciones", la conferencia de Berna demostró que seguía las huellas de esos elementos burgueses que, por medio de la apariencia engañosa de la llamada "Liga de los Pueblos" quieren desterrar a la revolución proletaria que crece en el mundo entero. En lugar de desenmascarar los manejos de la conferencia de los aliados en París, como los de una banda que practica la usura con las poblaciones y los dominios económicos, la conferencia de Berna la secundó convirtiéndose en su instrumento.

La actitud servil de la conferencia, que abandonó a una conferencia gubernamental burguesa de París la tarea de resolver el problema de la legislación sobre la protección del trabajo, demuestra que los social-patriotas se han expresado concientemente en favor de la conservación de la esclavitud del asalariado capitalista y están dispuestos a engañar a la clase obrera con vanas reformas.

Las tentativas inspiradas por la política burguesa de hacer aprobar en la conferencia de Berna una resolución según la cual una intervención armada en Rusia sería apoyada por la Segunda Internacional sólo fracasaron gracias a los esfuerzos de la oposición. Ese éxito de la oposición de Berna sobre los elementos chauvinistas declarados es para nosotros la prueba indirecta de que el proletariado de Europa occidental simpatiza con la revolución proletaria de Rusia y está dispuesto a luchar contra la burguesía imperialista. En ese temor a ocuparse de este fenómeno de importancia histórica mundial se reconoce el miedo que sienten estos lacayos de la burguesía ante el crecimiento de los consejos obreros.

Los consejos obreros constituyen el fenómeno más importante desde la Comuna de París. La conferencia de Berna, al ignorarlos, puso de manifiesto su indigencia espiritual y su derrota teórica.

El congreso de la Internacional Comunista considera que la conferencia de Berna intenta construir algo así como una Internacional amarilla de rompehuelgas que es y seguirá siendo nada más que un instrumento de la burguesía.

El congreso invita a los obreros de todos los países a entablar la lucha más enérgica contra la internacional amarilla y a preservar a las masas más amplias del pueblo contra esta Internacional de la mentira y de la traición.

(2 al 6 de marzo de 1919)

SOBRE LA SITUACIÓN INTERNACIONAL Y LA POLÍTICA DE LA ENTENTE é interessante porque é uma espécie de análise da conjuntura internacional.

 Las experiencias de la guerra mundial desenmascararon la política imperialista de las "democracias" burguesas como la política de lucha de las grandes potencias tendiente al reparto del mundo y a la consolidación de la dictadura económica y política del capital financiero sobre las masas explotadas y oprimidas. La masacre de millones de vidas humanas, la pauperización del proletariado sometido a esclavitud, el enriquecimiento inusitado de los sectores superiores de la burguesía gracias a las provisiones de guerra, a los empréstitos, etc., el triunfo de la reacción militar en todos los países, todo esto no tardará en destruir las ilusiones respecto a la defensa de la patria, la tregua y la "democracia". La "política de paz" desenmascara las verdaderas aspiraciones de los imperialistas de todos los países hasta sus últimas consecuencias.

LA PAZ DE BREST-LITOVSK Y EL COMPROMISO DEL IMPERIO ALEMÁN

La paz de Brest-Litvosk y luego la de Bucarest revelaron el carácter rapaz y reaccionario del imperialismo de las potencias centrales. Los vencedores arrancaron a la Rusia indefensa, contribuciones y anexiones. Utilizaron el derecho de libre disposición de los pueblos como pretexto para una política de anexiones, creando Estados vasallos cuyos gobiernos reaccionarios favorecieron la política de rapiña y reprimieron al movimiento revolucionario de las masas trabajadoras. El imperialismo alemán, que en el combate internacional no había conseguido la victoria total, no podía en ese momento demostrar francamente sus verdaderas intenciones, y debió resignarse a vivir en una apariencia de paz con la Rusia de los Soviets y a enmascarar su política rapaz y reaccionaria con frases hipócritas. Sin embargo, las potencias de la Entente, tan pronto lograron la victoria mundial, dejaron caer sus máscaras y revelaron a los ojos de todo el mundo el verdadero rostro del imperialismo mundial.

LA VICTORIA DE LA ENTENTE Y EL REAGRUPAMIENTO DE LOS ESTADOS

La victoria de la Entente repartió en diferentes grupos a los países llamados civilizados del mundo. El primero de los grupos está constituido por las potencias del mundo capitalista, las grandes potencias imperialistas victoriosas (Inglaterra, EE. UU., Francia, Japón, Italia). Frente a ellas se yerguen los países del imperialismo vencido, arruinados por la guerra y conmovidos en su estructura por el comienzo de la revolución proletaria (Alemania, Austria-Hungría con sus vasallos de siempre). El tercer grupo está formado por los Estados vasallos de las potencias de la Entente. Se compone de pequeños Estados capitalistas que participaron en la guerra al lado de la Entente (Bélgica, Serbia, Portugal, etc.) y de las repúblicas "nacionales" y Estados tapones creados recientemente (república checoslovaca, Polonia, repúblicas Rusas contra-revolucionarias, etc.). Los Estados neutros se aproximan, según su situación, a los Estados vasallos pero sufren una fuerte presión política y económica que algunas veces torna su situación semejante a la de los Estados vencidos. La República socialista rusa es un Estado obrero y campesino que se ubica al margen del mundo capitalista y representa para el imperialismo victorioso un gran peligro social, el peligro de que todos los resultados de la victoria se derrumben ante el asalto de la revolución mundial.

 LA "POLÍTICA DE PAZ" DE LA ENTENTE O EL IMPERIALISMO SE DESENMASCARA A SÍ MISMO

La "política de paz" de las cinco potencias mundiales, cuando las consideramos en su conjunto, era y sigue siendo una política que se desenmascara constantemente a sí misma. Pese a todas las frases sobre su "política exterior democrática", constituye el triunfo total de la diplomacia secreta que, de espaldas y a expensas de los millones de obreros de todos los países, decide la suerte del mundo por la vía de arreglos entre los apoderados de los trusts financieros. Todos los problemas esenciales son tratados sin excepción a puertas cerradas por el comité parisino de las cinco grandes potencias, en ausencia de los representantes de los países vencidos, neutros y de los propios Estados vasallos.

Los discursos de Lloyd George, de Clemenceau, de Sonnino, etc., proclaman y tratan de motivar abiertamente la necesidad de las anexiones y de las contribuciones.

Pese a las frases falsas sobre "la guerra por el desarme general", se proclama la necesidad de armarse todavía y ante todo de mantener el poderío marítimo británico en vistas de la llamada "protección de la libertad de los mares".

El derecho de libre disposición de los pueblos por sí mismos, proclamado por la Entente, es manifiestamente pisoteado y remplazado por el reparto de los dominios cuestionados entre los Estados poderosos y sus vasallos.

Sin consultar a la población, Alsacia-Lorena fue incorporada a Francia; Irlanda, Egipto e India, no tienen el derecho de disponer de sí mismas; el Estado eslavo meridional y la República Checoslovaca fueron creadas por la fuerza de las armas; se negocia desvergonzadamente el reparto de la Turquía europea y asiática, el reparto de las colonias alemanas ya comenzó, etc....

La política de las contribuciones ha sido llevada a un grado de pillaje total de los vencidos. No solamente se presenta a los vencidos cuentas que ascienden a miles de millones, no sólo se los priva de todos los medios de guerra, sino que los países de la Entente les quitan también las locomotoras, los ferrocarriles, los barcos, los instrumentos agrícolas, las provisiones de oro, etc., etc. Además, los prisioneros de guerra deben convertirse en los esclavos de los vencedores. Se discuten proposiciones sobre el trabajo forzado de los obreros alemanes. Las potencias aliadas tienen la intención de hacer de ellos esclavos miserables y hambrientos del capital de la Entente.

La política de incitación nacional llevada al extremo tiene su expresión en la constante incitación contra las naciones vencidas en la prensa de la Entente y las administraciones de la ocupación, así como en el bloqueo por hambre, condenando a los pueblos de Alemania y Austria al exterminio. Esta política tiende a crear pogroms contra los alemanes organizados por los sostenedores de la Entente, los elementos chauvinistas checos y polacos, y pogroms contra los judíos que superan los peores actos del zarismo ruso.

Los Estados "democráticos" de la Entente prosiguen una política de reacción extrema.

La reacción triunfa tanto en el seno de los países de la Entente -entre las cuales Francia ha retrocedido a las peores épocas de Napoleón III- como en todo el mundo capitalista, que se halla bajo la influencia de la Entente. Los aliados ahogan la revolución en los países ocupados de Alemania, Hungría, Bulgaria, etc., excitan a los gobiernos oportunistas-burgueses de los países vencidos contra los obreros revolucionarios amenazándolos con suprimirles los víveres. Los aliados han declarado que hundirán todos los navíos alemanes que se atrevan a izar la bandera roja de la revolución, se han negado a reconocer a los consejos alemanes y en las regiones alemanas ocupadas han abolido la jornada de ocho horas. Además de apoyar la política reaccionaria en los países neutrales y promover en los Estados vasallos (el régimen de Paderevsky en Polonia), los aliados han excitado a los elementos reaccionarios de esos países (en Finlandia, Polonia, Suecia, etc.) contra la Rusia revolucionaria, y exigen la intervención de las fuerzas armadas alemanas.

 CONTRADICCIONES ENTRE LOS ESTADOS DE LA ENTENTE

Pese a la identidad de las líneas fundamentales de su política imperialista, una serie de profundas contradicciones se manifiestan en el seno de las grandes potencias que dominan el mundo.

Esas contradicciones se concentran sobre todo alrededor del programa de paz del capital financiero norteamericano (el llamado programa Wilson). Los puntos más importantes de ese programa son los siguientes: "Libertad de los mares", "Sociedad de las Naciones" e "Internacionalismo de las colonias". La consigna de "libertad de los mares" -una vez privada de su máscara hipócrita- significa en realidad la abolición del predominio militar naval de ciertas grandes potencias (en primer lugar de Inglaterra) y la apertura de todas las vías marítimas al comercio norteamericano. La "Sociedad de las Naciones" significa que el derecho a la anexión inmediata de los Estados y de los pueblos débiles será negado a las grandes potencias europeas (en primer lugar a Francia). La "internacionalización de las colonias" fija la misma regla con relación a los dominios coloniales.

Ese programa está condicionado por los siguientes hechos: el capital norteamericano no posee la mayor flota del mundo; ya no tiene la posibilidad de proceder a anexiones directas en Europa y por ello apunta a la explotación de los Estados y de los pueblos débiles por medio de las relaciones comerciales y de las inversiones de capitales. Por eso quiere obligar a las otras potencias a formar un sindicato de los trusts de Estados, a repartir "lealmente" entre sí la explotación mundial y a trasformar la lucha entre los trusts de Estados en una lucha puramente económica. En el dominio de la explotación económica, el capital financiero norteamericano altamente desarrollado obtendrá una hegemonía efectiva que le asegurará el predominio económico y político en el mundo.

La 'libertad de los mares" se enfrenta agudamente con los intereses de Inglaterra, Japón y en parte también de Italia (en el Adriático). La "Sociedad de las Naciones" y la "internacionalización de las colonias" está en franca contradicción con los intereses de Francia y del Japón, y en menos medida con los intereses de todas las otras potencias imperialistas. La política de los imperialistas de Francia, donde el capital financiero posee una forma particularmente usurera, donde la industria está débilmente desarrollada y donde la guerra arruinó totalmente las fuerzas productivas, trata por medios desesperados de mantener el régimen capitalista. Estos medios son el pillaje bárbaro de Alemania, la sumisión directa y la explotación rapaz de los Estados vasallos (proyectos de una Unión Danubiana, de Estados eslavos meridionales) y la extorsión por medio de la violencia de las deudas contraídas por el zarismo ruso ante el Shylock francés. Francia, Italia y en forma alternada también el Japón, en cuanto que países continentales, también son capaces de llevar a cabo una política de anexiones directas.

Además de estar en contradicción con los intereses de EE. UU., las grandes potencias tienen intereses que se oponen recíprocamente entre sí. Inglaterra teme el fortalecimiento de Francia en el continente, pues tiene en Asia Menor y en África intereses que se oponen a los de Francia. Los intereses de Italia en los Balcanes y en el Tirol son contrarios a los intereses de Francia. Japón disputa a la Australia inglesa las islas situadas en el Océano Pacífico.

 GRUPOS Y TENDENCIAS EN EL SENO DE LA ENTENTE

 Esas contradicciones entre las grandes potencias dan origen a diversos grupos en el seno de la Entente. Hasta ahora se han esbozado dos combinaciones principales: la combinación franco-anglo-japonesa, que está dirigida contra Norteamérica e Italia y la anglo- norteamericana que se opone a las otras grandes potencias.

La primera de esas combinaciones predominaba hasta comienzos de enero de 1919, en tanto que el presidente Wilson aún no había renunciado a exigir la abolición de la dominación marítima inglesa. El desarrollo del movimiento revolucionario de los obreros y de los soldados en Inglaterra, que condujo a una entente entre los imperialistas de diferentes países para terminar con la aventura rusa y para acelerar la conclusión de la paz, ha fortalecido la propensión de Inglaterra hacia esta combinación, que alcanza el predominio a partir de enero de 1919. El bloque anglo-norteamericano se opone a la prioridad de Francia en el pillaje de Alemania y a la intensidad exagerada de ese pillaje. Plantea ciertos límites a las exigencias anexionistas exageradas de Francia, Italia y Japón. Impide que los Estados vasallos creados recientemente les estén sometidos directamente. En lo que concierne al problema ruso, la combinación anglo-norteamericana tiene intenciones pacíficas: quiere conservar las manos libres a fin de poder realizar el reparto del mundo, de ahogar la revolución europea y luego también la revolución rusa.

A esas dos combinaciones de las potencias corresponden dos tendencias en el seno de las grandes potencias: una ultra-anexionista y otra moderada, la segunda de las cuales apoya la combinación Wilson-Lloyd George.

 LA "SOCIEDAD DE LAS NACIONES"

Vistas las contradicciones irreconciliables que surgieron en el seno mismo de la Entente, la Sociedad de las Naciones -aun cuando se realizaba sobre el papel- sólo desempeñaría, sin embargo, el rol de una santa alianza de los capitalistas para reprimir la revolución obrera. La propagación de la "Sociedad de las Naciones" es el mejor medio para perturbar la conciencia revolucionaria de la clase obrera. En lugar de la consigna de una Internacional de las repúblicas obreras revolucionarias, se lanza la de una asociación internacional de pretendidas democracias que debe ser formada por una coalición del proletariado y de las clases burguesas.

La "Sociedad de las Naciones" es una consigna tramposa mediante la cual los social- traidores a las órdenes del capital internacional dividen a las fuerzas proletarias y favorecen la contrarevolución imperialista.

Los proletarios revolucionarios de todos los países del mundo deben llevar a cabo una lucha implacable contra las ideas de la Sociedad de las Naciones de Wilson y protestar contra la participación en esta sociedad del robo, la explotación y la contrarrevolución imperialista.

 LA POLÍTICA EXTERIOR E INTERIOR DE LOS PAÍSES VENCIDOS

La derrota militar y el deterioro interno del imperialismo austríaco y alemán condujeron, en los Estados centrales y durante el primer período de la revolución, a la dominación del régimen burgués social-oportunista. Con el pretexto de la democracia y del socialismo, los social-traidores alemanes protegen y reconstruyen el predominio económico y la dictadura política de la burguesía. En su política exterior, apuntan al restablecimiento del imperialismo alemán exigiendo la restitución de las colonias y la admisión de Alemania en la Sociedad de la rapiña. A medida que se fortalecen en Alemania las bandas de guardias blancos y que avanza el proceso de descomposición en el campo de la Entente, las veleidades de la burguesía y de los social-traidores de convertirse en una gran potencia también alimentan. Al mismo tiempo, el gobierno burgués social-oportunista debilita también la solidaridad internacional del proletariado y separa a los obreros alemanes de sus hermanos de clase, cumpliendo así las órdenes contrarrevolucionarias de los aliados y sobre todo excitando a los obreros alemanes contra la revolución rusa proletaria para complacer a la Entente. La política de la burguesía y de los social-oportunistas en Austria y en Hungría es la repetición de la política del bloque burgués oportunista de Alemania bajo una forma atenuada.

LOS ESTADOS VASALLOS DE LA ENTENTE

En los Estados vasallos y en las Repúblicas que la Entente acaba de crear (Checoslovaquia, países eslavos meridionales, a los que hay que agregar Polonia, Finlandia, etc.), la política de la Entente, apoyada en las clases dominantes y los social-nacionalistas, apunta a erigir centros de un movimiento nacional contrarrevolucionario. Ese movimiento debe estar dirigido contra los pueblos vencidos, debe mantener en equilibrio a las fuerzas de los Estados nuevos y someterlos a la Entente, debe frenar los movimientos revolucionarios que surgen en las nuevas repúblicas "nacionales" y finalmente proporcionar guardias- blancos para la lucha contra la revolución internacional y sobre todo contra la revolución rusa.

En lo que se refiere a Bélgica, Portugal, Grecia y otros pequeños países aliados a la Entente, su política está totalmente determinada por la de los grandes bandoleros, a los que están sometidos y cuya ayuda solicitan para obtener pequeñas anexiones e indemnizaciones de guerra.

 LOS ESTADOS NEUTROS

Los Estados neutros están en la situación de vasallos no favorecidos del imperialismo de la Entente, con los cuales ésta emplea, en forma atenuada, los mismos métodos que con respecto a los países vencidos: Los Estados neutros favorecidos formulan diversas reivindicaciones a los enemigos de la Entente (las pretensiones de Dinamarca con respecto a Flensburgo, la proposición suiza de la internacionalización del Rhin, etc....). Al mismo tiempo, ejecutan las órdenes contrarrevolucionarias de la Entente (expulsión del embajador ruso, enrolamiento de los guardias-blancos en los países escandinavos, etc.). Otros estados están expuestos al peligro de un desmembramiento territorial (proyecto de incorporación de la provincia de Linburgo a Bélgica y de la internacionalización de la desembocadura del Escaut).

 LA ENTENTE Y LA RUSIA SOVIÉTICA

El carácter rapaz antihumanitario y reaccionario del imperialismo de la Entente se manifiesta más netamente en la posición que sustenta frente a la Rusia soviética. Desde el comienzo de la Revolución de octubre, las potencias de la Entente apoyaron a los partidos y los gobiernos contrarrevolucionarios de Rusia. Con la ayuda de los contrarrevolucionarios burgueses anexaron Siberia, los Urales, las costas de la Rusia europea, el Cáucaso y una parte del Turquestán. De esas comarcas anexadas sustraen materias primas (madera, nafta, manganeso, etc.). Con la ayuda de las pandillas checoslovacas a sueldo, robaron la provisión de oro de Rusia. Bajo la dirección del diplomático inglés Lockhart, espías ingleses y franceses hicieron saltar puentes y destruyeron vías férreas intentando obstaculizar el aprovisionamiento de víveres. La Entente sostuvo con fondos, armas y ayuda militar a generales reaccionarios tales como Dénikin, Koltchak y Krasnov, que fusilaron y colgaron a millares de obreros y campesinos en Rostov, Jusovka, Novorosik, Omsk, etc.... Con los discursos de Clemenceau y de Pichón, la Entente proclama abiertamente el principio del "cerco económico", es decir que se quiere condenar al hambre y a la destrucción a la República de los obreros y dé los campesinos revolucionarios. Se promete "ayuda técnica" a las bandas de Dénikin, Koltchak y Krasnov. Por otra parte, la Entente rechazó en diversas oportunidades las proposiciones de paz de la potencia soviética.

El 23 de enero de 1919 las potencias de la Entente, en las que predominaban momentáneamente las tendencias moderadas, dirigió a todos los gobiernos rusos la proposición de enviar delegados a la Isla de los Príncipes. Esta proposición contenía una intención provocadora con respecto al gobierno soviético. Aunque el 4 le febrero la Entente recibió una respuesta afirmativa del gobierno soviético, en la cual éste también se declaraba dispuesto a considerar anexiones, contribuciones y concesiones a fin de liberar a los obreros y campesinos rusos de la guerra que le era impuesta por la Entente, ésta no respondió.

Este hecho confirma que las tendencias anexionistas-reaccionarias de los imperialistas de la Entente se basan en terreno sólido. Amenazan a la república socialista con nuevas anexiones y nuevos asaltos contrarrevolucionarios. Izquierda Revolucionaria. La "política de paz" de la Entente devela aquí definitivamente a los ojos del proletariado internacional la naturaleza del imperialismo de la Entente y del imperialismo en general. Prueba al mismo tiempo que los gobiernos imperialistas son incapaces de acordar una paz "justa y duradera" y que el capital financiero no puede restablecer la economía destruida. El mantenimiento del dominio del capital financiero conduciría a la destrucción total de la sociedad civilizada o al aumento de la explotación, de la esclavitud, de la reacción política, del armamentismo y finalmente a nuevas guerras destructoras.

DECLARACIÓN DE LOS PARTICIPANTES DE LA CONFERENCIA DE ZIMMERWALD AL CONGRESO DE LA INTERNACIONAL COMUNISTA

Las conferencias de Zimmerwald y de Kienthal tuvieron su importancia en una época en que era necesario unir a todos los elementos proletarios dispuestos a protestar, en una forma u otra, contra la carnicería imperialista. Pero en el grupo de Zimmerwald penetraron, al lado de elementos netamente comunistas, elementos "centristas", pacifistas y vacilantes.

Esos elementos centristas, como lo demostró la conferencia de Berna, se han unido actualmente a los social-patriotas, para luchar contra el proletariado revolucionario, utilizando así a Zimmerwald en beneficio de la reacción.

Al mismo tiempo, el movimiento comunista crecía en una serie de países, y la lucha contra los elementos centristas que obstaculizan el desarrollo de la revolución social se ha convertido ahora en la tarea principal del proletariado revolucionario. El grupo de Zimmerwald ya cumplió su cometido. Todo lo que había en el grupo de Zimmerwald de verdaderamente revolucionario pasa y adhiere a la Internacional Comunista.

Los participantes abajo firmantes de Zimmerwald declaran que consideran al grupo de Zimmerwald como disuelto y solicitan al Buró de la Conferencia de Zimmerwald la remisión de todos su" documentos al Comité Ejecutivo de la III Internacional.

Rakovsky, Lenin, Zinoviev, Trotski, Platten.

DECISIONES RELATIVAS AL GRUPO DE ZIMMERWALD

Luego de haber escuchado el informe del camarada Balabanov, secretario del Comité Socialista Internacional y de los camaradas Rakovsky, Platten, Lenin, Trotski y Zinoviev, miembros del grupo de Zimmerwald, el primer Congreso de Zimmerwald comunista decide: considerar como disuelto al grupo de Zimmerwald.

DECISIÓN RELATIVA AL PROBLEMA DE ORGANIZACIÓN

A fin de poder comenzar sin demora su trabajo activo, el Congreso designa inmediatamente a los organismos necesarios, con la idea de que la constitución definitiva de la Internacional Comunista deberá ser decidida por el próximo congreso a proposición del Buró.

La dirección de la Internacional comunista es confiada a un Comité Ejecutivo. Este se compone de un representante de cada uno de los partidos comunistas de los países más importantes. Los partidos de Rusia, Alemania, Austria alemana, de Hungría, de la Federación de los Balcanes, de Suiza y de Escandinavia deben enviar inmediatamente sus representantes al primer Comité Ejecutivo. Izquierda Revolucionaria.

Los partidos de los países que declaren su adhesión a la Internacional comunista antes del segundo congreso obtendrán un puesto en el Comité Ejecutivo.

Hasta el arribo de los representantes extranjeros, los camaradas del país en el cual el Comité Ejecutivo tiene su sede se encargarán de asegurar el trabajo. El Comité Ejecutivo elegirá un buró de cinco personas.

DEL LLAMAMIENTO DEL PRIMER CONGRESO DE LA INTERNACIONAL COMUNISTA A LOS OBREROS DE TODOS LOS PAISES 6 de marzo de 1919

EXTRACTOS

El primer congreso de la Tercera Internacional, reunido el 5 de marzo de 1919 en el Kremlin, expreso su gran admiración al proletariado revolucionario ruso y a su partido dirigente, el Partido Comunista de Bolcheviques.

La gran revolución, emprendió guiarse por la doctrina socialista, corrompida tanto de esta manera por parte de los oportunistas, abandonando su fuente original, el marxismo, el esfuerzo del superhombre hecho por casi medio de crearse, en el lugar de la vieja burguesía mundial, un nuevo orden social comunista, tanto en la cultura intelectual como en lo moral, así como también en la esfera material, colectiva e individual, de la vida política, económica y social, la ayuda brindada a todo momento a los obreros de todos los países contra sus gobiernos militaristas y despóticos, todo estos deben llamar hacia delante la aprobación universal y entusiasta del proletariado de todos los países…

Este no es una falta al sistema soviético ni al bolchevismo ya que esta meta no sido sin embargo buscada que la población de Rusia central está sufriendo desde el hambre y desde el cultivo escaso de productos manufacturados. Por el contrario, este fue el sistema soviético y el bolchevismo el que hizo lo posible para poner un fin definitivo a la anarquía y al caos provocado por parte de Kerensky y la burguesía democrática; ellos solos permitieron conservar en el país la vida económica marchando por el nivel actual.

La responsabilidad por la crisis solamente apoyada por los enemigos internos y externos del régimen soviético, por medio de sabotajes, complots e intervencionismo militar forzó a Rusia a gastar una gran parte de sus fuerzas, su poderío, y de sus recursos en la creación de un nuevo ejército.

A pesar del abrazador deseo por la paz, el pueblo trabajador ruso entero valientemente reconoció y acepto esta necesidad. Todo mundo sabe con qué éxito manejo el poder soviético llevo a cabo esta inmensa tarea. La culpa se la puede echar al bolchevismo, la mejor forma de descubrir si es culpable o no pueda ser para el poder de la entente forzando al cese de defenderse por medio de las armas al Poder soviético.

Haciendo que deban no solo detener el envió de fuerzas armadas a Rusia y a que evacue sus puertos; deben abstenerse de cualquier ejercicio de presionar internamente al país, deben cesar el apoyo monetario, armamentístico, y técnico a las bandas contrarrevolucionarias quienes sin la ayuda de la Entente podría en breve fundirse sin cesar a sí mismo.

Entonces los soldados del Ejército Rojo podrían volver a sus familias, y los mejores obreros, los más devotos organizadores, los ingenieros más habilidosos podrían estar dispuestos al poder soviético. Sus actividades en el trabajo económico pacifico podrían en breve cosechar los resultados más considerables.

No puede ser olvidada, sin embargo, que la joven industria rusa nunca fue capaz de dirigirse sin asesoramiento técnico extranjero. La entente está paralizando la nueva organización económica por parte de formidables especialistas extranjeros, quienes por el hecho de usar la dirigencia de la industria rusa, vuelven a Rusia. Están obstruyendo el camino el equipamiento y el mantenimiento de las fábricas, el transporte de materiales sin tratar y combustible; condenan a la industria a la ruina y al pueblo trabajador ruso al desempleo por prohibirles la importación de maquinaria al interior de Rusia, autos y camiones…

Más de una vez la Republica Soviética ha expresado oficialmente su deseo de continuar llamando a la asistencia de la industria y a especialistas extranjeros; ha expresado su prontitud a pagar un alto precio por sus servicio, que son actualmente indispensable para la prosperidad de la vida económica rusa. Pero la entente, sin problemas aun, responde a esta propuesta, está operando un bloqueo estricto, usando las amenazas y la fuerza contra la Rusia soviética, y aun contra los poderes centrales y los países neutrales.

Las masas laboriosas de todos los países deben demandar a sus gobiernos a una renuncia autentica de cualquier intervención directo o indirecta de los asuntos de la Rusia soviética. Dando a aquellas demandas una forma precisa, el congreso de la Tercera Internacional propone a todos los pueblos trabajadores el programa de acción que le sigue más abajo.

El honor, la independencia, y el mayor interés elemental del proletariado de todos los países demandan que podría actuar inmediatamente y usar todos los medios a su disposición, si es necesario, los medios revolucionario, al solo efecto a las demanda que le siguen más abajo.

1) A la no intervención por parte de la Entente en los asuntos internos de la Rusia Soviética.

2) Retirada inmediata a todas las tropas asiáticas y europeas aliadas instaladas en Rusia.

3) Abandono de cualquier política intervencionista directa o indirecta, ya sea que tome la forma de provocación o de apoyo material o moral para los contrarrevolucionarios rusos o a los estados fronterizos reaccionarios.

4)Extinción de los tratados entre estados caducos que contemple la intervención por parte de los estados burgueses pronunciados, por los contrarrevolucionarios rusos, o por los países fronterizos a la Rusia soviética, en los asuntos internos de la Republica Soviética; retorno inmediato a sus países de la misiones militares y diplomáticas que los gobiernos de la entente envían al norte y al sur del país, a Rumania, Finlandia, Polonia, y a los países checos con el objeto de agitar la lucha contra la Republica Soviética.

5)Que se reconozca al Gobierno Soviético que después dieciocho meses de existencia la población se fortalece más aún.

6)Restablecimiento de las relaciones diplomáticas, llevando a cabo con el envió de representantes oficiales (socialistas) a Rusia y el reconocimiento del consejo de representantes rusos.

7)Admisión a la conferencia de paz de los delegados del gobierno soviéticos como los representantes, y en efecto los delegados solo, del pueblo ruso. Una negociación de paz europea y que concluya sin Rusia podría ser grado altamente inestable. Podría ser odioso y ridículo admitir a la conferencia, en la ausencia de los bolcheviques, o aun junto a ellos, como delegados de toda Rusia o una parte de Rusia, aquellos charlatanes formando los diversos gobiernos regionales artificialmente creados por parte de los aliados, existiendo gracias solo a los aliados, y a quienes, además, no se encuentra nadie prácticamente sino unos pocos intereses personales y aspiraciones.

8)Cese del bloqueo económico que puede en breve condenar a Rusia al hambre y a la ruina industrial.

9)Reanudación de las relaciones de comercio y la conclusión de los tratados de comercio.

10)Envió a Rusia de unos pocos de cientos o más unos pocos de miles de organizadores, ingenieros, instructores, y obreros especialistas, en particular obreros metalúrgicos, dando a la joven república socialista una ayuda real en el campo industrial, en cima que todo se lleve a cabo la más importante tarea, la restauración de la circulación de mercancías y de la línea férrea, y la organización del transporte.

MANIFIESTO DE LA INTERNACIONAL COMUNISTA A LOS PROLETARIOS DE TODO EL MUNDO

Hace setenta y dos años, el partido comunista presentó al mundo su programa en forma de un manifiesto escrito por los más grandes profetas de la Revolución proletaria, Karl Marx y Friedrich Engels. Ya en esa época, el comunismo, que recién entraba en la lucha, era acosado por las persecuciones, las mentiras, el odio de las clases poseedoras que presentían con razón en él a su enemigo mortal. Durante esos tres cuartos de siglo, el desarrollo del comunismo siguió vías complejas, conociendo alternativamente las tempestades del entusiasmo y los períodos de descorazonamiento, los éxitos y los fracasos. Pero en lo fundamental, el movimiento siguió el camino trazado por el Manifiesto del Partido comunista. La hora de la lucha final y decisiva llegó más tarde de lo que lo descontaban y esperaban los apóstoles de la Revolución social. Pero llegó. Nosotros, comunistas, representantes del proletariado revolucionaria de los diferentes países de Europa, América y Asia, reunidos en Moscú, capital de la Rusia sovietista, nos sentimos los herederos y los continuadores de la obra cuyo programa fue anunciado hace setenta y dos años.

Nuestra tarea consiste en generalizar la experiencia revolucionaria de la clase obrera, en librar al movimiento de las mezclas impuras de oportunismo y de social-patriotismo, de unir las fuerzas de todas las partidos verdaderamente revolucionarios del proletariado mundial y de facilitar y lograr la victoria de la Revolución comunista en todo el mundo. En la actualidad, cuando Europa está cubierta de ruinas humeantes, los más culpables de los incendiarios se ocupan en buscar a los responsables de la guerra. Son secundados por sus lacayos, profesares, parlamentarios, periodistas, socialpatriotas y otros apoyos políticos de la burguesía.

Durante muchos años, el socialismo predijo la inevitabilidad de la guerra imperialista. Consideró que las causas eran el deseo insaciable de lucro y de apropiación que acuciaba a las clases poseedoras de los dos competidores principales y, en general, de todos los países capitalistas. Dos años antes de la explosión, en el congreso de Basilea, los jefes socialistas responsables de todos los países denunciaban al imperialismo como el promotor de la futura guerra. Amenazaban a la burguesía con desencadenar la Revolución social, venganza del proletariado contra los crímenes del capitalismo.

Ahora, luego de una experiencia de cinco años, mientras que la historia, que puso en evidencia los apetitos rapaces de Alemania, desvela las maniobras no menos criminales de los Aliados, los socialistas oficialistas de los países de la Entente, haciéndose eco de sus gobiernos, no cesan de denunciar al kaiser alemán destituido como el gran culpable de la guerra. Además, en su abyecto servilismo, los social-patriotas alemanes que en agosto de 1914 hacían del libro blanco diplomático de los Hohenzollern el evangelio sagrado de las naciones, acusan ahora a su vez a esta monarquía alemana vencida, de la cual fueran sus fieles servidores, de ser la causa principal de la guerra. De ese modo, esperan olvidar el papel que desempeñaron y obtener la indulgencia de los vencedores. Pero al lado del papel desempeñado por las dinastías derrotadas de los Romanov, de los Hohenzollern, de los Habsburgos y de las camarillas capitalistas de sus países, el papel de las clases dirigentes de Francia, Inglaterra, Italia y EE. UU. aparece en toda su criminal magnitud a la luz de los acontecimientos producidos y de las revelaciones diplomáticas.

Hasta la explosión de la guerra, la diplomacia inglesa no levantó su máscara misteriosa. El gobierno de la City temía que si declaraba categóricamente su proyecto de participar en la guerra al lado de la Entente, el gobierno de Berlín retrocediera y no hubiese guerra. Por eso se condujo de modo tal de hacer creer, por una parte, a Berlín y a Viena en la neutralidad de Inglaterra y, por otra parte, de permitir que París y Petrogrado contasen firmemente con su intervención.

Preparada por la marcha de la historia durante varias decenas de años, la guerra fue desencadenada por una provocación directa y consciente de Gran Bretaña. El gobierno de este país había planeado apoyar a Rusia y a Francia exclusivamente en la medida necesaria para debilitarlas, mientras éstas hacían lo mismo con Alemania, su enemigo mortal. Pero la potencia del sistema militar alemán se mostró demasiado peligrosa e impuso una intervención ya no aparente sino real de Inglaterra.

El papel de sonriente espectador a que aspiraba Gran Bretaña por tradición recayó en los EE. UU. El gobierno de Wilson aceptó el bloqueo inglés -que limitaba unilateralmente la especulación de la Bolsa norteamericana sobre la sangre europea- mucho más fácilmente dado que los Estados de la Entente reparaban sus ofensas al "derecho internacional" ofreciendo a la burguesía yanqui, a cambio de esas ofensas, espléndidos beneficios. Sin embargo, la gran superioridad militar de Alemania obligó a su vez al gobierno de Washington a salir del estado de neutralidad ficticia en que se encontraba con relación a Europa. Los EE. UU. observaron respecto a Europa la misma actitud que Inglaterra había tenido en las guerras anteriores y que intentó hacer valer en el último conflicto: debilitar a uno de los campos sirviéndose del otro, y sólo mezclarse en operaciones militares en la medida de lo indispensable para asegurarse todas las ventajas de la situación. La apuesta de los norteamericanos no fue grande pero fue la última, lo que le aseguró la ganancia.

Las contradicciones del régimen capitalista se revelaron a la humanidad una vez finalizada la guerra bajo la forma de sufrimientos físicos: el hambre, el frío, las enfermedades epidémicas y un recrudecimiento de la barbarie. Así es dirimida la vieja querella académica de los socialistas sobre la teoría de la pauperización y del pasaje progresivo del capitalismo al socialismo. Los estadísticos y los pontífices de la teoría de la cuadratura del círculo habían buscado, durante decenas de años, en todos los rincones del mundo hechos reales o imaginarios capaces de demostrar el progreso del bienestar de ciertos grupos o categorías de la clase obrera. La teoría de la pauperización de las masas fue considerada como sepultada bajo los silbidos despreciativos de los eunucos que ocupaban las tribunas universitarias de la burguesía y de los mandarines del oportunismo socialista.

Ahora ya no se trata solamente de la pauperización social sino de un empobrecimiento fisiológico, biológico, que se presente ante nosotros en toda su odiosa realidad.

La catástrofe de la guerra imperialista ha barrido radicalmente todas las conquistas de las batallas sindicalistas y parlamentarias. Y sin embargo, esta guerra surgió de las tendencias internas del capitalismo en la misma medida que los regateos económicos o los compromisos parlamentarios que sepultó bajo la sangre y el barro.

El capital financiero, luego de haber precipitado a la humanidad en el abismo de la guerra, también sufrió durante esta guerra una modificación catastrófica. El estado de dependencia en que se encontraba el papel moneda con relación al fundamento material de la producción fue roto definitivamente. Perdiendo cada vez más su valor de medio y de regulador del intercambio de los productos en el régimen capitalista, el papel moneda se trasformó en instrumento de requisición, de conquista y en general de opresión militar y económica.

La depreciación total de los billetes de banco evidencia la crisis mortal general que afecta a la circulación de los productos en el régimen capitalista. Si la libre competencia, como regulador de la producción y del reparto, fue remplazada en los principales sectores de la economía por el sistema de los trusts y de los monopolios desde varias decenas de años antes de la guerra, el mismo curso de la guerra arrancó el papel regulador y directriz a los grupos económicos para trasmitirlo directamente al poder militar y gubernamental. El reparto de las materias primas, la explotación de la nafta de Bakú o de Rumania, de la hulla del Donetz, del trigo de Ucrania, la utilización de las locomotoras, de los vagones y de los automóviles de Alemania, el aprovisionamiento de pan y carne de la Europa hambrienta, todos esos problemas fundamentales de la vida económica del mundo ya no están regidos por la libre competencia ni tampoco por combinaciones de trusts o de consorcios nacionales e internacionales. Ellos han caído bajo el yugo de la tiranía militar para salvaguardar de ahora en adelante su influencia predominante. Si la absoluta sujeción del poder político al capital financiero condujo a la humanidad a la carnicería imperialista, esta carnicería permitió al capital financiero no solamente militarizar hasta el extremo el Estado sino también militarizarse a sí mismo, de modo tal que ya no puede cumplir sus funciones económicas esenciales sino mediante el hierro y la sangre.

Los oportunistas que antes de la guerra invitaban a los obreros a moderar sus reivindicaciones con el pretexto de pasar lentamente al socialismo y que durante la guerra lo obligaron a renunciar a la lucha de clases en nombre de la unión sagrada y de la defensa nacional, exigen del proletariado un nuevo sacrificio, esta vez con el propósito de acabar con las consecuencias horrorosas de la guerra. Si tales prédicas lograsen influir a las masas obreras, el desarrollo del capital proseguiría sacrificando numerosas generaciones con formas nuevas de sujeción, aún más concentradas y más monstruosas, con la perspectiva fatal de una nueva guerra mundial. Para dicha de la humanidad, esto ya no es posible.

La estatización de la vida económica, contra la que tanto protestaba el liberalismo capitalista, es ya un hecho. Volver no a la libre competencia sino solamente a la dominación de los trusts, sindicatos y otros pulpos capitalistas, es imposible. El problema consiste únicamente en saber qué Estado va a dirigir la producción estatizada, si el Estado imperialista o el Estado del proletariado victorioso.

En otras palabras, ¿toda la humanidad trabajadora se convertirá en el esclavo tributario de una camarilla mundial triunfante que, bajo el nombre de la Liga de las Naciones, mediante un ejército "internacional" y de una flota "internacional" saqueará y extrangulará a unos, apoyará a otros, pero siempre y en todas partes encadenará al proletariado con el único objetivo de mantener su propia dominación? ¿O bien la clase obrera de Europa y de los países más avanzados del mundo se apoderará de la vida económica, aún desorganizada y destruida, para asegurar su reconstrucción sobre bases socialistas?

Sólo es posible abreviar la época de crisis por que atravesamos mediante los métodos de la dictadura del proletariado, que no tiene en cuenta el pasado, ni los privilegios hereditarios, ni el derecho de propiedad, que sólo considera la necesidad de salvar a las masas hambrientas, y para ello moviliza todos los medios y todas sus fuerzas, decreta para todo el mundo la obligación de trabajar, instituye el régimen de la disciplina obrera a fin de no solo restañar en algunos años las heridas abiertas causadas por la guerra sino también de conducir a la humanidad a una altura nueva e insospechable.

El Estado nacional, luego de haber dado un impulso vigoroso al desarrollo capitalista, se ha tornado demasiado estrecho para la expansión de las fuerzas productivas. Este fenómeno ha hecho más difícil la situación de los pequeños Estados situados en medio de las grandes potencias europeas y mundiales. Esos pequeños Estados, surgidos en diferentes épocas como fragmentos de los grandes, como la moneda pequeña destinada a pagar diversos tributos, como tapones estratégicos, poseen sus dinastías, sus castas dirigentes, sus pretensiones imperialistas, sus maquinaciones diplomáticas. Su independencia ilusoria estaba basada, antes de la guerra, del mismo modo como estaba basado el equilibrio europeo, en el antagonismo de los dos grandes campos imperialistas.

La guerra ha destruido ese equilibrio. Al dar primeramente una inmensa ventaja a Alemania, la guerra obligó a los pequeños Estados a buscar su salvación en la magnanimidad del militarismo alemán. Al ser vencida Alemania, la burguesía de los pequeños Estados, de acuerdo con sus "socialistas" patriotas, se volvió para saludar al imperialismo triunfante de los aliados, y en los hipócritas artículos del programa de Wilson se dedicó a buscar las garantías del mantenimiento de s"u independencia. Al mismo tiempo, el número de pequeños estados creció: de la monarquía austro-húngara, del imperio de los zares se desprendieron nuevos Estados que apenas nacidos luchaban entre sí por problemas de fronteras. Mientras tanto, los imperialistas aliados preparan acuerdos de pequeñas potencias, viejas y nuevas, para encadenarlas entre sí mediante un odio mutuo y un debilitamiento general.

Mientras aplastan y violentan a los pueblos pequeños y débiles, condenándolos al hambre y la sumisión, los imperialistas aliados -tal como lo hicieron antes los Imperios centrales- hablan incesantemente del derecho de las nacionalidades, derecho que violan en Europa y en el mundo entero.

Sólo la revolución proletaria puede garantizar a los pequeños pueblos una existencia libre, pues ella liberará las fuerzas productivas de todos los países de las tenazas apretadas por los Estados nacionales, uniendo a los pueblos en una estrecha colaboración económica, conforme a un plan económico común. Sólo ella dará a los pueblos más débiles y menos poblados la posibilidad de administrar, con una libertad y una independencia absolutas, su cultura nacional, sin el menor perjuicio para la vida económica unificada y centralizada de Europa y de todo el inundo.

La última guerra, que fue en gran medida una guerra por la conquista de las colonias, fue a la vez una guerra hecha con la ayuda de las colonias. En proporciones hasta entonces desconocidas, los pueblos coloniales fueron arrastrados a la guerra europea. ¿Por qué lucharon en Europa los hindúes, los negros, los árabes, los malgaches? Por sus derechos a seguir siendo esclavos de Inglaterra y Francia durante más tiempo. Jamás fue tan edificante el espectáculo de la deshonestidad del Estado capitalista en las colonias; jamás fue planteado con semejante agudeza el problema de la esclavitud colonial.

Esa es la causa de una serie de rebeliones y movimientos revolucionarios en todas las colonias. En la misma Europa, Irlanda recordó mediante sangrientos combates callejeros que aún era, y que tenía conciencia de ser, un país sometido. En Madagascar, en Anan, en muchos otros sitios, las tropas de la república burguesa tuvieron que reprimir durante la guerra insurrecciones de esclavos coloniales. En la India, el movimiento revolucionario no cesó un solo día, y en estos últimos tiempos condujo a grandes huelgas obreras, a las que el gobierno británico contestó haciendo intervenir en Bombay automóviles blindados.

Así está planteado el problema colonial en toda su amplitud, no solamente sobre la mesa del congreso de los diplomáticos en París sino en las propias colonias. El programa de Wilson tiene por objetivo, en su interpretación más favorable, cambiar la etiqueta de la esclavitud colonial. La emancipación de las colonias sólo es concebible si se realiza al mismo tiempo que la de la clase obrera de las metrópolis. Los obreros y los campesinos no sólo de Anan, de Argelia o Bengala sino también de Persia y de Alemania nunca podrán gozar de una existencia independiente hasta el día en que los obreros de Inglaterra y de Francia, luego de derrotar a Lloyd George y Clemenceau, tomen en sus manos el poder gubernamental. Desde ahora, en las colonias más desarrolladas, la lucha no se lleva a cabo solamente bajo el estandarte de la emancipación nacional sino que inmediatamente adopta un carácter social más o menos evidente. Si la Europa capitalista arrastró a los sectores más atrasados del mundo, y contra su voluntad, en el torbellino de las relaciones capitalistas, la Europa socialista, por su parte, socorrerá a las colonias liberadas con su técnica, su organización, su influencia moral, a fin de lograr su tránsito a una vida económica regularmente organizada por el socialismo.

¡Esclavos coloniales de África y Asia: la hora de la dictadura proletaria en Europa sonará para ustedes como la hora de vuestra liberación!

Todo el mundo burgués acusa a los comunistas de suprimir la libertad y la democracia política. Pero eso es falso. Al tomar el poder, el proletariado, no hace sino poner de manifiesto la total imposibilidad de aplicar los métodos de la democracia burguesa y crear las condiciones y las formas de una nueva democracia obrera más perfecta. En el curso del desarrollo capitalista, en particular en la última época imperialista, se han socavado las bases de la democracia política, no solamente dividiendo a las naciones en dos clases enemigas irreconciliables, sino también condenando al empobrecimiento económico y a la impotencia política a múltiples sectores de la pequeña burguesía y del proletariado lo mismo que a los elementos más desheredados de ese proletariado.

La clase obrera de los países donde el desarrollo histórico lo permitió, utilizó al régimen de la democracia política para organizarse contra el capital. Lo mismo ocurrirá más adelante en los países donde aún no se han dado las condiciones preliminares de una revolución obrera. Pero las masas de la población intermedia, no solamente en los pueblos sino también en las ciudades, son mantenidas en un estado de gran atraso con relación al desarrollo histórico actual.

El campesino de Baviera o de Badén, todavía estrechamente unido al campanario de su pueblo, el pequeño vinicultor francés arruinado por la falsificación de los vinos realizada por los grandes capitalistas, el pequeño granjero norteamericano oprimido y estafado por los banqueros y los diputados, todos esos sectores sociales, retenidos por el capitalismo lejos de la gran ruta del desarrollo histórico, son invitados en un papel por el régimen de la democracia política a participar en el gobierno del Estado. En realidad, en los problemas fundamentales de los que depende el destino de las naciones, gobierna una oligarquía financiera tras los bastidores de la democracia parlamentaria. Así se resolvió el problema de la guerra, y así se decide ahora la paz.

En la medida en que la oligarquía financiera se toma el trabajo de hacer avalar sus actos de tiranía con votos parlamentarios, el Estado burgués se sirve, para alcanzar los resultados, de todas las armas de la demagogia, de la mentira, de la persecución, de la calumnia, de la corrupción, del terror, que los pasados siglos de esclavitud pusieron a su disposición y que han sido multiplicados por los prodigios de la técnica capitalista.

Exigir del proletariado que en su última lucha a muerte contra el capital observe piadosamente los principios de la democracia política equivaldría a exigir de un hombre que defiende su existencia y su vida contra bandidos que observe las reglas convencionales del boxeo francés, reglas en este caso instituidas por el enemigo y que el enemigo no observa.

En el dominio de la devastación, donde no sólo los medios de producción y de trasporte sino también las instituciones ele la democracia política sólo son un montón de restos ensangrentados, el proletariado está obligado a crear un aparato que sirva ante todo para conservar la cohesión interna de la propia clase obrera y que le dé la facultad de intervenir revolucionariamente en el desarrollo ulterior de la humanidad. Este aparato son los soviets.

Los antiguos partidos, las antiguas organizaciones sindicales se manifestaron en la persona de sus jefes como incapaces no solamente de decidir sino hasta de comprender los problemas planteados por la nueva época. El proletariado ha creado un nuevo tipo de organización amplia, que engloba a las masas obreras independientemente de la profesión y del grado de desarrollo político, un aparato flexible, capaz de renovarse constantemente, de ampliarse infinitamente, que pueda siempre atraer a su órbita a nuevas categorías y abarcar a los sectores de trabajadores próximos al proletariado de la ciudad y del campo. Esta organización irremplazable de la clase obrera, que se gobierna a sí misma, que lucha y conquista finalmente el poder político ha puesto a prueba su vitalidad en diferentes países, y constituye la conquista y el arma más poderosa del proletariado de nuestra época.

En todos los países donde las masas trabajadoras viven una vida consciente se forman actualmente y se formarán soviets de diputados, obreros, soldados y campesinos. Fortalecer los soviets, aumentar su autoridad, oponerlos al aparato gubernamental de la burguesía es ahora el objetivo esencial de los obreros conscientes y leales de todos los países. Por medio de los soviets, la clase obrera puede liberarse de los gérmenes de disolución que llevan en su seno los sufrimientos infernales de la guerra, del hambre, de la tiranía de los ricos y de las traiciones de sus antiguos jefes. Por medio de los soviets, la clase obrera, del modo más seguro y más fácil, puede acceder al poder en todos los países donde los soviets reúnan a su alrededor a la mayoría de los trabajadores. Por medio de los soviets, la clase obrera, dueña del poder, gobernará toda la vida económica y moral del país, como ya lo hace en Rusia.

La caída del Estado imperialista, desde sus formas zaristas basta las más democráticas, se da simultáneamente con la derrota del sistema militar imperialista. Los ejércitos de varios millones de hombres movilizados por el imperialismo sólo pudieron sostenerse mientras el proletariado aceptaba el yugo de la burguesía. La destrucción de la unidad nacional significaba la destrucción de los ejércitos. Eso es lo que ocurrió primeramente en Rusia, luego en Alemania y en Austria. Es lo que ahora hay que lograr en los otros países imperialistas. La rebelión del campesino contra el propietario, del obrero contra el capitalista, de los dos contra la burocracia monárquica o "democrática" implica inevitablemente la rebelión de los soldados contra los oficiales y luego una escisión caracterizada entre los elementos proletarios y burgueses del ejército. La guerra imperialista que opone a las naciones entre sí se ha convertido y se convierte cada vez más en guerra civil que opone a las clases entre sí.

Las lamentaciones del mundo burgués sobre la guerra civil y el terror rojo constituyen la más monstruosa hipocresía que jamás haya registrado la historia de las luchas políticas. No habría guerra civil si las pandillas de explotadores que condujeron a la humanidad al borde del abismo no se opusieran a los progresos de los trabajadores, no organizaran complots y asesinatos y no apelaran al auxilio de ejércitos extranjeros para conversar o recuperar sus privilegios usurpados.

La guerra civil es impuesta a la clase obrera por sus enemigos mortales. Si no quiere suicidarse y renunciar a su porvenir, que es el porvenir de la humanidad, la clase obrera no puede evitar de responder golpe con golpe a sus agresores. Los partidos comunistas no provocan jamás artificialmente la guerra civil, se esfuerzan por disminuir en la medida de lo posible su duración en todas aquellas oportunidades en que se presenta como inevitable, en reducir al mínimo el número de víctimas, pero por encima de todo trata de asegurar el triunfo del proletariado. De aquí proviene la necesidad de desarmar a tiempo a la burguesía, de armar a los obreros, de crear un ejército comunista para defender el poder del proletariado y la inviolabilidad de su construcción socialista. Así el ejército rojo de la Rusia sovietista ha surgido y se levanta como la muralla de las conquistas de la clase obrera contra todos los ataques de adentro y de afuera. Un ejército sovietista es inseparable de un Estado sovietista.

Conscientes del carácter universal de su causa, los obreros más desarrollados han tendido, desde los primeros momentos del movimiento socialista organizado, hacia una unión internacional de ese movimiento. Sus bases fueron planteadas en 1864 en Londres por la primera Internacional. La guerra franco-alemana, de donde surgió la Alemania de los Hohenzollern, arrasó con la primera Internacional y a la vez provocó el desenvolvimiento de los partidos obreros nacionales. En 1889, esos partidos se reunieron en Congreso en París y crearon la organización de la II Internacional. Pero el centro de gravedad del movimiento obrero estaba colocado enteramente en esa época en el terreno nacional, en el marco de los Estados nacionales, sobre la base de la industria nacional, en el dominio del parlamentarismo nacional. Varias decenas de años de trabajo, de organización y de reformas crearon una generación de jefes cuya mayoría aceptaban con palabras el programa de la revolución social pero de hecho renunciaron a ella, se hundieron en el reformismo, en una adaptación servil a la dominación burguesa. El carácter oportunista de los partidos dirigentes de la II Internacional se puso de manifiesto claramente y condujo al más grande crak de la historia mundial en el preciso momento en que el curso de los acontecimientos históricos reclamaba de los partidos de la clase obrera métodos revolucionarios de lucha. Si la guerra de 1870 asestó un golpe a la Primera Internacional poniendo al descubierto que detrás de su programa social y revolucionario no había aún ninguna fuerza organizada de las masas, la guerra de 1914 mató a la Segunda Internacional demostrando que al frente de las poderosas organizaciones de masas obreras había tan sólo partidos dispuestos a convertirse en instrumentos dóciles de la dominación burguesa.

Estas observaciones no se aplican solamente a los social-patriotas que se pasaron clara y abiertamente al campo de la burguesía, que se han convertido en sus delegados preferidos y en sus agentes de confianza, los verdugos más seguros de la clase obrera sino que también son aplicables a la tendencia centrista, indeterminada e inconsciente, que intenta restaurar la II Internacional, es decir perpetuar la rigidez de puntos de vista, el oportunismo, la impotencia revolucionaria de sus círculos dirigentes. El partido independiente en Alemania, la mayoría actual del partido socialista en Francia, el partido obrero independiente de Inglaterra y todos los otros grupos similares tratan en realidad de colocarse en el lugar que antes de la guerra ocupaban los viejos partidos oficiales de la II Internacional. Se presentan, como siempre, con ideas de compromiso y de unidad, paralizando por todos los medios la energía del proletariado, prolongando la crisis y multiplicando las desdichas de Europa. La lucha contra el centro socialista es la condición indispensable para el éxito de la lucha contra el imperialismo. Izquierda Revolucionaria. Arrojando lejos nuestro, todas las vacilaciones, las mentiras y la abulia de los partidos socialistas oficialistas y caducos, nosotros, comunistas, unidos en la III Internacional, nos proclamamos los continuadores directos de los esfuerzos y del martirio heroico de una larga serie de generaciones revolucionarias, desde Babeuf hasta Karl Liebknecht y Rosa Luxemburg.

Si la primera Internacional previo el futuro desarrollo y preparó el camino, si la II Internacional reunió y organizó a millones de proletarios, la III Internacional será la Internacional de la acción de las masas, la Internacional de las realizaciones revolucionarias. La crítica socialista ha flagelado suficientemente el orden burgués. La tarea del partido comunista internacional consiste en subvertir ese orden de cosas y construir en su lugar el régimen socialista. Pedimos a los obreros y obreras de todos los países que se unan bajo la bandera del comunismo que es ya la bandera de las primeras grandes victorias proletarias en todos los países. ¡Uníos en la lucha contra la barbarie imperialista, contra la monarquía y las clases privilegiadas, contra el Estado burgués y la propiedad burguesa, contra todos los aspectos y todas las formas de la opresión de las clases o de las naciones! Proletarios de todos los países, uníos bajo la bandera de los Soviets obreros, de la lucha revolucionaria por el poder y de la dictadura del proletariado.

DISCURSO DE CLAUSURA DE LENIN

7 DE MARZO DE 1919

Así hemos terminado nuestro trabajo.

Hemos logrado reunimos a pesar de todas las dificultades y persecuciones de que nos hizo objeto la policía, y contra todas las divergencias que nos desunían aprobamos numerosas resoluciones relativas a problemas candentes de esta época revolucionaria. Y todo ello fue posible gracias a que las masas proletarias del mundo entero supieron llevar a primer plano, con su lucha, estos problemas y comenzar a resolverlos en la práctica. Nuestra tarea se limitó a registrar lo que las masas habían conquistado ya por medio de su lucha revolucionaria.

En los países de Europa occidental y oriental, en los países vencidos y en los vencedores -como por ejemplo en Inglaterra-, el movimiento en favor de los soviets crece y se difunde. Ese movimiento no tiene otro fin que crear una democracia nueva, proletaria, es un importante paso de avance que nos acerca a la dictadura del proletariado, que asegura la victoria definitiva del comunismo.

La burguesía del mundo entero puede seguir empleando la violencia, puede continuar su política de expulsar y meter en la cárcel e incluso de asesinar a los espartaquistas y a los bolcheviques; nada de eso la salvará. Esas medidas abrirán los ojos a las masas, las ayudarán a liberarse de los viejos prejuicios democrático-burgueses y las templarán en la lucha. La victoria de la revolución proletaria está asegurada. Ya se divisa la formación de la República Soviética Internacional.

(comentário WP: A história demonstrou que, apesar de todo seu realismo, Lenin errou na análise do mundo que se conformou no pós-primeira guerra mundial. O capitalismo continuou se desenvolvendo em vários países do mundo, em especial nos EUA, continuou explorando colônias e semi-colônias na África, Ásia e América Latina, e gerando as condições para novas crises e confrontos mundiais. Infelizmente, atingido por um tiro de uma esquerdista, não teve tempo para rever a afirmação acima.)

NO MESMO SITE de onde foram extraídos os textos acima, HÁ TEXTOS DIVULGADOS PELO CEIC (comitê executiva da internacional comunista).

E TAMBEM AS TESIS E INFORME SOBRE LA DEMOCRACIA BURGUESA Y LA DICTADURA DEL PROLETARIADO presentados POR LENIN al I Congreso de la III Internacional

http://ciml.250x.com/archive/lenin/spanish/lenin_1919_tesis_e_informe_sobre_la_democracia_burguesa_spanish.html

Há também o DISCURSO DE LENIN SOBRE SUS TESIS:

http://ciml.250x.com/archive/comintern/spanish/1_congreso_1919_lenin_discurso_sobre_sus_tesis_spanish.html

Aliás, depois do congresso, Lenin grava um discurso, divulgado em rádio. Ouça aqui: https://www.youtube.com/watch?v=JI1iKYfnPvc

Portanto, a Internacional Comunista foi criada dois anos depois da Revolução Russa de fevereiro (março) 1917 e menos de 1 ano e meio depois da Revolução de outubro (novembro) de 1917.

A Internacional Comunista foi fundada no momento em que o PC Russo (bolchevique) entendia que a revolução europeia era iminente, mas faltava o elemento subjetivo: o partido revolucionário. 

À Internacional Comunista caberia ser, exatamente, o partido da revolução mundial (ou, se quiserem, o partido mundial da revolução).

Naquele momento, vale dizer, o Partido Comunista Russo entendia que a sorte da Revolução Russa dependia da vitória da revolução europeia.

Para entender qual a posição predominante entre os comunistas russos na época, deve-s ler o que diz Lenin a respeito, em um texto de abril de 1919, logo após o término do Congresso de fundação:

A Terceira Internacional e seu lugar na história Lenin

Os imperialistas dos países da “Entente”[2]bloqueiam a Rússia, tratando de isolar a República Soviética, como foco de contaminação, do mundo capitalista. Estas pessoas, que se gabam do caráter “democrático” de suas instituições, estão tão cegas pelo ódio à República Soviética que não percebem como eles próprios estão se fazendo de ridículos. Vejam: os países mais avançados, mais civilizados e “democráticos”, armados até os dentes, que têm todo o mundo sob domínio militar absoluto, temem como fogo o contágio ideológicoprocedente de um país arruinado, faminto, atrasado e que, segundo eles, é inclusive um país semisselvagem!

Apenas esta contradição já abre os olhos das massas trabalhadoras de todos os países e ajuda a desmascarar a hipocrisia dos imperialistas como Clemenceau, Loyd George, Wilson[3]e seus governos.

Mas a nós, ajuda-nos não apenas a cegueira que o ódio aos Sovietes causa nos capitalistas, mas também as desavenças entre eles, que os levam a se atrapalharem mutuamente. Os capitalistas organizaram entre si uma verdadeira conspiração de silêncio, temendo mais que tudo a difusão de notícias verídicas sobre a República Soviética em geral, e de seus documentos oficiais em particular. Porém, o órgão principal da burguesia francesa, Le Temps[1], publicou a notícia da fundação, em Moscou, da III Internacional, da Internacional Comunista.

Expressamos a este principal órgão da burguesia francesa, a este porta-voz do chauvinismo e do imperialismo francês, nosso mais respeitoso agradecimento. Estamos dispostos a enviar ao Le Tempsuma mensagem solene para manifestar nosso reconhecimento pela ajuda que nos presta de modo tão acertado e hábil.

A maneira com que o dito periódico redigiu sua matéria, baseando-se em nosso comunicado por rádio, mostra com evidente clareza a motivação desse órgão do dinheiro. Queria disparar um petardo contra Wilson, como para mortificá-lo, quando dizia: “Veja que pessoas são essas com as quais o senhor admite que se estabeleçam negociações!”. Os presunçosos que escrevem a mando dos ricos esquecem que seu empenho em aterrorizar Wilson com os bolcheviques se transforma, aos olhos das massas trabalhadoras, em uma propaganda a favor dos bolcheviques. Outra vez, nosso mais respeitoso agradecimento ao órgão dos milionários franceses!

A III Internacional foi fundada numa situação mundial na qual nem as proibições nem os pequenos e mesquinhos subterfúgios dos imperialistas da “Entente” ou dos lacaios do capitalismo, como Scheidemann, na Alemanha, e Renner, na Áustria, são capazes de impedir que entre a classe trabalhadora do mundo inteiro se difundam as notícias acerca desta Internacional e as simpatias que ela desperta. Esta situação foi criada pela revolução proletária que, de modo evidente, está sendo incrementada em todas as partes a cada dia, a cada hora. Esta situação foi criada pelo movimento das massas trabalhadoras em prol dos Soviets, o qual já alcançou uma potência tal que se convertu verdadeiramente em um movimento internacional.

A I Internacional (1864-1872) lançou as bases da organização internacional dos operários para a preparação de sua ofensiva revolucionária contra o capital. A II Internacional (1889-1914) foi uma organização internacional do movimento proletário, cujo crescimento se realizava em amplitude, à custa de um declínio temporário do nível revolucionário, do fortalecimento temporário do oportunismo, que no fim das contas levou a dita internacional a um colapso vergonhoso.

De fato, a III Internacional foi fundada em 1918, quando o longo processo da luta contra o oportunismo e o social-chauvinismo conduziu, sobretudo durante a guerra, à formação de partidos comunistas em diversas nações. Formalmente, a III Internacional foi fundada em seu I Congresso[2], celebrado em março de 1919 em Moscou. E o aspecto mais característico desta Internacional, sua missão, é cumprir, colocar em prática os preceitos do marxismo e realizar os ideais seculares do socialismo e do movimento operário. Este aspecto, o mais característico da III Internacional, manifestou-se imediatamente no fato de que, a nova, a terceira “Associação Internacional dos Trabalhadores”, começou a identificar-se já, desde agora, em certo grau, com a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas.

(Aqui existe um dos principais nós do problema: a vinculação entre a Internacional e um Estado nação particular.)

A I Internacional lançou as bases da luta proletária internacional pelo socialismo.

A II Internacional marcou a época da preparação do terreno para uma ampla extensão do movimento entre as massas em uma série de países.

A III Internacional recolheu os frutos do trabalho da II Internacional, amputou a parte corrompida, oportunista, social-chauvinista, burguesa e pequeno-burguesa, e começou a implantara ditadura do proletariado.

A aliança internacional dos partidos que dirigem o movimento mais revolucionário do mundo, o movimento do proletariado para a derrubada do jugo do capital, conta agora com uma base mais sólida do que nunca: várias Repúblicas Soviéticas, que transformam em realidade, em escala internacional, a ditadura do proletariado, a vitória deste sobre o capitalismo.

(Vale dizer que na época em que Lenin escreve isso, a URSS ainda não existe. A passagem de uma Federação para uma União é um tema complexo, frente ao qual Lenin escreve uma “autocrítica” ao se dar conta de que, na prática, a URSS poderia converter-se em instrumento dos interesses grão-russos).

A importância histórica universal da III Internacional, a Internacional Comunista, reside em que começou a levar à prática a consigna mais importante de Marx, a consigna que resume o desenvolvimento do socialismo e do movimento operário, durante um século, a consigna expressada neste conceito: ditadura do proletariado.

Esta previsão genial, esta teoria genial está se transformando em realidade.

Estas palavras latinas estão traduzidas atualmente para os idiomas de todos os povos da Europa contemporânea; mais ainda, para os idiomas de todos os povos do mundo.

Iniciou-se uma nova época na história universal.

A humanidade se livra da última forma de escravidão: a escravidão capitalista, ou seja, a escravidão assalariada.

Ao libertar-se da escravidão, a humanidade adquire pela primeira vez a verdadeira liberdade.

Como pôde acontecer que tenha sido precisamente um dos países mais atrasados da Europa o primeiro a implantar a ditadura do proletariado, a organizar a República Soviética? Não é provável que nos enganemos se afirmarmos que precisamente esta contradição entre o atraso da Rússia e seu “salto” à forma mais elevada de democracia, a democracia soviética ou proletária, por sobre a democracia burguesa, tenha sido uma das causas (além do peso dos costumes oportunistas e dos preconceitos filisteus sobre a maioria dos líderes socialistas) que fez particularmente difícil ou retardou a compreensão do papel dos Sovietes no Ocidente.

As massas operárias do mundo inteiro perceberam instintivamente o significado dos Sovietes como arma de luta do proletariado e como forma do Estado proletário. Mas os “líderes”, corrompidos pelo oportunismo, seguiam e seguem rendendo culto à democracia burguesa, qualificando-a de “democracia” em geral.

É acaso surpreendente que a implantação da ditadura do proletariado tenha mostrado, em primeiro lugar, a “contradição” entre o atraso da Rússia e seu “salto” sobrea democracia burguesa? Seria de se estranhar se a história nos brindasse a possibilidade de implantar uma novaforma de democracia sem uma série de contradições.

Qualquer marxista, inclusive todo homem familiarizado com a ciência moderna em geral, a quem fosse perguntado se é possível a passagem uniforme, harmonicamente proporcional dos diversos países capitalistas à ditadura do proletariado, nos responderia, sem dúvida, negativamente. No mundo do capitalismo não houve nem pode haver jamais nada uniforme, nem harmônico, nem proporcional. Cada país tem desenvolvido com particular relevo um ou outro aspecto ou característica, ou todo um grupo de características, inerentes ao capitalismo e ao movimento operário. O processo de desenvolvimento tem ocorrido de forma desigual.

Quando a França levou a cabo sua grande revolução burguesa, despertando todo o continente europeu para uma vida histórica nova, a Inglaterra embora estivesse muito mais desenvolvida que a França no sentido capitalista, se pôs à cabeça da coalizão contrarrevolucionária. Mas o movimento operário inglês daquela época antecipou já, genialmente, muitos dos aspectos do futuro marxismo.

Quando a Inglaterra deu ao mundo o primeiro movimento proletário e revolucionário, movimento amplo, verdadeiramente de massas e politicamente formado, o cartismo, no continente europeu, desenvolviam-se revoluções burguesas, em sua maioria débeis, enquanto que na França eclodiu a primeira grande guerra civil entre o proletariado e a burguesia. A burguesia derrotou os diversos destacamentos nacionais do proletariado em separado e de maneira distinta nos diversos países.

A Inglaterra constituiu o modelo de país no qual, segundo expressão de Engels, a burguesia junto com a aristocracia aburguesada, havia criado a elite mais aburguesada do proletariado[3]. Este país capitalista adiantado acabou atrasado em vários decênios no sentido da luta revolucionária do proletariado. A França parecia haver esgotado as forças do proletariado nas duas heroicas insurreições da classe operária contra a burguesia em 1848 e 1871, insurreições que foram um aporte valiosíssimo no sentido histórico mundial. Logo, desde os anos 70 do século XIX, a hegemonia do movimento operário na Internacional passou à Alemanha, quando este país marchava economicamente atrás da Inglaterra e da França. E quando a Alemanha ultrapassou economicamente esses dois países, isto é, na segunda década do século XX, à cabeça do partido operário marxista da Alemanha, que servia de modelo mundial, encontrava-se um punhado de canalhas declarados, desde Scheidermann e Noske até David e Legien, gentalha imunda vendida aos capitalistas, os verdugos mais repugnantes saídos da classe operária a serviço da monarquia e da burguesia contrarrevolucionária.

A história mundial conduz infalivelmente à ditadura do proletariado. Mas não o faz, nem muito menos, por caminhos lisos, planos e retos.

Quando Karl Kautsky ainda era marxista, e não o renegado do marxismo em que se converteu ao lutar pela unidade com os Scheidermann e pela democracia burguesa contra a democracia soviética ou proletária, escreveu em princípios do século XX um artigo intitulado “Os eslavos e a revolução”. Nesse artigo, expunha as condições históricas que marcavam a possibilidade da passagem da hegemonia no movimento revolucionário mundial aos eslavos.

E assim se sucedeu na realidade. Temporariamente – se compreende que apenas por pouco tempo – a hegemonia na Internacional revolucionária do proletariado passou aos russos, tal como passou, em diversos períodos do século XIX, aos ingleses, logo aos franceses e mais tarde aos alemães.

Tenho dito reiteradas vezes: em comparação com os países adiantados, aos russos lhes têm sido mais fácil iniciara grande revolução proletária, mas lhes será mais difícil continuá-lae levá-la até o triunfo definitivo, no sentido da organização completa da sociedade socialista.

(Vê-se que para Lenin, a contradição que poderia se colocar entre a Internacional e um Estado nacional dirigido pelos comunistas seria passageira. Mas e se não fosse passageira?)

Foi-nos mais fácil iniciar, em primeiro lugar, porque o incomum – para a Europa do século XIX – atraso político da monarquia czarista originava um impulso revolucionário das massas de uma força excepcional. Segundo, porque o atraso da Rússia fez coincidir de um modo peculiar a revolução proletária contra a burguesia com a revolução camponesa contra os latifundiários. Partimos daí em outubro de 1917 e não teríamos vencido então com tanta facilidade se não houvéssemos partido daí. Já em 1856, Marx ao referir-se à Prússia indicava a possibilidade de uma combinação peculiar da revolução proletária com uma guerra campesina[4]. Os bolcheviques, desde o começo de 1905, advogavam pela ideia da ditadura democrático-revolucionária do proletariado e dos camponeses. Terceiro, a revolução de 1905 contribuiu muitíssimo para a educação política das massas operárias e camponesas tanto no sentido de familiarizar sua vanguarda com “a última palavra” do socialismo no Ocidente, como no sentido da açãorevolucionária das massas. Sem esse “ensaio geral” de 1905, as revoluções de 1917, tanto a burguesa de fevereiro como a proletária de Outubro, teriam sido impossíveis. Quarto, as condições geográficas da Rússia permitiram-lhe sustentar-se mais tempo que outras nações frente à superioridade militar dos países capitalistas adiantados. Quinto, a atitude peculiar do proletariado frente aos camponeses facilitava a transição da revolução burguesa à revolução socialista, facilitava a influência dos proletários da cidade sobre as camadas semiproletárias mais pobres dos trabalhadores do campo. Sexto, a grande escola de luta grevista e a experiência do movimento operário de massas da Europa facilitaram o surgimento, em uma situação revolucionária que se exacerbava profunda e rapidamente, de uma forma tão peculiar de organização revolucionária do proletariado, como são os Sovietes.

(comentário WP: Ou seja, ocorreu uma união nada simples entre a revolução democrático-burguesa (principalmente camponesa) e a revolução proletária (embora o proletariado estivesse presente apenas em algumas grandes cidades). O que, logo adiante, vai desembocar na NEP.)

Esta enumeração, claro está, não é completa. Mas, por agora, podemos limitar-nos a ela.

A democracia soviética ou proletária nasceu na Rússia. Em comparação com a Comuna de Paris, foi dado o segundo passo de importância histórica universal. A República Soviética Proletária e Camponesa resultou ser a primeira república socialista sólida no mundo. Esta República já não pode desaparecer como um novo tipo de Estado. Esta República já não está sozinha no mundo.

Para continuar a obra da construção do socialismo, para levá-la a cabo, ainda falta muito, muitíssimo. As Repúblicas Soviéticas dos países mais cultos, nos quais o proletariado goza de maior peso e influência, contam com todas as possibilidades de ultrapassar a Rússia, caso empreendam o caminho da ditadura do proletariado.

A II Internacional em bancarrota está agonizando e apodrece em vida. De fato, desempenha o papel de lacaio da burguesia internacional. É uma verdadeira Internacional amarela. Seus líderes ideológicos mais destacados, como Kautsky, cantam louvores à democracia burguesa, qualificando-a de “democracia” em geral ou – o que é mais tolo e grosseiro ainda – de “democracia pura”.

A democracia burguesa caducou, assim como a II Internacional, embora cumprisse um trabalho historicamente necessário e útil, quando estava posta na ordem do dia a obra de preparar as massas operárias nos marcos dessa democracia burguesa.

A república burguesa mais democrática sempre foi, e não podia ser outra coisa, uma máquina para a opressão dos trabalhadores pelo capital, um instrumento do poder político do capital, a ditadura da burguesia. A república democrática burguesa prometia o poder para a maioria, o proclamava, mas jamais pôde realizá-lo, já que existia a propriedade privada da terra e demais meios de produção.

A “liberdade” na república democrática burguesa era, de fato, a liberdade para os ricos. Os proletários e os camponeses trabalhadores podiam e deviam aproveitá-la com o objetivo de preparar suas forças para derrubar o capital, para vencer a democracia burguesa; mas, de fato, as massas trabalhadoras, como regra geral, não podiam gozar da democracia sob o capitalismo.

Pela primeira vez no mundo, a democracia soviética ou proletária criou uma democraciapara as massas, para os trabalhadores, para os operários e os pequenos camponeses.

Jamais existiu no mundo um poder estatal exercido pela maioriada população, um poder efetivamentedesta maioria, como é o Poder soviético.

Este reprime a “liberdade” dos exploradores e de seus auxiliares, lhes priva da “liberdade” de explorar, da “liberdade” de enriquecer à custa da fome, da “liberdade” de lutar pela restauração do Poder do capital, da “liberdade” de conspirar com a burguesia estrangeira contra os operários e camponeses de sua pátria.

Que os Kautskys defendam semelhante liberdade. Para isso é preciso ser um renegado do marxismo, um renegado do socialismo.

A bancarrota dos líderes ideológicos da II Internacional, como Hilferding e Kautsky, em nenhuma outra coisa se manifestou com tanta evidência como em sua total incapacidade de compreender o significado da democracia soviética ou proletária, sua relação com a Comuna de Paris, seu lugar na história, sua necessidade como forma de ditadura do proletariado.

O periódico A Liberdade (Die Freiheit)[5], órgão de imprensa da social-democracia alemã “independente” (leia-se mesquinha, filisteia, pequeno-burguesa), publicou em seu nº 74, de 11 de fevereiro de 1919, um manifesto intitulado “Ao proletariado revolucionário da Alemanha”.

Este chamado está assinado pela direção do dito partido e por toda sua minoria da “Assembleia Nacional”, a “Constituinte” alemã.

Nele se acusa aos Scheidemann de ter a intenção de eliminar os Sovietese propõe – não riam! – combinar os Sovietes com a Constituinte, conferir aos Sovietes certos direitos estatais, um determinado lugar na Constituição.

Conciliar, unir a ditadura da burguesia com a ditadura do proletariado! Que simples! Que ideia filisteia mais genial!

Apenas é de lamentar que já se tenha experimentado isso sob Kerensky, na Rússia, os mencheviques e membros do Partido Social-Revolucionário unidos, esses democratas pequeno-burgueses que se creem socialistas.

Quem, ao ler Marx, não tenha compreendido que na sociedade capitalista, em cada situação grave, em cada importante conflito de classes, apenas é possível a ditadura da burguesia ou a ditadura do proletariado, não compreendeu nada da doutrina econômica nem da doutrina política de Marx.

Mas a ideia genialmente filisteia de Hilferding, Kautsky e cia. de unir de um modo pacífico a ditadura da burguesia com a ditadura do proletariado exige uma análise especial, sempre que se queira analisar a fundo os absurdos econômicos e políticos  acumulados neste notável e ridículo manifesto de 11 de fevereiro. Teremos que adiar, então, para outro artigo.*

Moscou, 15 de abril de 1919.

Participaram do congresso de fundação da Internacional Comunista 52 delegados, de 30 países: 34 com voz e voto e 18 com voz. 

Como já disse,  o congresso ocorreu pOUCO depois da DERROTA DO LEVANTE ESPARTAQUISTA.

POUCO DEPOIS do congresso, no dia 21 de março de 1919, foi proclamada a República Soviética húngara. No dia 1º de agosto, cento e trinta e três dias depois, entrada do exército branco romeno em Budapeste. 

Em seguida ocorre a República soviética bávara, de 7 de abril a 1º de maio de 1919.

E está em curso a GUERRA CIVIL NA RÚSSIA (1918-1921, aproximadamente).

*

O II Congresso da Internacional Comunista foi também realizado em Moscou, de 23 de Julho a 7 de Agosto de 1920. A inauguração foi no dia 19, em Petrogrado.

Pouco antes Lenin havia escrito e publicado o livro intitulado ESQUERDISMO DOENÇA INFANTIL DO COMUNISMO. No texto Lenin recapitula a experiência russa e combate o esquerdismo.

Mas, por outro lado, o Segundo congresso da IC acontece pouco antes do exército vermelho estar chegando as portas de Varsóvia (batalha entre 12 e 25 de agosto de 1920). 

O clima no congresso da IC era tenso, mas de vitória, que no final não se confirmaria.

Participaram no congresso 169 delegados com direito de voto e 49 com voto consultivo, representando 67 organizações de 37 países. 

Havia neste momento partidos e organizações comunistas de 31 países.

Participaram, também, representantes do Partido Social-Democrata Independente da Alemanha, dos partidos socialistas da França e da Itália, dos «Operários Industriais do Mundo» (Austrália, Inglaterra, Irlanda), da Confederação Nacional do Trabalho da Espanha e de outras organizações.

Sobre o 2º congresso, vale a pena ler o discurso feito por Lenin na abertura: RELATÓRIO SOBRE A SITUAÇÃO INTERNACIONAL E AS TAREFAS FUNDAMENTAIS DA INTERNACIONAL COMUNISTA

19 DE JULHO

Camaradas, as teses sobre as questões relativas às tarefas fundamentais da Internacional Comunista foram publicadas em todas as línguas, e não representam nada de essencialmente novo (em particular para os camaradas russos), porque em grande medida alargam alguns traços fundamentais da nossa experiência revolucionária e as lições do nosso movimento revolucionário a uma série de países ocidentais, à Europa Ocidental. Por isso deter-me-ei no meu relatório um pouco mais, ainda que em breves traços, na primeira parte do meu tema, a saber: a situação internacional.

As relações económicas do imperialismo constituem a base de toda a situação internacional, tal como ela se apresenta agora. Ao longo de todo o século XX definiu-se por completo este novo estádio, superior e último, do capitalismo. Todos vós sabeis, naturalmente, que o traço mais característico e essencial do imperialismo consiste em que o capital atingiu proporções imensas. A livre concorrência foi substituída por um monopólio de proporções gigantescas. Um número insignificante de capitalistas pôde por vezes concentrar nas suas mãos ramos industriais inteiros; eles passaram para as mãos de uniões, cartéis, consórcios, trusts, frequentemente de carácter internacional. Deste modo, os monopolistas apoderaram-se de ramos inteiros da indústria sob o aspecto financeiro, sob o aspecto do direito de propriedade e, em parte, sob o aspecto da produção, não apenas em alguns países, mas em todo o mundo. Neste terreno desenvolveu-se o domínio, anteriormente desconhecido, de um número insignificante dos maiores bancos, de reis da finança, de magnatas da finança, que transformaram de facto até as repúblicas mais livres em monarquias financeiras. Antes da guerra, isto era abertamente reconhecido, por exemplo, por escritores que nada têm de revolucionários, como Lysis em França.

Este domínio de um punhado de capitalistas atingiu o seu pleno desenvolvimento quando todo o globo terrestre foi partilhado, não só no sentido da conquista das diversas fontes de matérias-primas e meios de produção pelos maiores capitalistas, mas também no sentido da conclusão da partilha prévia das colónias. Há 40 anos, a população das colónias era calculada em um pouco mais de 250 milhões de habitantes, que estavam submetidos a seis potências capitalistas. Antes da guerra de 1914, calculava-se que nas colónias havia já cerca de 600 milhões de habitantes, e, se juntarmos países como a Pérsia, a Turquia e a China, que então estavam já na situação de semicolónias, teremos em números redondos uma população de mil milhões, que era oprimida pelos países mais ricos, civilizados e livres, mediante a dependência colonial. E vós sabeis que, além da dependência jurídica estatal directa, a dependência colonial pressupõe toda uma série de relações de dependência financeira e económica, pressupõe toda uma série de guerras, que não eram consideradas guerras porque se reduziam frequentemente a uma carnificina em que as tropas imperialistas americanas e europeias, apetrechadas com as armas de extermínio mais aperfeiçoadas, massacravam os habitantes indefesos e desarmados dos países coloniais.

Desta partilha de toda a Terra, deste domínio dos monopólios capitalistas, desta omnipotência de um número insignificante dos maiores bancos - dois, três, quatro, no máximo cinco por Estado - nasceu, inevitavelmente, a primeira guerra imperialista de 1914-1918. Esta guerra foi feita para redividir todo o mundo. A guerra foi feita para determinar qual dos dois reduzidos grupos dos maiores Estados - o inglês ou o alemão - obteria a possibilidade e o direito de saquear, estrangular e explorar toda a Terra. E vós sabeis como a guerra decidiu esta questão a favor do grupo inglês. E em resultado dessa guerra temos uma agudização incomensuravelmente maior de todas as contradições capitalistas. A guerra lançou de repente uns 250 milhões de habitantes da Terra para uma situação equivalente à colonial. Lançou a Rússia, que conta cerca de 130 milhões, a Áustria-Hungria, a Alemanha e a Bulgária, nas quais há não menos de 120 milhões. Duzentos e cinquenta milhões de habitantes em países que, em parte, pertencem aos mais avançados, aos mais cultos e instruídos, como a Alemanha, e que tecnicamente se encontram ao nível do progresso contemporâneo. Pelo Tratado de Versalhes, a guerra impôs-lhes condições tais que povos avançados se viram na situação de dependência colonial, pois em virtude do tratado estão atados por muitas gerações e colocados em condições que nenhum povo civilizado conheceu. Eis o quadro do mundo: imediatamente depois da guerra, pelo menos 1250 milhões de seres humanos estão submetidos à opressão colonial, submetidos à exploração do capitalismo feroz, que se gabava do seu amor à paz, que tinha algum direito a gabar-se disso há cinquenta e cinco anos, quando a Terra não estava ainda repartida, quando o monopólio ainda não dominava, quando o capitalismo podia desenvolver-se de modo relativamente pacífico, sem colossais conflitos militares.

Actualmente, depois dessa época «pacífica», assistimos a uma monstruosa exacerbação da opressão, vemos o regresso a uma opressão colonial e militar ainda pior que a anterior. O Tratado de Versalhes colocou tanto a Alemanha como toda uma série de Estados derrotados numa situação que torna materialmente impossível a sua existência económica, numa situação de completa ausência de direitos e de humilhação.

Qual o número de nações que se aproveitou disso? Para responder a esta pergunta devemos recordar que a população dos Estados Unidos da América, que são os únicos que ganharam plenamente com a guerra e se transformaram inteiramente de um país que tinha uma grande quantidade de dívidas num país a quem todos devem, a sua população não ultrapassa os 100 milhões de habitantes. O Japão, que ganhou muito ao permanecer à margem do conflito europeu-americano e ao apoderar-se do imenso continente asiático, tem 50 milhões de habitantes. A Inglaterra que depois desses países ganhou mais que ninguém, conta com uma população de 50 milhões. E se juntarmos os jekstados neutrais, cuja população é muito pequena e que enriqueceram durante a guerra, obteremos, em números redondos, 250 milhões.

Aí tendes, deste modo, em traços gerais, o quadro do mundo como ele se apresentava depois da guerra imperialista. Mil duzentos e cinquenta milhões de habitantes das colónias oprimidas; países desmembrados como a Pérsia, a Turquia e a China; países que foram derrotados e lançados na situação de colónias. No máximo 250 milhões de habitantes para os países que ficaram incólumes na antiga situação, mas todos eles caíram sob a dependência económica da América e durante toda a guerra todos estiveram militarmente dependentes, porque a guerra abarcou todo o mundo e não permitiu que nenhum Estado se mantivesse verdadeiramente neutral. E, por último, temos um máximo de 250 milhões de habitantes nos países em que, naturalmente, apenas a camada superior, apenas os capitalistas se aproveitaram da partilha da Terra. O total é de cerca de 1750 milhões de habitantes, que constituem toda a população da Terra. Gostaria de recordar-vos este quadro do mundo porque todas as contradições fundamentais do capitalismo, do imperialismo, que conduzem à revolução, todas as contradições fundamentais no movimento operário, que conduziram à luta mais encarniçada contra a II Internacional, do que falou o camarada presidente, tudo isso está ligado à partilha da população da Terra.

É claro que os números citados só ilustram em traços aproximados, fundamentais, o quadro económico do mundo. E é natural, camaradas, que com base nesta partilha da população de toda a Terra tenha aumentado muitas vezes a exploração por parte do capital financeiro, dos monopólios capitalistas.

(NOTAR QUE A ENFASE É SEMPRE NAS CONTRADIÇÕES, HÁ POUCO RECONHECIMENTO DA POSSIBILIDADE DE UMA ESTABILIZAÇÃO MAIS LONGA. QUE, PARADOXALMENTE, VIRIA DEPOIS DE 1945 E A EXISTENCIA DA URSS E DA AMEAÇA DA REVOLUÇÃO ACABOU DANDO UM AUXILIO INDIRETO PARA ISSO, OBRIGANDO A UMA REDUÇÃO NOS CONFLITOS INTERCAPITALISTAS. Mas como veremos adiante, Lenin deixará claro neste discurso que não há situação sem saída para a burguesia, salvo se e quando a burguesia for derrotada na prática...)

Não são só os países coloniais e vencidos que caem numa situação de dependência, no próprio interior de cada país vitorioso desenvolveram-se as contradições mais agudas, agravaram-se todas as contradições capitalistas. Mostrá-lo-ei em traços breves com alguns exemplos.

INTERESSANTES COMENTÁRIOS SOBRE KEYNES

Tomai a dívida pública. Sabemos que as dívidas dos principais Estados europeus cresceram, de 1914 a 1920, pelo menos sete vezes. Citarei mais uma fonte económica, que assume uma importância particularmente grande: Keynes, diplomata inglês e autor do livro As Consequências Económicas da Paz, que, por encargo do seu governo, participou nas negociações de Paz de Versalhes, as observou directamente de um ponto de vista puramente burguês, estudou o assunto passo a passo, em pormenor, e, como economista, tomou parte nas conferências. Chegou a conclusões que são mais incisivas, mais evidentes e mais instrutivas que as de um revolucionário comunista, porque estas conclusões são as de um conhecido burguês, adversário implacável do bolchevismo, do qual ele, como filisteu inglês, tem uma ideia monstruosa, bestial e feroz. Keynes chegou à conclusão de que, com a Paz de Versalhes, a Europa e todo o mundo caminham para a bancarrota. Keynes demitiu-se, lançou o seu livro à cara do governo e disse: cometeis uma loucura. Citar-vos-ei os seus números, que no conjunto se reduzem ao seguinte.

Como se apresentam as relações de devedores e credores entre as principais potências? Converto as libras esterlinas em rublos-ouro, considerando 10 rublos-ouro por libra esterlina. Eis o que se obtém: os Estados Unidos têm um activo de 19000 milhões; o seu passivo é nulo. Antes da guerra eram devedores à Inglaterra. No último congresso do Partido Comunista da Alemanha, em 14 de Abril de 1920, o camarada Levi assinalava com razão no seu relatório que restavam duas potências que agora actuam independentemente no mundo: a Inglaterra e a América. Só a América ficou absolutamente independente do ponto de vista financeiro. Antes da guerra era devedora, agora é apenas credora. Todas as outras potências do mundo são devedoras. A Inglaterra caiu numa situação em que o seu activo é de 17000 milhões, e o passivo 8000 milhões, está já a meio caminho de se tornar devedora. Além disso, no seu activo figuram cerca de 6000 milhões que lhe deve a Rússia. Estão incluídos na dívida os fornecimentos militares que a Rússia recebeu durante a guerra. Há pouco tempo, quando Krássine, como representante do Governo Soviético russo, teve a oportunidade de conversar com Lloyd George sobre o tema dos tratados de dívida, explicou claramente aos cientistas e políticos, chefes do governo inglês, que, se pensavam cobrar essas dívidas, se encontravam num estranho erro. E o diplomata inglês Keynes já lhes tinha revelado esse erro.

Naturalmente, a questão não está só em que, e nem sequer consiste em que o governo revolucionário russo não quer pagar as dívidas. Nenhum governo poderia aceitar pagá-las, porque estas dívidas são um juro usurário sobre aquilo que já foi pago vinte vezes, e este mesmo burguês Keynes, que não sente qualquer simpatia pelo movimento revolucionário russo, diz: «É evidente que não se pode ter em conta essas dívidas.»

No que se refere à França, Keynes cita números deste género: o seu activo é de três mil e quinhentos milhões, o seu passivo de dez mil e quinhentos milhões! E este é o país de que até os franceses diziam que era o usurário de todo o mundo, porque as suas «poupanças» eram colossais, e o saque colonial e financeiro, que lhe tinham proporcionado um capital gigantesco, permitia-lhe conceder empréstimos de milhares e milhares de milhões, em particular à Rússia. Com estes empréstimos obtinha um lucro gigantesco. E apesar disso, apesar da vitória, a França caiu numa situação de devedora.

Uma fonte burguesa americana, citada pelo camarada Braun, comunista, no seu livro Quem Deve Pagar Dívidas de Guerra? (Leipzig, 1920), define da seguinte maneira a relação existente entre as dívidas e a riqueza nacional: nos países vencedores, na Inglaterra e na França, as dívidas representam mais de 50 % de toda a riqueza nacional. Quanto à Itália essa percentagem é de 60 % a 70 %, mas, como sabeis, estas dívidas não nos inquietam, porque pouco antes de aparecer o livro de Keynes tínhamos seguido o seu excelente conselho: anulámos todas as dívidas. (Aplausos clamorosos.)

Keynes não faz mais que revelar neste caso a habitual singularidade filistina: ao aconselhar a anulação de todas as dívidas, diz que, naturalmente, a França só ganhará, que, naturalmente, a Inglaterra não perderá muito, porque, de qualquer modo, não se poderia tirar nada da Rússia; a América perderá bastante, mas Keynes conta com a «generosidade» americana! A este respeito divergimos das concepções de Keynes e dos outros pacifistas pequeno-burgueses. Pensamos que para a anulação das dívidas terão de esperar por outra coisa e de trabalhar numa direcção um pouco diferente, e não na direcção que consiste em contar com a «generosidade» dos senhores capitalistas.

Ressalta destes brevíssimos números que a guerra imperialista criou também para os países vencedores uma situação impossível. A enorme desproporção entre os salários e a subida de preços indica-o igualmente. Em 8 de Março deste ano o Conselho Económico Superior, que constitui uma instituição que defende a ordem burguesa de todo o mundo contra a revolução ascendente, adoptou uma resolução que termina com um apelo à ordem, à assiduidade, à poupança, com a condição, naturalmente, de que os operários continuem a ser escravos do capital. Este Conselho Económico Superior, órgão dos capitalistas de todo o mundo, fez o seguinte balanço.

Nos Estados Unidos da América, os preços dos produtos alimentares subiram em média 120% enquanto os salários cresceram ali apenas 100%. Na Inglaterra, os produtos alimentares subiram 170%, os salários 130%. Na França, os preços dos produtos alimentares subiram 300%, os salários 200%. No Japão, os produtos alimentares subiram 130%, os salários 60% (confronto os números do camarada Braun na sua brochura atrás referida e os do Conselho Económico Superior dados pelo jornal Times(N199) de 10 de Março de 1920).

É claro que em semelhante situação o crescimento da indignação dos operários, o crescimento das ideias e do estado de espírito revolucionários, o crescimento das greves espontâneas de massas é inevitável. Porque a situação dos operários se torna intolerável. Os operários convencem-se pela sua própria experiência de que os capitalistas se enriqueceram imensamente com a guerra e lançam as despesas e as dívidas sobre os ombros dos operários. Recentemente o telégrafo informou-nos que a América quer deportar para cá, para a Rússia, mais 500 comunistas, para se desembaraçar desses «nocivos agitadores».

Mas ainda que a América deportasse para cá não 500, mas 500000 «agitadores» russos, americanos, japoneses, franceses, isso nada modificaria, porque subsistiria esta desproporção dos preços, contra a qual eles nada podem fazer. E nada podem fazer porque a propriedade privada é ali rigorosamente protegida, porque para eles é «sagrada». Não se deve esquecer isto porque a propriedade privada dos exploradores só foi destruída na Rússia. Os capitalistas não podem fazer nada contra essa desproporção dos preços e os operários não podem viver com os antigos salários. Contra esta calamidade nada poderão fazer nenhuns velhos métodos, nenhuma greve isolada, nem a luta parlamentar, nem a votação, porque a «propriedade privada é sagrada», e os capitalistas acumularam tais dívidas que o mundo inteiro está dominado por um punhado de pessoas; entretanto as condições de vida dos operários tornam-se cada vez mais insuportáveis. Não há outra saída além da supressão da «propriedade privada» dos exploradores.

Na sua brochura A Inglaterra e a Revolução Mundial, da qual o nosso Mensageiro do Comissariado do Povo dos Negócios Estrangeiros(N200) de Fevereiro de 1920 publicou valiosos extractos, o camarada Lapínski indica que na Inglaterra os preços de exportação do carvão foram duas vezes maiores do que os previstos pelos círculos industriais oficiais.

No Lancashire chegou-se a uma subida de 400% no valor das acções. Os lucros dos bancos são da ordem dos 40% a 50% no mínimo, e é preciso ainda notar que quando se trata de determinar os lucros dos bancos, todos os banqueiros sabem ocultar a parte leonina dos lucros de tal modo que não os designam como lucros, mas os escondem sob a forma de prémios, percentagens, etc. Também aqui factos económicos indiscutíveis mostram que a riqueza de um ínfimo punhado de pessoas cresceu de maneira incrível, que um luxo inaudito ultrapassa todos os limites, ao mesmo tempo que a miséria da classe operária se agrava cada vez mais. Em particular, há que assinalar ainda a circunstância que o camarada Levi sublinhou com extraordinária clareza no seu relatório citado acima: a modificação do valor do dinheiro. O dinheiro desvalorizou-se em toda a parte em consequência das dívidas, da emissão de papel-moeda, etc. A mesma fonte burguesa que já citei, isto é, a declaração do Conselho Económico Superior de 8 de Março de 1920, calcula que na Inglaterra a depreciação da moeda em relação ao dólar é aproximadamente de um terço; em França e em Itália, de dois terços, e na Alemanha atinge 96%.

Este facto mostra que o «mecanismo» da economia capitalista mundial está a desintegrar-se por completo. Não é possível continuar as relações comerciais em que no capitalismo assenta a obtenção de matérias-primas e a venda dos produtos manufacturados; não é possível continuá-las precisamente pelo facto de que toda uma série de países se encontram submetidos a um só país, devido à modificação do valor do dinheiro. Nenhum dos países mais ricos tem a possibilidade de existir nem tem a possibilidade de comerciar porque não pode vender os seus produtos, não pode receber matérias-primas.

Resulta assim que a própria América, o país mais rico, ao qual estão submetidos todos os países, não pode comprar nem vender. E esse mesmo Keynes, que conheceu por dentro e por fora as negociações de Versalhes, é obrigado a reconhecer esta impossibilidade, apesar de toda a sua decisão inabalável de defender o capitalismo, apesar de todo o seu ódio ao bolchevismo. Seja dito de passagem, não creio que nenhum apelo comunista ou, de modo geral, revolucionário, possa comparar-se, quanto à sua força, às páginas de Keynes onde ele pinta Wilson e o «wilsonismo» na prática. Wilson foi o ídolo dos pequenos burgueses e dos pacifistas do tipo de Keynes e de uma série de heróis da II Internacional (e mesmo da Internacional «segunda e meia»(N1201)) que exaltaram os «14 pontos»(N202) e até escreveram «doutos» livros sobre as «raízes» da política de Wilson, esperando que Wilson salvaria a «paz social», reconciliaria os exploradores com os explorados e realizaria reformas sociais. Keynes pôs a nu com evidência como Wilson se revelou um tolo e todas estas ilusões se dissiparam ao primeiro contacto com a política prática, mercantil, e traficante do capital, na pessoa dos senhores Clemenceau e Lloyd George. As massas operárias vêem agora cada vez mais claramente pela experiência da sua própria vida, e os doutos pedantes poderiam vê-lo com a simples leitura do livro de Keynes, que as «raízes» da política de Wilson se reduziam apenas à estupidez clerical, à frase pequeno-burguesa e à total incompreensão da luta de classes.

De tudo isto decorrem de modo completamente inevitável e natural duas condições, duas situações fundamentais. Por um lado, a miséria e a ruína das massas cresceram de uma maneira inaudita, e sobretudo no que respeita a 1250 milhões de pessoas, isto é, 70% de toda a população da Terra. Trata-se dos países coloniais e dependentes, cuja população está privada de direitos jurídicos, países colocados «sob mandato» dos bandidos da finança. E, além disso, a escravidão dos países vencidos foi fixada pelo Tratado de Versalhes e pelos acordos secretos que existem em relação à Rússia, que por vezes têm, é verdade, tanto valor como os papelinhos nos quais se escreveu que devemos tantos e tantos milhares de milhões. Estamos perante o primeiro caso, na história mundial, de confirmação jurídica da pilhagem, da escravidão, da miséria e da fome de 1250 milhões de pessoas.

Por outro lado, em cada um dos países que se tornaram credores, a situação dos operários tornou-se insuportável. A guerra trouxe um agravamento sem precedentes de todas as contradições capitalistas, e nisso reside a fonte dessa profundíssima efervescência revolucionária que não pára de crescer, pois na guerra os homens eram colocados nas condições da disciplina militar, eram enviados para a morte ou colocados sob a ameaça da repressão militar imediata. As condições da guerra não davam a possibilidade de ver a realidade económica. Os escritores, os poetas, os padres, toda a imprensa não faziam mais que glorificar a guerra. Agora que a guerra terminou, as coisas começaram a ser desmascaradas. Foi desmascarado o imperialismo alemão com a sua Paz de Brest-Litovsk. Foi desmascarada a Paz de Versalhes, que devia ser a vitória do imperialismo mas se revelou como a sua derrota. O exemplo de Keynes mostra, entre outras coisas, como dezenas e centenas de milhares de pessoas da pequena burguesia, da intelectualidade, do número das pessoas simplesmente um pouco desenvolvidas e alfabetizadas da Europa e da América tiveram que tomar o mesmo caminho que tomou Keynes, que apresentou a sua demissão e lançou à cara do seu governo o livro que desmascarava este governo. Keynes mostrou o que se passa e se passará na consciência de milhares e centenas de milhares de pessoas quando compreenderem que todos estes discursos sobre a «guerra pela liberdade», etc., foram puro logro e que, em resultado da guerra, enriqueceu apenas um número insignificante, enquanto os outros se arruinaram e caíram na escravidão. Com efeito, o burguês Keynes diz que os ingleses, para salvarem a sua vida, para salvarem a economia inglesa, devem conseguir que se reiniciem as relações comerciais livres entre a Alemanha e a Rússia! Mas como consegui-lo? Anulando todas as dívidas, como Keynes propõe! Isto não é uma ideia apenas do douto economista Keynes. Milhões de pessoas chegam e chegarão a esta ideia. E milhões de pessoas ouvem os economistas inglesas dizer que não há outra saída a não ser a anulação das dívidas, que por conseguinte «malditos sejam os bolcheviques!» (que anularam as dívidas), e façamos um apelo à «generosidade» da América!! Penso que se deveria enviar, em nome do Congresso da Internacional Comunista, uma mensagem de agradecimento a estes economistas que fazem agitação a favor do bolchevismo.

Se por um lado a situação económica das massas se tornou insuportável, se, por outro lado, entre a ínfima minoria dos países vencedores omnipotentes se iniciou e se agrava a desintegração ilustrada por Keynes, realmente presenciamos o amadurecimento de ambas as condições da revolução mundial.

Temos agora diante dos nossos olhos um quadro um pouco mais completo de todo o mundo. Sabemos o que significa esta dependência em relação a um punhado de ricaços a que estão sujeitas 1250 milhões de pessoas colocadas em condições de existência impossíveis. Por outro lado, quando se ofereceu aos povos o tratado da Sociedade das Nações, em virtude do qual a Sociedade das Nações declara que pôs fim às guerras e que de futuro não permitirá a ninguém que quebre a paz, quando esse tratado, como última esperança das massas trabalhadoras de todo o mundo, entrou em vigor, isso foi para nós a maior vitória. Quando ele ainda não estava em vigor, diziam: é impossível não submeter um país como a Alemanha a condições especiais; quando houver um tratado, verão como tudo sairá bem. E quando o tratado foi publicado, os adversários furiosos do bolchevismo tiveram que renegá-lo! Quando o tratado começou a vigorar, verificou-se que o ínfimo grupo dos países mais ricos, esse «quarteto dos gordos» - Clemenceau, Lloyd George, Orlando e Wilson - foi encarregado de organizar as novas relações. Quando puseram em marcha a máquina do tratado, ela levou à desintegração total!

Vimo-lo nas guerras contra a Rússia. A fraca, a arruinada, a abatida Rússia, o país mais atrasado, luta contra todas as nações, contra a aliança de potências ricas e poderosas que dominam toda a Terra, e sai vencedora. Não podíamos opor forças em nada equivalentes, mas saímos vencedores. Porquê? Porque não havia sombra de unidade entre elas, porque cada potência actuava contra a outra. A França queria que a Rússia lhe pagasse as dívidas e se tornasse uma força temível contra a Alemanha; a Inglaterra desejava a partilha da Rússia, a Inglaterra tentava apoderar-se do petróleo de Baku e concluir um tratado com os Estados limítrofes da Rússia. Entre os documentos oficiais ingleses há um livro onde se enumera de modo extraordinariamente escrupuloso todos os Estados (contam-se 14) que, há meio ano, em Dezembro de 191 9, prometiam tomar Moscovo e Petrogrado. A Inglaterra assentava nesses Estados a sua política e emprestava-lhes milhões e milhões. Mas hoje todos esses cálculos fracassaram e todos os empréstimos se perderam.

Esta é a situação criada pela Sociedade das Nações. Cada dia de existência deste tratado é a melhor agitação a favor do bolchevismo. Porque os partidários mais poderosos da «ordem» capitalista mostram que, em cada questão, passam rasteiras uns aos outros. Pela partilha da Turquia, da Pérsia, da Mesopotâmia, da China, processa-se uma querela furiosa entre o Japão, a Inglaterra, a América e a França. A imprensa burguesa destes países está cheia dos mais furiosos ataques e das intervenções mais acerbas contra os seus «colegas» porque lhes tiram a presa diante do seu próprio nariz. Vemos o total desacordo que reina no topo entre este ínfimo punhado de países mais ricos. É impossível a 1250 milhões de pessoas, que representam 70% da população da Terra, viver nas condições de subjugação que o capitalismo «avançado» e civilizado quer impor-lhes. Quanto ao ínfimo punhado de potências riquíssimas, a Inglaterra, a América, o Japão (o Japão teve a possibilidade de saquear os países do Oriente, os países asiáticos, mas não pode ter qualquer força financeira e militar independente sem o apoio de outro país), estes 2 ou 3 países não estão em condições de organizar as relações económicas e orientam a sua política para fazer fracassar a política dos seus associados e parceiros da Sociedade das Nações. Daqui decorre a crise mundial. E estas raízes económicas da crise constituem a razão essencial do facto de que a Internacional ComuNista consegue êxitos brilhantes.

Camaradas! Chegámos agora à questão da crise revolucionária como base da nossa acção revolucionária. E aqui é preciso, antes de mais nada, assinalar dois erros muito difundidos. Por um lado, os economistas burgueses pintam a crise com um simples «desassossego», segundo a elegante expressão dos ingleses. Por outro lado, os revolucionários procuram por vezes demonstrar que a crise não tem absolutamente qualquer saída.

Isto é um erro. Não existem situações absolutamente sem saída. A burguesia comporta-se como uma fera insolente que perdeu a cabeça, faz disparate atrás de disparate, agudizando a situação e acelerando a sua perda. Tudo isto é assim. Mas não se pode «demonstrar» que não há absolutamente alguma possibilidade de que adormeça uma certa minoria de explorados com determinadas concessões, de que esmague um movimento ou insurreição de uma determinada parte de oprimidos e explorados. Tentar «demonstrar» antecipadamente a ausência «absoluta» de saída seria pedantismo vão ou jogo de conceitos e palavras. Nesta questão e noutras parecidas só a prática pode ser a verdadeira «demonstração». O regime burguês atravessa em todo o mundo uma grandíssima crise revolucionária. Agora é preciso «demonstrar» com a prática dos partidos revolucionários que eles têm suficiente consciência, organização, ligação com as massas exploradas, decisão e habilidade para aproveitar esta crise para uma revolução com êxito, para uma revolução vitoriosa.

Foi principalmente para preparar essa «demonstração» que nos reunimos no presente congresso da Internacional Comunista.

Citarei, como exemplo de até que grau ainda reina o oportunismo entre os partidos que desejam aderir à III Internacional, até que grau o trabalho de outros partidos está ainda longe da preparação da classe revolucionária para aproveitar a crise revolucionária, citarei Ramsay MacDonald, chefe do «Partido Trabalhista Independente» inglês. No seu livro O Parlamento e a Revolução, dedicado precisamente às questões essenciais que agora nos ocupam também a nós, MacDonald descreve a situação mais ou menos no espírito dos pacifistas burgueses. Reconhece que há crise revolucionária, que cresce o estado de espírito revolucionário, que as massas operárias simpatizam com o Poder Soviético e com a ditadura do proletariado (notai que se trata da Inglaterra), que a ditadura do proletariado é melhor que a actual ditadura da burguesia inglesa.

Mas MacDonald continua a ser um pacifista e conciliador burguês até à medula, um pequeno burguês que sonha com um governo acima das classes. MacDonald reconhece a luta de classes apenas como um «facto descritivo», como todos os mentirosos, sofistas e pedantes da burguesia. MacDonald passa em silêncio a experiência de Kérenski e dos mencheviques e socialistas-revolucionários na Rússia, a experiência semelhante da Hungria, da Alemanha, etc, sobre a formação de um governo «democrático» e pretensamente acima das classes. MacDonald adormece o seu partido e os operários que têm a infelicidade de tomar este burguês por socialista e este filisteu por chefe com as palavras: «Sabemos que isto (isto é, a crise revolucionária, a efervescência revolucionária) passará, se acalmará.» A guerra, diz ele, causou inevitavelmente a crise, mas depois da guerra, ainda que não de repente, «tudo se acalmará»!

E assim escreve um homem que é chefe de um partido que deseja aderir à III Internacional. Temos aqui uma revelação de excepcional franqueza, e por isso tanto mais valiosa, daquilo que se observa com não menos frequência nas camadas superiores do partido socialista francês e do partido social-democrata independente alemão: não só saber, mas também querer aproveitar a crise revolucionária num sentido revolucionário, por outras palavras, não saber e não querer levar a cabo uma preparação verdadeiramente revolucionária do partido e da classe para a ditadura do proletariado.

Este é o mal fundamental de muitos e muitos partidos que actualmente abandonam a II Internacional. E é precisamente por isso que me detenho principalmente, nas teses que propus ao presente congresso, na determinação mais concreta e precisa possível das tarefas de preparação para a ditadura do proletariado.

Mais um exemplo. Recentemente publicou-se um novo livro contra o bolchevismo. Actualmente publicam-se na Europa e na América um número invulgar de livros deste género, e quantos mais livros se publicam contra o bolchevismo tanto mais forte e rapidamente crescem nas massas as simpatias por ele. Refiro-me ao livro de Otto Bauer Bolchevismo ou Social-Democracia?. Aqui se mostra para os alemães de forma evidente o que é o menchevismo, cujo papel vergonhoso na revolução russa foi suficientemente compreendido pelos operários de todos os países. Otto Bauer produziu um panfleto profundamente menchevique, apesar de ter ocultado a sua simpatia pelo menchevismo. Mas na Europa e na América é agora necessário difundir um conhecimento mais preciso do que é o menchevismo, pois este é um conceito genérico para todas as tendências pretensamente socialistas, sociais-democratas, etc., hostis ao bolchevismo. Para nós, russos, seria fastidioso escrever para a Europa sobre o que é o menchevismo. Otto Bauer mostrou-o de facto no seu livro, e agradecemos antecipadamente aos editores burgueses e oportunistas que o vão publicar e traduzir para diferentes línguas. O livro de Bauer será um complemento útil, se bem que original, para os manuais do comunismo. Tomai qualquer parágrafo, qualquer raciocínio de Otto Bauer e demonstrai onde está o menchevismo, onde estão as raízes das concepções que conduzem à prática dos traidores ao socialismo, dos amigos de Kérenski, Scheidemann, etc. - tal a pergunta que se poderia fazer com utilidade e êxito nos «exames» para comprovar se se assimilou o comunismo. Quem não pode responder a essa pergunta ainda não é comunista e é melhor que não ingresse no partido comunista. (Aplausos).

Otto Bauer expressou magnificamente toda a essência das opiniões do oportunismo mundial numa frase, pela qual - se pudéssemos mandar livremente em Viena - deveríamos erguer-lhe um monumento ainda em vida. O emprego da violência na luta de classes das democracias contemporâneas - disse Otto Bauer - seria uma «violência sobre os factores sociais da força».

Provavelmente isto parecer-vos-á estranho e incompreensível. É um modelo daquilo a que reduziram o marxismo, do grau de banalidade e defesa dos exploradores a que se pode levar a teoria mais revolucionária. Falta a variante alemã do espírito pequeno-burguês, e obtém-se a «teoria» de que os «factores sociais da força» são o número, a organização, o lugar ocupado no processo de produção e distribuição, a actividade e a instrução. Se um assalariado agrícola no campo e um operário na cidade exercem violência revolucionária sobre o latifundiário e o capitalista isso não é de modo nenhum ditadura do proletariado, não é de modo nenhum violência sobre os exploradores e opressores do povo. Nada disso. É «violência sobre os factores sociais da força».

Talvez o meu exemplo tenha saído um pouco humorístico. Mas a natureza do oportunismo contemporâneo é tal que a sua luta contra o bolchevismo assume um aspecto humorístico. Para a Europa e a América é da maior utilidade e premência incorporar a classe operária, tudo quanto nela há de pensante, na luta do menchevismo internacional (dos MacDonald, O. Bauer e Cª) contra o bolchevismo.

Aqui devemos colocar a questão de como se explica a solidez de semelhantes tendências na Europa e porque é que esse oportunismo é mais forte na Europa Ocidental do que no nosso país. Pois porque os países avançados criaram e continuam a criar a sua cultura com a possibilidade de viver à custa de mil milhões de pessoas oprimidas. Porque os capitalistas desses países recebem muito mais do que poderiam receber como lucros da pilhagem dos operários do seu país.

Antes da guerra calculava-se que três países riquíssimos, a Inglaterra a França e a Alemanha, tinham receitas anuais de 8 a 10 mil milhões de francos só da exportação de capitais para o estrangeiro, sem contar outras receitas.

E compreensível que desta bela soma se podem atirar quinhentos milhões, pelo menos, como esmola aos dirigentes operários, à aristocracia operária, como subornos de toda a espécie. E tudo se reduz precisamente ao suborno. Isto faz-se de mil formas diferentes: elevando a cultura nos maiores centros, criando estabelecimentos de ensino, criando milhares de lugarzinhos para os chefes das cooperativas, para os chefes das trade-unions e chefes parlamentares. Mas isto faz-se onde quer que existam as relações capitalistas civilizadas contemporâneas. E esses milhares de milhões de superlucros são a base económica em que se apoia o oportunismo no movimento operário. Na América, na Inglaterra, na França verifica-se uma obstinação incomparavelmente mais forte dos chefes oportunistas, da camada superior da classe operária, da aristocracia dos operários; opõem uma resistência mais forte ao movimento comunista. E por isso devemos estar preparados para que a libertação dos operários europeus e americanos desta doença seja mais difícil do que no nosso país. Sabemos que desde a altura da fundação da III Internacional se obtiveram êxitos enormes no tratamento desta doença, mas ainda não fomos até ao fim: a depuração dos partidos operários, dos partidos revolucionários do proletariado de todo o mundo da influência burguesa e dos oportunistas no seu próprio seio está ainda longe de ter terminado.

Não me deterei sobre a maneira concreta como devemos fazê-lo. Disso se fala nas minhas teses, que estão publicadas. A minha tarefa consiste em apontar aqui as profundas raízes económicas deste fenómeno. Esta doença prolongou-se e a sua cura demora mais do que os optimistas poderiam esperar. O nosso inimigo principal é o oportunismo. O oportunismo na camada superior do movimento operário não é socialismo proletário, mas burguês. Demonstrou-se na prática que os elementos dentro do movimento operário pertencentes à tendência oportunista são melhores defensores da burguesia que os próprios burgueses. A burguesia não poderia manter-se se eles não dirigissem os operários. Isso demonstra-o não só a história do regime de Kérenski na Rússia, isso demonstra-o a república democrática na Alemanha com o seu governo social-democrata à frente, isso demonstra-o a atitude de Albert Thomas em relação ao seu governo burguês. Isso demonstra-o uma experiência análoga na Inglaterra e nos Estados Unidos. E aqui que está o nosso inimigo principal, e precisamos de alcançar a vitória sobre este inimigo. Temos de sair do congresso com a firme resolução de levar até ao fim esta luta em todos os partidos. Esta é a tarefa principal.

Em comparação com esta tarefa, a correcção dos erros da tendência «de esquerda» no comunismo será uma tarefa fácil. Em toda uma série de países observamos o antiparlamentarismo, que é trazido não tanto por gente saída da pequena burguesia como apoiado por alguns destacamentos avançados do proletariado, devido ao seu ódio ao velho parlamentarismo, ao ódio lógico, justo e necessário à conduta dos parlamentares em Inglaterra, França, Itália, em todos os países. É preciso dar directrizes da Internacional Comunista, familiarizar mais de perto e mais estreitamente os camaradas com a experiência russa, com o significado do verdadeiro partido político proletário. O nosso trabalho consistirá em cumprir esta tarefa. E a luta contra estes erros do movimento proletário, contra estas insuficiências, será mil vezes mais fácil que a luta contra a burguesia que penetra sob a capa do reformismo nos velhos partidos da II Internacional e orienta todo o seu trabalho não no espírito proletário, mas no espírito burguês.

Camaradas, para concluir deter-me-ei ainda num aspecto da questão. O camarada presidente disse aqui que o congresso merece a designação de mundial. Penso que tem razão, particularmente porque temos aqui não poucos representantes do movimento revolucionário dos países coloniais e atrasados. Isto é apenas um pequeno começo, mas o importante é que este começo se tenha já realizado. A união dos proletários revolucionários dos países capitalistas, dos países avançados, com as massas revolucionárias dos países onde não existe ou quase não existe proletariado, com as massas oprimidas dos países coloniais, dos países do Oriente, esta união está a realizar-se no presente congresso. E depende de nós - estou certo de que o faremos - consolidar esta união. O imperialismo mundial deverá cair quando a investida revolucionária dos operários explorados e oprimidos dentro de cada país, vencendo a resistência dos elementos pequeno-burgueses e a influência da insignificante camada superior constituída pela aristocracia operária, se unir com a investida revolucionária de centenas de milhões de homens que até agora permaneciam fora da história e eram considerados apenas como seu objecto.

A guerra imperialista ajudou a revolução, a burguesia tirou das colónias, dos países atrasados, do isolamento, soldados para participarem nesta guerra imperialista. A burguesia inglesa inculcava aos soldados da Índia a ideia de que os camponeses indus deviam defender a Grã-Bretanha da Alemanha, a burguesia francesa inculcava aos soldados das colónias francesas a ideia de que os negros deviam defender a França. Ensinaram-lhes o manejo das armas. É um conhecimento extraordinariamente útil, e por ele poderíamos expressar à burguesia o nosso profundo agradecimento, em nome de todos os operários e camponeses russos e em particular em nome do Exército Vermelho russo. A guerra imperialista arrastou os povos dependentes para a história mundial. E agora uma das nossas principais tarefas é pensar em como assentar a primeira pedra da organização do movimento soviético nos países não capitalistas. Os Sovietes são aí possíveis; não serão Sovietes operários, serão Sovietes camponeses ou Sovietes de trabalhadores.

É necessário muito trabalho, os erros serão inevitáveis, muitos serão os obstáculos com que se tropeçará nesse caminho. A tarefa fundamental do II Congresso consiste em elaborar ou traçar os princípios práticos, a fim de que o trabalho, que decorreu até agora de forma não organizada entre centenas de milhões de pessoas, decorra de forma organizada, coerente e sistemática.

Passou pouco mais de um ano desde o I Congresso da Internacional Comunista e já aparecemos como vencedores da II Internacional. As ideias soviéticas estão agora difundidas não só entre os operários dos países civilizados e não são só eles que as compreendem e conhecem. Os operários de todos os países riem-se desses sabichões - muitos dos quais se dizem socialistas - que com ar doutoral ou quase doutoral dissertam sobre o «sistema» soviético, como gostam de expressar-se os sistemáticos alemães, ou sobre a «ideia» soviética como se expressam os socialistas «guildistas» ingleses(N203); tais dissertações sobre o «sistema» e a «ideia» soviética não raramente tapam os olhos e a razão dos operários. Mas os operários rejeitam esse lixo pedante e empunham a arma oferecida pelos Sovietes. A compreensão do papel e da importância dos Sovietes difundiu-se agora também no Oriente.

Foi lançada a base para o movimento soviético em todo o Oriente, em toda a Ásia, entre todos os povos coloniais.

A tese de que o explorado deve sublevar-se contra o explorador e criar os seus Sovietes não é demasiado complexa. Depois da nossa experiência, depois de dois anos e meio de República Soviética na Rússia, depois do I Congresso da III Internacional, ela torna-se acessível para centenas de milhões de homens oprimidos pelos exploradores em todo o mundo. E se agora, na Rússia, nos vemos com frequência obrigados a concluir compromissos, a dar tempo ao tempo, pois somos mais fracos que os imperialistas internacionais, sabemos, em contrapartida, que 1250 milhões de homens da população do globo constituem essa massa cujos interesses nós defendemos. Mas somos ainda estorvados pelos obstáculos, os preconceitos e a ignorância, que a cada hora que passa vão sendo relegados para o passado, mas nós cada vez mais representamos e defendemos de facto estes 70% da população da Terra, essa massa de trabalhadores e explorados. Podemos dizer com orgulho: no I Congresso éramos, no fundo, apenas propagandistas, apenas lançámos ao proletariado de todo o mundo ideias fundamentais, apenas lançámos um apelo à luta, apenas perguntávamos: onde estão os homens capazes de seguir esse caminho? Agora temos em toda a parte um proletariado avançado. Em toda a parte há um exército proletário, ainda que por vezes esteja mal organizado e exija uma reorganização, e se os nossos camaradas internacionais nos ajudarem agora a organizar um exército único, nenhumas falhas nos impedirão de realizar a nossa obra. Esta obra é a obra da revolução proletária mundial, é a obra da criação da República Soviética mundial. 

*

No mesmo congresso, mas no dia 26 de julho, Lenin fará um RELATÓRIO DA COMISSÃO SOBRE AS QUESTÕES NACIONAL E COLONIAL. ESTE DEBATE TEM MUITA IMPORTANCIA, SUA POLEMICA É PRINCIPALMENTE COM UM INTERESSANTE COMUNISTA INDIANO DE NOME ROY. 

Camaradas, limitar-me-ei apenas a uma breve introdução, após o que o camarada Maring, que foi secretário da nossa comissão, apresentará um relatório pormenorizado sobre as modificações que fizemos nas teses. Depois dele tomará a palavra o camarada Roy, que formulou teses adicionais. A nossa comissão aprovou por unanimidade tanto as teses iniciais(1*), com as modificações, como as teses adicionais. Conseguimos deste modo chegar a uma completa unanimidade em todas as questões importantes. Farei agora algumas breves observações.

Em primeiro lugar, qual é a ideia mais importante, fundamental, das nossas teses? É a distinção entre nações oprimidas e opressoras. Nós sublinhamos esta distinção, em oposição à II Internacional e à democracia burguesa. Para o proletariado e para a Internacional Comunista tem particular importância na época do imperialismo constatar os factos económicos concretos e partir, ao resolver as questões coloniais e nacionais, não de postulados abstractos, mas dos fenómenos da realidade concreta.

O traço característico do imperialismo consiste em que, como podemos ver, todo o mundo se divide actualmente num grande número de nações oprimidas e num número insignificante de nações opressoras, que dispõem de riquezas colossais e de uma poderosa força militar. A enorme maioria da população da Terra, mais de mil milhões de homens, com toda a probabilidade mil duzentos e cinquenta milhões, se considerarmos que o número de toda a população da Terra é de mil setecentos e cinquenta milhões, isto é, cerca de 70% da população da Terra pertence às nações oprimidas, que ou se encontram numa dependência colonial directa ou são Estados semicolonialistas, como por exemplo a Pérsia, a Turquia e a China, ou que, depois de terem sido derrotadas pelo exército de uma grande potência imperialista, se viram numa forte dependência dela por força dos tratados de paz. Esta ideia da distinção, da divisão das nações em opressoras e oprimidas, atravessa todas as teses, não apenas as primeiras, que apareceram com a minha assinatura e foram publicadas anteriormente, mas também as teses do camarada Roy. Estas últimas foram escritas sobretudo do ponto de vista da situação da Índia e de outros grandes povos da Ásia oprimidos pela Inglaterra, e nisto reside a sua enorme importância para nós.

A segunda ideia que orienta as nossas teses reside em que, na actual situação mundial, depois da guerra imperialista, as relações entre os povos, todo o sistema mundial dos Estados, são determinados pela luta de um pequeno grupo de nações imperialistas contra o movimento soviético e os Estados soviéticos, à frente dos quais está a Rússia Soviética. Se perdermos isto de vista, não poderemos colocar correctamente nenhuma questão nacional ou colonial, mesmo que se trate do recanto mais afastado do mundo. Só partindo deste ponto de vista os partidos comunistas dos países civilizados, tal como os dos atrasados, poderão colocar e resolver correctamente as questões políticas.

Em terceiro lugar, gostaria de sublinhar particularmente a questão do movimento democrático-burguês nos países atrasados. Esta foi precisamente a questão que suscitou algumas divergências. Discutimos sobre se, do ponto de vista dos princípios e da teoria, era ou não correcto declarar que a Internacional Comunista e os partidos comunistas devem apoiar o movimento democrático-burguês nos países atrasados; em resultado desta discussão chegámos à decisão unânime de que deve falar-se de movimento revolucionário nacional em vez de movimento «democrático-burguês». Não resta a menor dúvida de que qualquer movimento nacional só pode ser democrático-burguês, pois a massa principal da população nos países atrasados é constituída pelo campesinato, que representa as relações capitalistas burguesas. Seria utópico pensar que os partidos proletários, se é que eles podem surgir em geral em tais países, são capazes de aplicar nestes países atrasados uma táctica comunista sem manter determinadas relações com o movimento camponês e sem o apoiar na prática. Mas aqui foram feitas objecções de que se falássemos de movimento democrático-burguês se apagaria qualquer diferença entre os movimentos reformista e revolucionário. Entretanto, nos últimos tempos esta diferença manifestou-se nos países coloniais e atrasados com inteira clareza, porque a burguesia imperialista procura com todas as forças implantar o movimento reformista também entre os povos oprimidos. Entre a burguesia dos países exploradores e a dos coloniais verificou-se uma certa aproximação, pelo que, muito frequentemente - e talvez mesmo na maioria dos casos - a burguesia dos países oprimidos, apesar de apoiar os movimentos nacionais, luta ao mesmo tempo de acordo com a burguesia imperialista, isto é, juntamente com ela, contra todos os movimentos revolucionários e as classes revolucionárias. Na comissão isto foi demonstrado de forma irrefutável, e nós considerámos que a única coisa correcta era ter em atenção esta diferença e substituir em quase toda a parte a expressão «democrático-burguês» pela expressão «revolucionário-nacional». O sentido desta mudança consiste em que nós, como comunistas, só devemos apoiar e só apoiaremos os movimentos libertadores burgueses nos países coloniais nos casos em que esses movimentos sejam verdadeiramente revolucionários, em que os seus representantes não nos impeçam de educar e organizar num espírito revolucionário o campesinato e as amplas massas de explorados. Mas se não existirem essas condições, os comunistas devem lutar nestes países contra a burguesia reformista, à qual também pertencem os heróis da II Internacional. Nos países coloniais existem já partidos reformistas, e os seus representantes dizem-se por vezes sociais-democratas e socialistas. A distinção mencionada foi aplicada a todas as teses, e penso que graças a isto o nosso ponto de vista está agora formulado de um modo mais preciso.

Quereria fazer a seguir outra observação sobre os Sovietes camponeses. O trabalho prático dos comunistas russos nas colónias anteriormente pertencentes ao tsarismo, em países tão atrasados como o Turquestão e outros, colocou perante nós a questão de como devem ser aplicadas a táctica e a política comunistas em condições pré-capitalistas, pois o traço característico mais importante destes países é o facto de neles dominarem ainda as relações pré-capitalistas, e por isso não se pode sequer falar ali de um movimento puramente proletário. Nestes países quase não há proletariado industrial. Apesar disto, também ali temos assumido e devemos assumir o papel de dirigentes. O nosso trabalho mostrou-nos que nestes países é preciso vencer dificuldades colossais, mas os resultados práticos do nosso trabalho mostraram também que, apesar destas dificuldades, se pode despertar nas massas a aspiração a um pensamento político independente e a uma actividade política independente também lá onde quase não há proletariado. Este trabalho foi mais difícil para nós do que para os camaradas dos países da Europa Ocidental, pois o proletariado na Rússia está sobrecarregado pelo trabalho estatal. Compreende-se perfeitamente que os camponeses, que se encontram numa dependência semifeudal, possam assimilar muito bem a ideia da organização soviética e realizá-la na prática. É igualmente claro que as massas oprimidas, exploradas não só pelo capital mercantil mas também pelos feudais e por um Estado que assente sobre bases feudais, podem também aplicar esta arma, este tipo de organização nas condições em que se encontram. A ideia da organização soviética é simples e pode ser aplicada não só às relações proletárias mas também às relações camponesas feudais e semifeudais. A nossa experiência neste domínio não é ainda muito grande, mas os debates na comissão, nos quais participaram alguns representantes de países coloniais, demonstraram-nos de um modo inteiramente irrefutável que nas teses da Internacional Comunista é necessário assinalar que os Sovietes camponeses, os Sovietes dos explorados são um instrumento útil não só para os países capitalistas, mas também para os países com relações pré-capitalistas, e que a propaganda da ideia dos Sovietes camponeses, dos Sovietes de trabalhadores, em toda a parte, tanto nos países atrasados como nas colónias, é um dever incondicional dos partidos comunistas e dos elementos que estão dispostos a criar partidos comunistas; e lá onde as condições o permitam devem tentar imediatamente a organização de Sovietes do povo trabalhador.

Abre-se aqui perante nós um domínio muito interessante e importante de trabalho prático. A nossa experiência geral neste aspecto não é ainda muito grande, mas pouco a pouco iremos acumulando cada vez mais materiais. É indiscutível que o proletariado dos países avançados pode e deve ajudar as massas trabalhadoras atrasadas e que o desenvolvimento dos países atrasados poderá sair da sua etapa actual quando o proletariado vencedor das repúblicas soviéticas estender a mão a essas massas e puder prestar-lhes apoio.

Sobre esta questão travaram-se na comissão debates bastante vivos não só em ligação com as teses assinadas por mim, mas mais ainda em ligação com as teses do camarada Roy, que ele defenderá aqui e em relação às quais foram adoptadas por unanimidade algumas emendas.

A questão foi colocada do seguinte modo: poderemos considerar correcta a afirmação de que o estádio capitalista de desenvolvimento da economia nacional é inevitável para os povos atrasados que estão agora a libertar-se e entre os quais se observa agora, depois da guerra, um movimento na via do progresso? Respondemos negativamente a esta questão. Se o proletariado revolucionário vitorioso realizar entre eles uma propaganda sistemática e os governos soviéticos forem em sua ajuda com todos os meios de que dispõem, é errado supor que o estádio capitalista de desenvolvimento é inevitável para os povos atrasados. Em todas as colónias e países atrasados devemos não só formar quadros independentes de combatentes, organizações partidárias, não só realizar uma propaganda imediata pela organização de Sovietes camponeses e procurar adaptá-los às condições pré-capitalistas, mas a Internacional Comunista deve estabelecer e fundamentar teoricamente a tese de que os países atrasados, com a ajuda do proletariado dos países avançados, podem passar ao regime soviético e, através de determinadas etapas de desenvolvimento, ao comunismo, evitando o estádio capitalista de desenvolvimento.

Não é possível indicar antecipadamente os meios necessários para isto. A experiência prática no-los sugerirá. Mas está firmemente estabelecido que a ideia dos Sovietes é uma ideia familiar a todas as massas trabalhadoras dos povos mais afastados, que estas organizações, os Sovietes, devem ser adaptadas às condições de um regime social pré-capitalista e que o trabalho dos partidos comunistas nesta direcção deve começar imediatamente em todo o mundo.

Quereria apontar ainda a importância do trabalho revolucionário dos partidos comunistas não só no seu próprio país, mas também nos países coloniais, e particularmente entre as tropas utilizadas pelas nações exploradoras para manter submetidos os povos das suas colónias.

O camarada Quelch, do Partido Socialista Britânico, falou sobre isto na nossa comissão. Disse que o operário inglês da base consideraria uma traição ajudar os povos escravizados nas suas insurreições contra o domínio inglês. É verdade que o estado de espírito jingoísta(N205) e chauvinista da aristocracia operária da Inglaterra e da América representa um enorme perigo para o socialismo e um fortíssimo apoio da II Internacional, que estamos aqui perante a maior traição dos chefes e dos operários pertencentes a essa Internacional burguesa. Na II Internacional também analisaram a questão colonial. O Manifesto de Basileia também falava nisto de modo absolutamente claro. Os partidos da II Internacional prometeram actuar revolucionariamente, mas não vemos nos partidos da II Internacional e, suponho, também entre a maioria dos partidos que saíram da II Internacional e desejam entrar na III Internacional, um verdadeiro trabalho revolucionário nem ajuda aos povos explorados e dependentes nas suas insurreições contra as nações opressoras. Devemos declará-lo alto e bom som, e isto não pode ser refutado. Veremos se será feita alguma tentativa para o refutar.

Todas estas considerações serviram de base às nossas resoluções, que, indubitavelmente, são demasiado longas, mas acredito que, apesar de tudo, serão úteis e contribuirão para o desenvolvimento e para a organização de um trabalho verdadeiramente revolucionário nas questões nacional e colonial, o que constitui a nossa tarefa principal.

ALGUMAS DAS QUESTÕES ENVOLVIDAS NO DEBATE

- AS PERSPECTIVAS DE NOVAS GUERRAS inter-IMPERIALISTAS 

-NA VANGUARDA DA DERROTA DO IMPERIALISMO E DA SUPERAÇÃO DO CAPITALISMO, ESTARIAM OS TRABALHADORES DO OCIDENTE OU DO ORIENTE?

-COMO RELACIONAR, NO ORIENTE, A LUTA ANTIIMPERIALISTA E A LUTA ANTICAPITALISTA? MAIS ESPECIFICAMENTE, COMO SE RELACIONAR COM A BURGUESIA E COM OS CAMPONESES

-COMO ORGANIZAR PARTIDOS COMUNISTAS EM PAÍSES COM PROLETARIADO TÃO DÉBIL?

-COMO TRATAR AS CONTRADIÇÕES POTENCIAIS ENTRE OS INTERESSES DO ESTADO SOVIÉTICO E OS INTERESSES DO MOVIMENTO COMUNISTA NUM DETERMINADO PAÍS?

*

O mais importante do 2º Congresso foi a aprovação das 21 condições. VER A ESSE RESPEITO, A SEGUIR, ALGUMAS EXPLICAÇÕES DO TEXTO DO FISHUK.

Originalmente eram 19 pontos. (1)

Discutidas previamente numa comissão especial, as 19 condições sofreram leves alterações, tendo sido adicionada, por iniciativa do próprio Lenin, aquela que se tornaria a condição 20 (sobre a composição dos principais órgãos centrais) e transformada a condição 12 no segundo parágrafo da primeira (ambas tratando da imprensa e da propaganda partidárias). 

Em seguida, debatidas em plenário, essas novas 19 condições, aceitas prontamente por uns e rejeitadas fortemente por outros, foram acrescidas ainda das de número 18 (publicação dos documentos do Comitê Executivo da Internacional Comunista) e 21 (expulsão dos militantes contrários às 21 condições), esta última, considerada a mais drástica, por incentivo especial do italiano Amadeo Bordiga. (2)

SEGUE  O TEXTO


O Primeiro Congresso (constituinte) da Internacional Comunista não elaborou as condições precisas de admissão dos Partidos na organização. Quando ele foi convocado, na maioria dos países havia apenas tendências e grupos (6) comunistas.

O Segundo Congresso Mundial da Internacional Comunista está se reunindo em outras circunstâncias. Agora, na maioria dos países, já existem não somente correntes e tendências, mas também partidos e organizações comunistas.

Cada vez mais partidos e grupos que até recentemente pertenciam à 2.ª Internacional estão se voltando agora para a Internacional Comunista e desejam aderir a ela, sem por isso terem realmente se tornado comunistas. A 2.ª Internacional está definitivamente arruinada: os partidos intermediários e os grupos “centristas”, percebendo a situação desesperadora dessa organização, buscam se apoiar na cada vez mais forte Internacional Comunista, esperando, porém, conservar uma “autonomia” que lhes permita manter sua antiga política oportunista ou “centrista”. A Internacional Comunista, de certa forma, está na moda.

O desejo de certos grupos dirigentes “centristas” de aderir à 3.ª Internacional nos confirma indiretamente que ela conquistou as simpatias da imensa maioria dos trabalhadores conscientes do mundo inteiro e constitui uma força que cresce a cada dia.

Nessas circunstâncias, a Internacional Comunista corre o risco de ser liquidada por grupos vacilantes e indecisos que ainda não romperam com a ideologia da 2.ª Internacional.

Além disso, em alguns Partidos importantes (italiano, sueco, norueguês, iugoslavo e outros) (7) cuja maioria se coloca no plano comunista, ainda restam consideráveis alas reformistas e social-pacifistas que apenas esperam o momento de reerguer a cabeça para sabotar ativamente a revolução proletária, auxiliando, assim, a burguesia e a 2.ª Internacional.

Nenhum comunista deve esquecer as lições da República Soviética Húngara. A união dos comunistas húngaros com os ditos sociais-democratas “de esquerda” (8) custou caro ao proletariado do país.

Em vista disso, o 2.º Congresso Mundial julga necessário fixar condições absolutamente precisas de admissão de novos Partidos na Internacional Comunista e indicar ainda aos Partidos já filiados as obrigações que lhes cabem.

O 2.º Congresso Mundial estabelece as seguintes condições de admissão na Internacional Comunista:

1. A propaganda e a agitação cotidianas devem ter um caráter efetivamente comunista e corresponder ao programa e às resoluções da 3.ª Internacional. (9) Os órgãos de imprensa controlados pelo Partido devem ter a redação a cargo de comunistas fiéis, provadamente devotados à causa proletária. (10) A ditadura do proletariado não deve ser abordada como um simples chavão de uso corrente, mas preconizada de modo que todo operário, operária, soldado e camponês comum deduzam sua necessidade dos fatos da vida real, mencionados diariamente em nossa imprensa.

(11) As editoras partidárias (12) e a imprensa, periódica ou não, devem estar inteiramente submetidas ao Comitê Central, seja o Partido como um todo atualmente legal ou não. É inadmissível que as editoras abusem de sua autonomia e sigam uma política que não corresponda à do Partido.

Nas páginas dos jornais, nos comícios populares, nos sindicatos, nas cooperativas e onde quer que os partidários da 3.ª Internacional encontrem (13) livre acesso, é indispensável atacar de modo sistemático e implacável não somente a burguesia, mas também seus cúmplices, os reformistas de todos os matizes.

2. As organizações que desejam filiar-se à Internacional Comunista devem afastar de modo planejado e sistemático os reformistas e os “centristas” dos postos minimamente importantes no movimento operário (organizações partidárias, redações, sindicatos, bancadas parlamentares, cooperativas, municipalidades etc.) e substituí-los por comunistas fiéis, sem abalar-se com o fato de às vezes ser necessário, de início, trocar militantes “experientes” por operários comuns.

3. Em quase todos os países da Europa e da América, a luta de classes está entrando na fase da guerra civil. Em tais circunstâncias, os comunistas não podem confiar na legalidade burguesa e devem formar em toda parte um aparelho clandestino paralelo que possa, no momento decisivo, ajudar o Partido a cumprir seu dever perante a revolução. (14) Nos países onde os comunistas, por conta do estado de sítio ou das leis de exceção, não possam atuar em total legalidade, é absolutamente indispensável combinar o trabalho legal e o clandestino.

4. O dever de propagar as ideias comunistas inclui a necessidade especial da propaganda persistente e sistemática nos exércitos. Nos lugares onde as leis de exceção proíbem essa agitação, ela deve ser realizada clandestinamente. Renunciar a essa tarefa equivale a trair o dever revolucionário e desmerecer a filiação à 3.ª Internacional. (15)

5. É indispensável a agitação sistemática e planejada no campo. A classe operária não pode garantir sua vitória sem atrair ao menos uma parcela dos assalariados agrícolas e dos camponeses mais pobres e neutralizar com sua política uma parte dos setores rurais restantes. O trabalho comunista no campo está adquirindo atualmente a mais alta importância. Para realizá-lo, é especialmente indispensável o auxílio dos trabalhadores comunistas revolucionários da cidade e do campo (16) ligados ao campesinato. Renunciar a essa tarefa ou delegá-la a semirreformistas duvidosos equivale a renunciar à própria revolução proletária.

6. Os Partidos que desejam filiar-se à 3.ª Internacional devem denunciar não somente o social-patriotismo aberto como também a falsidade e a hipocrisia do social-pacifismo, demonstrando sistematicamente aos trabalhadores que, sem a derrubada revolucionária do capitalismo, nenhuma corte internacional de arbitragem, nenhum tratado (17) de redução de armamentos e nenhuma reorganização “democrática” da Liga das Nações livrará a humanidade de novas guerras imperialistas.

7. Os Partidos que desejam filiar-se à Internacional Comunista devem reconhecer a necessidade da ruptura completa e definitiva com o reformismo e o “centrismo” e preconizá-la entre o grosso da militância. Sem isso, torna-se impossível realizar uma política comunista consequente.

A Internacional Comunista exige de modo incondicional e categórico que se realize essa ruptura o mais rápido possível. Não se pode admitir que oportunistas (18) notórios como, por exemplo, Turati, Kautsky, Hilferding, Hillquit, Longuet, MacDonald, Modigliani (19) e outros tenham o direito de considerarem-se membros da 3.ª Internacional, o que a levaria (20) a equiparar-se fortemente à falida 2.ª Internacional.

8. Na questão colonial e das nações oprimidas, é indispensável que tenham uma linha particularmente clara e precisa os Partidos dos países cuja burguesia possui colônias e oprime outros povos. Os Partidos que desejam filiar-se à 3.ª Internacional devem denunciar implacavelmente as artimanhas de “seus” imperialistas nas colônias; apoiar os movimentos de libertação nas colônias não somente em palavras, mas também em atos; exigir a expulsão de seus compatriotas imperialistas das colônias; cultivar nos corações dos operários de seus países um sentimento fraternal sincero para com a população trabalhadora das colônias e das nações oprimidas; e realizar entre as tropas da metrópole uma agitação sistemática contra todo tipo de opressão dos povos coloniais.

9. Os Partidos que desejam filiar-se à Internacional Comunista devem realizar uma atividade sistemática e persistente nos sindicatos, nos conselhos operários e industriais, (21) nas cooperativas e em outras organizações de massas, onde é indispensável criar células que, após longo e persistente trabalho, ganhem-nas para a causa comunista. Inteiramente subordinadas ao conjunto do Partido, essas células devem, a cada passo de seu trabalho cotidiano, denunciar as traições dos sociais-patriotas e as hesitações dos “centristas”.

10. Os Partidos filiados à Internacional Comunista devem insistentemente lutar contra a “Internacional” Sindical Amarela de Amsterdã e preconizar entre os operários sindicalizados a necessidade de romper com ela. Esses Partidos devem apoiar, por todos os meios, a nascente unificação internacional dos sindicatos vermelhos que apoiam a Internacional Comunista.

11. Os Partidos que desejam filiar-se à 3.ª Internacional devem rever a composição de suas bancadas parlamentares, removendo os elementos desconfiáveis, submetendo-as ao Comitê Central do Partido não somente em palavras, mas também na prática, e exigindo que cada parlamentar comunista sujeite sua atuação aos interesses da propaganda e da agitação realmente revolucionárias.

12. (22) Os partidos filiados à Internacional Comunista devem ser organizados segundo o princípio do “centralismo” (23) democrático. No atual período de guerra civil encarniçada, um Partido Comunista só poderá cumprir seu dever se for organizado da maneira mais centralizada possível, se nele predominar uma disciplina férrea que beire a militar e se seu órgão central gozar de forte autoridade, de amplos poderes e da confiança unânime da militância.

13. (24) Os Partidos Comunistas que atuam legalmente devem realizar depurações periódicas (recadastramentos) entre os efetivos de suas organizações para remover sistematicamente os inevitáveis elementos pequeno-burgueses.

14. (25) Os Partidos que desejam filiar-se à Internacional Comunista devem apoiar incondicionalmente cada República Soviética em seu combate às forças contrarrevolucionárias. Os Partidos Comunistas devem buscar continuamente convencer os trabalhadores a não transportar material bélico aos inimigos dessas Repúblicas, devem realizar uma propaganda legal ou clandestina entre as tropas enviadas para sufocar as repúblicas operárias etc.

15. (26) Os Partidos que ainda mantêm seus velhos programas social-democratas devem revisá-los o mais rápido possível e elaborar um novo, afinado com as resoluções da Internacional Comunista e adaptado às particularidades nacionais. Como regra, os programas dos Partidos filiados devem ser aprovados pelo Congresso Mundial seguinte ou pelo Comitê Executivo da Internacional Comunista. Caso este não aprove determinado programa, o Partido tem o direito de recorrer ao Congresso Mundial.

16. (27) Todas as resoluções dos congressos da Internacional Comunista, bem como as de seu Comitê Executivo, são obrigatórias para os Partidos a ela filiados. Atuando em meio à mais encarniçada guerra civil, a Internacional Comunista deve ser organizada de forma muito mais centralizada do que a 2.ª Internacional. Além disso, o trabalho da Internacional Comunista e de seu Comitê Executivo deve evidentemente levar em conta as diferentes circunstâncias em que luta e atua cada Partido e só tomar decisões de obrigação geral nas questões em que isso seja realmente possível.

17. (28) Conforme tudo o que foi exposto acima, os Partidos que desejam filiar-se à Internacional Comunista devem mudar seu nome para Partido Comunista de tal país (Seção da 3.ª Internacional Comunista). A questão do nome não é meramente formal, mas possui grande importância. (29) A Internacional Comunista declarou uma guerra decidida contra o mundo burguês e os partidos social-democratas amarelos. É indispensável deixar completamente clara a todo trabalhador comum a diferença entre os Partidos Comunistas e os velhos partidos “social-democratas” ou “socialistas” oficiais que traíram a bandeira da classe operária.

18. (30) Os órgãos dirigentes da imprensa partidária de todos os países devem publicar todos os documentos oficiais importantes do Comitê Executivo da Internacional Comunista.

19. Os Partidos filiados à Internacional Comunista ou que solicitaram sua filiação devem convocar o mais rápido possível, mas até quatro meses após o 2.º Congresso Mundial, um congresso extraordinário para discutir internamente estas condições. Além disso, os Comitês Centrais devem cuidar para que todas as organizações de base conheçam as resoluções do 2.º Congresso da Internacional Comunista. (31)

20. (32) Os Partidos que gostariam de filiar-se agora à 3.ª Internacional, mas ainda não mudaram radicalmente sua antiga tática, devem cuidar para que, até sua filiação, não menos de 2/3 de seu Comitê Central e de seus principais órgãos centrais sejam compostos por camaradas que, antes do 2.º Congresso da Internacional Comunista, já tenham se manifestado de forma aberta e inequívoca a favor do ingresso de seu Partido. O Comitê Executivo da 3.ª Internacional tem o direito de admitir exceções, inclusive no caso dos representantes “centristas” mencionados na condição 7.

21. (33) Devem ser expulsos do Partido os membros que rejeitarem por princípio as condições e teses apresentadas pela Internacional Comunista.

O mesmo vale para os delegados do congresso extraordinário de cada Partido.

INDICAÇÕES ABAIXO SÃO DO FISHUK

 (1) Uma breve discussão sobre as vicissitudes das 21 condições no 2.º Congresso Mundial da Comintern pode ser lida na famosa obra de Edward Hallett Carr, The Bolshevik Revolution, 1917‒1923, v. 3, Londres, Penguin Books, 1977, pp. 197-200.

(2) Uma narração detalhada do ferrenho debate, travado no congresso, sobre as 21 condições, seu texto e sua adoção encontra-se no trabalho igualmente magistral de Pierre Broué, História da Internacional Comunista (1919-1943), t. 1 (“A ascensão e a queda”), tradução de Fernando Ferrone, São Paulo, Sundermann, 2007, pp. 206-216. Sou grato a Dainis Karepovs por essa indicação.

(3) Este site disponibiliza a 5.ª edição das Sochinenia em formato DOC, além de alguns de seus textos em formato HTML.

Esta página mostra diretamente o texto em russo das 19 condições e do preâmbulo originais.

(3a) Acesse aqui um link direto para baixar o livro em formato DJVU, sendo possível ler ainda o sumário em russo.

(4) Esta página contém o capítulo sobre a Comintern da Crestomatia, no qual se encontram a versão final das 21 condições e outros documentos.

Esta página contém a transcrição da versão datilografada das 21 condições (que possui leves diferenças com relação à versão final), secundada por um resumo, uma introdução histórica (ambos em russo) e uma cópia fac-similada do documento.

(15) No O-19 a condição 4 tem esta redação: “São indispensáveis a propaganda persistente e sistemática nos exércitos e a formação de células comunistas em cada unidade militar. Os comunistas devem realizar a maior parte desse trabalho clandestinamente, e renunciar a ele equivale a trair o dever revolucionário e desmerecer a filiação à 3.ª Internacional.”

 (31) No O-19 a condição 19 tem esta redação: “Findos os trabalhos do Segundo Congresso Mundial da Internacional Comunista, os Partidos que desejam filiar-se a ela devem convocar um congresso extraordinário interno o mais rápido possível para corroborar oficialmente, em nome de seus militantes, as condições listadas acima.”

O 2º Congresso aprova também os estatutos, que poder ser lidos aqui: http://ciml.250x.com/archive/comintern/spanish/estatutos_comintern_spanish.pdf

E também FORAM APROVADAS RESOLUÇÕES SOBRE:

EL PARTIDO COMUNISTA Y EL PARLAMENTARISMO

PRIMER ESBOZO DE LAS TESIS SOBRE LOS PROBLEMAS NACIONAL Y COLONIAL

TESIS SOBRE LA FUNCIÓN DEL PARTIDO COMUNISTA EN LA REVOLUCIÓN PROLETARIA la Internacional Comunista

*

EM 1921 ACONTECE O 3º Congresso Mundial da Internacional Comunista, de 22 de junho e 12 de julho de 1921

Poucos antes havia ocorrido o X Congresso do PC bolchevique: 8 a 16 de março de 1921. Neste congresso, foi homologada a NEP, foram derrotadas as oposições “basistas”, houve um duro debate sobre a questão sindical, foram proibidas as tendências.

Seguem os títulos das resoluções aprovadas no 3º Congresso da IC:

- Tesis sobre la situación mundial y las tareas de la Internacional Comunista

- Tesis sobre la táctica

- Resolución sobre el informe del Comité Ejecutivo

- Tesis sobre la estructura, los métodos y la acción de los partidos comunistas

- Resolución sobre la organización de la Internacional Comunista

- Resolución sobre la acción de marzo y sobre el Partido Comunista Unificado de

Alemania

- Tesis sobre la táctica del Partido Comunista Ruso

- Resolución sobre la táctica del Partido Comunista Ruso

- La Internacional Comunista y la Internacional Sindical Roja

- Tesis sobre la acción de los comunistas en las cooperativas

- Resolución del III Congreso de la Internacional Comunista sobre la acción en las

cooperativas

- Resolución sobre la Internacional Comunista y el movimiento de la Juventud

Comunista

- Declaración sobre Max Hoelz

- Tesis para la propaganda comunista entre las mujeres trabajadoras

- Resolución concerniente a las relaciones internacionales de las mujeres comunistas y

el Secretariado de la Mujer de la Internacional Comunista

- Resolución concerniente a las formas y métodos del trabajo comunista con las mujeres

- Manifiesto del Comité Ejecutivo de la Internacional Comunista

O informe principal ao 3º Congresso foi feito pelo Trotsky e pode ser lido aqui: http://ciml.250x.com/archive/comintern/spanish/1921_3_congresso_de_la_internacional_comunista.pdf

AQUI VALE DESTACAR O SEGUINTE: Lenin, Zinoviev e Trotsky eram muito ativos na Internacional. Stalin não. Zinoviev foi até 1926 o principal quadro russo a frente da IC. Depois Bukharin o substituiria até 1929. Depois haveriam figuras menores, até que em 1934 Dimitrov assume.

Há uma importante resolução sobre as mulheres, ler aqui: http://ciml.250x.com/cwish/zetkin/spanish/clara_zetkin_guidelines_communist_womens_movement_1920_spanish.html

IMPORTANTE LER A RESOLUÇÃO DA CEIC SOBRE A FRENTE ÚNICA: Tesis sobre la unidad del frente proletário, aprovada pelo Comité Ejecutivo de la Internacional Comunista

1921

1.

El movimiento internacional atraviesa en este momento un período de transición que plan-tea que la Internacional Comunista y sus secciones nuevos e importantes problemas tácticos.

Este período está principalmente caracterizado por los siguientes hechos:

La crisis económica mundial se agudiza. La desocupación aumenta. En casi todos los países, el capital internacional desencadenó contra la clase obrera una ofensiva sistemática, cuyo objetivo confesado es ante todo reducir los salarios y envilecer las condiciones de existencia de los trabajadores. El fracaso de la paz de Versalles es cada vez más evidente para las propias masas trabajadoras. Es innegable que si el proletariado internacional no logra destruir el régimen burgués no tardarán en estallar una o hasta varias guerras imperialistas, lo que quedó demostrado elocuentemente en la Conferencia de Washington.

2.

 Las ilusiones reformistas que, a raíz de diversas circunstancias, habían predominado durante una época en las grandes masas obreras, son sustituidas, ante la presencia de duras realidades, por un estado de ánimo muy diferente. Las ilusiones democráticas y reformistas que, después de la guerra imperialista, habían ganado terreno en una categoría de trabajadores privilegiados, así como entre los obreros más atrasados desde el punto de vista político, se disipan aún antes de haberse desarrollado. Los resultados de los trabajos de la Conferencia de Washington les asestarán el golpe de gracia. Si hace seis meses se podía hablar aparentemente con razón de cierta evolución hacia la derecha de las masas obreras de Europa y América, en este momento es imposible negar el comienzo de una nueva orientación hacia la izquierda.

3.

 Por otra parte, la ofensiva capitalista suscitó en las masas obreras una tendencia espontánea a la unidad que nada podrá contener y que se da simultáneamente con un aumento de la confianza de que gozan los comunistas por parte del proletariado.

Recién ahora medios obreros cada vez más importantes comienzan a apreciar la valentía de la vanguardia comunista que entabló la lucha por la defensa de los intereses proletarios en una época en que las grandes masas permanecían aún indiferentes, es decir hostiles, al comu-nismo. Los obreros comprenden cada vez más que los comunistas han defendido, frecuente-mente al precio de grandes sacrificios y en las circunstancias más penosas, los intereses económicos y políticos de los trabajadores. Nuevamente, el respeto y la confianza rodean a la vanguardia intransigente que constituyen los comunistas. Reconociendo finalmente la vanidad de las esperanzas reformistas, los trabajadores más atrasados se convencen de que la única salvación que existe contra la expoliación capitalista está en la lucha.

4.

 Los partidos comunistas pueden y deben recoger ahora los frutos de las luchas que sostu-vieron anteriormente en las circunstancias más desfavorables y en medio de la indiferencia de las masas. Pero llevados por una creciente confianza en los elementos más irreductibles, más combativos de su clase, en los comunistas, los trabajadores dan mayores pruebas que nunca de un irresistible deseo de unidad. Integrados ahora a una vida más activa, los sectores con menos experiencia de la clase obrera sueñan con la fusión de todos los partidos obreros. Espe-ran de ese modo aumentar su capacidad de resistencia ante la ofensiva capitalista. Obreros que hasta el momento casi no habían demostrado interés por las luchas políticas, ahora quieren verificar, mediante su experiencia personal, el valor del programa político del reformismo. Los obreros afiliados a los viejos partidos socialdemócratas y que constituyen una fracción importante del proletariado ya no admiten las campañas de calumnias dirigidas por los social-demócratas y los centristas contra la vanguardia comunista. Más aún, comienzan a reclamar un acuerdo con esta última. Sin embargo aún no están totalmente liberados de las creencias reformistas y muchos de ellos conceden su apoyo a las Internacionales Socialistas y a la de Amsterdam.

Indudablemente, sus aspiraciones no siempre están claramente formuladas, pero es evidente que tienden imperiosamente a la creación de un frente proletario único, a la formación, por parte de los partidos de la II Internacional y los sindicatos de Amsterdam aliados a los comu-nistas, de un poderoso bloque contra el cual vendría a estrellarse la ofensiva patronal. En ese sentido, esas aspiraciones representan un gran progreso. La fe en el reformismo está desapare-ciendo. En la situación actual del movimiento obrero, toda acción seria, aún cuando tenga su punto de partida en reivindicaciones parciales, llevará fatalmente a las masas a plantear los problemas fundamentales de la revolución. La vanguardia comunista ganará con la experien-cia el apoyo de nuevos sectores obreros, que se convencerán por sí mismos de la inutilidad de las ilusiones reformistas y de los efectos deplorables de la política de conciliación.

5.

 Cuando comenzó la protesta organizada y consciente de los trabajadores contra la traición de los líderes de la II Internacional, estos disponían del conjunto del mecanismo de las organi-zaciones obreras. Invocaron la unidad y la disciplina obrera para intimidar despiadadamente a los revolucionarios contestatarios y quebrar todas las resistencias que les hubiesen impedido poner al servicio de los imperialistas nacionales la totalidad de las fuerzas proletarias. La izquierda revolucionaria se vio así forzada a conquistar a cualquier precio su libertad de propaganda, a fin de dar a conocer a las masas obreras la traición infame que habían cometido – y que continúan cometiendo – los partidos y sindicatos creados por las propias masas.

6.

 Luego de asegurarse una total libertad de propaganda, los partidos comunistas en todos los países se esfuerzan actualmente por realizar una unidad tan completa como sea posible de las masas obreras en el terreno de la acción práctica. Los dirigentes de Amsterdam y de la II Internacional también predican la unidad, pero todos sus actos son la negación de sus palabras. Al no lograr ahogar en las organizaciones las protestas, las críticas y las aspiraciones de los revolucionarios, los reformistas, ávidos de compromisos, tratan ahora de salir del impase en el que se encuentran, sembrando la desorganización y la división entre los trabajadores saboteando su lucha. Desenmascarar en este momento su reincidencia en la traición es uno de los deberes más importantes de los partidos comunistas.

7.

 La profunda evolución interior provocada en la clase obrera de Europa y Estados Unidos por la nueva situación económica del proletariado obliga también a los dirigentes y los diplo-máticos de las Internacionales Socialistas y de la Internacional de Amsterdam a colocar en un primer plano el problema de la unidad obrera. Mientras que, entre los trabajadores que recién acceden a una vida política consciente y que aún no poseen experiencia, la consigna del Frente Único es la expresión sincera del deseo de oponer a la ofensiva patronal todas las fuerzas de la clase obrera, esa consigna sólo es, por parte de los líderes reformistas, una nueva tentativa de engañar a los obreros para conducirlos por el camino de la colaboración de clases. La inminencia de una nueva guerra imperialista, la carrera armamentista, los nuevos tratados secretos de las potencias imperialistas, no solamente no decidirán a los dirigentes de la II Internacional, de la Internacional II y ½ y de la Internacional de Amsterdam a dar la voz de alarma y colaborar efectivamente en la tarea de lograr la unidad internacional de la clase obrera, sino que suscitarán infaliblemente entre ellos las mismas disensiones que en el seno de la burguesía internacional. Ese es un hecho inevitable dado que la solidaridad de los ”socialistas” reformistas con ”sus ” burguesías nacionales respectivas constituye la piedra angular del reformismo.

Esas son las condiciones generales en medio de las cuales la Internacional Comunista y sus secciones deben precisar su actitud en relación con la consigna de la unidad del frente obrero.

8.

 Considerando lo ya dicho el comité ejecutivo de la Internacional Comunista estima que la consigna del Tercer Congreso de la Internacional Comunista: ¡A las masas! Así como los intereses generales del movimiento comunista exigen que la Internacional Comunista y sus secciones apoyen la consigna de la unidad del frente proletario y encarnen su realización. La táctica de los partidos comunistas se inspirará en las condiciones particulares de cada país.

 9.

 En Alemania, el Partido Comunista, en la última sesión de su Consejo Nacional, se pro-nunció por la unidad del Frente Proletario y reconoció la posibilidad de apoyar un ”gobierno obrero unitario” que estaría dispuesto a combatir seriamente el poder capitalista. El ejecutivo de la Internacional Comunista aprueba sin reserva esta decisión, persuadido de que el Partido Comunista Alemán, salvaguardando su independencia política, podrá de ese modo penetrar en sectores más vastos del proletariado y fortalecer allí la influencia comunista. En Alemania en mayor medida que en otras partes, las grandes masas comprenden cada vez más que su vanguardia comunista tenía razón al negarse a deponer las armas en los momentos más difíciles y denunciar la inutilidad absoluta de los remedios reformistas en una situación que únicamente la revolución proletaria puede resolver. Perseverando en esta actitud, el Partido Alemán no tardará en ganar para sí a todos los elementos anarquistas y sindicalistas que han permanecido hasta ahora al margen de la lucha de masas.

10.

En Francia, el Partido Comunista engloba a la mayoría de los trabajadores políticamente organizados. En consecuencia, el problema del Frente Único asume un aspecto algo diferente del que presenta en otros países. Pero también en Francia es preciso que toda la responsa-bilidad de la ruptura del frente obrero recaiga sobre nuestros adversarios. La fracción revolu-cionaria del sindicalismo francés combate con razón la escisión en los sindicatos y defiende la unidad de la clase obrera en la lucha económica. Pero esta lucha no se detiene en el umbral de la fábrica. La unidad también es indispensable contra la ola de reacción, contra la política imperialista, etc. La política de los reformistas y de los centristas, luego de haber provocado la escisión en el seno del partido, amenaza ahora la unidad del movimiento sindical, lo que prueba que, al igual que Jean Longuet, Jouhaux sirve, en realidad, a la causa de la burguesía. La consigna de la unidad política y económica del Frente Proletario contra la burguesía es el mejor medio de acabar con las maniobras escisionistas.

Cualesquiera que sean las traiciones de la CGT reformista que dirigen Jouhaux, Merrheim y consortes, los comunistas, y con ellos todos los elementos revolucionarios de la clase obrera francesa, se verán obligados a proponer a los reformistas, ante toda huelga general, ante toda manifestación revolucionaria, ante toda acción de masas, la unidad en esa acción y, tan pronto como los reformistas la rechacen, deberán desenmascararlos ante la clase obrera. De ese modo, la conquista de las masas obreras apolíticas nos será más fácil. Es evidente que este método de ningún modo implica para el partido francés una restricción de su independencia y no lo comprometerá, por ejemplo, a apoyar al bloque de las izquierdas en el período electoral o a mostrar exagerada indulgencia con respecto a los ”comunistas” indecisos que no cesan de deplorar la escisión de los socialpatriotas.

11.

 En Inglaterra, el Labour Party reformista se había negado a admitir en su seno al Partido Comunista en las mismas condiciones que a las otras organizaciones obreras. Pero bajo la presión de las masas obreras cuyas aspiraciones ya hemos señalado, las organizaciones obreras londinenses acaban de votar la admisión del Partido Comunista en el Labour Party.

Al respecto, Inglaterra constituye evidentemente una excepción. A raíz de algunas condi-ciones particulares, el Labour Party forma en Inglaterra una especie de coalición que incluye a todas las organizaciones obreras del país. En este momento es un deber para los comunistas exigir, por medio de una enérgica campaña su admisión en el Labour Party. La reciente traición de los líderes de las Tradeuniones en la huelga de los mineros, la ofensiva capitalista 4

contra los salarios, etc., provocan una considerable efervescencia en el proletariado inglés. Los comunistas deben esforzarse a cualquier precio por penetrar en lo más profundo de las masas trabajadoras con la consigna de la unidad del Frente Proletario contra la burguesía.

12.

 En Italia, el joven Partido Comunista que mantuvo hasta ahora una de las más intran-sigentes actitudes con respecto al partido socialista reformista y a los dirigentes social-traidores de la Confederación General del Trabajo -cuya traición a la revolución proletaria está ahora definitivamente consumada- emprende sin embargo ante la ofensiva patronal, una enérgica agitación en favor de la unidad del Frente Proletario. El Ejecutivo aprueba total-mente esta táctica de los comunistas italianos e insiste en la necesidad de desarrollar aún más. El Ejecutivo está convencido de que el Partido Comunista italiano, si da pruebas de suficiente perspicacia, se convertirá, para la Internacional Comunista, en un modelo de combatividad marxista y, al denunciar implacablemente, las vacilaciones y las traiciones de los reformistas y de los centristas, podrá proseguir una campaña cada vez más vigorosa entre las masas obreras por la unidad del frente proletario contra la burguesía.

Es obvio que el Partido italiano no deberá descuidar ningún detalle de su tarea de ganar para la acción común a los elementos revolucionarios del anarquismo y del sindicalismo.

13.

 En Checoslovaquia, donde el partido agrupa a la mayoría de los trabajadores política-mente organizados, las tareas de los comunistas son, en ciertos aspectos, análogas a las de los comunistas franceses. Al afirmar su independencia y romper los últimos nexos que lo vin-culan con los centristas, el Partido checoslovaco deberá difundir la consigna de la unidad del frente proletario contra la burguesía y denunciar el verdadero papel de los socialdemócratas y de los centristas, agentes del capital. Los comunistas checoslovacos también intensificarán su acción en los sindicatos, que están en gran medida en poder de los líderes amarillos.

14.

 En Suecia, el resultado de las últimas elecciones parlamentarias permite a un Partido Comunista numéricamente débil desempeñar un papel importante. Branting, uno de los líderes más eminentes de la II Internacional y a la vez presidente del Consejo de Ministros de la burguesía sueca, se halla en tal situación que la actitud de la fracción parlamentaria comunista no puede serle indiferente para la constitución de una mayoría parlamentaria. El Ejecutivo estima que la fracción comunista no podrá negarse a conceder, bajo ciertas condiciones, su apoyo al gobierno menchevique de Branting como por otra parte lo hicieron correctamente los comunistas alemanes con ciertos gobiernos regionales (Turingia). Pero eso no quiere decir que los comunistas suecos deban perder en lo más mínimo su independencia o se abstengan de denunciar el verdadero carácter del gobierno menchevique. Por el contrario, cuanto más poder tengan los mencheviques, en mayor medida traicionarán a la clase obrera, y los comunistas deberán esforzarse por desenmascararlos ante las masas obreras.

15.

 En Estados Unidos comienza a realizarse la unión de todos los elementos de izquierda del movimiento obrero sindical y político. Los comunistas norteamericanos tienen de ese modo la ocasión de penetrar en las grandes masas trabajadoras y de convertirse en el centro de cristalización de esa unión de las izquierdas. Formando grupos en todos los lugares donde haya comunistas, deberán asumir la dirección del movimiento de unidad de los elementos revolucionarios y difundir enérgicamente la idea del frente único (por ejemplo por la defensa de los intereses de los desocupados). La principal acusación que lanzarán contra las organizaciones de Gompers será que estas últimas se niegan obstinadamente a constituir la unidad del frente proletario por la defensa de los desocupados. Sin embargo la tarea esencial del Partido, consistirá en ganar a los mejores elementos de las I.W.W.

En Suiza, nuestro partido ya obtuvo algunos éxitos en esta campaña. La propaganda comunista por el Frente Único obligó a la burocracia sindical a convocar a un congreso extraordinario que se llevará a cabo próximamente y donde nuestros amigos podrán 5

desenmascarar las mentiras del reformismo y desarrollar la mayor actividad por la unidad revolucionaria del proletariado.

16.

 En una serie de países, el problema se presenta, según las condiciones particulares, bajo un aspecto más o menos diferente. Pero el Ejecutivo está convencido de que las secciones sabrán aplicar, de acuerdo con las condiciones específicas de cada país, la línea de conducta general que acabamos de trazar.

17.

El Comité Ejecutivo estipula como condición rigurosamente obligatoria para todos los partidos comunistas la libertad, para toda sección que establezca un acuerdo con los partidos de la II Internacional y de la Internacional II y ½, de continuar la propaganda de nuestras ideas y las críticas de los adversarios del comunismo. Al someterse a la disciplina de la acción, los comunistas se reservarán absolutamente el derecho y la posibilidad de expresar no solamente antes y después sino también durante la acción, su opinión sobre la política de todas las organizaciones obreras sin excepción. En ningún caso y bajo ningún pretexto, esta cláusula podrá ser contravenida. Mientras preconizan la unidad de todas las organizaciones obreras en cada acción práctica contra el frente capitalista, los comunistas no pueden renunciar a la propaganda de sus ideas, que constituye la lógica expresión de los intereses del conjunto de la clase obrera.

18.

El Comité Ejecutivo de la Internacional Comunista cree útil recordar a todos los partidos hermanos las experiencias de los bolcheviques rusos, cuyo partido es el único que hasta ahora consiguió vencer a la burguesía y adueñarse del poder. Durante los quince años transcurridos entre el surgimiento del bolchevismo y su victoria (1903-1917), éste nunca dejó de combatir a los reformistas o, lo que es lo mismo, al menchevismo. Pero durante ese mismo lapso los bolcheviques suscribieron acuerdos en varias oportunidades con los mencheviques. La prime-ra escisión formal tuvo lugar en la primavera de 1905. Pero bajo la influencia irresistible de un movimiento obrero de vasta envergadura, los bolcheviques formaron ese mismo año un frente común con los mencheviques. La segunda escisión formal se produjo en enero de 1912. Pero desde 1905 hasta 1912, la escisión alternó con uniones y acuerdos temporarios (en 1906, 1907 y 1910). Uniones y acuerdos que no se produjeron solamente luego de las peripecias de la lucha entre fracciones sino sobre todo bajo la presión de las grandes masas obreras inicia-das en la vida política y que querían comprobar por sí mismas si los caminos del menchevis-mo se apartaban realmente de la revolución. Poco tiempo antes de la guerra imperialista, el nuevo movimiento revolucionario que siguió a la huelga del Lena originó en las masas prole-tarias una poderosa aspiración a la unidad que los dirigentes del menchevismo se dedicaron a explotar en su provecho, como lo hacen actualmente los líderes de las Internacionales ”socia-listas” y los de la Internacional de Amsterdam. En esa época, los bolcheviques no se negaron a constituir el frente único. Lejos de ello para contrarrestar la diplomacia de los jefes menche-viques, adoptaron la consigna de la ”unidad en la base”, es decir de la unidad de las masas obreras en la acción revolucionaria práctica contra la burguesía. La experiencia demostró que esa era la única táctica verdadera. Modificada según la época y los lugares, esta táctica ganó para el comunismo a la inmensa mayoría de los mejores elementos proletarios mencheviques.

19.

 Al adoptar la consigna de la unidad del Frente Proletario y admitir acuerdos entre sus diversas secciones y los partidos y sindicatos de la II Internacional y de la Internacional II y ½, la Internacional Comunista, evidentemente no podrá dejar de establecer acuerdos análogos a escala internacional. Con respecto a la cuestión del socorro a los necesitados de Rusia, el ejecutivo propuso un acuerdo de la Internacional sindical de Amsterdam. Renovó sus pro-puestas en vistas a una acción común contra el terror blanco en España y Yugoslavia. Actual-mente, somete a las Internacionales Socialistas y a la Internacional de Amsterdam una nueva propuesta respecto a la labor de la Conferencia de Washington, la que no puede sino precipi-tar la explosión de una nueva guerra imperialista. Pero los dirigentes de esas tres organiza-6

ciones internacionales demostraron que, cuando se trata de actos renuncian totalmente a su consigna de unidad obrera. En consecuencia, la tarea precisa de la Internacional Comunista y de sus secciones será la de revelar a las masas la hipocresía de los dirigentes obreros que pre-fieren la unión con la burguesía a la unidad de los trabajadores revolucionarios y, al permane-cer en la oficina Internacional de Trabajo adscripta a la Sociedad de Naciones, participan por ello en la Conferencia imperialista de Washington en lugar de llevar a cabo una enérgica cam-paña contra ella. Pero la negativa opuesta a nuestras proposiciones no nos hará renunciar a la táctica que preconizamos, táctica profundamente acorde al espíritu de las masas obreras y que es preciso saber desarrollar metódicamente, sin tregua. Si nuestras propuestas de acción co-mún son rechazadas, habrá que informar de ello al mundo obrero para que sepa cuáles son los reales destructores de la unidad del Frente Proletario. Si nuestras propuestas son aceptadas, nuestro deber consistirá en acentuar y profundizar las luchas emprendidas. En los dos casos, es importante lograr que las conversaciones de los comunistas con las otras organizaciones despierten y atraigan la atención de las masas trabajadoras, pues es preciso interesar a estas últimas en todas las peripecias del combate por la unidad del frente revolucionario de los trabajadores.

20.

 Al establecer ese plan de acción, el Ejecutivo trata de llamar la atención de los partidos hermanos sobre los peligros que pueden presentarse. Todos los partidos comunistas se hallan lejos de ser lo suficientemente sólidos y organizados y de haber vencido definitivamente a las ideologías centristas y semi centristas. Pueden producirse excesos que provoquen la trans-formación de los partidos y grupos comunistas en los bloques heterogéneos e informes. Para aplicar con éxito la táctica propuesta es preciso que el partido esté fuertemente organizado y que su dirección se distinga por la perfecta claridad de sus ideas.

21.

 En el propio seno de la Internacional Comunista, en los grupos considerados con razón o sin ella, como derechistas o semicentristas, existen indudablemente dos corrientes. La primera realmente emancipada de la ideología y de los métodos de la II Internacional, no ha sabido, sin embargo, despojarse de un sentimiento de respeto hacia el antiguo poder organizativo y querría, conscientemente o no, buscar las bases de un entendimiento ideal con la II Interna-cional y, por consiguiente, con la sociedad burguesa. La Segunda, que combate el radicalismo formal y los errores de una pretendida izquierda, se inclinaría por imprimir a la táctica del joven Partido Comunista mayor flexibilidad y capacidad de maniobra a fin de permitirle llegar más fácilmente a las masas obreras. La rápida evolución de los partidos comunistas impulsó algunas veces a esas dos corrientes a unirse, es decir a formar una sola. Una atenta aplicación de los métodos indicados anteriormente, cuyo objetivo es proporcionar a la agitación comu-nista un apoyo en las acciones de masas unificadas, contribuirá eficazmente al fortalecimiento revolucionario de nuestros partidos, ayudando a la educación experimental de los elementos impacientes y sectarios liberándolos a la vez del peso muerto del reformismo.

22.

 Por unidad de Frente Proletario es preciso entender la unidad de todos los trabajadores deseosos de combatir el capitalismo, incluidos, por lo tanto, los anarquistas y los sindicalistas. En varios países, esos elementos pueden asociarse últimamente a las acciones revolucionarias. Desde sus comienzos la Internacional Comunista siempre preconizó una actitud amistosa con respecto a esos elementos obreros que superan poco a poco sus prejuicios y adhieren al comunismo. Los comunistas deberán en lo sucesivo acordarles mayor atención dado que el Frente Único contra el capitalismo se halla en vías de realización.

23

Con el objeto de fijar definitivamente el trabajo ulterior en las condiciones indicadas, el Ejecutivo decide convocar próximamente a una Asamblea Extraordinaria en la cual estarán representados todos los partidos afiliados por el doble de delegados del número ordinario.

24.

 El Comité Ejecutivo dedicará la mayor atención a todas las gestiones efectuadas en el sentido que acabamos de indicar y solicita a los distintos partidos un informe detallado de todas las tratativas realizadas y de los resultados obtenidos.

AQUI VALE CITAR EM QUAIS PAÍSES O MOVIMENTO COMUNISTA TINHA MAIOR FORÇA. E DAR OS DADOS DE NUMERO DE MILITANTES, QUE ESTÃO DISPONÍVEIS NO LIVRO A CRISE DO MOVIMENTO COMUNISTA DO FERNANDO CLAUDIN VOLUME 1

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1922 4º Congresso Mundial da Internacional Comunista 

30 de novembro e 5 de dezembro de 1922

- falando no IV Congresso sobre a resolução do III congresso, Lenin dirá que “a resolução é magnifica, mas é russa até a medula, está baseada em condições russas.. tenho a impressão de que cometemos um grande erro com esta resolução, que nós mesmo levantamos uma barreira no caminho de nosso êxito ulterior”. E dirá também que “penso que o mais importante para nós, tanto para os russos como para os camaradas estrangeiros, depois de cinco anos de revolução russa, é estudar”

-sectarismo da RESOLUÇÃO SINDICAL: http://ciml.250x.com/archive/comintern/spanish/1922_december_4_congress_comintern_directrices_para_la_accion_comunista_en_los_sindicatos.html

-o debate sobre a questão colonial: Roy afirma que “pensamos que pelo simples fato de que todos os países do Oriente eram política, econômica e socialmente atrasados, era legítimo coloca-los no mesmo saco e trata-los como se trata de uma questão geral. Foi um erro, Hoje, sabemos que os países orientais não podem ser considerados como um todo homogêneo. Consequentemente, esta questão do Oriente é, para a IC, supondo-se que se queira leva-la a ssério, muito mais complexa do que a luta no Ocidente”.

(noutros congressos, várias intervenções interessantes a respeito: NO V POR EXEMPLO: A importância da AL para os EUA é imensa, mas não é reconhecida nem por Zinoviev nem pelos comunistas dos EUA”. E Ho Chi Minh acusa cuidado, perderam o importante ponto estratégico das colônias”

“As tarefas objetivas da revolução colonial ultrapassam os marcos da democracia burguesa” (isto porque os nacionalistas burgueses dependem da propriedade agrária etc.)

(Segundo Claudin, o que não entrava no horizonte: como levar a cabo uma revolução anticolonial sob a direção de um partido camponês sob direção de intelectuais.... Embora já no II Congresso Lenin vá anotar que é preciso “adptar o partido comunista (sua composição, tarefas particulares) ao nível dos países camponeses do Oriente colonial...)


LOGO DEPOIS LENIN ESCREVE UM DE SEUS ULTIMOS TEXTOS, QUE VALE MUITO A PENA SER LIDO

“Mais vale menos mas melhor

(4 de março de 1923)

O traço geral do nosso modo de vida, consiste agora no seguinte: destruímos a indústria capitalista, procurámos destruir completamente as instituições medievais, a propriedade latifundiária da terra, e neste terreno criámos um pequeno e muito pequeno campesinato, que segue o proletariado porque tem confiança nos resultados do seu trabalho revolucionário. No entanto, não nos será fácil manter-nos só com essa confiança até à vitória da revolução socialista nos países mais desenvolvidos, porque o pequeno e muito pequeno campesinato, sobretudo com a NEP, se mantém por necessidade económica num nível extremamente baixo de produtividade do trabalho. Além disso, a situação internacional fez com que a Rússia fosse agora atirada para trás, com que, no conjunto, a produtividade do trabalho do povo seja hoje no nosso país consideravelmente menos elevada que antes da guerra. As potências capitalistas da Europa Ocidental, em parte conscientemente, em parte de modo espontâneo, fizeram todo o possível para nos lançar para trás, para aproveitar os elementos da guerra civil na Rússia com o objectivo de arruinar o mais possível o país. Precisamente essa saída da guerra imperialista aparecia-lhes, naturalmente, com vantagens consideráveis: se não derrubarmos o regime revolucionário na Rússia, dificultaremos, em todo o caso, o seu desenvolvimento para o socialismo; assim raciocinavam, pouco mais ou menos, aquelas potências, e, do seu ponto de vista, não podiam raciocinar doutro modo. Como resultado, conseguiram semi-realizar a sua tarefa. Não derrubaram o novo regime criado pela revolução, mas também não lhe deram a possibilidade de dar imediatamente um passo em frente tal que justificasse os prognósticos dos socialistas, que lhes desse a possibilidade de desenvolver com uma enorme rapidez as forças produtivas, desenvolver todas as possibilidades que formariam o socialismo, demonstrar a todos e a cada um claramente, com toda a evidência, que o socialismo encerra forças gigantescas e que a humanidade passou agora para um novo estádio de desenvolvimento, que comporta possibilidades extraordinariamente brilhantes.

O sistema das relações internacionais é actualmente tal que na Europa um dos Estados está escravizado pelo Estados vencedores: a Alemanha. Além disso, uma série de Estados, os mais velhos Estados do Ocidente, encontraram-se, graças à vitória, em condições de poder aproveitar essa vitória para fazer às suas classes oprimidas uma série de pequenas concessões, concessões que, apesar de tudo, atrasam neles o movimento revolucionário, criando um certo simulacro de «paz social».

Ao mesmo tempo, muitos outros países, o Oriente, a Índia, a China, etc., saíram definitivamente dos eixos precisamente em consequência da última guerra imperialista. O seu desenvolvimento orientou-se definitivamente para a via geral do capitalismo europeu. Começou neles a mesma efervescência europeia geral. E agora é claro para todo o mundo que eles foram arrastados para um desenvolvimento que não pode deixar de conduzir à crise de todo o capitalismo mundial.

Estamos pois neste momento colocados perante a seguinte questão: poderemos manter-nos com a produção do nosso pequeno e muito pequeno campesinato, no nosso estado de ruína, até ao momento em que os países capitalistas da Europa Ocidental tenham completado o seu desenvolvimento para o socialismo? Mas eles fazem-no de maneira diferente daquela que esperávamos anteriormente. Não o fazem por um processo gradual de «amadurecimento» neles do socialismo, mas mediante a exploração de uns Estados por outros, mediante a exploração do primeiro Estado entre os vencidos na guerra imperialista, combinada com a exploração de todo o Oriente. E, por outro lado, o Oriente entrou definitivamente no movimento revolucionário devido precisamente a esta primeira guerra imperialista, e foi definitivamente, arrastado para o turbilhão geral do movimento revolucionário mundial.

Qual é a táctica que este estado de coisas prescreve ao nosso país? Evidentemente a seguinte: devemos manifestar uma prudência extrema para manter o nosso poder operário, para manter sob a sua autoridade e sob a sua direcção o nosso pequeno e muito pequeno campesinato. Temos do nosso lado a vantagem de que todo o mundo está já agora a passar para um movimento que deve gerar a revolução socialista mundial. Mas temos do nosso lado o inconveniente de que os imperialistas conseguiram cindir todo o mundo em dois campos, e esta cisão complica-se pelo facto de que a Alemanha, país de desenvolvimento capitalista realmente avançado e culto, se vê agora em grandes dificuldades para se reerguer. Todas as potências capitalistas do chamado Ocidente cravam nela as suas garras e não a deixam levantar-se. E, por outro lado, todo o Oriente, com a sua população trabalhadora e explorada de centenas de milhões de homens levados ao último grau da miséria humana, foi colocado em condições em que as suas forças físicas e materiais não podem de modo nenhum comparar-se com as forças físicas, materiais e militares de qualquer dos Estados da Europa Ocidental, que são muito mais pequenos.

Podemos evitar o futuro choque com estes Estados imperialistas? Podemos esperar que as contradições internas e os conflitos entre os Estados imperialistas prósperos do Ocidente e os Estados imperialistas prósperos do Oriente nos dêem pela segunda vez uma protelação, como no-la deram da primeira vez, quando a cruzada da contra-revolução da Europa Ocidental, destinada a apoiar a contra-revolução russa, fracassou em consequência das contradições existentes no campo dos contra-revolucionários do Ocidente e do Oriente, no campo dos exploradores orientais e dos exploradores ocidentais, no campo do Japão e da América?

Parece-me que a esta pergunta é preciso responder que a solução depende aqui de muitíssimas circunstâncias, e só se pode prever o desenlace da luta no seu conjunto com base no facto de que o próprio capitalismo, no fim de contas, ensina e educa para a luta a gigantesca maioria da população da Terra.

O desenlace na luta depende, em última análise, do facto de que a Rússia, a Índia, a China, etc., constituem a gigantesca maioria da população. E é precisamente esta maioria da população que, nos últimos anos, se integra com inusitada rapidez na luta pela sua libertação, de modo que neste sentido não pode haver sombra de dúvida em relação a qual será o desenlace definitivo da luta mundial. Neste sentido, a vitória definitiva do socialismo está plena e absolutamente assegurada.

Mas o que nos interessa não é esta inevitabilidade da vitória definitiva do socialismo. O que nos interessa é a táctica que nós, Partido Comunista da Rússia, que nós, Poder Soviético da Rússia, devemos seguir para impedir que os Estados contra-revolucionários da Europa Ocidental nos esmaguem. A fim de assegurar a nossa existência até ao próximo choque militar entre o Ocidente imperialista contra-revolucionário e o Oriente revolucionário e nacionalista, entre os Estados mais civilizados do mundo e os Estados atrasados à maneira oriental, os quais, não obstante, constituem a maioria, é preciso que esta maioria se consiga civilizar. A nós também nos falta civilização para passar directamente ao socialismo, embora tenhamos para isso as premissas políticas. Temos que seguir esta táctica ou adoptar para a nossa salvação a seguinte política.

Devemos procurar construir um Estado no qual os operários conservem a sua direcção sobre os camponeses, a confiança dos camponeses, e no qual, com a maior economia, expulsem das suas relações sociais todos os vestígios de quaisquer excessos.

Devemos conduzir o nosso aparelho de Estado até ao máximo de economia. Devemos expulsar dele todos os vestígios de excessos, dos quais nos ficaram tantos da Rússia tsarista, do seu aparelho burocrático capitalista.

Não será isto o reino da estreiteza camponesa?

Não. Se conservarmos a direcção da classe operária sobre o campesinato, teremos a possibilidade de, mediante um regime da maior economia possível no nosso Estado, conseguir que a mínima poupança seja empregada para desenvolver a nossa grande indústria mecanizada, para desenvolver a electrificação, a extracção hidráulica da turfa, para acabar de construir a central hidroeléctrica do Volkhov, etc.

Nisto, e só nisto, está a nossa esperança. Só então estaremos em condições de, para empregar uma imagem, mudar dum cavalo para outro, isto é, do mísero cavalo do camponês, do mujique, do cavalo das economias calculadas para um país camponês arruinado, para o cavalo que o proletariado procura e não pode deixar de procurar para si: para o cavalo da grande indústria mecanizada, da electrificação, da central hidroeléctrica do Volkhov, etc.

É assim que eu ligo no meu pensamento o plano geral do nosso trabalho, da nossa política, da nossa táctica, da nossa estratégia, com as tarefas da Inspecção Operária e Camponesa reorganizada. Nisto consiste para mim a justificação das preocupações excepcionais, da atenção excepcional que devemos prestar à Inspecção Operária e Camponesa, colocando-a a uma altura excepcional, dando-lhe uma direcção com direitos de Comité Central, etc., etc.

Esta justificação consiste em que só depurando ao máximo o nosso aparelho, reduzindo ao máximo tudo quanto nele não seja absolutamente indispensável, estaremos em condições de nos manter com certeza. E, além disso, estaremos em condições de nos mantermos não ao nível de um país de pequenos camponeses, não ao nível desta estreiteza generalizada, mas a um nível que se eleva firmemente e avança para a grande indústria mecanizada.

Tais são as elevadas tarefas com que eu sonho para a nossa Inspecção Operária e Camponesa. Eis porque planeio para ela a fusão do mais autorizado organismo superior do partido com um «vulgar» comissariado do povo.

ESTE TEXTO ACIMA É GENIAL, PELA INTUIÇÃO QUE REVELA E PELAS CONTRADIÇÕES QUE CARREGA. TEM QUE SER LIDO E DEBATIDO ATENTAMENTE, POR QUEM QUISER DE VERDADE ENTENDER AS POLEMICAS DO MOVIMENTO COMUNISTA, PASSADAS E ATUAIS.

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5º Congresso Mundial da Internacional Comunista

 (17 de junio-8 de julio de 1924)

-Lenin morre em janeiro de 1924

-estala a disputa entre a Troika (Zinoviev, Kamenev, Stalin) versus Trotsky

-misturada com a polemica sobre a situação alemã, acerca da qual ocorre um debate direto, no congresso da Internacional, entre ZETKIN X THALMAN

ESTA POLEMICA É FUNDAMENTAL PARA COMPREENDER O DILEMA DE FUNDO, A DERROTA DA REVOLUÇÃO NA ALEMÃ, POR CONTA DOS SOCIALDEMOCRATAS EM PRIMEIRO LUGAR, POR CONTA DOS COMUNISTAS ALEMAES EM SEGUNDO LUGAR, POR CONTA DA NESTE CASO MÁ INFLUENCIA DA IC E DA URSS EM TERCEIRO LUGAR.

Clara Zetkin

Discurso en el V Congreso de la Internacional Comunista

24 de junio de 1924

Clara Zetkin . - Se dijo que la derrota de octubre fue el resultado de una política oportunista y pequeñoburguesa perseguida por el Partido desde 1921. Hablamos aquí de radekismo y de brandlerismo. Sin embargo, hasta la derrota de octubre, el Central ha sido aprobado por el Ejecutivo. Si es así, el partido es culpable y el ejecutivo lo es tanto como él.

Se dijo que era deliberadamente Brandler quien eligió Sajonia con el fin de cumplir con su política reformista de frente único, porque las masas comunistas en este país ya eran oportunistas.

Brandler sobreestimó la importancia de Sajonia, no porque él pensó que los comunistas eran masas imbuidas de espíritu democrático social, sino más bien porque él pensó equivocadamente que los socialdemócratas eran masas adeptas a nuestra influencia y dispuestas a luchar a nuestro lado.

El 9 de noviembre , los fascistas se estaban preparando para anunciar la monarquía; la agresión fascista en el Sur fue detenida por Sajonia y por Turingia.

Veo las causas de la retirada en octubre en una serie de hechos que requieren una severa crítica a la actitud anterior del Partido. La ocupación del Ruhr hizo que la situación se volviera revolucionaria. El Partido tendría que haber dirigido a las fuerzas revolucionarias que surgieron y conducirlas a la lucha por la conquista del poder. Pero no supo comprender la situación a tiempo.

Hubiera tenido que actuar en el Parlamento, los consejos municipales, en las reuniones, en las manifestaciones, en los consejos de fábrica. Habría hecho falta que cada reclamo fuera reducido a la cuestión de la toma del poder, de la guerra civil. Debería haber dado a los Consejos de fábrica un rol político, hacer, como las centurias, el punto de apoyo de la acción de masas .

Cuando la dirección se dio cuenta de su error, comenzó a organizar febrilmente el armamento del Partido. Pero las armas deben ir acompañadas de la conciencia de la necesidad de la lucha armada. Los factores morales deben reemplazar la falta de armas. Es en la lucha que el proletariado sentirá la necesidad de armarse mejor para combatir al oponente. El partido ha hecho muy poco para explicárselo a las masas. Su política y su acción no se unen a las masas. Es por ello que el Gobierno obrero de Sajonia fue un error formidable. El Gobierno obrero sólo podría tener sentido si hubiera sido la culminación de un movimiento de masas, apoyado por los órganos de prensa del proletariado fuera del Parlamento, es decir, en los Consejos de las fábricas, los Congresos del proletariado, las fuerzas armadas de la clase obrera. Se pensó al contrario que el Gobierno obrero fuera el punto de partida de un movimiento de masas y de armamento del proletariado. De esta manera se cometieron varios errores en la aplicación de la táctica del frente único. El resultado fue este: ni hombres, ni armas. Se ha dicho aquí que la retirada ordenada por el Partido no se correspondía con la voluntad revolucionaria de las masas y el Partido. Esto no es cierto. Las masas no estaban listas. El Partido no supo utilizar su espíritu revolucionario. Incluso la insurrección de Hamburgo demuestra lo que digo. Toda mi admiración por los cientos de héroes que lucharon en Hamburgo no me impide constatar que ni los otros miembros del Partido, ni el resto del proletariado de Hamburgo no hayan expresado su solidaridad. Y, sin embargo, había 14.000 comunistas en Hamburgo.

Thalmann . - Ellos no tenían armas.

Clara Zetkin . - Lo sé, camarada Thalmann , pero carecían de la resolución en la que empararse.

Habéis dicho, camaradas, que hubo fracaso porque el Partido había dado la orden de retirada.

Creo que esto es incorrecto. Los acontecimientos de noviembre de 1918 en Alemania, mostraron que la voluntad revolucionaria, sin necesidad de consignas del Partido mayoritario entonces en el poder, se precipitó hacia adelante, incluso en contra de la voluntad del Partido. Teniendo en cuenta la situación de octubre 1923, hay que decir que Brandler, no aceptando la lucha no sólo actuó como si fuera inevitable actuar, pero aún así hizo un gran servicio al Partido. En el caso contrario, en efecto, el Partido se habría convertido en migajas y la flor del proletariado de Sajonia y Turingia habría perecido.

Creo que el Partido aún no está fuera de una crisis dolorosa de crecimiento y aún no es apto para luchar. Citaré algunos datos de apoyo. El 1º de mayo que debería haber sido más que nunca un día de protesta contra la reacción ha fallado miserablemente en Berlín y en otras partes de Alemania, con raras excepciones. Hecho característico, el Central tuvo una larga discusión sobre si se debe hacer un frente único o dejar a los diversos sectores organizarse el día dependiendo de las circunstancias. La agresión de la policía de Berlín en contra de la misión comercial rusa requirió una fuerte campaña de protesta. Las masas tendrían que haber sido invitadas a una lucha violenta contra el imperialismo francés y el imperialismo mundial y contra la burguesía alemana lista para vender Alemania. La cuestión nacional se tuvo que exponer y ser utilizada desde nuestra perspectiva revolucionaria de la conquista del poder. Tendríamos que haber interesado a la pequeña y mediana burguesía. Pero el Partido se contentó con meras reuniones y manifestaciones. Las elecciones revelaron un crecimiento muy contento del Partido Comunista y, sin embargo los 6.000.000 de votos recibidos por la socialdemocracia y el voto puramente proletario sólo obtenidos por el fascismo son una seria sombra. La demostración de nuestra fracción del Reichstag, el día de la apertura del Parlamento que me gusta mucho, pero carece de contacto con las masas. Las manifestaciones de masas han faltado y no obstante hubieran tenido más peso. En el distrito de Halle-Merseburg conseguimos 186.000 votos, los socialdemócratas 110.000. ¿Dónde estaban nuestros electores durante la manifestación y que se dijo de frente único desde abajo?

En los últimos meses, las huelgas fueron más numerosas que nunca. ¿Dónde el Partido encabezó el movimiento? En la Alta Silesia solamente. Como consecuencia de la pasividad o actividad por lo menos insuficiente del Partido, las masas son reconducidas bajo la guía de Amsterdam. Se hizo notar después de la elección de los comités de empresa y los representantes sindicales. Hemos sufrido pérdidas significativas en comparación con la consolidación de la socialdemocracia.

Todos estos hechos me permiten afirmar que el Partido aún no ha adquirido la solidez, la potencia y la actividad que le pueda permitir reunir a las masas para la acción.

Puede suceder que un empeoramiento de la situación mundial no se haga esperar. En Alemania, la crisis puede ser precipitada por la decisión de los expertos. Ahora más que nunca tenemos que movilizar todos nuestros esfuerzos para ganarse a las masas y llevarlas a la batalla. El Partido comenzó a prepararse para la batalla de mañana al empezar a ponerse de acuerdo con los Partidos Comunistas de los países vecinos. Esto es perfecto. Sin embargo la movilización internacional no debe hacernos olvidar que cada proletariado debe luchar y derrotar al imperialismo en su propio territorio. A continuación, el proletariado debe buscar aliados. ¿Dónde estamos en las cuestiones nacional, campesina y pequeño burguesa? ¿Dónde están los principios y las prácticas concretas de nuestra política? Ni el informe Zinoviev ni los debates aún no han establecido claramente las tácticas a seguir para lograr un frente único. Zinoviev comentó las decisiones del IV Congreso en la forma de un exegeta de la Biblia o los Evangelios. Yo soy de la opinión de Lutero: "Dejemos el verbo tranquilo". Las resoluciones del IV Congreso deben limpiarse de explicaciones e interpretaciones. Si no es suficiente, deben ser cambiadas. Si nos controversiamos para saber lo que Zinoviev escribió solo y lo que fue escrito con Radek y cómo entendemos un pasaje en particular, tendremos que reconocer a otros compañeros el derecho de interpretar a su manera las decisiones.

El frente único tiene dos consecuencias. Primero cada Partido Comunista, disciplinado y centralizado, debe intervenir abiertamente, nunca hará depender de sus acciones la forma de ver a los demás, intervenir como guía revolucionaria de las masas. Entonces debe estar siempre en contacto con las masas y fortalecer este contacto luchando por sus demandas diarias.

Con respecto al gobierno de trabajadores y campesinos, no puedo aceptar la declaración de Zinoviev, que es un seudónimo, o un sinónimo o Dios sabe qué nombre utilicemos para la dictadura del proletariado. Esto fue tal vez sólo para Rusia. Pero no puede ser en los países donde el capitalismo está muy desarrollado. Allí, el gobierno obrero y campesino es la expresión política de una situación en la que la burguesía ya no puede permanecer en el poder, mientras que el proletariado todavía no es capaz de establecer su dictadura. Los trabajadores esperan de ese gobierno una política obrera y revolucionaria, que es imposible sin una interferencia dictatorial sobre la economía capitalista y la propiedad privada. Por tanto, está claro que un gobierno obrero no puede confiar en la fuerza de un Parlamento. Se debe confiar en los órganos del poder revolucionario de los trabajadores fuera del Parlamento: el Congreso de los Soviets y el proletariado en armas. El período de los gobiernos obreros revolucionarios, en el verdadero sentido de la palabra, no puede ser de larga duración. El gobierno obrero es un estadio no obligatorio hacia dictadura.

No creo que la ola democrática y pacifista, cuya importancia es tan sobrevalorada por los oportunistas, sea de larga duración o de alta resistencia. Además, yo soy de la opinión que cada chispa de poder real que puede conquistar el proletariado debe utilizarse hasta el final. La burguesía está agitada. Ya no puede mantenerse con sus métodos legales e ilegales: utiliza a los oportunistas y reformistas para atraer trabajadores. Los partidos comunistas deben trazar entre ellos y los reformistas una demarcación clara. Las circunstancias actuales exigen la plena independencia de los partidos comunistas como líderes revolucionarios de la clase proletaria. Este es un problema de primer orden .

Hay otro peligro a la izquierda. La idea de que sólo el Partido, sin las masas, sería capaz de emprender acciones revolucionarias decisivas, conduce al golpismo. Escuché por ejemplo, que el Partido Comunista de Alemania debió de, en octubre, luchar por el poder, incluso si las masas se hubieran mantenido pasivas. Hubiera sido una repetición de la Acción de Marzo. Si queremos encontrar la posición correcta con respecto a los otros partidos obreros y a las masas, debemos asimilar las lecciones de la revolución rusa y del Partido Comunista de Rusia sobre la disciplina, la centralización, la organización y la táctica entre las masas. Nuestro Partido debe ser el cerebro, el centro organizador. Las masas y el Partido son factores activos de la revolución. En este punto de vista como en todos los otros, los demás partidos comunistas no deben dejar de bolshevizarse.

Necesitamos que cada militante esté imbuido de esta idea: "Si mi trabajo, si mi deseo es sólo una pequeña gota, puede ser precisamente la última gota destinada a rebosar la copa revolucionaria." Si somos capaces de trabajar de esta manera, si podemos luchar bien, la ola continuará aumentando, la voluntad de las masas se unirá bajo el liderazgo del Partido Comunista para el asalto del poder y con una irresistible potencia la marea revolucionaria se precipitará y se tragará la sociedad burguesa.

RECAPITULAR O QUE MUDA NESTE PERÍODO

-morte de Lenin, 21 de janeiro de 1924

-abril de 1921, as “conferência sobre o leninismo”

-dentro da URSS, o debate sobre o socialismo em um só país

O DEBATE SOBRE O SOCIALISMO EM UM SÓ PAÍS TEM COMO PANO DE FUNDO UMA VISÃO ACERCA DO MUNDO CAPITALISTA. NÃO SOBRE A CRISE (NISTO COINCIDIAM), MAS SOBRE AS POSSIBILIDADES DE UMA REVOLUÇÃO “SALVADORA” VIR DO OCIDENTE (POIS SOBRE O ORIENTE TODOS SE EQUIVOCAVAM IGUALMENTE...). 

O DEBATE ERA SOBRE QUAL O PAPEL QUE A URSS DEVERIA JOGAR, SE DEPOSITAR TODAS AS ESPERANÇAS E ENERGIAS PARA QUE UMA REVOLUÇÃO VIESSE, OU SE INVESTIR NA AUTOCONSTRUÇÃO NA CERTEZA DE QUE O LADO DE LÁ RUIRIA.

-A IC adota a tese do socialismo num só país. 

-Consequencias lógicas disto sobre a própria IC: o destino da revolução depende do destino da URSS.

-a polêmica contra Trotski (VER P. 76 CLAUDIN), debilidades teóricas e eurocentrismo (autonomia relativa da URSS em relação aos destinos da revolução mundial + possiblidade de dividir o campo imperialista dentro de certos limites)

-pega fogo o debate sobre a China (1927), exatamente quando a IC atenua a crítica à colaboração com as burguesias nacionais nos países coloniais (China, 800; Java, 2 mil; Pérsia, 600; Egito, 700; Palestina, 1 mil; Turquia, 600...). (No final da segunda guerra, tirando a China, 22 mil comunistas. Na Africa, 5 mil. América Latina, 90 mil.

-crise da tesoura, radicalização interna e radicalização externa

-a expulsão de Trotsky (1927)

-a situação chinesa (criação do Partido em 1921, partido é levado a integrar o Kuomitang, Chiang Kai Check vira membro de honra do presidium da IC, partido é enquadrado pelo Kuomitang, mas ofensiva do K contra senhores de guerra é acompanhado por levantes camponeses e agitação urbana, até que em 1927 Chiang Kai Chek ataca PC, massacre de Xangai, inicialmente uma parte do K se mantém aliado ao PC (governo de Wuhan), mas logo em seguida se recompõe com CKC, levante de Cantão, desastre total, Bukharin coloca a “culpa” nos chineses e omite as instruções da IC)

POUCO ANTES, NO Final de 1927, no congresso do PC, Bukharin relata o pedido de Chamberlain, acabar com a IC (e a proposta de fusão ii e iii)


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VI Congresso Mundial da Internacional Comunista julho e setembro de 1928

PROGRAMA, A ÉPOCA DO CAPITALISMO MORIBUNDO: http://ciml.250x.com/archive/comintern/spanish/program_comintern_spanish.pdf

ANÁLISE DO FASCIsMO (EXEMPLO ITALIANO, VAMOS LEMBRAR QUE EM 1926 MUSSOLINI APERTA A TORCA)

l VI Congreso de la Internacional Comunista acerca del fascismo (1928)

24.

Aun asegurándose el concurso de la socialdemocracia, la burguesía, en los momentos críticos y en condiciones determinadas, organiza una forma fascista de régimen.

La marca característica del fascismo es que en el momento del quebrantamiento del régimen económico capitalista y en razón de circunstancias objetivas y subjetivas, la burguesía se aprovecha del descontento de la pequeña y de la media burguesía urbana y rural y aún de ciertas capas del proletariado, para crear un movimiento de masas reaccionario con el fin de detener en su camino el desarrollo de la revolución. El fascismo recurre a métodos de violencia directa para romper la fuerza de las organizaciones de la clase obrera y de los campesinos pobres y para tomar el poder. Una vez en el poder, el fascismo se esfuerza por establecer la unidad política y orgánica de todas las clases dominantes de la sociedad capitalista (bancos, gran industria, gran agricultura) y realiza su dictadura integral, abierta y consecuente. Pone a la disposición de las masas dominantes sus fuerzas armadas, especialmente adiestradas para la guerra civil. Realiza un nuevo tipo de estados apoyándose abiertamente en la violencia, la opresión y la corrupción, no solamente de las capas pequeñoburgesas, sino también de ciertos elementos de la clase obrera (empleados, antiguos líderes reformistas transformados en funcionarios de estados, funcionarios sindicales o del partido fascista, campesinos pobres y proletarios desorganizados reclutados en la milicia fascista).

El fascismo italiano ha conseguido en estos últimos años, por diferentes procedimientos (apoyo del capital americano, opresión social y económica extrema de las masas, ciertas formas de capitalismo de estado) atenuar las consecuencias de la crisis política y económica interior y ha creado un tipo clásico de régimen fascista.

Tendencias fascistas y embriones de fascismo existen ahora en todas partes, bajo una forma más o menos desarrollada; la ideología de la colaboración de clases –ideología oficial de la socialdemocracia- tiene muchos puntos comunes con la del fascismo. Los métodos fascistas aplicados a la lucha contra el movimiento revolucionario existen bajo una forma embrionaria en la práctica de numerosos partidos socialdemócratas y de la burocracia sindical reformista.

(…)

-no mesmo período social-fascismo, classe contra classe, "Terceiro Período"

O PERÍODO 1928...1935 É UM DESASTRE

-vitória de Hitler x as relações da URSS com a Alemanha

-sobre isso trava-se uma segunda brutal polêmica (a primeira foi sobre a China), onde as opiniões de Trotsky são bastante interessantes, digamos assim

-1929, crise mundial

-1930, nazistas pulam de 900 mil votos em 1928 (2%) para 6 milhões e 400 mil (15%); comunistas vão de 3 milhões e duzentos mil para 4 milhões e 590 mil; socialdemocratas perdem 500 mil votos

-Trotsky insiste numa aliança com os socialdemocratas e prevê a vitória dos nazistas se isso não ocorrer

-em 1931, referendo de 9 de agosto de 1931 contra o governo socialdemocrata na Prussia

-Trotsky insiste

-em novembro de 1932, nazistas tem 11 milhões e 700 mil votos, comunistas + social democratas optem separadamente 13 milhoes

-mas aí já era tarde

-ao todo a IC tinha cerca de 900 mil militantes em 1921, 328 mil em 1931 (619 mil na Europa, 19.500 na América, 6.350 na Àsia, 2.250 na Oceania, 1100 na África). 4/5 dos europeus estão na Alemanha Tchecoeslováquia, França e Iugoslávia (excetuando soviéticos, claro)

-falar também da social-democracia: eleições na Austria em 1927, o principal dirigente da social-democracia austríaca, Otto Bauer, dirá que “em 1920 tivemos 36% dos votos, nas penúltimas eleições, 40% e, agora, 43%. Crescemos 7% em seis anos e meio. Quanto nos falta? O caminho que devemos trihar para chegar ao poder exige aproximadamente o mesmo prazo decorrido desde 1920, Daqui há uma ou duas eleições, acabaremos com o governo burgues.”... Em 1936, o mesmo Bauer diz que o fascismo “destrói a ilusão reformista segundo a qual a classe operária pode inserir um conteúdo socialista nas formas de demoracia [burguesa] e transformar a ordem capitalista em ordem socialista sem um salto revolucionário”.

*

VII Congresso Mundial da Internacional Comunista 

agosto de 1935

-Frentes Populares

-Dimitrov, Togliati, Manuilski

J. Dimitrov

La ofensiva del fascismo y las tareas de la Internacional en la lucha por la unidad de la clase obrera contra el fascismo

Informe ante en VII Congreso Mundial de la Internacional Comunista, 2 de agosto de 1935

I El fascismo y la clase obrera

II El frente único de la clase obrera contra el fascismo

III El fortalecimiento de los Partidos Comunistas y la lucha por la unidad política del proletariado

Conclusión

El fascismo y la clase obrera

¡Camaradas! Ya el VI Congreso Internacional Comunista previno al proletariado internacional sobre la maduración de una nueva ofensiva fascista, llamándolo a la lucha contra ella. El Congreso señaló que "casi en todas partes existen tendencias fascistas y gérmenes de un movimiento fascista en forma más o menos desarrollada".

Bajo las condiciones de la profunda crisis económica desencadenada, de la violenta agudización de la crisis general del capitalismo, de la revolucionización de las masas trabajadoras, el fascismo ha pasado a una amplia ofensiva. La burguesía dominante busca cada vez más su salvación en el fascismo para llevar a cabo medidas expcionales de expoliación contra los trabajadores, para preparar una guerra imperialista de rapiña, el asalto contra la Unión Soviética, para preparar la esclavización y el reparto de China e impedir, por medio de todo esto, la revolución.

Los círculos imperialistas intentan descargar todo el peso de la crisis sobre las espaldas de los trabajadores. Para esto, necesitan el fascismo.

Tratan de resolver el problema de los mercados mediante la esclavización de los pueblos débiles, mediante el aumento de la presión colonial y un nuevo reparto del mundo por la vía de la guerra. Para esto, necesitan el fascismo.

Intentan adelantarse al crecimiento de las fuerzas de la revolución mediante el aplastamiento del movimiento revolucionario de los obreros y campesinos y el ataque militar contra la Unión Soviética, baluarte del proletariado mundial. Para esto, necesitan el fascismo.

En una serie de países -particularmente en Alemania- estos círculos imperialistas lograron, antes del viraje decisivo de las masas hacia la revolución, infligir al proletariado una derrota e instaurar la dictadura fascista.

Pero carácteríristica de la victoria del fascismo es precisamente la circunstancia de que esta victoria atestigua por una parte la debilidad del proletariado, desorganizado y paralizado por la política escisionista socialdemócrata de colaboración de clase con la burguesía y, por otra parte, revela la debilidad de la propia burguesía que tiene miedo a que se realice la unidad de lucha de la clase obrera, que teme a la revoluciín y no está ya en condiciones de mantener su dictadura sobre la masas con los viejos métodos de la democracia burguesa y del parlamentarismo.

El carácter de clase del fascismo

El fascismo en el poder, camaradas, es, como acertadamente lo ha caracterizado el XIII Pleno del Comité Ejecutivo de la Internacional Comunista, la dictadura terrorista abierta de los elementos más reaccionarios, más chovinistas y más imperialistas del capital financiero.

La variedad má:s reaccionaria del fascismo es la de tipo alemán. Tiene la osadía de llamarse nacionalsocialismo, a pesar de no tener nada de común con el socialismo. El fascismo alemán no es solamente un nacionalismo burgués, es un chovinismo bestial. Es el sistema de gobierno del bandidaje político, un sistema de provocaciones y torturas contra la clase obrera y los elementos revolucionarios del campesinado, de la pequeña burguesía y de los intelectuales. Es la crueldad y la barbarie medievales, la agresividad desenfrenada contra los demás pueblos y países.

El fascismo alemán actúa como destacamento de choque de la contrarrevolución internacional, como incendiario principal de la guerra imperialista, como instigador de la cruzada contra la Unión Soviética, la gran Patria de los trabajadores de todo el mundo.

El fascismo no es una forma de Poder Estatal, que esté, como se pretende, "por encima de ambas clases, del proletariado y de la burguesía", como ha afirmado, por ejemplo, Otto Bauer. No es "la pequeñ,a burguesía sublevada que se ha apoderado del aparato del Estado", como declara el socialista inglés Brailsford. No, el fascismo no es un poder situado por encima de las clases, ni el poder de la pequeña burguesía o del lumpenproletariado sobre el capital financiero. El fascismo es el poder del propio capital financiero. Es la organización del ajuste de cuentas terrorista con la clase obrera y el sector revolucionario de los campesinos y de los intelectuales. El fascismo, en política exterior, es el chovinismo en su forma más brutal que cultiva un odio bestial contra los demás pueblos.

Hay que recalcar de un modo especial este carácter verdadero del fascismo, porque el disfraz de la demagogia social ha dado al fascismo, en una serie de países, la posibilidad de arrastrar consigo a las masas de la pequeña burguesía, sacadas de quicio por la crisis, e incluso a algunos sectores de las capas más atrasadas del proletariado, que jamás hubieran seguido al fascismo si hubiesen comprendido su verdadero carácter de clase, su verdadera naturaleza.

El desarrollo del fascismo y la propia dictadura fascista revisten en los distintos países formas diferentes, según las condiciones históricas, sociales y económicas, las particularidades nacionales y la posición internacional de cada país. En unos países, principalmente allí, donde el fascismo no cuenta con una amplia base de masas y donde la lucha entre los distintos grupos en el campo de la propia burguesía fascista es bastante dura, el fascismo no se decide inmediatamente a acabar con el parlamento y permite a los demás partidos burgueses, así como a la socialdemocracia, cierta legalidad. En otros países, donde la burguesía dominante teme el próximo estallido de la revolución, el fascismo establece el monopolio político ilimitado, bien de golpe y porrazo, bien intensificando cada vez más el terror y el ajuste de cuentas con todos los partidos y agrupaciones rivales, lo cual no excluye que el fascismo, en el momento en que se agudezca de un modo especial su situación, intente extender su base para combinar -sin alterar su carácter de clase- la dictadura terrorista abierta con una burda falsificación del parlamentarismo.

La subida del fascismo al poder no es un simple cambio de un gobierno burgués por otro, sino la sustitución de una forma estatal de la dominación de clase de la burguesía -la democracia burguesa- por otra, por la dictadura terrorista abierta. Pasar por alto esta diferencia sería un error grave, que impediría al proletariado revolucionario movilizar a las más amplias capas de los trabajadores de la ciudad y del campo para luchar contra la amenaza de la toma del poder por los fascistas, así como aprovechar las contradicciones existentes en el campo de la propia burguesía. Sin embargo, no menos grave y peligroso es el error de no apreciar suficientemente el significado que tienen para la instauración de la dictadura fascista las medidas reaccionarias de la burguesía que se intensifican actualmente en los países de democracia burguesia, medidas que reprimen las libertades democráticas de los trabajadores, restringen y falsean los derechos del parlamento y agravan las medidas de represión contra el movimiento revolucionario.

Camaradas, no hay que representarse la subida del fascismo al poder de una forma tan simplista y llana, como si un comité cualquiera del capital financiero tomase el acuerdo de implantar en tal o cual día la dictadura fascista. En realidad, el fascismo llega generalmente al poder en lucha, a veces enconada, con los viejos partidos burgueses o con determinada parte de éstos, en lucha incluso en el seno del propio campo fascista, que muchas veces conduce a choques armados, como hemos visto en Alemania, Austria y otros países. Todo esto, sin embargo, no disminuye la significación del hecho de que, antes de la instauración de la dictadura fascista, los gobiernos burgueses pasen habitualmente por una serie de etapas preparatorias y realicen una serie de medidas reaccionarias, que facilitan directamente el acceso del fascismo al poder. Todo el que no luche en estas etapas preparatorias contra las medidas reaccionarias de la burguesía y contra el creciente fascismo, no está en condiciones de impedir la victoria del fascismo, sino que, por el contrario, la facilitará.

Los jefes de la socialdemocracia encubrieron y ocultaron ante las masas el verdadero carácter de clase del fascismo y no llamaron a la lucha contra las medidas reaccionarias cada vez más graves de la burguesía. Sobre ellos pesa una gran responsabilidad histórica por el hecho de que, en los momentos decisivos de la ofensiva fascista, una parte considerable de las masas trabajadoras de Alemania y de otra serie de países fascistas no reconociese en el fascismo a la fiera sedienta de sangre del capital financiero, a su peor enemigo y que estas masas no estuvieran preparadas para hacerle frente.

¿De dónde emana la influencia del fascismo sobre las masas? El fascismo logra atraerse las masas porque especula de forma demagógica con sus necesidades y exigencias más candentes. El fascismo no sólo azuza los prejuicios hondamente arraigados en las masas, sino que especula también con los mejores sentimientos de éstas, con su sentimiento de justicia y, a veces, incluso con sus tradiciones revolucionarias. ¿Por qué los fascistas alemanes, esos lacayos de la gran burguesía y enemigos mortales del socialismo, se hacen pasar ante las masas por «socialistas» y presentan su subida al poder como una «revolución»? Porque se esfuerzan por explotar la fe en la revolución y la atracción del socialismo que viven en el corazón de las amplias masas trabajadoras de Alemania.

El fascismo actúa al servicio de los intereses de los imperialistas más agresivos, pero ante las masas se presenta bajo la máscara de defensor de la nación ultrajada y apela al sentimiento nacional herido, como hizo, por ejemplo, el fascismo alemán que arrastró consigo las masas pequeño burguesas con la consigna de "¡Contra Versalles!".

El fascismo aspira a la más desenfrenada explotación de las masas, pero se acerca a ellas con una demagogia anticapitalista, muy hábil, explotando el profundo odio de los trabajadores contra la burguesía rapaz, contra los bancos, los trusts y los magnates financieros y lanzando las consignas más seductoras para el momento dado, para las masas que no han alcanzado una madurez política; en Alemania: "Nuestro Estado no es un Estado capitalista, sino un Estado corporativo"; en el Japón: "por un Japón sin explotadores"; en los Estados Unidos: "por el reparto de las riquezas", etc...

El fascismo entrega al pueblo a la voracidad de los elementos más corrompidos y venales, pero se presenta ante él con la reivindicación de un "gobierno honrado e insobornable". Especulando con la profunda desilusión de las masas sobre los gobiernos de democracia burguesa, el fascismo se indigna hipócritamente ante la corrupción (véase, por ejemplo, el caso Barmat y Sklarek en Alemania, el caso Staviski en Francia y otros).

El fascismo capta, en interés de los sectores más reaccionarios de la burguesía, a las masas decepcionadas que abandonan los viejos partidos burgueses. Pero impresiona a estas masas por la violencia de sus ataques contra los gobiernos burgueses, por su actitud irreconciliable frente a los viejos partidos de la burguesía.

Dejando atrás a todas las demás formas de la reacción burguesa, por su cinismo y sus mentiras, el fascismo adapta su demagogia a las particularidades nacionales de cada país e incluso a las particularidades de las diferentes capas sociales dentro de un mismo país. Y las masas de la pequeña burguesía, incluso una parte de los obreros, llevados a la desesperación por la miseria, el paro forzoso y la inseguridad de su existencia, se convierten en víctimas de la demagogia social y chovinista del fascismo.

El fascismo llega al poder como el partido del asalto contra el movimiento revolucionario del proletariado, contra las masas populares en efervescencia, pero presenta su subida al poder como un movimiento "revolucionario", dirigido contra la burguesía en nombre de "toda la nación" y para "salvar" a la nación. (Recordemos la "marcha" de Mussolini sobre Roma, la "marcha" de Pilsudski sobre Varsovia, la "revolución" nacional-socialista de Hitler en Alemania, etc.).

Pero cualquiera que sea la careta con que se disfrace el fascismo, cualquiera que sea la forma en que se presente, cualquiera que sea el camino por el que suba al Poder, el fascismo es la más feroz ofensiva del capital contra las masa trabajadoras;

el fascismo es el chovinismo más desenfrenado y al guerra de rapiña;

el fascismo es la reacción feroz y la contrarrevolución;

el fascismo es el peor enemigo de la clase obrera y de todos los trabajadores.

¿Qué ofrece a las masas el fascismo victorioso?

El fascismo prometió a los obreros un «salario justo», en realidad les colocó a un nivel de vida aun más bajo, más miserable. Prometió trabajo a los parados; en realidad les proporcionó mayores torturas de hambre y trabajo forzado de esclavos. En realidad, el fascismo convierte a los obreros y a los parados en parias de la sociedad capitalista, desprovistos de todo derecho, destruye sus sindicatos, les arrebata el derecho a la huelga y de prensa obrera, los enrola por la fuerza en las organizaciones fascistas, les roba los fondos de los seguros sociales, convierte las fábricas y los talleres en cuarteles, donde reina el despotismo desenfrenado de los capitalistas.

El fascismo prometió a la juventud trabajadora abrirle un camino ancho hacia un porvenir esplendoroso. En realidad, trajo a la juventud despidos en masa de las empresas, campamentos de trabajo y ejercicios militares incesantes con vistas a una guerra de conquista.

El fascismo prometió a los empleados, a los pequeños funcionarios, a los intelectuales, asegurarles la existencia, acabar con la omnipotencia de los trusts y con la especulación del capital bancario. En realidad, los lanzó a una mayor desesperación e inseguridad en el día de mañana, los somete a una nueva burocracia formada por sus partidarios más obedientes, crea una dictadura insoportable de los trusts, siembra en proporciones nunca vistas la corrupción y la descomposición.

El fascismo prometió a los campesinos arruinados y depauperados acabar con el vasallaje de las deudas, suprimir el pago de las rentas e incluso expropiar sin inemnización la tierra de los terratenientes en favor de los campesinos sin tierra y arruinados. En realidad, entrega al campesinado trabajador a la esclavitud sin precedentes de los trusts y del aparato del Estado fascista y aumenta hasta lo indecible la explotación de las masas fundamentales del campesinado por los grandes terratenientes, los bancos y los usureros.

"Alemania será un país campesino, o no perdurará", declaró solemnemente Hitler. ¿Pero qué han obtenido los campesinos de Alemania bajo Hitler? ¿Una moratoria que ya está derogada? ¿O la ley que, regulando el régimen hereditario de las haciendas campesinas, expulsa del campo a millones de hijos e hijas de campesinos y los convierte en mendigos? Los braceros del campo se ven convertidos en semisiervos, a los que se ha arrebatado incluso el derecho elemental de libre desplazamiento. Al campesinado trabajador se le ha despojado de la posibilidad de vender los productos de su hacienda en el mercado.

¿Y en Polonia?

«El campesino polaco -escribe el periódico Chas- emplea métodos y medios que sólo se aplicaron seguramente en los tiempos de la Edad Media: conserva el fuego en la estufa y se lo presta a sus vecinos, divide en varias partes las cerillas. Los campesinos se dan unos a otros los restos de jabón negro. Hierven los barriles de arenques para obtener agua salada. Esto no es ningún cuento, sino la verdadera situación reinante en el campo, de la que cualquiera puede convencerse por sí mismo».

¡Y esto, camaradas, no lo escribe ningún comunista, sino un periódico reaccionario polaco!

Pero no es todo, no mucho menos. Día tras día, en los campos de concentración de la Alemania fascista, en los sótanos de la GESTAPO (policía secreta), en las mazmorras polacas, en los calabozos de la policía secreta búlgara y finlandesa, en la «Glawniatsch» de Belgrado, en la «Siguranta» rumana, en las islas italianas, los mejores hijos de la clase obrera, los campesinos revolucionarios, los que luchan por un porvenir más bello de la humanidad son sometidos a tratos violentos y escarnios tan repugnantes que ante ellos palidecen los crímenes más abominables de la policía secreta zarista. El criminal fascismo alemán convierte a los maridos, en presencia de sus mujeres, en masas de carne sanguinolenta, envía a las madres en paquetes postales las cenizas de sus hijos asesinados. La esterilización se ha convertido en un medio político de lucha. A los presos antifascistas recluidos en las cámaras de tortura les inoculan por la fuerza sustancias venenosas, les rompen las manos, les arrancan los ojos, les cuelgan por los pies, les inyectan agua con bomba, les recortan cruces gamadas en su carne.

Tengo delante un resumen estadístico del Socorro Rojo Internacional sobre los asesinados, heridos, presos, mutilados y torturados en Alemania, Polonia, Italia, Austria, Bulgaria y Yogoeslavia. Solamente en Alemania, bajo el gobierno de los nacionalsocialistas, fueron asesinadas más de 4.200 personas; detenidas 317.800; y 218.600 obreros, campesinos, empleados e intelectuales antifascistas, comunistas, socialdemócratas y miembros de las organizaciones cristianas de oposición fueron heridos y sometidos a torturas crueles. En Austria, desde los combates de febrero del año pasado fueron asesinadas 1.900 personas; 10.000 heridas y mutiladas; y 40.000 obreros revolucionarios detenidos por el gobierno fascista "cristiano". Y este resumen, camaradas, dista mucho de ser completo.

Me cuesta trabajo encontrar palabras con que expresar toda la indignación que nos embarga al pensar en las torturas que hoy sufren los trabajadores en una serie de países fascistas. Las cifras y hechos que nosotros señalamos no reflejan ni la centésima parte del cuadro verdadero de la explotación y las torturas, del terror de los guardias blancos que llenan la vida cotidiana de la clase obrera en los distintos países capitalistas. Ningún libro, por voluminoso que fuera, podría dar una idea clara de las incontables bestialidades del fascismo contra los trabajadores.

Con honda emoción y odio contra los verdugos fascistas, inclinamos las banderas de la Internacional Comunista ante la memoria inolvidable de John Scheer, Fiede Schulze, Lütgens, en Alemania, de Koloman Walish y Munichreiter, en Austria; de Sallai y Füsrts, en Hungría; de Kofardshiev, Lutibrodski y Voikov, en Bulgaria, ante la memoria de los miles y miles de obreros, campesinos, representantes de los intelectuales progresistas, comunistas, socialdemócratas y sin partido, que han dado su vida luchando contra el fascismo.

Desde esta tribuna saludamos al jefe del proletariado alemán y Presidente de honor de nuestro Congreso, al camarada Thaelmann (fuertes aplausos, todos en la sala se ponen en pie), saludamos a los camaradas Rakosi, Gramsci, (fuertes aplausos, todos en la sala se ponen en pie), Anticainen. Saludamos a Tom Mooney, que viene sufriendo 18 años de cárcel y a los millares de prisioneros del capital y del fascismo (fuertes aplausos) y les decimos: "¡Hermanos de lucha! ¡Compañeros de armas! ¡No os hemos olvidado! Estamos con vosotros. Entegamos todas las horas de nuestra vida, hasta la última gota de nuestra sangre, por arrancaros y arrancar a todos los trabajadores del ignominioso régimen fascista". (Fuertes aplausos, todos en la sala se ponen en pie)

¡Camaradas! Ya Lenin nos había advertido que la burguesía puede conseguir, cayendo sobre los trabajadores con el terror má feroz, rechazar durante períodos cortos de tiempo las fuerzas crecientes de la revolución, pero que, a pesar de ello, no podría salvarse del hundimiento.

«La vida -escribía Lenin- seguirá su curso. Ya puede la burguesía arrebatarse, enfurecerse hasta el paroxismo, excederse, cometer tonterías, vengarse por anticipado de los bolcheviques y tratar de exterminar (en India, en Hungría, en Alemania, etc.) a centenares de miles de bolcheviques del mañana o del ayer; al proceder así, la burguesía procede como todas las clases condenadas por la historia al hundimiento. Los comunistas deben saber que, sea lo que fuere, el porvenir les pertenece. Por esto, podemos y debemos combinar en la gran lucha revolucionaria el mayor apasionamiento con la más serena y sobria apreciación de las convulsiones de la burguesía».

Sí, si nosotros y el proletariado del mundo entero marchamos con firmeza por la senda que nos ha trazado Lenin, la burguesía se hundirá a pesar de todo.(Aplausos).

¿Es inevitable la victoria del fascismo?

¿Por qué y de qué modo ha podido triunfar el fascismo? El fascismo es el peor enemigo de la clase obrera y de los trabajadores. El fascismo es el enemigo de las nueve décimas partes del pueblo alemán, de las nueve décimas partes del pueblo austríaco, de las nueve décimas partes de los otros pueblos de los países fascistas. ¿Cómo y de qué modo ha podido triunfar este enemigo ecarnizado?

El fascismo pudo llegar al poder, ante todo, porque la clase obrera, gracias a la política de colaboración de clase con la burguesía, practicada por los jefes de la socialdemocracia, se hallaba escindida, política y orgánicamente desarmada frente a la burguesía que despliega su ofensiva, y los partidos comunistas no eran lo suficientemente fuertes para poner en pie a las masas y conducirlas a la lucha decisiva contra el fascismo, sin la socialdemocracia y contra ella.

¡Así es! Que los millones de obreros socialdemócratas, que ahora sufren con sus hermanos comunistas los horrores de la barbarie fascista, mediten seriamente sobre esto: si en el año 1918, cuando estalló la revolución en Alemania y en Austria, el proletariado alemán y austríaco no hubiera seguido la dirección socialdemócrata, de Otto Bauer, Friedrich Adler y Renner en Austria, a Ebert y Scheidemann en Alemania y hubieran marchado por al senda de los bolcheviques rusos, por la senda de Lenin, hoy no habría fascismo ni en Austria, ni en Alemania, ni en Italia, ni en Hungría, ni en Polonia, ni en los Balcanes. No sería la burguesía, sino la clase obrera la dueña de la situación en Europa desde hace mucho tiempo. (Aplausos).

Fijémonos, por ejemplo, en la socialdemocracia austríaca. La revolución de 1918 la elevó a enorme altura. Tenía el poder en sus manos; tenía fuertes posiciones dentro del ejército, dentro del aparato del Estado. Apoyándose en estas posiciones, pudo matar en germen al naciente fascismo, pero fue cediendo, sin resistencia, una tras otra, las posiciones de la clase obrera. Permitió a la burguesía fortalecer su poder, anular la Constitución, depurar el aparato del Estado, el ejército y la policía de funcionarios socialdemócratas, arrebatar a los obreros su arsenal. Permitía a los bandidos fascistas asesinar impunemente a obreros socialdemócratas, aceptó las condiciones del pacto de Hüttenberg, que abrió las puertas de las empresas a los elementos fascistas. Al mismo tiempo, los jefes de la socialdemocracia engañaban a los obreros con el programa de Linz, en el que se preveía la alternativa del empleo de la fuerza armada contra la burguesía y la instauración de la dictadura del proletariado, asegurándoles que si las clases gobernantes apelasen a la violencia contra la clase obrera, el partido contestaría con el llamamiento a la huelga general y la lucha armada. ¡Como si toda la política de preparación del ataque fascista contra la clase obrera no fuese una cadena de actos de violencia encubiertos por medio de formas constitucionales! Incluso en vísperas de los combates de febrero y en transcurso de éstos, la dirección de la socialdemocracia austríaca abandonó al heroico «Schutzbund» en la lucha, aislado de las amplias masas, y condenó al proletariado austríaco a la derrota.

¿Era inevitable la victoria del fascismo en Alemania?

No, la clase obrera alemana pudo haberla impedido.

Pero, para ello, tenía que haber conseguido establecer el frente único proletario antifascista, obligar a los jefes de la socialdemocracia a poner fin a su cruzada contra los comunistas y aceptar las reiteradas proposiciones del Partido Comunista sobre la unidad de acción contra el fascismo.

No tenía que haberse dado por satisfecho ante la ofensiva del fascismo y la gradual liquidación de las libertades democrático-burguesas por la burguesía, con las hermosas resoluciones de la socialdemocracia, sino que debió responder con una verdadera lucha de masas que estorbase la realización de los planes fascistas de la burguesía alemana.

No debió permitir la prohibición de la Liga de los Luchadores del Frente Rojo (Roter Frontkämpferbund), por el gobierno Braun-Severing, sino establecer un contacto de lucha entre el Roter Frontkämpferbund y la Reichsbanner, que enrolaba a casi un millón de afiliados, y obligar a Braun y Severing a armar a ambas organizaciones para rechazar y destruir a las bandas fascistas.

Tenía que haber obligado a los jefes de la socialdemocracia, que estaban al frente del gobierno de Prusia, a tomar medidas de defensa contra el fascismo, detener a los jefes fascistas, suprimir su prensa, confiscar sus recursos materiales y los recursos de los capitalistas que subvencionan al movimiento fascista, disolver las organizaciones fascistas, desarmarlas, etc.

Además, tenía que haber conseguido que se estableciese y ampliase la asistencia social bajo todas sus formas, que se concediesen una moratoria y subsidios para los campesinos afectados por la crisis, a costa de recargos en los impuestos de los bancos y los trusts, para asegurarse por este medio el apoyo del campesinado trabajador. No se hizo, por culpa de la socialdemocracia alemana, y, gracias esto, pudo triunfar el fascismo.

¿Tenían que triunfar la burguesía y la nobleza en España, país donde las fuerzas de la insurrección proletaria se conminan tan ventajosamente con la guerra campesina?

Los socialistas españoles estuvieron representados en el gobierno desde los primeros días de la revolución. ¿Esteblecieron acaso un contacto de lucha entre las organizaciones obreras de todas las tendencias políticas, incluyendo comunistas y anarquistas? ¿Fundieron a la clase obrera en una sola organización sindical? ¿Exigieron acaso la confiscación de todas las tierras de los terratenientes, de la iglesia y conventos a favor de los campesinos para conquistar a éstos para la revolución? ¿Intentaron luchar por la autodeterminación nacional de los catalanes, de los vascos, por la liberación de Marruecos? ¿Limpiaron al ejército de elementos monárquicos y fascistas, preparando el paso de las tropas al lado de los obreros y de los campesinos? ¿Disolvieron la guardia civil, verdugo de todos los movimientos populares, tan odiada por el pueblo? ¿Asestaron algún golpe contra el partido fascista de Gil Robles, contra el podería del clero católico? No, no hicieron nada de esto. Rechazaron las reiteradas proposiciones de los comunistas sobre la unidad de acción contra la ofensiva de la reacción de los burgueses y de los terratenientes y del fascismo. Promulgaron una ley electoral que permitió a la reacción conquistar la mayoría en las Cortes y una serie de leyes que decretaban duras penas contra los movimientos populares, leyes que sirven ahora para juzgar a los heroicos mineros de Asturias. Fusilaron por mano de la guardia civil a los campesinos que luchaban por la tierra, etc.

Así desbrozó la socialdemocracia el camino al poder al fascismo, lo mismo en Alemania que en Austria y que en España, desorganizando y llevando la escisión a las filas de la clase obrera.

Camaradas, el fascismo triunfó también porque el proletariado se encontró aislado de sus aliados naturales. El fascismo pudo triunfar porque logró arrastrar consigo a las grandes masas campesinas, gracias a que la socialdemocracia, en nombre de la clase obrea, llevó a cabo una política que era en el fondo anticampesina. El campesino veía desfilar por el poder una serie de gobiernos socialdemócratas, que personificaban a sus ojos el poder de la clase obrera, pero ninguno de ellos satisfacía las necesidades de los campesinos, ninguno de ellos les entregó la tierra. La socialdemocracia alemana no tocó para nada a los terratenientes, contrarrestó las huelgas de los obreros agrícolas y esto tuvo por consecuencia que los obreros agrícolas de Alemania, ya mucho antes de la subida de Hitler al poder, abandonasen los sindicatos reformistas, pasándose en la mayoría de los casos a los Cascos de Acero y a los nacional-socialistas.

El fascismo pudo triunfar también porque logró penetrar en las filas de la juventud, mientras que la socialdemocracia desviaba a la juventud obrera de la lucha de clases, el proletariado revolucionario tampoco desplegó entre la juventud la necesaria labor de educación y no prestó la suficiente atención a la lucha por sus intereses y aspiraciones específicas. El fascismo captó el ansia de actividad combativa agudizada entre la juventud y atrajo a una parte considerable de ésta a sus destacamentos de combate. La nueva generación de la juventud masculina y femenina no ha pasado por los horrores de la guerra. Sufre sobre sus espaldas todo el peso de la crisis económica, del paro forzoso y de la descomposición de la democracia burguesa. No viendo perspectiva alguna para el porvenir, sectores considerables de la juventud se mostraron especialmente influenciables a la demagogia fascista, que les pintaba un porvenir seductor si el fascismo triunfaba.

En relación con esto, tampoco debemos pasar por alto la serie de errores cometidos por los partidos comunistas, errores que frenaban nuestra lucha contra el fascismo. En nuestras filas existía un imperdonable menosprecio al peligro fascista que todavía no se ha liquidado en todas partes. Semejantes concepciones, como las que antes podíamos encontrar en nuestros partidos, como aquella de que "Alemania no es Italia", en el sentido de que el fascismo pudo triunfar en Italia, pero su victoria estaba excluida en Alemania, por se un país industrialmente muy desarrollado, un país con una cultura muy elevada, con una tradición de cuarenta años de movimiento obrero, un país, en que es imposible el fascismo, o la concepción, que se mantiene hoy, de que en los países de la democracia burguesa "clásica" no hay base para el fascismo, semejantes concepciones podían y pueden contribuir a amortiguar la atención vigilante frente al peligro fascista y dificultar la movilización del proletariado para la lucha contra el fascismo.

Podríamos citar también no pocos casos, en que los comunistas se vieron sorprendidos inopinadamente por un golpe fascista. Acordaos de Bulgaria, donde la dirección de nuestro Partido adoptó una posición "neutral", oportunista en el fondo, respecto al golpe de Estado del 9 de junio de 1923; de Polonia, donde en mayo de 1926 la dirección del Partido Comunista, que apreció de una manera errónea las fuerzas motrices de la revolución polaca, no supo distinguir el carácter fascista del golpe de Estado de Pilsudski y marchó a remolque de los acontecimientos; de Finlandia, donde nuestro Partido, basándose en una falsa idea de la fascistización lenta, gradual, dejó triunfar el golpe de Estado fascista, preparado por un grupo dirigente de la burguesía, golpe de Estado que pilló de improviso al Partido y a la clase obrera.

Cuando en nacionalsocialismo había llegado a ser un movimiento amenazador de masas en Alemania, había camaradas, para quienes el gobierno de Brüning era ya el de la dictadura fascista y que declaraban ceñudos: "Si el tercer Reich de Hitler llega un día, será solamente un metro y medio bajo tierra y con el poder obrero vencedor encima de él".

Nuestros camaradas de Alemania han subestimado durante mucho tiempo el sentimiento nacional herido y la indiginación de las masas contra el Tratado de Versalles, observaban una actitud desdeñosa respecto a las vacilaciones de los campesinos y la pequeña burguesía, tardaron en establecer un programa de emancipación social y nacional y, cuando lo formularon, no supieron adaptarlo a las necesidades concretas y al nivel de las masas. Y ni siquiera supieron popularizarlo ampliamente entre ellas.

La necesidad de desplegar la lucha de masas contra el fascismo ha sido sustituida en varios países por razonamientos estériles sobre el carácter del fascismo "en general" y por una estrechez sectaria respecto a la posición y solución de las tareas políticas actuales del Partido.

Camaradas, si hablamos de las causas de la victoria del fascismo, si señalamos la responsabilidad histórica de la socialdemocracia en la derrota de la clase obrera, si anotamos también nuestros propios errores en la lucha contra el fascismo, no es sencillamente por el gusto de remover el pasado. Nosotros no somos historiadores, situados al margen de la vida, somos militantes combativos de la clase obrera y estamos obligados a dar una contestación a la pregunta que atormenta a millones de obreros: «¿Cabe impedir, y por qué medios, la victoria del fascismo?» Y nosotros contestamos a esos millones de obreros: sí, camaradas, puede cerrarse el paso al fascismo. Es absolutamente posible. ¡Ello depende de nosotros mismos, de los obreros, de los campesinos, de todos los trabajadores!

El impedir la victoria del fascismo depende ante todo de la actitud combativa de la propia clase obrera, de la cohesión de sus fuerzas en un ejército combatiente que luche unido contra la ofensiva del capital y del fascismo. El proletariado, al establecer su unidad de lucha, paralizaría la influencia del fascismo sobre los campesinos, sobre la pequeña burguesía urbana, sobre la juventud y los intelectuales, conseguiría neutralizar a una parte y hacer pasar a su lado a la otra.

En segundo lugar, ello depende de la existencia de un fuerte partido revolucionario que sepa dirigir acertadamente la lucha de los trabajadores contra el fascismo. Un partido que exhorte sistemáticamente a los obreros a retroceder ante el fascismo y permite a la burguesía fascista consolidar sus posiciones, es un partido que conduce a los obreros inevitablemente a la derrota.

En tercer lugar, ello depende de la justa política de la clase obrera respecto al campesinado y a las masas pequeñoburguesas de la ciudad. Hay que tomar a estas masas tal y como son y no como nosotros quisiéramos que fuesen. Sólo en el transcurso de la lucha superarán sus dudas y vacilaciones, si sabemos tratar con paciencia sus inevitables vacilaciones y, si el proletariado les ayuda, se elevarán políticamente a un grado superior de conciencia y de actividad revolucionaria.

En cuarto lugar, ello depende de la atención vigilante y de la actuación oportuna del proletariado revolucionario. No hay que dejarse sorprender inopinadamente por el fascismo; no dejarle la iniciativa; hay que asestarle golpes decisivos, cuando todavía no ha logrado concentrar sus fuerzas; no permitirle afianzarse; hacer frente a cada paso en que se manifieste; no permitirle conquistar nuevas posiciones; como se esfuerza, con éxito, por conseguirlo el proletariado francés.

Tales son las condiciones más importantes para impedir que el fascismo crezca y suba al poder.

El fascismo, un poder cruel, pero precario

La dictadura fascista de la burguesía es un poder cruel, pero precario.

¿En qué consisten las causas principales de la precariedad de la dictadura fascista?

El fascismo, que pretende superar las divergencias y las contradicciones existentes en el campo de la burguesía, viene a agudizar todavía más estas contradicciones.

El fascismo intenta establecer su monopolio político, destruyendo por la violencia los demás partidos políticos. Pero la existencia del sistema capitalista, la existencia de diferentes clases, la agudización de las contradicciones de clases conducen inevitablemente a sacudir y derribar el monopolio político del fascismo. No es el país soviético en el que la dictadura del proletariado es ejercida también por un partido único, pero donde este monopolio político responde a los intereses de millones de trabajadores y se apoya cada vez más sobre la construcción de la sociedad sin clases; en un país fascista, el partido de los fascistas no puede mantener por mucho tiempo su monopolio, porque no está en condiciones de proponerse la misión de suprimir las clases y las contradicciones de clase. Suprime la existencia legal de los partidos burgueses, pero algunos de ellos siguen viviendo ilegalmente y el Partido Comunista avanza, incluso dentro de la ilegalidad, se templa y dirige la lucha del proletariado contra la dictadura fascista. De este modo, el monopolio político del fascismo tiene necesariamente que derrumbarse bajo los golpes de las contradicciones de clase.

Otra de las causas de la precariedad de la dictadura fascista estriba en que el contraste entre la demagogia anticapitalista del fascismo y la política del enriquecimiento más rapaz de la burguesía monopolista permite desenmascarar el fondo de clase del fascismo, quebrantar y reducir su base de masas.

Además, la victoria del fascismo provoca el odio profundo y la indignación de las masas, contribuye a revolucionarlas e imprime un poderoso impulso al frente del proletariado contra el fascismo.

Llevando a cabo la política del nacionalismo económico (autarquía) y apropiándose la mayor parte de los ingresos de la nación para la preparación de la guerra, el fascismo socava toda la economía del país y agudiza la guerra económica entre los Estados capitalistas. Imprime a los conflictos, que surgen en el seno de la burguesía, un carácter violento y no pocas veces sangriento, minando así la estabilidad del poder estatal fascista a los ojos del pueblo. Un poder, que asesina a sus propios partidarios, como aconteció en Alemania el 30 de junio del año pasado, un poder como el fascista, contra el cual lucha con las armas en la mano otra parte de la burguesía fascista (putsch nacionalsocialista de Austria, las luchas violentas de distintos grupos fascistas contra los gobiernos fascistas de Polonia, Bulgaria, Finlandia y otros países), este poder no podrá mantener durante mucho tiempo su autoridad a los ojos de las extensas masas pequeñoburguesas.

La clase obrera tiene que saber aprovechar las contradicciones y conflictos existentes en el campo de la burguesía, pero no debe hacerse ilusiones de que el fascismo puede asfixiarse por sí solo. El fascismo no se derrumbará automáticamente. Sólo la actividad revolucionaria de la clase obrera hará que los conflictos, que surgen inevitablemente en el campo de la burguesía, se aprovechen para minar la dictadura fascista y derribarla.

Al liquidar los restos de la democracia burguesa y elevar la violencia abierta a sistema de gobierno, el fascismo socava las ilusiones democráticas y la autoridad de la ley a los ojos de las masas trabajadoras. Hay que añadir que esto sucede en países como, por ejemplo, Austria y España, donde los obreros han luchado con las armas en la mano contra el fascismo. El Austria, la lucha heroica del Schutzbund y de los comunistas hizo temblar, a pesar de la derrota, desde un principio la firmeza de la dictadura fascista.

En España, la burguesía no logró amordazar a los trabajadores. Las luchas armadas de Austria y España han hecho que masas cada vez más extensas de las clase obrera adquieran conciencia de la necesidad de la lucha revolucionaria de clases.

Sólo filisteos inverosímiles, lacayos de la burguesía, como el más viejo teórico de la Segunda Internacional, Carlos Kautsky, pueden reprochar a los obreros de Austria y España el haber empuñado las armas. ¿Qué aspecto presentaría hoy el movimiento obrero de Austria y España, si la clase obrera de estos países se hubiera dejado guiar por los traidores consejos de los Kautsky? La clase obrera de estos países atravesaría una profunda desmoralización en sus filas.

«Los pueblos -dijo Lenin- no pasan en vano por la escuela de la guerra civil. Esta es una escuela dura y en su programa, si es completo, entran también inevitablemente los triunfos de la contrarrevolución, el desenfreno de los reaccionarios enfurecidos, el ajuste de cuentas feroz del viejo poder con los rebeldes, etc. Pero sólo los pedantes declarados y las momias sin juicio pueden lloriquear, lamentándose de que los pueblos pasen por esa escuela llena de tormentos; esta escuela enseña a las clases oprimidas a librar la guerra civil y les enseña cómo triunfa la revolución, acumula en las masas de los esclavos actuales el odio, que los esclavos atemorizados, torpes e ignorantes llevan eternamente dentro y que conduce a los esclavos ya conscientes del oprobio de su esclavitud a las hazañas históricas más grandiosas».

La victoria del fascismo en Alemania provocó, como es sabido, una nueva oleada de ofensiva fascista, que condujo en Austria a la provocación de Dollfuss, en España a nuevas agresiones de la contrarrevolución contra las conquistas revolucionarias de las masas, en Polonia a la reforma fascista de la Constitución y en Francia incitó a los destacamentos armados de los fascistas a un intento de golpe de Estado en febrero de 1934. Pero esta victoria y la furia de la dictadura fascista han provocado sobre el plano internacional un contramovimiento de frente único proletario contra el fascismo. El incendio del Reichstag, que era la señal para la ofensiva general del fascismo contra la clase obrera, el atraco y expoliación contra los sindicatos y otras organizaciones obreras, los gritos de los antifascistas torturados en las mazmorras de los cuarteles y en los campos de concentración fascistas, revelan palpablemente a las masas adónde ha conducido el juego escisionista y reaccionario de los jefes de la socialdemocracia alemana, que rechazaron las propuestas de los comunistas para luchar unidos contra el fascismo agresor, y las convencen de la necesidad de unificar todas las fuerzas de la clase obrera para el derrocamiento del fascismo.

En Francia, la victoria de Hitler dio también un impulso decisivo a la creación del frente único de la clase obrera contra el fascismo. La victoria de Hitler no ha engendrado en los obreros solamente el temor por la suerte de los obreros alemanes, no sólo ha encendido el odio contra los verdugos de sus hermanos de clase alemanes, sino que, además, ha fortalecido su decisión de no permitir de ningún modo que suceda en su país lo que ha sucedido con la clase obrera en Alemania. La poderosa gravitación hacia el frente único en todos los países capitalistas pone de manifiesto que no han sido en vano las enseñanzas de la derrota. La clase obrera comienza a actuar de un modo nuevo. La iniciativa de los partidos comunistas en la organización del frente único y la abnegación sin límites de los comunistas, de los obreros revolucionarios, en la lucha contra el fascismo, acrecentaron, en proporciones nunca vistas, la autoridad de la Internacional Comunista. Al mismo tiempo, se desarrolla una honda crisis en el seno de la Segunda Internacional, crisis que se manifiesta y subraya con una claridad especial después de la bancarrota de la socialdemocracia alemana. Los obreros socialdemócratas pueden convencerse cada vez más palpablemente de que la Alemania fascista, con todos sus horrores y barbarie, es, en última instancia, una consecuencia de la política socialdemócrata de la colaboración de clase con la burguesía. Estas masas ven cada vez más claro que el camino, por el cual llevaron al proletariado los jefes de la socialdemocracia alemana, no debe repetirse. Jamás se ha dado en el campo de la Segunda Internacional ub desconcierto ideológico tan grande. En el seno de todos los partidos socialdemócratas, se opera un proceso de diferenciación. En sus filas se destacan dos campos básicos;: junto al campo existente de los elementos reaccionarios, que intentan por todos los medios mantener en pie el bloque de la socialdemocracia con la burguesía y rechazan rabiosamente el frente único con los comunistas, comienza a formarse el campo de los elementos revolucionarios, que abrigan dudas acerca de la justeza de la política de coaboración de clase con la burguesía, que abogan por la creación de un frente único con los comunistas y comienzan a pasarse cada vez en mayor grado a las posiciones de la lucha revolucionaria de clases.

Así, el fascismo, que ha surgido como resultado de la decadencia del sistema capitalista, actúa a fin de cuentas como un factor de su ulterior descomposición. Así, el fascismo, que ha asumido la tarea de enterrar al marxismo, la movimiento revolucionario de la clase obrera, él mismo lleva, como resultado de la dialéctica de la vida y de la lucha de clases, al desarrollo de las fuerzas llamadas a ser enterradoras, las enterradoras del capitalismo.

II

El frente único de la clase obrera contra el fascismo

¡Camaradas! Millones de obreros y trabajadores de los países capitalistas se preguntan: ¿Cómo puede impedirse que el fascismo llegue al poder y cómo derrocarlo, allí donde ya ha triunfado? La Internacional Comunista contesta: lo primero, que hay que hacer, es crear el frente único, establecer la unidad de los obreros en cada empresa, en cada barrio, en cada región, en cada país, en el mundo entero. La unidad de acción del proletariado en el plano nacional e internacional, he aquí el arma poderosa que capacita a la clase obrera no sólo para una defensa, sino también para una contraofensiva victoriosa contra el fascismo, contra el enemigo de clase.

Significado del frente único

¿No es evidente que las acciones conjuntas de los afiliados a los partidos y organizaciones de las dos Internacionales -la Internacional Comunista y la Segunda Internacional- permitirían a las masas rechazar el empuje fascista y elevarían el peso político de la clase obrera?

Pero las acciones conjuntas de los partidos de ambas Internacionales contra el fascismo no se limitarían a ejercer una influencia sobre sus afiliados actuales, sobre los comunistas y los socialdemócratas, ejercerían también una influencia poderosa en las filas de los obreros católicos, anarquistas y no organizados, incluso sobre aquellos que momentáneamente son víctimas de la demagogia fascista.

Más aún, el potente frente único del proletariado ejerecería una enorme influencia sobre todas las demás capas del pueblo trabajador, sobre los campesinos, sobre la pequeña burguesía urbana, sobre los intelectuales. El frente único infundiría a los sectores vacilantes fe en la fuerza de la clase obrera.

Pero tampoco esto es todo. El proletariado de los países imperialistas tiene sus aliados potenciales no sólo en los trabajadores del propio país, sino también en las naciones oprimidas de las colonias y semicolonias. El hecho de que el proletariado se halle escindido sobre un plano nacional e internacional y de que una parte de él apoye la política de colaboración con la burguesía y, sobre todo, su régimen de opresión en las colonias y semicolonias, aparta a los pueblos oprimidos de las colonias y semicolonias de la clase obrera y debilita el frente antiimperialista mundial. Cada paso que dé el proletariado de las metrópolis imperialistas por la senda de la unidad de acción, encaminado a apoyar la lucha de liberación de los pueblos coloniales, equivale a convertir las colonias y semicolonias en una de las reservas principales del proletariado.

Finalmente, si tenemos en cuenta que la unidad de acción internacional del proletariado se apoya en la fuerza, sin cesar creciente, del Estado proletario, del país del socialismo, de la Unión Soviética, vemos qué vastas perspectivas abre la realización de la unidad de acción del proletariado sobre el plano nacional e internacional.

La implantación de la unidad de acción de todos los sectores de la clase obrera, cualquiera que sea el Partido u organización a que pertenezcan, es necesaria aun antes de que la mayoría de la clase obrera se unifique para luchar por el derrocamiento del capitalismo y por el triunfo de la revolución proletaria.

¿Es posible realizar esta unidad de acción del proletariado en los distintos países y el mundo entero? Sí, es posible, y lo es inmediatamente. La Internacional Comunista no pone para la unidad de acción ninguna clase de condiciones, con excepción de una elemental, aceptable para todos los obreros, a saber: que la unidad de acción vaya encaminada contra el fascismo, contra la ofensiva del capital, contra la amenaza de guerra, contra el enemigo de clase. He ahí nuestra condición.

Sobre los principales argumentos de los adversarios del frente único

¿Qué pueden objetar y qué objetan los adversarios del frente único?

"Para los comunistas, la consigna del frente único no es más que una maniobra" -dicen unos. Pero, aunque fuese una maniobra, -contestamos nosotros- ¿por qué no desenmascaráis esta "maniobra comunista", participando honradamente en el frente único? Lo decimos francamente: queremos la unidad de acción de la clase obrera para que el proletariado se fortalezca en su lucha contra la burguesía, para que, defendiendo hoy sus intereses cotidianos contra los ataques del capital, contra el fascismo, esté mañana en condiciones de crear las premisas para su definitiva emancipación.

"Los comunistas nos atacan" -dicen otros. Pues escuchad. Ya hemos declarado repetidas veces que no atacaremos a nadie: personas, organizaciones, ni partidos, que aboguen por el frente único de la clase obrera contra el enemigo de clase. Pero, al mismo tiempo, en interés del proletariado y de su causa, tenemos el deber de criticar a las personas, organizaciones y partidos que entorpecen la unidad de acción de los obreros.

"No podemos formar el frente único con los comunistas porque su programa es distinto" -dicen los de más allá. Pero vosotros afirmáis también que vuestro programa difiere del de los partidos burgueses y esto no os ha impedido, ni os impide sellar coaliciones con estos partidos.


"Los partidos democrático-burgueses son mejores aliados contra el fascismo que los comunistas" -dicen los adversarios del frente único y defensores de la coalición con la burguesía. Pero ¿qué nos enseña la experiencia de Alemania? Aquí los socialdemócratas formaron un bloque con estos aliados "mejores". Y ¿cuáles fueron los resultados?

"Si establecemos el frente único con los comunistas, los pequeños burgueses se asustarían del "peligro rojo" y se pasarían a los fascistas" -oímos decir a menudo. ¿Acaso el frente único amenaza a los campesinos, a los pequeños comerciantes, a los artesanos, a los trabajadores intelectuales? No. El frente único amenaza a la gran burguesía, a los magnates financieros, a los terratenientes y demás explotadores, cuyo régimen acarrea la ruina completa de todos aquellos sectores.

"La socialdemocracia es partidaria de la democracia y los comunistas, de la dictadura, por esto no podemos establecer el frente único con los comunistas" -dicen una serie de jefes socialdemócratas. Pero ¿es que nosotros os proponemos ahora un frente único para proclamar la dictadura del proletariado? Por el momento, no os proponemos semejante cosa.

"Que los comunistas reconozcan la democracia y actúen en defensa de ella y entonces estaremos dispuestos a participar en el frente único". A éstos les contestamos: Nosotros somos partidarios de la democracia soviética, la democracia de los trabajadores, la democracia más consecuente del mundo. Pero defendemos y seguiremos defendiendo en los países capitalistas, palmo a palmo, las libertades democrático-burguesas, contra las cuales atentan el fascismo y la reacción burguesa, pues así lo exigen los intereses de la lucha de clases del proletariado.

"Pero es que los pequeños partidos comunistas no aportarían nada con su participación en el frente único que realice el partido laborista" -dicen, por ejemplo, los jefes laboristas de Inglaterra. Sin embargo, acordaos de que lo mismo afirmaban los jefes socialdemócratas austríacos respecto al pequeño Partido Comunista de Austria. Y ¿qué han demostrado los acontecimientos? No era la socialdemocracia austríaca con Otto Bauer y Renner a la cabeza, quien tenía razón, sino el pequeño Partido Comunista Austríaco, que señaló oportunamente el peligro fascista en Austria y llamó a los obreros a luchar contra él. Y toda la experiencia del movimiento obrero enseña que los comunistas, aunque numéricamente sean pocos, son el motor de la actividad combativa del proletariado. Además, no debe olvidarse que los Partidos Comunistas de Austria o de Inglaterra no son solamente las decenas de miles de obreros afiliados a estos Partidos, sino partes del movimiento comunista mundial, secciones de la Internacional Comunista, cuyo partido dirigente es el Partido de un proletariado, que ha triunfado ya y que gobierna en una sexta parte del planeta.

"Pero el frente único no impidió la victoria del fascismo en el Sarre" -objetan los adversarios del frente único. ¡Curiosa lógica la de estos señores! Primero, hacen todo lo que está de su parte para asegurar la victoria del fascismo, y después, se alegran malignamente de que el frente único, al que se han dejado arrastrar en los últimos momentos, no haya conducido al triunfo de los obreros.

"Si formamos el frente único con los comunistas, tendríamos que salir de los gobiernos de coalición y entrarían a gobernar los partidos reaccionarios fascistas" -dicen los jefes socialdemócratas, que están en los gobiernos de los distintos países. Muy bien, ¿acaso no participó la socialdemocracia alemana en un gobierno de coalición? ¡Sí, participó! ¿No formó parte del gobierno la socialdemocracia austríaca? ¡También formó parte! ¿No estuvieron los socialistas españoles en un gobierno coaligados con la burguesía? ¡Sí, lo estuvieron! Y ¿acaso la participación de la socialdemocracia en los gobiernos burgueses de coalición ha impedido en estos países el asalto del fascismo contra el proletariado? No, no lo impidi&ocaute;. Es, por lo tanto, claro como la luz del día que la participación de ministros socialdemócratas en los gobiernos burgueses no constituye una barrera contra el fascismo.

"Los comunistas obran dictatorialmente, quieren imponerlo y dictarlo todo" -dicen ellos. No, nosotros no imponemos, ni dictamos nada. Nos limitamos a formular nuestras proposiciones, cuya realización estamos convencidos de que responde a los intereses del pueblo trabajador. Y esto no es sólo un derecho, sino un deber de cuantos actúan en nombre de los obreros. ¿Tenéis miedo a la "dictadura" de los comunistas? Pues presentemos conjuntamente a los obreros todas las proposiciones, las vuestras y las nuestras, discutámolas conjuntamente, con todos los obreros, y elijamos aquellas que sean más ventajosas para la causa de la clase obrera.

Como se ve, esos argumentos contra el frente único no resisten la más leve crítica. Son, más que otra cosa, tergiversaciones de los jefes reaccionarios de la socialdemocracia que prefieren su frente único con la burguesía, al frente único del proletariado.

¡No, estas tergiversaciones no prevalecerán! El proletariado internacional ha pagado demasiado caras las consecuencias de la escisión del movimiento obrero y está cada vez más convencido de que el frente único, la unidad de acción del proletariado, tanto sobre el plano nacional, como en el plano internacional, son necesarios y perfectamente posibles.

Contenido y forma del frente único

¿Cuál es y cuál debe ser el contenido principal del frente único en la etapa actual?

La defensa de los intereses económicos y políticos inmediatos de la clase obrera, su defensa contra el fascismo ha de ser el punto de partida y el contenido principal del frente único en todos lo países capitalisas.

No debemos limitarnos a lanzar meros llamamientos a la lucha por la dictadura proletaria, sino que tenemos que encontrar y preconizar las consignas y formas de lucha, que se desprenden de las necesidades vitales de las masas, del nivel de su capacidad de lucha en cada etapa de desarrollo.

Debemos indicar a las masas lo que han de hacer hoy para defenderse de la expoliación capitalista y de la barbarie fascista.

Devemos conseguir que se establezca el frente único más amplio por medio de acciones conjuntas de las organizaciones obreras de las distintas tendencias para defender los intereses vitales de las masas trabajadores.

Esto significa, en primer lugar, la lucha conjunta por descargar de un modo efectivo las consecuencias de la crisis sobre las espaldas de las clases dominantes, sobre las espaldas de los capitalistas, de los terratenientes, en una palabra, sobre las espaldas de los ricos.


Significa, en segundo lugar, la lucha conjunta contra todas las formas de la ofensiva fascista, por la defensa de las conquistas y derechos de los trabajadores, contra la liquidación de las libertades democrático-burguesas.

Significa, en tercer lugar, la lucha conjunta contra el peligro cada vez más inminente de la guerra imperialista, lucha que dificultaría la preparación de esta guerra.

Debemos preparar sin descanso a la clase obrera para los cambios rápidos de formas de lucha, al variar las circunstancias. A medida que crezca el movimiento y se fortalezca la unidad de la clase obrera, tendremos que ir más lejos y preparar el paso de la defensiva a la ofensiva contra el capital, poniendo proa a la organización de la huelga política de masas. Condición obligada de una huelga semejante es que los sindicatos fundamentales de cada país sean enrolados en ella.

Naturalmente, los comunistas no pueden, ni deben renunciar, ni por un solo minuto, a su labor propia e independiente de educación comunista, de organización y movilización de las masas. Sin embargo, para asegurar a los obreros el camino hacia la unidad de acción, hay que conseguir sellar al mismo tiempo acuerdos a corto y a largo plazo sobre acciones comunes con los partidos socialdemócratas, los sindicatos reformistas y las demás organizaciones de los trabajadores contra los enemigos de clase del proletariado. En estos pactos, la atención principal debe encaminarse a desencadenar acciones de masas en los distintos lugares, que deberían ser llevadas a cabo por las organizaciones de base mediante acuerdos locales. A la par que cumplimos lealmente las condiciones de todos los acuerdos pactados con ellos, desenmascararemos implacablemente cualquier sabotaje, cometido contra las acciones conjuntas por personas u organizaciones, que tomen parte en el frente único. A cuantos intentos se hagan por frustrar los acuerdos pactados, y estos intentos posiblemente se harán, contestaremos apelando a las masas y continuando infatigablemente la lucha por restablecer la unidad de acción violada.


Huelga decir que la realización concreta del frente único en los distintos países se efectuará de diversos modos y revestirá formas, según el estado y el carácter de las organizaciones obreras, su nivel político, la situación concreta del país de que se trata, según los cambios operados en el movimiento obrero internacional, etc.

Estas formas pueden ser, por ejemplo: acciones conjuntas de los obreros coordinadas para casos determinados y por motivos concretos, por reivindicaciones aisladas o también sobre la base de una plataforma general, acciones coordinadas en determinadas empresas o ramas industriales; acciones coordinadas sobre un plano local, regional, nacional o internacional; acciones coordinadas para la organización de luchas económicas de los obreros, para la realización de acciones políticas de masas, para la organización de la autodefensa común contra los asaltos fascistas; acciones coordinadas para ayudar a los presos y sus familias, en el terreno de la lucha contra la reacción social; acciones conjuntas para la defensa de los intereses de la juventud y de las mujeres, en la esfera de las cooperativas, de la cultura, de los deportes, etc.

Sin embargo, sería insuficiente darse por contentos con sellar un pacto sobre acciones conjuntas y con crear comités de enlace de los partidos y las organizaciones enroladas en el frente único, que es, por ejemplo, lo que sucede en Francia. Esto no es má:s que el primer paso. Los pactos son medios auxiliares para la realización de acciones conjuntas, pero no son todavía, de por sí, el frente único. Los comités de enlace entre las direcciones de los partidos comunistas y socialistas son necesarios para facilitar la realización de acciones conjuntas, pero están muy lejos de bastar por sí solos, para el despliegue efectivo del frente único, para conducir a las extensas masas a la lucha contra el fascismo.

Los comunistas y todos los obreros revolucionarios deben esforzarse por crear órganos de clase del frente único al margen de los partidos elegidos (en los países de dictadura fascista, escogidos entre las personas más prestigiosas en el movimiento de frente único) en las empresas, entre los desocupados, en los barrios obreros, entre la gente modesta de la ciudad y del campo. Sólo estos órganos pueden abarcar mediante el movimiento de frente único hasta las enormes masas no organizadas de los trabajadores, pueden contribuir a desarrollar la iniciativa de las masas en la lucha contra la ofensiva del capital, contra el fascismo y la reacción, a crear sobre esta base el extenso cuerpo de activistas obreros del frente único, que es indispensable, y a formar en los países capitalistas cientos y miles de bolcheviques sin partido.

Las acciones conjuntas de los obreros organizados son el comienzo, son la base. Pero no podemos perder de vista que la aplastante mayoría de los obreros, la constituyen las masas no organizadas. Así, en Francia, el total de obreros organizados, comunistas, socialistas y afiliados a los sindicatos de distintas tendencias, es en total aproximadamente de un millón y el censo total de obreros asciende a once millones. En Inglaterra, pertenecen a los sindicatos y a los partidos de todas las tendencias, unos cinco millones; pero el censo total de obreros es de catorce millones. En los Estados Unidos de América, hay aproximadamente cinco millones de obreros organizados, pero el censo total de los obreros en Norte-América es de treinta y ocho millones. Y la misma relación existe más o menos en otra serie de países. En tiempos "normales", esta masa permanece substancialmente al margen de la vida política. Pero en la actualidad, esta masa gigantesca se pone cada vez más en movimiento, se incorpora a la vida política, sale a la palestra política.

La creación de órganos de clase al margen de los partidos es la mejor forma para realizar, ampliar y fortalecer el frente único en la misma base de las más amplias masas. Estos órganos serán también el mejor baluarte contra todas las tentativas de los adversarios del frente único para romper la unidad de acción lograda por la clase obrera.

Sobre el frente popular antifascista

En la movilización de las masas trabajadoras para la lucha contra el fascismo, tenemos como tarea espacialmente importante la creación de un extenso frente popular antifascista sobre la base del frente único proletario. El éxito de toda la lucha del proletariado va íntimamente unido a la creación de la alianza de lucha del proletariado con el campesinado trabajador y con las masas más importantes de la pequeña burguesía urbana, que forman la mayoría de la población incluso en los países industrialmente desarrollados.


El fascismo, en sus campañas de agitación encaminadas a conquistarse esas masas, intenta contraponer las masas trabajadoras de la ciudad y del campo al proletariado revolucionario y asustar a los pequeñoburgueses con el fantasma del "peligro rojo". Nosotros tenemos que volver las lanzas y señalar a los campesinos trabajadores, a los artesanos y a los trabajadores intelectuales, de dónde les amenaza el verdadero peligro, tenemos que hacerles ver concretamente quién echa sobre los campesinos la carga de las contribuciones e impuestos, quién les estruja mediante intereses usurarios, quién, a pesar de poseer las mejores tierras y todas sus riquezas, expulsa de su terruño al campesino y a su familia y le condena al paro y a la mendicidad. Tenemos que poner en claro concretamente, explicar paciente y tenazmente, quién arruina a los artesanos a fuerza de impuestos y gabelas de todo género, rentas gravosas y de una competencia insoportable para ellos, quién lanza a la calle y priva de trabajo a las amplias masas de los trabajadores intelectuales.

Pero esto no basta.

Lo fundamental, lo más decisivo, para establecer el frente popular antifascista es la acción decidida del proletariado revolucionario en defensa de las reivindicaciones de estos sectores y, en particular, del campesinado trabajador, de reivindicaciones que corresponden a los intereses cardinales del proletariado, combinando en el transcurso de la lucha las aspiraciones de la clase obrera con estas reivindicaciones.

Para la creación del frente popular antifascista tiene una gran importancia el saber abordar de una manera acertada a todos aquellos partidos y organizaciones que enrolan a una parte considerable del campesinado trabajador y a las masas principales de la pequeña burguesía urbana.

En los países capitalistas, la mayoría de estos partidos y organizaciones -tanto políticas, como económicas- se encuentran todavía bajo la influencia de la burguesía y siguen a ésta. La composición social de estos partidos y organizaciones no es homogénea. En ella aparecen, al lado de los campesinos sin tierra, campesinos muy ricos, al lado de los pequeños tenderos, grandes hombres de negocios, pero la dirección la llevan estos últimos, los agentes del gran capital. Esto nos obliga a dar a estas organizaciones un trato diferenciado, teniendo en cuenta que, a menudo, la masa de sus afiliados no conoce la verdadera faz política de su propia dirección. En determinadas circunstancias, podemos y debemos encaminar nuestros esfuerzos a ganar a estos partidos y organizaciones o a sectores sueltos de ellos para el frente popular antifascista, pese a su dirección burguesa. Así, por ejemplo, acontece actualmente en Francia con el partido radical, en los Estados Unidos con las distintas organizaciones de granjeros (farmers), en Polonia con el «Stronictwo Ludowe», en Yugoeslavia con el partido campesino croata, en Bulgaria con la Unión Agraria, en Grecia con los "agraristas", etc. Pero, independientemente de esto si existan o no probabilidades de atraer a estos partidos y otras organizaciones al frente popular, nuestra táctica tiene que ir dirigida, bajo todas las condiciones, a incorporar al frente popular antifascista a los pequeños campesinos, artesanos, etc., enrolados en ellas.

Así, pues, como veis, aquí tenemos que acabar en toda la línea con el menosprecio y la actitud despectiva que se dan con harta frecuencia en nuestra actuación respecto a los distintos partidos y organizaciones de campesinos, artesanos y de masas de la pequeña burguesía urbana.

Problemas cardinales del frente único en los diversos países

En todos los países hay problemas cardinales que una etapa dada conmueven a las más extensas masas y en torno a los cuales debe desplegarse la lucha por establecer el frente único. El captar acertadamente estos puntos fundamentales, estos problemas cardinales, significa asegurar y acelerar la formación del frente único.

a) Estados Unidos de América

Tomemos, por ejemplo, un país tan importante del mundo capitalista como los Estados Unidos de América. Allí la crisis ha puesto en movimiento a millones de hombres. El programa de saneamiento del capitalismo se ha ido a pique. Inmensas masas comienzan a apartarse de los partidos burgueses y se hallan actualmente en la encrucijada.


El fascismo norteamericano incipiente intenta canalizar el descontento y el desengño de estas masas hacia cauces reaccionario-fascistas. La peculiaridad del desarrollo del fascismo norteamericano consiste en que, en la presente fase, actúa predominantemente en forma de oposición contra el fascismo, considerándolo una corriente "no americana", importada del extranjero. A diferencia del fascismo alemán, que entró en escena con consignas contrarias a la constitución, el fascismo norteamericano intenta presentarse como paladín de la Constitución y de la "democracia americana". No es aún una fuerza que constituye una amenaza inmediata. Pero si logra penetrar en las extensas masas decepcionadas de los viejos partidos burgueses, puede llegar a convertirse muy pronto en un serio peligro.

¿Y qué significaría el triunfo del fascismo en los Estados Unidos? Para las masas trabajadoras significaría, naturalmente, una acentuación desenfrenada del régimen de explotación y la destrucción del movimiento obrero. ¿Y cuál sería la significación internacional de esta victoria del fascismo? Los Estados Unidos no son -como es sabido- Hungría, ni Finlandia, ni Bulgaria, ni Letonia. La victoria del fascismo en los Estados Unidos haría cambiar esencialmente toda la situación internacional.

En estas circunstancias, ¿puede darse el proletariado norteamericano por satisfecho simplemente con organizar su vanguardia consciente de clase, que está dispuesta a marchar por la senda de la revolución? No.

Es de todo punto evidente que los intereses del proletariado americano exigen que sus fuerzas se deslinden sin demora de los partidos capitalistas. Tiene que encontrar los caminos y las formas apropiadas para impedir a tiempo que el fascismo arrastre consigo a las masas de los trabajadores descontentos. Y aquí hemos de decir que la forma apropiada a las condiciones de Norte América podría ser la creación de un partido de masas de los trabajadores, un "partido de obreros y granjeros (farmers)". Este partido sería una forma específica del frente popular de masas en Norte América, un frente que hay que oponer a los partidos de los trusts y de los bancos, y al fascismo en desarrollo. Este partido no sería, naturalmente, ni socialista, ni comunista. Pero tendría que ser un partido antifascista y no debería ser un partido anticomunista. El programa de este partido debería ir dirigido contra los bancos, los trusts y los monopolios, contra los enemigos principales del pueblo que especulan con sus desgracias. Este partido s&ocute;lo puede cumplir su misión, si defiende las reivindicaciones más vitales de la clase obrera, si lucha por una auténtica legislación social, por el seguro del paro, por que obtengan tierra y sean liberados del fardo de las deudas los aparceros blancos y negros, si lucha por la anulación de las deudas de los granjeros (farmers), si lucha por la igualdad de derechos de los negros, por defender los intereses de los miembros de las profesiones liberales, de los pequeños comerciantes y de los artesanos. Y así sucesivamente.

Fácilmente se comprende que un partido de este tipo habrá de luchar por enviar a sus representantes a las administraciones autónomas locales y a los órganos representativos de los distintos Estados de la Unión, así como la Congreso y al Senado.

Nuestros camaradas de los Estados Unidos procedieron acertadamente, al tomar la iniciativa de crear semejante partido. Pero tendrán que adoptar medidas más eficaces aún, para que la creación de tal partido llegue a ganar las simpatías de las masas. El problema de la organización de un "partido de obreros y granjeros" y su programa deben ser discutidos en asambleas populares de masas. Es necesario desplegar un movimiento amplísimo para la creación de este partido y ponerse a la cabeza de este movimiento. No debe en modo alguno permitirse que la iniciativa de la organización de este partido pase a manos de aquellos elementos que quieren explotar el descontento de las masas de millones de hombres desengañados de los dos partidos burgueses -el democrático y el republicano- para crear en los Estados Unidos un "tercer" partido como partido anticomunista, como un partido orientado contra el movimiento revolucionario.

b) Inglaterra

En Inglaterra, la organización fascista de Mosley ha pasado, provisionalmente, a segundo plano, como resultado de las acciones de masas de los obreros ingleses. Pero no debemos cerrar los ojos ante el hecho de que el llamado "gobierno nacional" lleva a cabo una serie de medidas reaccionarias contra la clase obrera mediante las cuales se crean también en Inglaterra condiciones que, llegado el caso, facilitarían a la burguesía el paso al régimen fascista.

Luchar contra el peligro fascista en Inglaterra, en la etapa actual, significa, ante todo, luchar contra el "gobierno nacional", contra sus medidas reaccionarias, contra la ofensiva del capital, por la defensa de las reivindicaciones de los parados, contra las rebajas de salarios, por la derogación de todas las leyes mediante las cuales la burguesía inglesa empeora el nivel de vida de las masas.

Pero el odio creciente de la clase obrera contra el "gobierno nacional" congrega a masas cada vez más extensas bajo la consigna de un nuevo gobierno laborista en Inglaterra. ¿Pueden los comunistas pasar por alto este estado de ánimo de las amplias masas, que todavía conservan fe en un gobierno laborista? ¡No camaradas! Tenemos que encontrar el camino hacia estas masas. Les decimos francamente, como lo hizo el XIII Congreso del Partido Comunista de Gran Bretaña: los comunistas somos partidarios del poder soviético, único poder capaz de emancipar a los obreros del yugo del capital. Pero, ¿queréis un gobierno laborista? Perfectamente. Nosotros hemos luchado y luchamos mano a mano con vosotros por derrotar al "gobierno nacional". Estamos dispuestos a apoyar vuestra lucha por la formación de un nuevo gobierno laborista, a pesar de que los dos gobiernos laboristas anteriores no han cumplido las promesas hechas por el Partido Laborista a la clase obrera. No esperamos de este gobierno que se realicen medidas socialistas. Pero, en nombre de millones de obreros, le formulamos la exigencia de que defienda los intereses económicos y políticos má,s apremiantes de la clase obrera y de todos los trabajadores. Vamos a discutir un programa común de tales reivindicaciones y a poner en práctica la unidad de acción que necesita el proletariado para hacer frente a la ofensiva reaccionaria del "gobierno nacional", al a ofensiva del capital y del fascismo y a la preparación de la nueva guerra. Los camaradas ingleses están dispuestos a actuar sobre estas bases, conjuntamente con las organizaciones del Partido Laborista, en las próximas elecciones parlamentarias, contra el "gobierno nacional" y también contra Lloyd George que a su modo intenta arrastrar consigo a las masas contra la causa de la clase obrera en interés de la burguesía inglesa.


Esta posición de los comunistas ingleses es justa. Ella les ayuda a establecer el frente único de lucha con las masas de millones de hombre de las tradeuniones inglesas y del Partido Laborista. Permaneciendo siempre en las primeras líneas del proletariado combatiente, señalando a las masas el único camino justo -el camino de la lucha por abatir revolucionariamente la dominación de la burguesía y por instaurar el Poder Soviético- los comunistas no deben, al fijar sus tareas políticas actuales, empeñarse en saltar las etapas necesarias del movimiento de masas, a lo largo del cual las masas obreras superan, a base de la propia experiencia, sus ilusiones y pasan al lado del comunismo.

c) Francia

Francia es, como se sabe, el país cuya clase obrera da a todo el proletariado internacional un ejemplo de cómo hay que luchar contra el fascismo. El Partido Comunista Francés puede servir de ejemplo a todas las secciones de la Internacional Comunista de cómo se debe llevar a cabo la táctica del frente único y los obreros socialistas pueden servir de ejemplo de lo que deben hacer hoy los obreros socialdemócratas de los demás países capitalistas en lucha contra el fascismo. (Aplausos).

La significación de la manifestación antifascista, celebrada en París el 14 de julio de este año, en la que tomaron parte medio millón de hombres, así como las grandes manifestaciones efectuadas en otras ciudades de Francia, es enorme. Esto ya no es simplemente un movimiento de frente único obrero, es el comienzo de un amplio frente de todo el pueblo contra el fascismo en Francia. Este movimiento de frente único acrecienta la fe de la clase obrera en sus fuerzas, fortalece en ella la conciencia de su papel de guía respecto al campesinado, a la pequeña burguesía urbana, a los intelectuales. Extiende la influencia del Partido Comunista sobre las masas obreras, y con ello, fortalece al proletariado en su lucha contra el fascismo. Este movimiento despierta a tiempo la atención vigilante de las masas frente al peligro fascista. Será un ejemplo contagioso para el despliegue de la lucha antifascista en los demás países capitalistas y ejercerá una influencia alentadora sobre los proletarios de Alemania, aherrojados por la dictadura fascista.


Esto es, sin duda alguna, una gran victoria, pero no decide todavía el resultado de la lucha antifascista. La mayoría aplastante del pueblo francés está indudablemente en contra del fascismo. Pero la burguesía sabe forzar, acudiendo a la fuerza armada, la voluntad de los pueblos. El movimiento fascista sigue desarrollándose con total libertad, con el apoyo activo del capital monopolista, del aparato estatal de la burguesía, del Estado Mayor del ejército francés y de los dirigentes reaccionarios del clero católico, baluarte de toda la reacción. La organización fascista más fuerte, «Las Cruces de Fuego», dispone actualmente de más de 300.000 hombres armados, cuyo núcleo principal son 60.000 oficiales reservistas. Posee fuertes posiciones en la policía, la gendarmería, el ejército, la aviación y dentro de todo el aparato del Estado. Las últimas elecciones municipales ponen de manifiesto que en Francia no crecen solamente las fuerzas revolucionarias, sino también las fuerzas del fascismo. Si el fascismo lograra penetrar de un modo extenso en el campesinado y asegurarse el apoyo de una parte del ejército con la neutralidad de la otra, las masas trabajadoras de Francia no podrían impedir la subida de los fascistas al poder. ¡No olvidéis, camaradas, la debilidad del movimiento obrero francés en materia de organización, debilidad que facilita el éxito de la ofensiva fascista! No hay ninguna razón para que la clase obrera y todos los antifascistas de Francia se den por contentos con los resultados ya conseguidos.

¿Cuáles son las tareas que se plantean a la clase obrera de Francia?

Primero: Conseguir establecer el frente único no sólo en el terreno político, sino también en el económico, para organizar la lucha contra la ofensiva del capital; romper con su empuje la resistencia que oponen al frente único los capitostes de la Confederación General del Trabajo reformista.

Segundo: Lograr la realización de la unidad sindical en Francia -sindicatos únicos sobre la base de la lucha de clases.

Tercero: Incorporar al movimiento antifascista a las extensas masas campesinas, a las masas de la pequeña burguesía, reservando un lugar especial en el programa del frente popular antifascista a sus reivindicaciones vitales.


Cuarto: Afianzar orgánicamente y seguir extendiendo el movimiento antifascista, desplegado mediante la creación en masa de órganos del frente popular antifascista elegidos al margen de los partidos, de órganos que por su influencia abarquen a masas mucho más extensas que los partidos y organizaciones de los trabajadores, que actualmente existen en Francia.

Quinto: Conseguir, por su presión, la disolución y el desarme de las organizaciones fascistas como organizaciones de conspiradores contra la República y como agentes de Hitler en Francia.

Sexto: Conseguir que se limpie el aparato del Estado, del ejército y de la policía de los conspiradores que preparan un golpe fascista.

Séptimo: Desplegar la lucha contra los jefes de las camarillas reaccionarias del clero católico como uno de los baluartes más importantes del fascismo francés.

Octavo: Ligar al ejército con el movimiento antifascista mediante la creación dentro del ejército de comités de defensa de la República y de la Constitución, contra aquellos que quieren servirse del ejército para dar un golpe de Estado anticonstitucional, no permitir que las fuerzas reaccionarias de Francia hagan fracasar el pacto franco-soviético que defiende la causa de la paz contra la agresión del fascismo alemán.

Y si el movimiento antifascista de Francia condujese a la formación de un gobierno, que luchase contra el fascismo francés de una modo efectivo, no sólo con palabras sino con hechos, que pusiese en práctica el programa de reivindicaciones del frente popular antifascista, los comunistas, sin dejar de ser enemigos irreconciliables de todo gobierno burgués y partidarios del Poder Soviético, estarían dispuestos, a pesar de todo, ante el creciente peligro fascista, a apoyar a un tal gobierno. (Aplausos)

El frente único y las organizaciones fascistas de masas

¡Camaradas! La lucha por establecer el frente único en los países, donde los fascistas están en el poder, es tal vez el problema más importante que tenemos planteado. Allí esta lucha se desarrolla naturalmente en unas condiciones mucho más difíciles que en los países de movimiento obrero legal. No obstante, existen en los países fascistas todas las premisas para el despliegue de un verdadero frente popular antifascista en la lucha contra la dictadura fascista, pues los obreros socialdemócratas, católicos y de otras tendencias, en Alemania, por ejemplo, pueden convencerse de un modo inmediato de la necesidad de luchar unidos junto con los comunistas contra la dictadura fascista. Las amplias capas de la pequeña burguesía y del campesinado, que ya ha saboreado los amargos frutos de la dominación fascista, se sienten cada vez más descontentas y desilusionadas, lo que facilita la tarea de incorporarlas al movimiento popular antifascista.

En los países fascistas, especialmente en Alemania e Italia, donde el fascismo ha sabido crearse una base de masas, afiliando brutalmente a sus organizaciones a los obreros y demás trabajadores, la tarea principal consiste en saber combinar la lucha contra el fascismo desde fuera, con la labor de zapa desde dentro, en los órganos y organizaciones fascistas de masas. Es necesario estudiar, asimilar y aplicar métodos y procedimientos especiales, apropiados a las condiciones concretas de estos países, que contribuyan a la rápida descomposición de la base de masas del fascismo y preparen el derrocamiento de la dictadura fascista. Hay que estudiarlos, asimilarlos y aplicarlos y no limitarse a gritar: "¡Muera Hitler!", "¡Muera Mussolini!". ¡Sí! Estudiar, asimilar y aplicar.

Es ésta un tarea difícil y complicada. Tanto más difícil, cuanto que nuestras experiencias de lucha eficaz contra la dictadura fascista son extraordinariamente limitadas. Nuestros camaradas italianos, por ejemplo, llevan ya aproximadamente trece años luchando bajo las condiciones de la dictadura fascista. Pero no han logrado todavía desplegar una verdadera lucha de masas contra el fascismo y por esto no han podido desgraciadamente ayudar mucho, en este sentido, con experiencias positivas, a los demás partidos comunistas de los países fascistas. Los comunistas alemanes e italianos y los comunistas de otros países fascistas, al igual que los miembros de las juventudes comunistas, han hecho milagros de heroísmo. Han hecho y hacen diariamente sacrificios enormes. Ante este heroísmo y estos sacrificios todos nosotros nos inclinamos. Pero el heroísmo no basta. (Aplausos). Es necesario combinar este heroísmo con la labor diaria entre las masas, con la lucha concreta contra el fascismo para lograr resultados más tangibles en este terreno. En nuestra lucha contra la dictadura fascista es particularmente peligroso confundir los deseos con las realidades, hay que partir de los hechos, de la situación real, concreta.

Y ¿cuál es hoy la realidad, por ejemplo, en Alemania?

Entra las masas crecen el descontento y la decepción por la política de la dictadura fascista, revistiendo incluso la forma de huelgas parciales y de otras acciones. A pesar de todos sus esfuerzos, el fascismo no ha logrado conquistar políticamente a las masas fundamentales de los obreros, pierde y perderá cada vez en mayor medida incluso a sus antiguos partidarios. Pero tenemos que darnos cuenta de que los obreros que están convencidos de la posibilidad de derribar a la dictadura fascista y dispuestos a luchar desde hoy mismo por ello, de un modo activo, son aún, por el momento, una minoría. Somos nosotros, los comunistas, y es el sector revolucionario de los obreros socialdemócratas. La mayoría de los trabajadores todavía no tiene la conciencia de las posibilidades reales y concretas y de los caminos por los que puede derribarse esta dictadura y está, por el momento, a la expectativa. Esto debe ser tenido en cuenta al fijar nuestros objetivos en la lucha contra el fascismo en Alemania y cuando busquemos, estudiemos y apliquemos procedimientos para derrocar y sacudir la dictadura fascista en Alemania.

Para asestar un golpe sensible a la dictadura fascista, tenemos que conocer sus puntos más vulnerables. ¿Dónde está el talón de Aquiles de la dictadura fascista? En su base social. Esta base es extremadamente heterogénea. Abarca diferentes clases y diferentes sectores de la sociedad. El fascismo se proclama representante exclusivo de todas las clases y capas de la población, del fabricante y del obrero, del millonario y del parado, del terrateniente y del pequeño campesino, del gran capitalista y del artesano. Finge defender los intereses de todos estos sectores, los intereses de la nación. Pero como el fascismo es la dictadura de la gran burguesía, tiene que chocar inevitablemente con su base social de masas, y tanto más, cuanto que precisamente bajo la dictadura fascista se destacan con mayor relieve las contradicciones de clase entre la jauría de los magnates financieros y la aplastante mayoría del pueblo.


Sólo podremos llevar a las masas a luchas decisivas por el derrocamiento de la dictadura fascista, si enrolamos a los obreros, que se han visto forzados a ingresar en las organizaciones fascistas o que lo han hecho por falta de conciencia, en los movimientos más elementales para la defensa de sus intereses económicos, políticos y culturales. Precisamente por esto, los comunistas deben trabajar dentro de estas organizaciones como los mejores defensores de los intereses cotidianos de las masas de afiliados, teniendo presente que en la medida que los obreros encuadrados en estas organizaciones exijan con mayor frecuencia sus derechos y defiendan sus intereses, chocarán irremediablemente con la dictadura fascista.

Basándose en la defensa de sus intereses más vitales -aunque en los primeros tiempos sean los más elementales- de las masas trabajadoras de la ciudad y del campo, será relativamente fácil encontrar un lenguaje común, que nos una no sólo a los antifascistas conscientes, sino también a aquellos trabajadores que son todavía partidarios del fascismo, pero que están desengañados y descontentos de su política, que se quejan y buscan la ocasión para expresar su descontento. En general, tenemos que darnos cuenta de que toda nuestra táctica, en los países de la dictadura fascista, ha de tener un carácter tal, que no repela a los partidarios de fila del fascismo, sino que ahonde el abismo entre los jerarcas fascistas y las masas de los desengañados partidarios sencillos del fascismo entre las capas trabajadoras.

No hay que desconcertarse, camaradas, si la gente movilizada en torno a estos intereses cotidianos se tiene por indiferente en política e incluso por partidaria del fascismo. Lo importante para nosotros es atraerlos al movimiento, que quizás en sus comienzos no se desarrollará todavía abiertamente, bajo las consignas de la lucha contra el fascismo, pero que objetivamente es ya un movimiento antifascista, porque enfrenta a estas masas con la dictadura fascista.

La experiencia nos enseña que el creer que en los países de la dictadura fascista es absolutamente imposible actuar de un modo legal o semilegal es perjudicial y falso. Aferrarse a este punto de vista, significa caer en la pasividad, renunciar por completo a un verdadero trabajo de masas en general. En efecto, el encontrar formas y métodos de actuación legal o semilegal, bajo las condiciones de la dictadura fascista, es un problema difícil y complicado. Pero, como en tantas otras cuestiones, también aquí, se encargarán de indicarnos el camino la vida misma y la iniciativa de las propias masas, quienes nos han brindado ya una serie de ejemplos que debemos generalizar y aplicar de forma organizada y oportuna.

hay que acabar decididamente con el menosprecio de la labor dentro de las organizaciones fascistas de masas. Lo mismo en Italia que en Alemania, y en otra serie de países fascistas, nuestros camaradas han encubierto su pasividad y, con frecuencia, incluso la negativa directa de trabajar en las organizaciones fascistas de masas, contraponiendo su trabajo en las empresas a la labor dentro de las organizaciones fascistas de masas. En realidad, esta contraposición esquemática ha hecho precisamente que tanto el trabajo dentro de las organizaciones fascistas de masas, como el desarrollo en las empresas fuese extraordinariamente flojo e, incluso, inexistente.

Para los comunistas de los países fascistas es, por tanto, de especial importancia estar en todas partes donde estén las masas. El fascismo ha arrebatado a los obreros sus propias organizaciones legales. Les ha impuesto por la violencia las organizaciones fascistas y en éstas se encuentran las masas, sea por fuerza o parcialmente de su agrado. Estas organizaciones de masas del fascismo pueden y deben ser nuestro campo legal o semilegal de operaciones desde el cual entraremos en contacto con las masas. Pueden y deben ser para nosotros un punto de partida legal o semilegal para la defensa de los intereses cotidianos de las masas. Para aprovechar estas posibilidades, los comunistas deberán luchar por conseguir puestos electivos en las organizaciones fascistas de masas, para mantener contacto con las masas, y tienen que liberarse, de una vez para siempre, del prejuicio de que esta labor es inapropiada e indigna de un obrero revolucionario.

En Alemania existe, por ejemplo, el sistema de los llamados "delegados de fábrica". ¿Dónde está escrito que debemos ceder el monopolio en estas organizaciones a los fascistas? ¿No podemos acaso intentar unir a los comunistas, socialdemócratas, católicos y otros obreros antifascistas dentro de las empresas para que, al votar las listas de los "delegados de fábrica", tachen a los agentes declarados del patrono e incluyan en ellas otros candidatos que gocen de la confianza de los obreros? La práctica ha demostrado ya que esto es posible.

¿Y no nos enseña también la práctica que podemos exigir de los "delegados de fábrica", en unión con los obreros socialdemócratas y otros obreros descontentos, una verdadera defensa de los intereses obreros?

Fijaos en el Frente del Trabajo de Alemania o en los sindicatos fascistas de Italia. ¿Acaso no se puede exigir que los funcionarios del "Frente del Trabajo" sean elegidos en ves de designados desde arriba? ¿No puede insistirse en que los órganos dirigentes de las organizaciones locales den cuenta de su actuación a las asambleas de afiliados de las mismas? ¿No se pueden elevar estas reclamaciones por acuerdo del grupo, al patrono, al "protector del trabajo", a los órganos superiores del "Frente del Trabajo"? Puede hacerse, a condición de que los obreros revolucionarios trabajen efectivamente dentro del "Frente del Trabajo" y luchen por conquistar puestos en el mismo.

Métodos de trabajo parecidos son también posibles y necesarios en otras organizaciones fascistas de masas: en la Unión de Juventudes Hitlerianas, en las organizaciones deportivas, en la organización "Kraft durch Freude" en el "Dopo Lavoro", en las cooperativas, etc.

Recordaréis, camaradas, la antigua leyenda de la toma de Troya. La ciudad de Troya se había hecho fuerte contra el ejército sitiador por medio de una muralla infranqueable y los sitiadores, que habían sufrido ya no pocas bajas, no lograron la victoria hasta que consiguieron penetrar en el interior, en el corazón mismo del enemigo, con la ayuda del famoso caballo de Troya.

A mí me parece que nosotros, obreros revolucionarios, no debemos sentir ningún escrúpulo en emplear la misma táctica contra nuestros enemigos fascistas, que se defienden contra el pueblo mediante la muralla viva de sus asesinos a sueldo. (Aplausos).


Quien no comprenda la necesidad de emplear una táctica semejante respecto al fascismo, quien considere tal actuación "humillante", podrá ser un excelente camarada, pero, si me permitís que lo diga, es un charlatán y no un revolucionario: ese no sabrá conducir a las masas al derrocamiento de la dictadura facsista. (Aplusos).

El movimiento de masas del frente único, que va germinando fuera y dentro de las organizaciones fascistas de Alemania, Italia y otros países, en los que el fascismo cuenta con una base de masas, partiendo de la defensa de las necesidades más elementales, cambiando de formas y consignas de lucha conforme al crecimiento y ampliación de esta lucha, será el ariete que destruya la fortaleza de la dictadura fascista, que hoy parece a muchos inexpugnable.

El frente único en los países en que los socialdemócratas están en el gobierno

La lucha por establecer el frente único plantea otro problema muy importante: el problema del frente único en los países, en que existen gobiernos socialdemócratas o de coalición con la participación de los socialistas, como ocurre, por ejemplo, en Dinamarca, Noruega, Suecia, Checoeslovaquia y Bélgica.

Es bien conocida nuestra actitud absolutamente negativa ante los gobiernos socialdemócratas, que son gobiernos de colaboración con la burguesía. Pero, a pesar de ello, no consideramos la existencia de un gobierno socialdemócrata y de una coalición gubernamental del Partido Socialdemócrata con los partidos burgueses como un obstáculo insuperable para establecer el frente único con los socialdemócratas en determinadas cuestiones. Consideramos que también en estos casos es absolutamente posible y necesario el frente único para la defensa de los intereses vitales del pueblo trabajador, en la lucha contra el fascismo. Se comprende que en los países, en que participan en el gobierno representantes de los partidos socialdemócratas, la dirección socialdemócrata oponga las más enérgica resistencia al frente único proletario. Se comprende perfectamente que sea así. Quieren hacer ver a la burguesía que son ellos quienes saben, mejor y más hávilmente que nadie, refrenar el descontento de las masas obreras y preservalas de la influencia del comunismo. Pero el solo hecho, de que los ministros socialdemócratas adopten una actitud negativa ante el frente único proletario, no justifica en lo más mínimo, el hecho de que los comunistas no hagan nada para la creación del frente único del proletariado.

Nuestros camaradas de los países escandinavos siguen con harta frecuencia el camino de la menor resistencia, al limitarse a desenmascarar por la propaganda al gobierno socialdemócrata. Esto es un error. En Dinamarca, por ejemplo, los jefes socialdemócratas llevan ya diez años en el gobierno y los comunistas han venido repitiendo, día tras día, durante diez años, que éste es un gobierno burgués capitalista. Hay que suponer que esta propaganda es conocida ya de los obreros daneses. El hecho de que, a pesar de ello, una mayoría considerable vote por el partido socialdemócrata gubernamental indica solamente que el desenmascaramiento propagandístico del gobierno por los comunistas no basta, pero no demuestra que estos cientos de miles de obreros estén contentos con todas las iniciativas gubernamentales de los ministros socialdemócratas. No, a ellos no les agrada que el gobierno socialdemócrata, mediante los llamados "convenios de crisis", ayude a los grandes capitalistas y terratenientes, y no a los obreros y campesinos pobres; que haya arrebatado a los obreros por el decreto promulgado en enero de 1933 el derecho de huelga. No les agrada que la dirección socialdemócrata proyecte una peligrosa reforma electoral antidemocrática (restringiendo considerablemente el número de diputados). No creo equivocarme, si afirmo que el 99% de los obreros daneses no aprueba estas medidas políticas de los jefes y ministros socialdemócratas.

¿Acaso los comunistas no pueden llamar a los sindicatos y organizaciones socialdemócratas de Dinamarca a discutir tal o cual cuestión actual de esta índole, a emitir su opinión acerca de ellas y actuar en común por el frente único proletario, para la realización de las reivindicaciones obreras? El año pasado, en octubre, cuando nuestros camaradas daneses se dirigieron a los sindicatos con el llamamiento da actuar contra la reducción del subsidio de paro y por los derechos democráticos de los sindicatos, se adhirieron al frente único unas cien organizaciones sindicales locales.


En Suecia, está en el poder, por tercera vez, un gobierno socialdemócrata, pero los comunistas suecos han renunciado prácticamente, durante mucho tiempo, a emplear la táctica del frente único. ¿Por qué? ¿Eran contrarios al frente único? Naturalmente que no. Eran en principio partidarios del frente único, del frente único en general, pero no acertaban a ver sobre qué motivos, en qué problemas, en la defensa de qué reivindicaciones, se podía establecer con éxito el frente único proletario; y cómo y dónde había que apoyarse. Pocos meses antes de constituirse el gobierno socialdemócrata, durante la lucha electoral, el partido socialdemócrata se había presentado con una plataforma en la que contenían una serie de reivindicaciones que podían haberse incluido precisamente en una plataforma del frente único proletario, como, por ejemplo, estas consignas:"¡Contra las tarifas aduaneras!", "¡Contra la militarización!", "¡Hay que acabar con la lentitud de tramitación en el seguro de paro!", "¡Asegurar a los viejos pensiones suficientes para vivir!", "¡No admitir la existencia de organizaciones como el «Munch-Corps»!" (organización fascista), "¡Abajo la legislación antisindical de clase, exigida por los partidos burgueses!".

Más de un millón de trabajadores de Suecia votaron en 1932 por estas reivindicaciones formuladas por la socialdemocracia y saludaron en 1933 la formación de un gobierno socialdemócrata, con la esperanza de que ahora se convertirían en realidad estas reivindicaciones. Nada habría sido má lógico en aquella situación, ni podía corresponder en mayor grado a los deseos de las masas obreras, que el Partido se hubiese dirigido a todas las organizaciones socialdemócratas y sindicales con la propuesta de emprender acciones conjuntas para llevar a la práctica estas reivindicaciones lanzadas por el Partido socialdemócrata.

Si realmente se hubiese logrado movilizar a las extensas masas para la consecución de tales reivindicaciones, formuladas por los mismos socialdemócratas, agrupar estrechamente en un frente a las organizaciones obreras, socialdemócratas y comunistas, no cabe duda de que la clase obrera sueca habría salido ganando. A los ministros socialdemócratas de Suecia, esto no les habría producido una gran alegría naturlemente, pues en este caso el gobierno se habría visto obligado a satisfacer cuando menos algunas reivindicaciones. En todo caso, no habría ocurrido lo que ahora ocurre: que el gobierno en vez de suprimir las tarifas aduaneras, ha elevado algunas, que en vez de restringir el militarismo, ha aumentado el presupuesto de guerra, y en vez de rechazar toda la legislación dirigida contra los sindicatos, haya presentado él mismo al parlamento un proyecto de ley de este género. Es cierto que el Partido Comunista de Suecia ha desplegado una buena campaña de masas, en el sentido del frente único proletario, respecto a este último problema, consiguiendo al fin que hasta la misma fracción parlamentaria socialdemócrata se viese obligada a votar contra el proyecto del Gobierno y que por el momento dicho proyecto haya fracasado.

Los comunistas noruegos han procedido acertadamente al invitar para el Primero de Mayo a las organizaciones del Partido Obrero a celebrar manifestaciones conjuntas y presentar una serie de reivindicaciones, que coincidían en lo esencial con las reivindicaciones de la plataforma electoral del Partido Obrero Noruego. Y aunque este paso a favor del frente único se preparó de un modo flojo y la dirección del Partido Obrero Noruego era contraria a él, se celebraron, a pesar de todo, manifestaciones de frente único en treinta localidades.

Antes, muchos comunistas temían que fuese una manifestación de oportunismo por su parte el no contraponer a toda reivinidicación parcial de los socialdemócratas sus propias reivindicaciones, dos veces m´s radicales. Esto era un error ingenuo. Si, por ejemplo, los socialdemócratas reclaman la disolución de las organizaciones fascistas, nosotros no tenemos porqué añadir: "y la disolución de la policía del Estado también" (pues será oportuno formular esta reivindicación en otras circunstancias), sino que debemos decir a los obreros socialdemócratas: estamos dispuestos a aceptar esta reivindicación de vuestro Partido, como reivindicación del frente único del proletariado, y luchar hasta el fin por su consecución. ¡Emprendamos juntos la lucha!

También en Checoeslovaquia, se pueden y se deben aprovechar ciertas reivindicaciones formuladas por la socialdemocracia checa y alemana, así como por los sindicatos reformistas, para establecer el frente único de la clase obrera. Cuando la socialdemocracia exige, por ejemplo, proporcionar trabajo a los parados o -como ya lo vienen exigiendo desde 1927- la derogación de las leyes que restringen la autonomía de los municipios, hay que concretar estas reivindicaciones en cada localidad y en cada distrito y luchar mano a mano con las organizaciones socialdemócratas por su consecución efectiva. O si los partidos sociademócratas en sus discursos fulminan a los agentes del fascismo dentro del aparato del Estado "en términos generales", hay que sacar a la luz del día en cada sitio a los heraldos fascistas concretos y actuar conjuntamente con los obreros socialdemócratas por eliminarlos de las instituciones del Estado.

En Bélgica, los jefes del Partido Socialdemócrata, con Emilio Vandervelde a la cabeza, entraron en el gobierno de coalición. Lograron este "éxito" mediante una larga y amplia campaña por dos reivindicaciones principales: 1) Derogación de los decretos-leyes especiales y 2) Realización del plan de Man. La primera cuestión es de gran importancia. El gobierno anterior había promulgado en total 150 «decretos-leyes» reaccionarios, que arrojaban cargas extremadamente pesadas sobre las espaldas del pueblo trabajador. Planteábase el problema de derogarlas inmediatamente. Así lo exigía el Partido Socialdemócrata. ¿Acaso el nuevo gobierno ha derogado muchos de estos «decretos-leyes»? NI uno solo. Se ha limitado a atenuar un poco algunos con objeto de suministrar una especie de indemnización "simbólica" para las promesas de gran envergadura, hechas por los jefes socialistas de Bélgica (algo parecido al "dólar simbólico", que algunas potencias europeas ofrecieron a Norte América en pago de los millones de dólares de sus dudas de guerra).

En lo que respecta a la realización del pomposo plan de Man, la cosa tomó para las masas socialdemócratas un cariz inesperado. Los ministros socialdemócratas declararon que, antes de nada, había que superar las crisis económica y realizar tan sólo aquellas partes del plan de Man, que mejorasen la situación de los capitalistas industriales y de los bancos, y que sólo entonces se podría pasar a poner en práctica medidas encaminadas a mejorar la situación de los obreros; pero ¿cuánto tiempo tendrán que esperar los obreros la parte de "bienestar" que les promete el plan? Sobre los banqueros belgas ha caído ya una verdadera lluvia de oro. Fue implantada una desvalorización del franco belga en un 28% y, mediante esta manipulación, los banqueros han podido apropiarse como trofeos 4.500 millones de francos, a costa de los que viven de un salario y de los ahorros de gente modesta. ¿Cómo se compagina esto con el contenido del plan de Man? Si se quiere conceder crédito a la letra del plan, éste promete "perseguir los abusos monopolistas y las maniobras de los especuladores".

A base del plan de Man, el gobierno nombró una comisión; de control sobre los bancos; pero ¡una comisión compuesta de banqueros que se controlan a sí mismos alegre y despreocupadamente!

El plan de Man promete también muchas otras cosas buenas: "reducción de la jornada de trabajo", "normalización de los salarios", "salario mínimo", organización de un sistema completo de "seguros sociales, "extensión de las comodidades mediante la construcción de nuevas viviendas", etc. Son todas ellas reivindicaciones que nosotros, los comunistas, podemos apoyar. Debemos dirigirnos a las organizaciones obreras de Bélgica y decirles: los capitalistas ya han obtenido bastante e incluso demasiado. ¡Exijamos de los ministros socialdemócratas que cumplan las promesas que han hecho a los obreros! ¡Fundámonos en el frente único para la defensa eficaz de nuestros intereses! ¡Señor ministro Vandervelde: nosotros apoyamos las reivindicaciones contenidas en su plataforma para los obreros; pero declaramos abiertamente: tomamos en serio estas reivindicaciones; ¡queremos hechos y no palabras hueras, y por esta razón agrupamos a cientos de miles de obreros para luchar por estas reivindicaciones!

De este modo, los comunistas en los países, donde existen gobiernos socialdemócratas, al aprovechar las reivindicaciones concretas correspondientes, tomadas de las plataformas de los propios partidos socialdemócratas y las promesas electorales de los ministros socialdemócratas, como punto de partida para acciones conjuntas con los partidos y organizaciones socialdemócratas, podrán después desplegar con mayor facilidad una campaña para establecer el frente único, basándose ya en otra serie de reivindicaciones de las masas, que luchan contra la ofensiva del capital, contra el fascismo y la amenaza de guerra.

Además, hay que tener presente que, si las acciones conjuntas con los partidos y organizaciones socialdemócratas exigen de los comunistas, en general, una crítica seria, razonada, del socialdemocratismo como ideología y práctica de la colaboración de clases con la burguesía, así como esclarecer infatigablemente y con espíritu de camaradería a los obreros socialdemócratas el programa y las consignas del comunismo, esta tarea es de singular importancia para la lucha del frente único, precisamente en los países donde existen gobiernos socialdemócratas.

La lucha por la unidad sindical

¡Camaradas! La realización de la unidad sindical, tanto en el plano nacional, como internacional, debe ser una de las etapas más importantes para el afianzamiento del frente único.

Como es sabido, la táctica escisionista de los jefes reformistas fue llevada a cabo con la mayor exacerbación en los sindicatos. Es explicable; su política de colaboración de clases con la burguesía encontraba aquí su remate práctico, directamente en las empresas, a costa de los intereses vitales de la masas obrera. Esto provocaba, naturalemente, una crítica dura y encontraba la resistencia de los obreros revolucionarios, dirigidos por los comunistas, contra este modo de actuar. He aquí por qué la más enconada lucha entre el comunismo y el reformismo se desarrolló sobre el terreno sindical.

Cuanto más difícil y complicada se hacía la situación del capitalismo, más reaccionaria era la política de los jefes de los sindicatos adheridos a la Internacional de Ámsterdam y más agresivas eran sus medidas contra todos los elementos oposicionistas dentro de los sindicatos. Ni la misma instauaración de la dictadura fascista en Alemania, ni la ofensiva redoblada del capital, en todos los países capitalistas, disminuyeron esta agresividad. ¿No es característico que solamente en un año, en 1933, en Inglaterra, Holanda, Bélgica y Suecia se lanzasen las más ignominiosas circulares encaminadas a expulsar de los sindicatos a los comunistas y obreros revolucionarios? En Inglaterra apareció, en 1933, una circular prohibiendo a las secciones sindicales locales adherirse a las organizaciones contra la guerra y a otras organizaciones revolucionarias. Esto fue el preludio de la célebre "Circular negra" del Consejo General de las Tradeuniones, por la cual todo consejo sindical, que admita en su seno a delegados que "estén relacionados, bajo una u otra forma, con organizaciones comunistas", es declarado fuera de la ley. Y ¿qué decir de la dirección de los sindicatos alemanes, que aplicó represalias inauditas contra los elementos revolucionarios dentro de los sindicatos?

Pero nuestra táctica no debe tomar como punto de partida la conducta de algunos jefes de los sindicatos adheridos a Ámsterdam, por muy grandes que sean las dificultades que esta conducta oponga a la lucha de clases, sino que tiene que partir, sobre todo, de este hecho: ¿dónde se encuentran las masas obreras? Y aquí tenemos que declarar abiertamente: la labor de los sindicatos es la cuestión más candente de los partidos comunistas. Debemos conseguir que se dé un verdadero viraje en la labor sindical y colocar en un lugar central la cuestión de la lucha por la unidad sindical.

Muchos de nuestros camaradas, pasando por alto la gravitación de los obreros hacia los sindicatos y ante las dificultades que ofrecía el trabajo de los sindicatos adheridos a Amsterdam, no se detenían en esta complicada terea. Hablaban invariablemente de la crisis orgánica de los sindicatos de Amsterdam, de que los obreros abandonaban los sindicatos y perdían de vista cómo éstos, después de un cierto descenso al comienzo de la crisis económica mundial, empezaron a crecer de nuevo. La particularidad del movimiento sindical consiste precisamente en que la ofensiva de la burguesía contra los derechos sindicales, los intentos en una serie de países (Polonia, Hungría, etc.) de "uniformar" a los sindicatos, la reducción de los seguros sociales, el robo de los salarios, obligaban a los obreros a, a pesar de que no había una resistencia por parte de los jefes sindicales reformistas contra todo esto, a estrechar todavía más sus filas en torno a los sindicatos, pues los obreros querían y quieren ver en el sindicato el defensor más combativo de sus intereses vitales de clase. Así se explica el hecho de que en estos últimos años haya aumentado -en Francia, Checoeslovaquia, Bélgica, Suecia, Holanda, Suiza, etc.- el número de afiliados en la mayoría de los sindicatos adheridos a Amsterdam. La Federación Americana del Trabajo ha aumentado también considerablemente en los últimos dos años el número de sus afiliados.

Si los camaradas alemanes hubiesen comprendido mejor la tarea de la labor sindical, de la que tan reiteradamente les hablaba el camarada Thaelmann, habrían tenido indudablemente dentro de los sindicatos una posición mejor que la tenida en realidad, en el momento al implantarse la dictadura fascista. A fines de 1932, sólo estaban en los sindicatos libres un 10% de los afiliados al Partido. Y esto, a pesar de que los comunistas, después del VI Congreso Mundial de la Internacional Comunista, se pusieron a la cabeza de toda una serie de huelgas. Nuestros camaradas escribían en la prensa acerca de la necesidad de consagrar en 90% de nuestras fuerzas al trabajo dentro de los sindicatos. Pero, en la práctica, todo se concentraba en la oposición sindical revolucionaria, que de hecho se esforzaba por suplantar a los sindicatos. Y ¿qué ocurrió después de la toma del poder por Hitler? En el curso de dos años, muchos de nuestros camaradas se opusieron tenaz y sistemáticamente a la justa consigna de la lucha por el restablecimiento de los sindicatos libres.

Podría aportar ejemplos parecidos de casi todos los demás países capitalistas.

Sin embargo, en la lucha por la unidad del movimiento sindical en los países europeos, hemos logrado las primeras conquistas serias. Al decir esto, me refiero a la pequeña Austria, donde, por iniciativa del Partido Comunista, se han echado las bases para un movimiento sindical ilegal. Después de los combates de febrero, los socialdemócratas con Otto Bauer a la cabeza, lanzaron esta consigna: "Los sindicatos libres sólo podrán restablecerse después de la caída del fascismo": Los comunistas emprendieron la labor de restablecer los sindicatos. Cada fase de esta labor era un fragmento del frente único vivo del proletariado austríaco. El restablecimiento eficaz de los sindicatos libres en la realidad fue una derrota seria para el fascismo. Los socialdemócratas se encontraban en una encrucijada. Una parte de ellos trataba de entablar negociaciones con el gobierno. Otra parte, en vista de nuestros éxitos, creó paralelamente algunos sindicatos ilegales propios. Pero sólo podía haber un camino: o capitular ante el fascismo, o marchar luchando conjuntamente contra el fascismo hacia la unidad sindical. Bajo la presión de las masas, la dirección vacilante de los sindicatos paralelos, creados por los antiguos jefes sindicales, se decidió por una unificación. La base de esta unificación es la lucha irreconciliable contra la ofensiva del capital y del fascismo y la salvaguardia de la democracia dentro de los sindicatos. Saludamos esta unificación de los sindicatos, que es el primer paso de este género después de la escisión formal del movimiento sindical después de la guerra y que encierra, por tanto, una significación internacional.


El frente único, en Francia, sirvió indudablemente de impulso gigantesco para la realización de la unidad sindical. Los dirigentes de la Confederación General del Trabajo frenaban y siguen frenando, por todos medios, la realización de la unidad, al contraponer al problema fundamental, la cuestión de la política de clase de los sindicatos, cuestiones de importancia secundaria, subalterna o meramente formal. Un éxito indudable de la lucha por la unidad sindical fue la creación de sindicatos únicos, sobre un plano local, sindicatos que, por ejemplo, en el ramo de los ferroviarios abrazan casi tres cuartas partes de la masa de miembros de los dos sindicatos.

Nosotros abogamos decididamente por el restablecimiento de la unidad sindical dentro de cada país y en el plano internacional.

Abogamos por un sindicato único en cada rama de producción.

Abogamos por Centrales internacionales únicas por industrias.

Abogamos por una Internacional sindical única sobre la base de la lucha de clases.

Abogamos por sindicatos de clase únicos como uno de los baluartes más importantes de la clase obrera contra la ofensiva del capital y del fascismo. Al hacerlo así, ponemos como única condición para la unificación de los sindicatos luchar contra el capital, luchar contra el fascismo y por la democracia sindical interna.

El tiempo no espera. Para nosotros, el problema de la unidad del movimiento sindical, tanto en el plano nacional, como internacional, es el problema de la gran causa de la unficación de nuestra clase en potentes organizaciones sindicales únicas contra el enemigo de clase. Saludamos la propuesta dirigida en vísperas del Primero de Mayo de este año por la Internacional Sindical Roja a la Internacional de Amsterdam para discutir conjuntamente las condiciones, métodos y formas para la unificación del movimiento sindical mundial. Los jefes de la Internacional de Amsterdam rechazaron esta propuesta con el manoseado argumento de que la unidad del movimiento sindical sólo puede realizarse dentro de las filas de la Internacional de Amsterdam, que dicho sea de paso, agrupa casi exclusivamente a organizaciones sindicales de una parte de países europeos.

Pero los comunistas, en su labor dentro de los sindicatos, deben proseguir infatigablemente la lucha por la unidad del movimiento sindical. La misión de los Sindicatos Rojos y de la Internacional Sindical Roja es hacer cuanto dependa de ellos para que llegue lo más pronto posible la hora de la lucha conjunta de todos los sindicatos contra la ofensiva del capital y del fascismo, para que la unidad del movimiento sindical se cree, pese a la tenaz resistencia de los jefes reaccionarios de la Internacional Sindical de Amsterdam. Los Sindicatos Rojos y la Internacional Sindical Roja deben recibir de nosotros, en este orden, toda clase de apoyos.

En los países, donde existen pequeños sindicatos rojos, les recomendamos que procuren ingresar en los grandes sindicatos reformistas, exigiendo la libertad para sostener sus opiniones propias, el ingreso de los miembros expulsados; y en los países, donde existen paralelamente grandes sindicatos rojos y reformistas, recomendamos que exijan la convocatoria de un Congreso de unificación sobre la plataforma de la lucha contra la ofensiva del capital y la salvaguardia de la democracia sindical.

Hay que afirmar, del modo más categórico, que el obrero comunista, el obrero revolucionario, que no pertenece al sindicato de masas de su oficio, que no lucha por convertir este sindicato reformista en una verdadera organización sindical de clase, que no lucha por la unidad del movimiento sindical sobre la base de la lucha de clases, no cumple con su deber proletario primordial.

El frente único y la juventud

¡Camaradas! Ya he señalado el papel que ha desempeñado en la victoria del fascismo la incorporación de la juventud a las organizaciones fascistas. Al hablar de la juventud, hemos de declarar francamente que hemos desdeñado nuestra misión de conducir a las masas de la juventud trabajadora a la lucha contra la ofensiva del capital, contra el fascismo y la amenaza de guerra, hemos desdeñado esta misión en una serie de países. No hemos apreciado debidamente la enorme importancia que tiene la juventud en la lucha contra el fascismo. No hemos valorado correctamente los intereses particulares económicos, políticos y culturales de la juventud. Tampoco hemos prestado la atención necesaria a la educación revolucionaria de la juventud.

Todo esto lo ha explotado muy hávilmente el fascismo en algunos países, particularmente en Alemania, para desviar a grandes sectores de la juventud del camino del proletariado.

Hay que tener muy presente que el fascismo no envuelve en sus redes a la juventud solamente con el romanticismo militarista. A unos les da comida y vestidos, enrolándolos en sus destacamentos, a otros les da trabajo, funda incluso establecimientos, llamados culturales, para la juventud, y de este modo se esfuerza por inculcar en los jóvenes la conciencia de que el fascismo quiere y puede realmente dar a la juventud trabajadora alimento, vestido, cultura y trabajo.

Nuestras Juventudes Comunistas siguen siendo, en una serie de países capitalistas, organizaciones predominantemente sectarias, desligadas de las masas. Su debilidad principal radica en que se esfuerzan todavía en copiar las formas y métodos de trabajo de los Partidos Comunistas y olvidan que las Juventudes Comunistas no son el Partido Comunista de la juventud. No tienen suficientemente en cuenta que es una organización con tareas específicas. Sus métodos y formas de trabajo, de educación, de lucha, han de adaptarse al nivel concreto y a las exigencias de la juventud.

Nuestros jóvenes camaradas han dado ejemplos inolvidables de heroísmo en la lucha contra los desafueros fascistas y la reacción burguesa. Pero carecen todavía de capacidad para arrancar concreta y perseverantemente a las masas de la juventud de la influencia enemiga. Esto se revela en la resistencia, no vencida aún hasta hoy, contra la labor dentro de las organizaciones fascistas y en el modo, no siempre acertado, de abordar a la juventud socialista y a otras juventudes no comunistas. De todo esto incumbe también una gran responsabilidad, naturalmente, a los Partidos Comunistas, que deben dirigir y apoyar a las Juventudes Comunistas en su trabajo. Pues, el problema de la juventud no es solamente un problema de las Juventudes Comunistas, es un problema del movimiento comunista en su totalidad. En el campo de la lucha por la juventud, los Partidos Comunistas y las organizaciones juveniles deben dar un viraje verdadero y resuelto. La misión principal del movimiento juvenil comunista, en los países capitalistas, consiste en marchar valientemente por la senda de la realización del frente único, por la senda de la organización y unidad de la joven generación trabajadora. ¡Qué enorme influencia ejercen sobre el movimiento juvenil revolucionario los primeros pasos dados últimamente en esta dirección, en Francia y los Estado Unidos! Bastó con que se emprendiese en estos países la realización del frente único, para que inmediatamente se consiguieran éxitos considerables. También es digna de atención, en el campo del frente único internacional, la eficaz iniciativa del Comité contra la Guerra y el Fascismo de París de llegar a una colaboración internacional de todas las organizaciones juveniles no fascistas.

Estos pasos, que se han dado con éxito en el movimiento del frente único juvenil en los últimos tiempos, ponen de manifiesto también que las formas del frente único de la juventud no pueden estar sujetas a patrones, no tiene por qué ser forzosamente las mismas que se dan en la práctica de los Partidos Comunistas. Las Juventudes Comunistas debe esforzarse, por todos los medios, por unificar las fuerzas de todas las organizaciones no fascistas de masas de la juventud, hasta llegar a la formación de diferentes organizaciones conjuntas para la lucha contra el fascismo, contra la inaudita privación de derechos y la militarización de la juventud, por los derechos económicos y culturales de las jóvenes generaciones, por ganar para el frente antifascista a esta juventud, donde quiera que se encuentre: en los campamentos de trabajo forzado, en las Bolsas de Trabajo, en los cuarteles y en la marina, en las escuelas o en las diferentes organizaciones deportivas, culturales y de otro género.

Nuestros jóvenes comunistas, a la par que desarrollan y fortalecen a las Juventudes Comunistas, deben esforzarse por crear asociaciones antifascistas de las juventudes comunistas y socialistas, sobre la plataforma de la lucha de clases.

El frente único y la mujer

No menor es, camaradas, la insuficiente apreciación que se manifiesta respecto a la labor entre las mujeres trabajadoras, las obreras, las mujeres paradas, las campesinas y las mujeres del hogar. Y si el fascismo despoja en la mayor medida a la juventud, a la mujer la esclaviza de un modo especialmente implacable y cínico, jugando con los sentimientos profundamente arraigados de la madre, de la mujer de su casa, de la obrera sin apoyo, inseguras del mañana. El fascismo, que se presenta como filántropo, arroja a las familias hambrientas una mísera limosna e intenta con ello ahogar los amargos sentimientos, provocados especialmente en las mujeres trabajadoras por la inaudita esclavización, que les acarrea el fascismo. Expulsa a las obreras de la producción. Envía al campol, por la fuerza, a las muchachas necesitadas y las condena a convertirse en criadas gratuitas de los campesinos ricos y de los terratenientes. A la par que promete a la mujer un hogar feliz, la empuja, como ninguna otra forma capitalista, por la senda de la prostitución.

Los comunistas y, sobre todo, nuestras camaradas, deben tener continuamente presente que no puede haber lucha eficaz contra el fascismo, ni contra la guerra, si no movilizan para esta lucha a las extensas masas femeninas. Y esto no se logra solamente con la agitación. Tenemos que encontrar, de acuerdo con cada situación concreta, la posibilidad de movilizar a las masas de las mujeres trabajadoras, a favor de sus intereses y reivindicaciones vitales: contra la carestía de la vida, por el aumento de los salarios, según el principio «a trabajo igual, salario igual», contra los despidos en masa, contra todo lo que signifique desigualdad de derechos y contra la esclavización fascista de la mujer.

En nuestros esfuerzos por incorporar a la mujer trabajadora al movimiento revolucionario, no debemos asustarnos tampoco de la creación de organizaciones especiales de mujeres allí donde sea necesario hacerlo. El prejuicio de que hay que liquidar en los países capitalistas las organizaciones femeninas, que se hallan bajo la dirección de los Partidos Comunistas, por exigirlo así la lucha contra el "separatismo femenino" en el movimiento obrero, es un prejuicio que acarrea frecuentemente grandes daños.

Hay que buscar las formas más sencillas y flexibles para establecer el contacto y la lucha común con las organizaciones femeninas revolucionarias, socialdemócratas y progresistas, antifascistas y antiguerreristas. Tenemos que lograr, cueste lo que cueste, que las obreras y las mujeres trabajadoras militen en el frente único de la clase obrera y en el frente popular antifascista, codo con codo con sus hermanos de clase.


El frente único antiimperialista

Una importancia extraordinaria adquiere, en relación con los cambios operados en la situación internacional e interior de todos los países coloniales y semicoloniales, el problema del frente único antiimperialista.

Respecto a la creación de un amplio frente único antiimperialista en las colonias y semicolonias, hay que tener en cuenta, ante todo, la diversidad de las condiciones, bajo las cuales se desarrolla la lucha antiimperialista de las masas, el distinto grado de madurez del movimiento de liberación nacional, el papel del proletariado en este movimiento y la influencia del Partido Comunista sobre las extensas masas.

En el Brasil el problema se plantea de manera diferente que en la India, en China, etc.

En el Brasil, el Partido Comunista, que con la creación de la Alianza Nacional Libertadora ha sentado un principio acertado para el desarrollo del frente único antiimperialista, tiene que hacer todos los esfuerzos para seguir extendiendo en los sucesivo este frente y mediante la incorporación, en primer término, de las masas de millones de campesinos, poner rumbo hacia la creación de destacamentos de un ejército nacional revolucionario entregado sin reserva a la revolución, y combatir por la insturación del poder de la Alianza Nacional Libertador

(COMENTÁRIO WP: Ou seja, chama a atenção para o problema camponês, que não constava da ação da ANL, que manteve a mesma linha da Coluna Prestes, ao rejeitar a incorporação de camponeses às suas forças) 


[levante foi em novembro de 1935]

En la India, los comunistas deben apoyar, extender y participar en todas las acciones antiimperialistas de masas, sin exceptuar aquellas, a cuya cabeza marchan los nacional-reformistas. Conservando su independencia política y de organización, deben emprender un trabajo activo en el seno de las organizaciones adheridas al Partido del Congreso de la India y contribuir a la cristalización de un ala nacional revolucionaria, dentro de estas organizaciones, para seguir desplegando en lo sucesivo el movimiento de liberación nacional de los pueblos de la India contra el imperialismo británico.

En China, donde el movimiento popular ya ha conducido a la creación de distritos soviéticos en importantes territorios del país y a la organización de un potente Ejército Rojo, la ofensiva rapaz del imperialismo japonés y la traición del gobierno de Nanking han puesto en peligro la existencia nacional del gran pueblo chino. Sólo los Soviets chinos pueden actuar como centro de unificación en la lucha contra la esclavización y el reparto de China por los imperialistas, como centro de unificación, que agrupe a todas las fuerzas antiimperialistas para la lucha nacional del pueblo chino.

Aprobamos, por lo tanto, la iniciativa de nuestro valiente Partido Comunista hermano de China de crear el frente único antiimperialista más extenso contra el imperialismo japonés y sus agentes chinos, con todas las fuerzas organizadas existentes en el territorio de China, que estén dispuestas a desplegar una lucha efectiva por la salvación de su país y de su pueblo.

Estoy seguro de que expreso los sentimientos e ideas de todo nuestro Congreso al declarar que enviamos nuestro saludo fraternal más caluroso, en nombre del proletariado revolucionario del mundo entero, a todos los Soviets de China, al pueblo revolucionario chino. Enviamos nuestro caluroso saludo fraternal al heroico Ejército Rojo de China, probado en mil combates. Y aseguramos al pueblo chino que estamos firmemente decididos a apoyar su lucha por liberarse completamente de todos los rapaces imperialistas y de sus agentes chinos. (Impetuosos aplausos, todos los delegados se ponen en pie. Ovaciones prolongadas. Vítores por parte de los delegados).

(COMENTÁRIO wp: “Soviets chineses” é força de expressão, mas a organização popular camponesa era idêntica)

[16 de outubro de 1934 a 20 de outubro de 1935, 9.650 quilometros, 100 mil, 80% baixas]

Sobre el gobierno del frente único

¡Camaradas! Hemos tomado un rumbo resuelto y audaz hacia el frente único de la clase obrera y estamos dispuestos a seguirlo con la máxima consecuencia.

Si se nos pregunta, si nosotros, los comunistas, luchamos sobre el terreno del frente único solamente por reivindicaciones parciales o estamos dispuestos a compartir la responsablidad, si se llegase a la formación de un gobierno sobre la base del frente único, diremos con plena conciencia de nuestra responsabilidad: ¡sí!, tenemos en cuenta que puede producirse una situación en que la creación de un gobierno de frente único proletario, o de frente popular antifascista sea no solamente posible, sino indispensable en interés del proletariado (aplausos); aceptamos, en efecto esta eventualidad. Y en este caso, sin ninguna vacilación, nos declararemos a favor de la creación de este gobierno.

No me refiero aquí al gobierno que puede ser formado después de la victoria de la revolución proletaria. Evidentemente, no está excluida la posibilidad de que en un país cualquiera, inmediatamente después del derrumbamiento revolucionario de la burguesía, se pueda formar un gobierno soviético sobre la base del bloque gubernamental del Partido Comunista con otro partido ( o su ala izquierda) que participe en la revolución. Es sabido que después de la Revolución de Octubre, el Partido de los bolcheviques rusos vencedor hizo entrar en la composición del gobierno soviético a los representantes de los socialistas revolucionarios de izquierda. Esta fue la particularidad del gobierno soviético, después de la victoria de la Revolución de Octubre.

No se trata de un caso de este género, sino de la posible formación de un gobierno de frente único en vísperas y antes de la victoria de la revolución soviética.

¿Qué sería este gobierno? ¿Y en qué situación pudiera ser posible?

Es, ante todo, un gobierno de lucha contra el fascismo y la reacción. Debe ser un gobierno formado como consecuencia del movimiento de frente único y que no limite de ninguna manera la actividad del Partido Comunista y de las organizaciones de masas de la clase obrera, sino, al contrario, que tome enérgicas disposiciones dirigidas contra los magnates financieros contrarrevolucionarios y sus agentes fascistas.

En el momento oportuno, apoyándose sobre el movimiento creciente del frente único, el Partido Comunista del país en cuestión se manifestará por la creación de semejante gobierno, sobre la base de una plataforma antifascista concreta.

¿Bajo qué condiciones objetivas será posible la formación de un tal gobierno? A esta pregunta puede contestarse de un modo muy general: bajo las condiciones de una crisis política, en que las clases dominantes ya no están en condiciones de acabar con el potente ascenso del movimiento antifascista de masas. Pero esto es sólo una perspectiva general, sin la cual apenas será posible, en la práctica, la formación de un gobierno del frente único. Solamente en presencia de determinadas premisas especiales, puede ponerse al orden del día el problema de la formación de este gobierno como tarea políticamente necesaria. Me parece que en este sentido merecen la mayor atención las siguientes premisas:

Primero: Cuando el aparato estatal de la burguesía esté ya lo bastante desorganizado y paralizado para que la burguesía no pueda impedir la formación de un gobierno de lucha contra la reacción y el fascismo.

Segundo: Cuando las más extensas masas trabajadoras y en particular los sindicatos de masas se levanten impetuosamente contra el fascismo y la reacción, pero no estén todavía preparados para lanzarse a la insurrección con el fin de luchar bajo la dirección del Partido Comunista por la conquista del Poder soviético.

Tercero: Cuando el proceso de diferenciación y radicalización en las filas de la socialdemocracia y de los demás partidos que participan en el frente único haya conducido ya a que una parte considerable dentro de ellas exija medidas implacables contra los fascistas y demás reaccionarios, luche del brazo de los comunistas contra el fascismo y se manifieste abiertamente contra el sector reaccionario y hostil al comunismo de su propio partido.

Cuándo y en qué países surgirá de hecho una situación semejante, en la que se den, en grado suficiente, estas premisas, es cosa que no puede decirse previamente, pero como esta perspectiva no está descartada en ningún país capitalista, debemos tenerla en cuenta y no sólo orientarnos y prepararnos nosotros mismos, sino orientarnos tambi&ecute;n a la clase obrera en la forma adecuada.

El mero hecho, de que pongamos hoy a discusión este problema, está relacionado, naturalmente, con nuestro modo de apreciar la situación y las perspectivas más próximas de desarrollo, así como con el ascenso efectivo del movimiento del frente único en una serie de países, en estos últimos tiempos. Durante más de diez años, la situación que se planteaba en los países capitalistas era tal que la Internacional Comunista no tenía por qué discutir un problema de esta índole.

Recordaréis, camaradas, que en nuestro IV Congreso. Celebrado en 1922, y también en el V Congreso, en 1924, se discutió el problema de la consigna del gobierno obrero u obrero y campesino. Aquí, inicialmente, se trataba, en substancia, de un problema casi análogo al que hoy se nos plantea. Los debates que en torno a esta cuestión se promovieron por aquel entonces en la Internacional Comunista y especialmente los errores políticos que se cometieron aquí tienen todavía hoy su importancia para acentuar nuestra atención vigilante ante el peligro de desviarse a derecha y a "izquierda" la línea bolchevique en esta cuestión. Por eso quiero señalar en pocas palabras algunos de estos errores, con objeto de sacar de ellos las enseñanzas necesarias para la política actual de nuestros Partidos.

La primera serie de errores obedeció precisamente a que el problema del gobierno obrero no se enlazó clara y firmemente a la presencia de una crisis política. Gracias a esto, los oportunistas de derecha pudieron interpretar la cosa en el sentido de que había que aspirar a la formación de un gobierno obrero, apoyado por el Partido Comunista, en cualquier situación, por decirlo así, "normal". Por el contrario, los ultraizquierdistas sólo admiten un gobierno obrero que e formase única y exclusivamente mediante la insurrección armada, después del derrocamiento de la burguesía. Ambas cosas eran falsas y por eso, ahora, para evitar la repetición de semejantes errores, recalcamos con tanto cuidado la necesidad de tener en cuenta exactamente las condiciones concretas y particulares de la crisis política y del ascenso del movimiento de masas, bajo las cuales puede ser posible y políticamente necesaria la formación de un gobierno del frente único.

La segunda serie de errores obedeció al hecho de que el problema del gobierno obrero no se enlazó con el desarrollo del movimiento combativo de masas del frente único proletario. Esto dio a los oportunistas de derecha la posibilidad de tergiversar el problema y reducirlo a la táctica sin principios de la formación de un bloque con los partidos socialdemócratas, a base de combinaciones puramente parlamentarias. Los ultraizquierdistas, por el contrario, gritaban: "¡Nada de coaliciones con la socialdemocracia contrarrevolucionaria!". Considerando como contrarrevolucionarios, en el fondo, a todos los socialdemócratas.


Ambas cosas eran falsas y nosotros recalcamos ahora, por una parte, que no queremos en modo alguno un "gobierno obrero", que sea sencillamente un gobierno socialdemócrata ampliado. Preferimos, incluso, renunciar al nombre de "gobierno obrero" y hablar de un gobierno del frente único que, por su carácter político, es algo completamente distinto, fundamentalmente distinto de todos los gobiernos socialdemócratas, que acostumbran a llamarse "gobiernos obreros". Mientras los gobiernos socialdemócratas representan un instrumentos de la colaboración de clases con la burguesía, en interés de la conservación del sistema capitalista, el gobierno del frente único es un órgano de la colaboración de la vanguardia revolucionaria del proletariado con otros partidos antifascistas, en interés de todo el pueblo trabajador, un gobierno de lucha contra el fascismo y la reacción. Es evidente que son dos cosas radicalmente distinas.

Por otra parte, subrayamos que es necesario ver la diferencia existente entre los diversos campos de la socialdemocracia. Como ya he señalado, existe en la socialdemocracia un campo reaccionario, pero, al mismo tiempo, existe y crece el campo de los socialdemócratas de izquierda (sin comillas), de los obreros que se revolucionizan. La diferencia decisiva entre ambos campos consiste, prácticamente, en su actitud ante el frente único de la clase obrera. Los socialdemócratas reaccionarios son contrarios al frente único, calumnian al movimiento del frente único, lo sabotean y lo descomponen, ya que éste hace fracasar su política de conciliación con la burguesía. Los socialdemócratas de izquierda son partidarios del frente único, defienden, desarrollan y fortalecen el movimiento del frente único, puesto que él es un movimiento de lucha contra el fascismo y la reacción y será siempre la fuerza que empuje al gobierno del frente único a luchar contra la burguesía reaccionaria. Cuanto con mayor vigor se desencadene este movimiento de masas, tanto mayor será la fuerza que pueda brindar al gobierno para luchar contra los reaccionarios. Y cuanto mejor organizado, desde abajo, esté el movimiento de masas y mayor sea la red de los órganos de clase del frente único, situados al margen del partido en las empresas, entre los desocupados, en los barrios obreros, entre la gente modesta de la ciudad y del campo, tanto mayores serán las garantías que se tengan contra una posible degeneración de la política del gobierno del frente único.

La tercera serie de conceptos erróneos, que se manifestaron en los anteriores debates, se referían precisamente a la política práctica del "gobierno obrero". Los oportunistas de derecha opinaban que el "gobierno obrero" debía mantenerse dentro del "marco de la democracia burguesa" y, por consiguiente, no debí dar ningún paso que se saliese de este marco. Por el contrario, los ultraizquierdistas renunciaban de hecho a todo intento de formación de un gobierno del frente único.

En 1923, pudo verse, en Sajonia y Turingia, un cuadro elocuente de la práctica oportunista derechista de un "gobierno obrero". La entrada de los comunistas en el gobierno de Sajonia, con los socialdemócratas de izquierda (grupo Zeigner), no era de por sí un error. Por el contrario, este paso estaba completamente justificado por la situación revolucionaria de Alemania. Pero los comunistas, al participar en el gobierno, tenían que haberse aprovechado de sus posiciones, ante todo para armar al proletariado, y no lo hicieron. Ni siquiera confiscaron una sola de las casas de los ricos, a pesar de que la escasez de viviendas obreras era tan grande, que muchos obreros, con mujer e hijos, no tenían donde cobijarse. Tampoco emprendieron nada para organizar el movimiento revolucionario de masas de los obreros. Procedieron en todo momento como los habituales ministros parlamentarios dentro del "marco de la democracia burguesa". Como es sabido, este fue el resultado de la política oportunista de Brandler y de sus secuaces. El resultado de todo esto fue una tal bancarrota que, incluso hoy, nos vemos obligados a referirnos al gobierno de Sajonia, como ejemplo clásico de cómo no deben actuar los revolucionarios en el gobierno.

¡Camaradas! Nosotros exigimos de todo gobierno del frente único una política completamente distinta. Le exigimos que lleve a cabo determinadas reivindicaciones cardinales revolucionarias, congruentes con la situación, como, por ejemplo, el control de la producción, el control sobre los bancos, la disolución de la policía, su sustitución por una milicia obrera armada, etc.

Hace quince años, Lenin nos invitaba a que concentrásemos toda la atención "en buscar las formas de transición o de acercamiento a la revolución proletaria". Puede ocurrir que el gobierno del frente único sea, en una serie de países, una de las formas transitorias más importantes. Los doctrinarios "de izquierda" siempre pasaron por alto esta indicación de Lenin, hablando solamente de la "meta", como propagandistas limitados, sin preocuparse jamás de las "formas de transición". Y los oportunistas de derecha intentaban establecer una "fase democrática intermedia", especial, entre la dictadura de la burguesía y la dictadura del proletariado, para sugerir a la clase obrera la ilusión de un pacífico paso parlamenario de una dictadura a otra. ¡Esta "fase intermedia" ficticia la llamaban también "forma de transición" e invocaban incluso el nombre de Lenin! Pero no fue difícil descubrir el fraude, pues Lenin hablaba de una forma de transición y de acercamiento a la "revolución proletaria", esto es, al derrocamiento de la dictadura burguesa y no de una forma transitoria cualquiera entre la dictadura burguesa y la proletaria.

¿Por qué atribuía Lenin una significación tan extraordinariamente grande a la forma que revistiese el paso a la revolución proletaria? Porque tenía presente "la ley fundamental de todas las grandes revoluciones", la ley de que la propaganda y la agitación por sí solas no pueden suplir en las masas su propia experiencia política, cuando se trata de atraer a las masas verdaderamente extensas de los trabajadores al lado de la vanguardia revolucionaria, sin lo cual es imposible la lucha victoriosa por el poder. El error habitual de tipo izquierdista es la creencia, que, tan pronto como surge la crisis política (o revolucionaria), basta con que la dirección comunista lance la consigna de la insurrección revolucionaria, para que las grandes masas la sigan. No; hasta en presencia de tales crisis, las masas distan mucho de estar siempre preparadas para eso. Hemos visto esto en el ejemplo de España. Para ayudar a las masas de millones a aprender lo más pronto posible, por medio de su propia experiencia, lo que tiene que hacer, dónde encontrar la salida decisiva y comprender qué partido merece su confianza; para esto hacen falta, entre otras cosas, junto con las consignas transitorias, también "las formas especiales de transición o de acercamiento a la revolución proletaria". Sin esto, las extensas masas del pueblo que está cautivas en las ilusiones y tradiciones democráticas pequeñoburguesas, podrán incluso, ante una situación revolucionaria, vacilar, perder tiempo, vagar, sin encontrar el camino de la revolución y hasta caer bajo los golpes de los verdugos fascistas.

Por esto señalamos la posibilidad de formar, bajo las condiciones de la crisis política, un gobierno del frente único antifascista. En la medida en que este gobierno despliegue una lucha real y verdadera contra los enemigos del pueblo, conceda libertad de acción a la clase obrera y al Partido Comunista, nosotros, los comunistas, lo apoyaremos por todos los medios y lucharemos en la primera línea de fuego, como soldados de la revolución. Pero les decimos francamente a las masas: Este gobierno no traerá la salvación definitiva. Este gobierno no está en condiciones de derrocar la dominación de clase de los explotadores y, por esta razón, no puede tampoco eliminar definitivamente el peligro de la contrarrevolución fascista. ¡Por consiguiente, hay que prepararse para la revolución socialista! Sólo y exclusivamente el Poder soviético traerá la salvación.

Si analizamos el desarrollo actual de la situación internacional, vemos que la crisis política va madurando en toda una serie de países. Esto condiciona la gran importancia y actualidad de una decisión de nuestro Congreso sobre el problema del gobierno del frente único.

Si nuestros Partidos saben aprovechar, para la prepración revolucionaria de las masas, de un modo bolchevique, la posibilidad de formar un gobierno del frente único, la lucha en torno a la formación y permanencia en el poder de este gobierno, ésta será la mejor justificación política de nuestro rumbo hacia la creación de un gobierno del frente único.

La lucha ideológica contra el fascismo

Uno de los aspectos más débiles de la lucha antifascista de nuestros Partidos consiste en que no reaccionan suficientemente, ni a su debido tiempo contra la demoagogia del fascismo y siguen tratando despectivamente los problemas de la lucha contra la ideología fascista. Muchos camaradas no creían que una variedad tan reaccionaria de la ideología burguesa, como es la ideología del fascismo, que en su absurdo llega con harta frecuencia hasta el desvarío, fuese en general capaz de conquistar influencia sobre las masas. Esto fue un gran error. La avanzada putrefacción del capitalismo llega hasta la misma médula de su ideología y su cultura, y la situación desesperada de las extensas masas del pueblo predispone a ciertos sectores al contagio con los detritus ideológicos de este proceso de putrefacción.


No debemos menospreciar, en modo alguno, esta fuerza del contagio ideológico del fascismo. Al contrario, debemos librar por nuestra parte una amplia lucha ideológica, basada en una argumentación clara y popular y en un método certero a la hora de abordar lo peculiar en la psicología nacional de las masas del pueblo.

Los fascistas resuelven la historia de cada pueblo, para presentarse como herederos y continuadores de todo lo que hay de elevado y heroico en su pasado, y explotan todo lo que humilla y ofende a los sentimientos nacionales del pueblo, como arma contra los enemigos del fascismo. En Alemania se publican centenares de libros que no persiguen otro fin que el de falsear la historia del pueblo alemán sobre una pauta fascista.

Los flamantes historiadores nacionalsocialistas se esfuerzan en presentar la historia de Alemania, como si, bajo el imperativo de una "ley histórica", un hilo conductor marcara, a los largo de 2.000 años, la trayectoria del desarrollo que ha determinado la aparición en la escena de la historia del "salvador nacional", del "Mesías" del pueblo alemán, el célebre cabo de progenie austríaca. Todos los grandes hombres del pueblo alemán en épocas pasadas se presentan en estos libros como fascistas, y todos los grandes movimientos campesinos, como precursores directos del movimiento fascista.

Mussolini se esfuerza obstinadamente en sacar partido de la figura heroica de Garibaldi. Los fascistas franceses tremolan a Juana de Arco como su heroína. Los fascistas norteamericanos apelan a las tradiciones de la guerra de la independencia americana, a las tradiciones de Washington y de Lincoln. Los fascistas búlgaros explotan el movimiento de liberación nacional de la década del 70 del siglo pasado y a los héroes populares, tan queridos, de este movimiento, como Vasil Levski, Stefan Karadsha, etc.

Los comunistas, que creen que todo esto no tiene nada que ver con la causa obrera y no hacen nada, ni lo más mínimo, para esclarecer ante las masas trabajadoras el pasado de su propio pueblo con toda fidelidad histórica y el verdadero sentido marxista, marxista-leninista, para entroncar la lucha actual con las tadiciones revolucionarias de su pasado, esos comunistas entregan voluntariamente a los falsificadores fascistas todo lo que hay de valioso en el pasado histórico de la nación, para que engañen a las masas del pueblo.

¡No, camaradas! A nosotros nos afectan todos los problemas importantes, no sólo del presente y del futuro, sino también los que forman parte del pasado de nuestro propio pueblo, pues nosotros, los comunistas, no practicamos la política mezquina de los intereses gremiales de los obreros. Nosotros no somos los funcionarios limitados de las tradeuniones, ni tampoco los dirigentes de los gremios medievales de artesanos y oficiales. Somos los representates de los intereses de clase de la más importante y grande de las clases de la sociedad moderna, de la clase obrera, que tiene por misión emancipar a la humanidad de los tormentos del sistema capitalista, que ya ha abatido el yugo del capitalismo y es la clase gobernante en una sexta parte del planeta. Nosotros defendemos los intereses vitales de todos los sectores trabajadores explotados, es decir, de la mayoría del pueblo de todos los países capitalistas.

Nosotros, los comunistas, somo, por principio, enemigos irreconciliables del nacionalismo burgués, en todas sus formas y variedades. Pero no somos partidarios del nihilismo nacional, ni podemos actuar jamás como tales. La misión de educar a los obreros y a los trabajadores en el espíritu del internacionalismo proletario es una de las tareas fundamentales de todos los Partidos Comunistas. Pero, el que piense, que esto le permite, e incluso, le obliga a escupir en la cara a todos los sentimientos nacionales de las amplias masas trabajadoras, está muy lejos del verdadero bolchevismo y no ha comprendido nada de las enseñanzas de Lenin sobre la cuestión nacional. (Aplausos).

Lenin que luchó siempre decidida y consecuentemente contra el nacionalismo burgués, en su artículo Sobre el orgullo nacional de los grandes rusos, escrito en el año 1914, nos dio un ejemplo de cómo debe enfocarse acertadamente el problema de los sentimientos nacionales.

He aquí lo que escribe:

«¿Nos es ajeno a nosotros, proletarios conscientes grandes rusos, el sentimiento de orgullo nacional? ¡Claro que no! Amamos nuestra lengua y nuestra Patria, trabajamos más que todo por elevar sus masas trabajadoras (es decir las nueve décimas partes de su población) a la vida consciente de demócratas y socialistas. Lo más duro para nosotros es ver y sentir a qué violencias, opresión y burlas someten a nuestra magnífica Patria los verdugos zaristas, los palaciegos y los capitalistas. Nos sentimos orgullosos de que estas violencias provocaran la resistencia de nuestros medios, en el seno de los grandes rusos, que estos medios dieran a Rashev, a los decembristas, a los revolucionarios-raznochintzi de la década del 70, que la clase obrera gran rusa creara en 1905 un poderoso partido revolucionario de las masas.

De nosotros se apodera un sentimiento de orgullo nacional, ya que la nación gran rusa ha creado también una clase obrera, demostró también que es capaz de dar a la humanidad grandes ejemplos de lucha por la libertad y el socialismo y que no sólo sabe organizar pogromos, elevar horcas, llenar las cárceles, causar grandes hambres y engendrar servilismo ante curas, zares, terratenientes y capitalistas.

De nosotros se apodera un sentimiento de orgullo nacional y por eso precisamente aborrecemos ante todo nuestro pasado de escalvos... y nuestro presente de esclavos, cuando estos mismo terratenientes, ayudados por los capitalistas, nos llevan a la guerra, para esclavizar a Polonia y Ucrania: ¡para aplastar el movimiento democrático en Persia y China, para reforzar la camarilla de los Romanov, Bobrinski, Purishkevich que es una vergüenza para nuestra dignidad nacional gran rusa!»

Es lo que escribe Lenin sobre el orgullo nacional.

Yo creo, camaradas, no haber procedido equivocadamente cuando, en el proceso de Leipzig, ante el intento de los fascistas de calumniar al pueblo búlgaro como a un pueblo bárbaro, defendí el honor nacional de la masas trabajadoras, del pueblo búlgaro, que lucha abnegadamente contra los usurpadores fascistas, que son los verdaderos bárbaros y salvajes, (aplausos impetuosos y prolongados) y cuando declaré que no tengo ningún motivo para avergonzarme de ser búlgaro y que, lejos de ello, estoy orgulloso de ser hijo de la heroica clase obrera búlgara (Aplausos).

¡Camaradas! El internacionalismo proletario debe "aclimatarse", por decirlo así, en cada país y echar raíces profundas en el suelo natal. Las formas nacionales, que reviste la lucha proletaria de clases, el movimiento obrero en cada país no están en contradicción con el internacionalismo proletario, sino que, al contrario, es precisamente bajo estas formas como se pueden defender también con éxito los intereses internacionales del proletariado.

Es evidente que hay que poner bien de relieve, en todas partes y en todas las ocasiones, ante las masas y demostrar de un modo concreto que la burguesía fascista, con el pretexto de defender los intereses de toda la nación, practica la política egoísta de opresión y explotación de su propio pueblo y la expoliación y la esclavización de los demás pueblos. Pero no podemos limitarnos a esto. Al mismo tiempo, tenemos que poner de manifiesto, a través de las propias luchas de la clase obrera y mediante las acciones del Partido Comunista, que el proletariado, al rebelarse contra todo vasallaje y contra toda opresión nacional, es el único y auténtico campeón de la libertad nacional y de la independencia del pueblo.

Los intereses de la lucha de clases del proletariado contra los explotadores y opresores patrios no están en pugna con los intereses de un porvenir libre y feliz de la nación. Al contrario: la revolución socialista será la salvación de la nación y le abrirá el camino para un auge más esplendoroso. Por esto, porque la clase obrera, al construir hoy sus organizaciones de clase y afianzar sus posiciones, al defender contra el fascismo los derechos y libertades democráticas, al luchar por el derrocamiento del capitalismo, lucha ya a través de todo esto por ese porvenir de la nación.

El proletariado revolucionario lucha por salvar la cultura del pueblo, por redimirla de las cadenas del capital monopolista en putrefacción, del fascismo bárbaro que la violenta. Sólo la revolución proletaria puede impedir el naufragio de la cultura, elevarla al más alto esplendor como vedadera cultura popular, de esa cultura, nacional por su forma y socialista por su contenido, que se está realizando ante nuestros ojos en la Unión de Repúblicas Socialistas Soviéticas.

El interenacionalismo proletario no sólo no está contra la lucha de los trabajadores de cada país por la libertad nacional, socia y cultural, sino que además garantiza, gracias a la solidaridad proletaria internacional y a la unidad de lucha, el apoyo necesario para triunfar en ella. Sólo en la más estrecha alianza con el proletariado victorioso de la gran Unión Soviética, puede triunfar la clase obrera de los países capitalistas. Sólo luchando codo a codo con el proletariado de los países imperialistas, pueden los pueblos coloniales y las minorías oprimidas lograr su liberación. La alianza revolucionaria de la clase obrera de los países imperialistas con los movimientos de liberación nacional de las colonias y países dependientes es un jalón, absolutamente indispensable, en la senda del triunfo de la revolución proletaria en los países imperialistas, pues como enseñaba Marx, "el pueblo que oprime a otros pueblos jamás puede ser libre".

Los comunistas, que forman parte de una nación oprimida o dependiente, no podrán luchar con éxito contra el chovinismo, en el seno de su propia nación, si al mismo tiempo no ponen de manifiesto, en la práctica del movimiento de masas, que luchan realmente por redimir a su nación del yugo extranjero. Por otra parte, los comunistas de la nación opresora tampoco podrán hacer lo que es necesario para educar a las masas trabajadoras de su nación en el espíritu del internacionalismo, si no libran una lucha decidida contra la política de opresión de su "propia" burguesía, por el derecho a la completa autodeterminación de las naciones esclavizadas por ellas. Si no lo hacen, tampoco ayudarán a los trabajadores de las naciones oprimidas a sobreponerse a sus prejuicios nacionalistas.

Sólo actuando en este sentido, demostrando de un modo convincente en toda nuestra labor de masas que estamos tan libres del nihilismo nacional, como del nacionalismo burgués, sólo entonces podremos librar una lucha verdaderamente eficaz contra la demagogia chovinista del fascismo.

Por eso, tiene una importancia tan enorme la aplicación justa y concreta de la política nacional leninista. Es ésta una premisa absolutamente indispensable, para luchar eficazmente contra el chovinismo, principal instrumento de la influencia ideológica de los fascistas sobre las masas.

III

El fortalecimiento de los Partidos Comunistas y la lucha por la unidad política del proletariado

¡Camaradas! En la lucha por establecer el frente único aumenta de un modo extraordinario el papel dirigente de los Partidos Comunistas. Sólo el Partido Comunista es en realidad el iniciador, el organizador, la fuerza motriz del frente único de la clase obrera.

Los Partidos Comunistas sólo pueden asegurar la movilización de las amplias masas trabajadoras para luchar unidas contra el fascismo y la ofensiva del capital, si fortalecen sus propias filas en todos los aspectos, si despliegan si iniciativa, si llevan a cabo una política marxista-leninista y una táctica justa y flexible, que tenga en cuenta la situación concreta y la distribución de las fuerzas de clase.

El fortalecimiento de los partidos comunistas

En el período entre el VI y el VII Congreso, nuestros Partidos de los países capitalistas han crecido sin duda alguna y se han templado considerablemente. Pero sería un error sumamente peligroso darse por satisfecho con esto. Cuanto más se extienda el frente único de la clase obrera, más tareas nuevas y complicadas se nos plantearán, más tendremos que trabajar por el fortalecimiento político y orgánico de nuestros Partidos. El frente único del proletariado hace brotar un ejército de obreros, que sólo puede cumplir su misión, si tiene a su cabeza un guía que le señale sus objetivos y sus caminos. Sólo un fuerte partido revolucionario puede ser este guía.

Cuando nosotros, los comunistas, hacemos todos los esfuerzos por establecer el frente único, no lo hacemos desde el punto de vista mezquino de reclutamiento de nuevos afiliados para los Partidos Comunistas. Pero, precisamente porque queremos fortalecer seriamente el frente único, debemos fortalecer también en todos los aspectos los Partidos Comunistas y aumentar sus efectivos. El fortalecimiento de los Partidos Comunistas no representa un interés cerrado del partido, sino un interés de toda la clase obrera.

La unidad, la cohesión revolucionaria y la presteza combativa de los Partidos Comunistas son el más precioso capital, que no nos pertenece solamente a nosotros, sino a toda la clase obrera. Hemos asociado y seguiremos asociando la presteza para lanzarnos a la lucha contra el fascismo, conjuntamente con los partidos y organizaciones socialdemócratas, con la lucha irreconciliable contra el socialdemocratismo, como ideología y como práctica de la conciliación con la burguesía, y también, por consiguiente, contra toda penetración de esta ideología en nuestras propias filas.

En la realización decidida y audaz de la política del frente único, encontramos en nuestras propias filas obstáculos, que tenemos que vencer, cueste lo que cueste, en el menor espacio posible de tiempo.

Después del VI Congreso de la Internacional Comunista, se llevó a cabo, en todos los Partidos Comunistas de los países capitalistas, una lucha victoriosa contra la tendencia a la adaptación oportunista a las condiciones de la estabilización capitalista y contra el contagio con las ilusiones reformistas y legalistas. Nuestros Partidos limpiaron sus filas de toda clase de oportunistas de derecha y con ello afianzaron su unidad bolchevique y su capacidad combativa. Con menos éxito se libró y, a veces, no se libró de ningún modo la lucha contra el sectarismo. El sectarismo no se manifestaba ya en formas primitivas y descaradas, como en los primeros años de existencia de la Internacional Comunista, sino que, disfrazándose con el reconocimiento formal de las tesis bolcheviques, frenaba el despliegue de la política bolchevique de masas. En nuestros tiempos, ya no es con frecuencia una "enfermedad infantil", como lo calificó Lenin, sino un vicio muy arraigado, y sin curarnos de él, no podremos resolver el problema de crear un frente único proletario y llevar a las masas de las posiciones reformistas hacia la revolución.

En la situación actual, el sectarismo, ese sectarismo engreído, como lo calificamos en nuestro proyecto de resolución, entorpece ante todo nuestra lucha por la realización del frente único, ese sectarismo, satisfecho de su estrechez doctrinaria y de su alejamiento de la vida real de las masas, satisfecho de sus métodos simplistas, para resolver los problemas más complicados del movimiento obrero sobre la base de esquemas cortados por un patrón; ese sectarismo, que pretende saberlo todo y no cree necesario aprender de las masas, de las enseñanzas del movimiento obrero, en una palabra, el sectarismo, para el cual todo es una pequeñez.

Este sectarismo engreído no quiere, ni puede comprender que situar a la clase obrera bajo la dirección del Partido Comunista, no se consigue espontáneamente. El papel dirigente del Partido Comunista en las luchas de la clase obrera hay que conquistarlo. Para esto, no hace falta declamar acerca del papel dirigente de los comunistas, sino que hay que merecer, ganar, conquistar la confianza de las masas obreras con una labor cotidiana de masas y una política justa. Esto sólo se logrará si nosotros, los comunistas, en nuestra labor política tenemos seriamente en cuenta el verdadero nivel de conciencia de clase de las masas, su grado de revolucionización, si apreciamos serenemente la situación concreta, no a través de nuestros de deseos, sino a través de la realidad. Tenemos que facilitar a las extensas masas, pacientemente, paso a paso, el tránsito a las posiciones del comunismo. No debemos olvidar jamás las palabras de Lenin, quien nos advirtió con toda energía que:

«...se trata precisamante de no considerar superado, para las masas, lo que está superado para nosotros».

¿Acaso ahora, camaradas, hay todavía en nuestras filas pocos doctrinarios que en la política del frente único sólo perciben, siempre y en todas partes, los peligros? Para esos camaradas, todo el frente único constituye un peligro rotundo. Pero esta "firmeza de principios" sectaria no es otra cosa que el desamparo político ante las dificultades de la dirección inmediata de la lucha de masas.

El sectarismo se manifiesta especialmente en la apreciación exagerada de la revolucionización de las masas, en la apreciación exagerada del ritmo, con que se apartan de las posiciones del reformismo, en el intento de saltar las etapas difíciles y los problemas complicados del movimiento. Los métodos de dirección de las masas se sustituían frecuentemente en la práctica por los métodos de dirección de un grupo cerrado de partido. No se apreciaba debidamente la fuerza de los lazos tradicionales entre las masas y sus organizaciones y direcciones y, cuando las masas no rompían estos lazos de golpe y porrazo, se adoptaba frente a ellas una actitud tan brusca, como frente a sus dirigentes reaccionarios. La táctica y las consignas se convertían en un "patrón", válido para todos los países, y no se tenían en cuenta las particularidades de la situación concreta en cada país dado. Se pasaba por alto la necesidad de desplegar, en el seno de las propias masas, una lucha tenaz para ganar su confianza, se descuidaba la lucha por las reivindicaciones parciales de los obreros y la labor dentro de los sindicatos reformistas y de las organizaciones fascistas de masas. La política del frente único se suplantaba frecuentemente por meros llamamientos y por la propaganda abstracta.

Las actitudes sectarias entorpecían en no menor grado la selección acertada de los hombres, la educación y formación de cuadros relacionados con las masas, que gocen de la confianza de éstas, de cuadros con consecuencia revolucionaria y probados en las luchas de clases, que sepan asociar a la experiencia práctica del trabajo de masas la firmeza de principios del bolchevique.

De este modo, el sectarismo retrasó considerablemente el crecimiento de los Partidos Comunistas, dificultó la aplicación de una auténtica política de masas, entorpeció la explotación de las dificultades del enemigo de clase, para fortificar las posiciones del movimiento revolucionario, impidió la conquista de las extensas masas proletarias para los Partidos Comunistas.

Luchando del modo más resuelto por extirpar y superar los últimos resabios del sectarismo engreído, tenemos que fortalecer por todos los medios nuestra atención vigilante y nuestra lucha contra el oportunismo de derecha y contra todas sus manifestaciones concretas, teniendo en cuenta que el peligro de este oportunismo crecerá, a medida que se vaya desplegando un amplio frente único. Ya existen tendencias a rebajar el papel del Partido Comunista en las filas del frente único y a reconciliarse con la ideología socialdemócrata. No se debe perder de vista que la táctica del frente único es un método para persuadir palpablemente a los obreros socialdemócratas de la justeza de la política comunista y de la falsedad de la política reformista, y no una reconciliación con la ideología y la práctica socialdemócratas. La lucha eficaz por establecer el frente único exige de nosotros ineludiblemente una lucha constante, dentro de nuestras propias filas, contra la tendencia a rebajar el papel del Partido, contra las ilusiones legalistas, contra la orientación hacia la espontaneidad y el automatismo, así en lo que respecta a la liquidación del fascismo, como en lo que se refiere a la consecución del frente único, contra las más mínimas vacilaciones, llegado el momento de la actuación decisiva.

La unidad política de la clase obrera

¡Camaradas! El desarrollo del frente único de lucha conjunta de los obreros comunistas y socialdemócratas contra el fascismo y la ofensiva del capital plantea también el problema de la unidad política, del partido político único de masas de la clase obrera. Los obreros socialdemócratas se van convenciendo cada vez más, por experiencia, de que la lucha contra el enemigo de clase exige una dirección política única, pues la dualidad de dirección dificulta el seguir desarrollando y fortaleciendo la lucha en común de la clase obrera.

Los intereses de la lucha de clase del proletariado y el éxito de la revolución proletaria imponen la necesidad de que exista en cada país un partido único del proletariado. El conseguirlo no es naturalmente tan fácil y sencillo. Exige una labor y una lucha tenaces y será necesariamente un proceso más o menos largo. Los Partidos Comunistas, apoyándose en la creciente gravitación de los obreros hacia la unificación de los partidos socialdemócratas a de algunas de sus organizaciones con los Partidos Comunistas, deben tomar en sus manos con seguridad y firmeza la iniciativa de esta unificación. La causa de la unificación de las fuerzas de la clase obrera en un partido proletario revolucionario único, en estos momentos, en que el movimiento obrero internacional entra en el período de liquidar la escisión, es nuestra causa, es la causa de la Internacional Comunista.

Pero, si para establecer el frente único de los Partidos Comunista y Socialdemócrata basta con llegar a un acuerdo sobre la lucha contra el fascismo, contra la ofensiva del capital y contra la guerra, la creación de la unidad política sólo es posible sobre la base de una serie de condiciones concretas que tienen un carácter de principio.

Esta unificación sólo será posible:

Primero, a condición de independizarse completamente de la burguesía y romper completamente el bloque de la socialdemocracia con la burguesía;

Segundo, a condición de que se realice previamente la unidad de acción;

Tercero, a condición de que se reconozca la necesidad del derrocamiento revolucionario de la dominación de la burguesía y de la instauración de la dictadura del proletariado en forma de soviets;

Cuarto, a condición de que se renuncie a apoyar a la propia burguesía en una guerra imperialista;

Quinto, a condición de que se erija el Partido sobre la base de centralismo democrático, que asegura la unidad de voluntad y de acción y que ha sido constatado ya por la experiencia de los bolcheviques rusos.

tenemos que aclarar a los obreros socialdemócratas, con paciencia y camaradería, por qué la unidad política de la clase obrera es irrealizable sin estas condiciones. Con ellos debemos enjuiciar el sentido y la importancia de estas condiciones.

(COMENTÁRIO WP: Lembrar algo que é pouco comentado em relação à URSS, quando teve que enfrentar a ofensiva nazista: a libertação de inúmeros presos políticos com disposição de participar na defesa do país) 

¿Por qué, para la realización de la unidad política del proletariado, es necesario independizarse de la burguesía y romper el bloque de la socialdemocracia con la burguesía?

Porque toda la experiencia del movimiento obrero y, en particular, la experiencia de los quince años de política de coalición en Alemania han puesto de relieve que la política de la colaboración de clases, la política de dependencia de la burguesía lleva a la derrota de la clase obrera y a la victoria del fascismo. Y la senda de la lucha irreconciliable de clases contra la burguesía, la senda de los bolcheviques es la única senda segura hacia el triunfo.

¿Por qué el establecer previamente la unidad de acción ha de ser premisa de la unidad política?

Porque la unidad de acción para rechazar la ofensiva del capital y del fascismo puede y debe lograrse aún antes de que la mayoría de los obreros se unifiquen sobre la plataforma política común del derrocamiento del capitalismo; para llegar a la unidad de ideas acerca de los caminos y los objetivos fundamentales de la lucha del proletariado, sin la cual no se podría unificar a los partidos, hace falta, en cambio, un plazo de tiempo más o menos largo. Y lo mejor para llegar a la unidad de ideas, es crearla ya hoy mismo, en la lucha conjunta contra el enemigo común. Proponer, en vez del frente único, la inmediata unificación, equivale a colocar el carro delante de los bueyes y a creer que de este modo el carro andará. Precisamente porque el problema de la unidad política no es para nosotros una maniobra, como lo es para muchos jefes socialdemócratas, insistimos en que se realice la unidad de acción, como una de las etapas más importantes en la lucha por la unidad política.

¿Por qué es necesario reconocer el derrocamiento revolucionario de la burguesía y la instauración de la dictadura del proletariado bajo la forma del Poder soviético?

Porque la experiencia del triunfo de la gran Revolución Socialista de Octubre, de una parte, y de otra, las amargas enseñanzas de Alemania, Austria y España, durante todo el período de postguerra, han corroborado una vez más que el triunfo del proletariado sólo es posible mediante el derrocamiento revolucionario de la burguesía, y que la burguesía, antes de permitir que el proletariado instaure el socialismo por la vía pacífica, ahogará el movimiento obrero en un mar de sangre. La experiencia de la Revolución de Octubre ha demostrado, con toda evidencia, que el contenido básico de la revolución proletaria es el problema de la dictadura del proletariado, cuya misión es aplastar la resistencia de los explotadores derribados, armar a la revolución para la lucha contra el imperialismo y llevar a la revolución hasta el triunfo completo del socialismo. Para llevar a cabo la dictadura del proletariado, como dictadura de la aplastante mayoría sobre una minoría insignificante, sobre los explotadores -y únicamente así puede ser llevada a cabo- son necesarios los Soviets que abarquen a todas las capas de la clase obrera, a las masas principales del campesinado y demás trabajadores, sin despertar a los cuales, sin incorporarlos al frente de la lucha revolucionaria, será imposible afianzar el triunfo del proletariado.

¿Por qué el negarse a apoyar a la burguesía en una guerra imperialista es condición para establecer la unidad política?


Porque la burguesía hace la guerra imperialista para alcanzar sus objetivos rapaces en contra de los intereses de la mayoría aplastante de los pueblos, cualquiera que sea el disfraz, bajo el cual se haga la guerra. Porque todos los imperialistas, al mismo tiempo que se arman febrilmente para la guerra, refuerzan hasta el último límite la explotación y la opresión de los trabajadores dentro del propio país. Apoyar a la burguesía en semejante guerra, significaría traicionar los intereses del país y de la clase obrera internacional.

Finalmente, ¿por qué el erigir el Partido sobre la base del centralismo democrático es condición para la unidad?

Porque solamente un partido erigido sobre la base del centralismo democrático puede asegurar la unidad de voluntad y de acción, puede llevar al proletariado al triunfo sobre la burguesía, que dispone de un arma tan potente como el aparato centralizado del Estado. La aplicación del principio del centralismo democrático ha pasado una brillante prueba histórica con al experiencia del Partido bolchevique ruso, el Partido de Lenin.

Sí, nosotros, camaradas, somos partidarios de un partido político único de masas de la clase obrera. De ello se deriva la necesidad, como dice el camarada Stalin,

«de un partido combativo, de un partido revolucionario, lo suficientemente intrépido, para conducir al proletariado en la lucha por el poder, lo suficientemente experimentado, para orientarse incluso en las condiciones más complejas de una situación revolucionaria y lo suficientemente flexible para evitar todos los escollos en su marcha hacia la meta.»

He aquí por qué es necesario esforzarse para conseguir la unidad política sobre la base de las condiciones apuntadas.

¡Somos partidarios de la unidad política de la clase obrera! Por eso, estamos dispuestos a colaborar del modo más estrecho con todos los socialdemócratas que sean partidarios del frente único y que apoyan sinceramente la unificación de acuerdo con los principios mencionados. Pero precisamente por eso, porque somos partidarios de la unificación, lucharemos decididamente contra todos los demagogos de "izquierda", que intenten explotar el desengaño de los obreros socialdemócratas, para crear nuevos partidos o internacionales socialistas, dirigidos contra el movimiento comunista y que ahondan por tanto la escisión de la clase obrera.

Saludamos la tendencia creciente de los obreros socialdemócratas hacia el frente único con los comunistas. Vemos en este hecho el incremento de su conciencia revolucionaria y un signo de que se comienza a superar la escisión de la clase obrera. Considerando que la unidad de acción es una necesidad urgente y también el camino más seguro hacia la creación de la unidad política del proletariado, declaramos que la Internacional Comunista y sus Secciones están dispuestas a entrar en negociaciones con la Segunda Internacional y sus Secciones respectivas para la creación de la unidad de la clase obrera en la lucha contra la ofensiva del capital, contra el fascismo y contra la amenaza de una guerra imperialista. 

NO FUNDO, NO FUNDO, o que SE ESTÁ PROPONDO no VII Congresso da IC é UMA NOVA LINHA, SEM FAZER UM BALANÇO DA LINHA ANTERIOR

MOTIVO PELO QUAL AS AMBIGUIDAES DE FUNDO PERMANECEM

1/DIAGNÓSTICO DO CAPITALISMO

2/DIAGNÓSTICO DA FORÇA DO REFORMISMO NAS MASSAS OCIDENTAIS

3/PAPEL RELATIVO DO OCIDENTE E DO ORIENTE

4/COMO LIDAR COM AS DIVERGENCIAS POTENCIAIS ENTRE OS INTERESSES DO ESTADO SOVIÉTICO E OS INTERESSES DO MOVIMENTO COMUNISTA COMO UM TODO (“1936: aparelho dócil da política externa soviética”)

(O QUE DISSE GRAMSCI ANTES, sobre a polêmica dentro do PC russo)

-COMENTAR AQUI O CASO DA REVOLUÇÃO ESPANHOLA (17 de jul. de 1936 – 1 de abr. de 1939: uma guerra em defesa da República ou uma revolução social?)

HÁ QUE SE CONSIDERAR

1/DEBILIDADES TEÓRICAS (REFORÇADAS PELOS SUCESSIVOS EXPURGOS)

2/O PESO DO CASO SOVÍETICO COMO MODELO (TRANSFORMANDO a necessidade em virtude)

3/debilidades que impactavam ESPECIALMENTE O DEBATE SOBRE O CAPITALISMO (a crença de que haviam se esgotado as possibilidades de desenvolvimento = crenças compartilhadas também por trotskistas)

O PACTO MOLOTOV RIBENTROP 

-ANTECEDENTES, MUNIQUE (29 e 30/9/1938)

-15 de março de 1939, invasão da Tchecoeslováquia

-O PACTO Molotov Ribentrop EM SI (23/8/1939)

-AS INTERPRETAÇÕES FEITAS SOBRE MOLOTOV (no fundo dessas interpretações: A revolução europeia não veio. Mas a URSS sobreviveu assim mesmo. E houve uma inversão no raciocínio: antes, a sobrevivência da URSS dependia da revolução mundial; depois, a sobrevivência da revolução mundial dependia da URSS.)

-UMA CRISE E TANTO NAS BASES COMUNISTAS (1939-1941) 

-MAIS “SORTE” QUE JUÍZO: 1941 permite realinhar novamente na política soviética com a política da classe trabalhadora europeia

-A ALIANÇA COM OS PAÍSES ANTI-EIXO (1941-1943)

-NA CHINA “TUDO CERTO” (pois coincidia com a luta anti-Japão) (POR ENQUANTO)

-MAS NO OCIDENTE, O QUE FAZER COM A IC?

-não era necessária para garantir o alinhamento

-alimentava a “calúnia”

-A DECISÃO DE DISSOLVER

-15 de maio de 1943, dissolução: a Internacional Comunista foi dissolvida dois anos depois da invasão da URSS 

o fim da Internacional Comunista contribuía, de alguma maneira, para que os aliados continuassem aliados.

Há toda uma polêmica sobre como se operou a dissolução, mas não há controvérsia sobre os finalmente: uma consulta, feita pelo CEIC, respondida por alguns poucos partidos, seguida de uma resolução de dissolução.

VER ABAIXO ALGUMAS FONTES

Dimitrov e a dissolução da III Internacional

15 de agosto de 2012admin

Confira o artigo de Kurt Gossveiler, “Dimitrov: Sobre a dissolução do Komintern”, publicado no site Amistad Hispano-Soviética.

(...)

Uma lei assinada pelo presidente Roosevelt, em 17 de outubro de 1940, nos EUA, faz parte desta história. Esta lei proibia qualquer filiação internacional às organizações dos EUA. Assim, o Partido Comunista se encontrava ameaçado pelo fato de ser membro da Internacional Comunista. Seu então Secretário Geral, Earl R. Browder, permanecia na prisão. Em janeiro de 1940, tinha sido condenado a uma pena de 4 anos de prisão por um delito relacionado ao passaporte. Em sua proposta, o Partido dirigiu uma petição ao CEIC – o Comitê Executivo da Internacional Comunista – para saber se não seria conveniente a supressão de seu pertencimento à Internacional Comunista, a fim de evitar a proibição do Partido. Visivelmente, a seguinte nota do diário de Dimitrov se refere a esta petição:

16.11.40: Ercoli (Togliatti), Marty e Gottwald, em minha casa, a propósito da petição do P.C. da América em relação ao seu Congresso Extraordinário.

Colocamo-nos de acordo com a seguinte resposta: “Se é absolutamente necessário tomar uma decisão quanto à permanência (da Organização ao Komintern), nesse caso, tal decisão deve considerar a fidelidade do partido ao marxismo-leninismo e ao internacionalismo proletário precisamente no momento em que o partido se vê obrigado a romper, temporariamente, as relações formais com a I. C. para conservar a possibilidade de trabalhar legalmente”. (pág. 319)

Cinco meses mais tarde, em abril de 1941, Dimitrov relata as palavras de Stalin, no círculo dos camaradas dirigentes:

20.4.41: Também se brinda a minha saúde. Nesta ocasião, J. V. Stalin disse:

“Na casa de Dimitrov, no Komintern, os partidos se retiram (alusão ao partido americano). Isso não é ruim. Ao contrário, se deveria criar partidos comunistas totalmente independentes, no lugar de seções da I. C. Eles devem converter-se em partidos comunistas nacionais, com diferentes nomes: partido trabalhista, partido marxista, etc. O nome não é importante. O que é importante é que estejam arraigados entre seu povo e se concentrem em suas próprias tarefas específicas. Eles devem ter um programa comunista, devem se apoiar em uma análise marxista, não dependendo sempre de Moscou, mas resolvendo independentemente, no país respectivo, as tarefas concretas pendentes… Já que a situação e as tarefas são completamente diferentes nos distintos países… Então, se os partidos comunistas se fortalecem desta maneira poderão reconstruir sua organização internacional.

A Internacional foi fundada nos tempos de Marx, com a expectativa de uma revolução internacional vindoura. O Komintern foi criado sob Lenin do mesmo modo, em um período parecido. No presente, as tarefas nacionais passam, em cada país, a primeiro plano. No entanto, é uma grande desvantagem que os partidos comunistas estejam subordinados ao Comitê Executivo da I. C. como seções de uma organização internacional…

Não nos agarremos ao passado. É preciso considerar, de maneira consciente, as novas condições surgidas…

Nas circunstâncias atuais, a permanência dos partidos comunistas ao Komintern facilita sua perseguição pela burguesia e favorece seu plano de isolá-los das massas de seus próprios países. Assim, os partidos comunistas estarão impedidos de se desenvolverem de maneira autônoma e resolverem suas tarefas como partidos nacionais”.

Conclusão de Dimitrov:

A questão acerca da continuidade da existência da I. C. no período próximo e após as novas formas de relações e de trabalhos internacionais imersas nas condições de guerra mundial foi levantada de forma clara e precisa. (pág. 374).

A propósito da consulta sobre esta questão, Dimitrov se reúne com os camaradas dirigentes do CEIC:

21.4.41: Fui confrontado por Ercoli e Maurice (Thorez) sobre se o CEIC deve cessar sua atividade como instância dirigente dos partidos comunistas em um período próximo e se deve garantir aos partidos isolados uma plena autonomia; se deve transformá-los em verdadeiros partidos nacionais dos comunistas em seus respectivos países sendo, evidentemente, guiados por um programa comunista, porém resolvendo as tarefas concretas a sua maneira, correspondentes às condições dos próprios países, sendo responsáveis por suas decisões e por sua ação. Isso em lugar do CEIC, um órgão de informação e de apoio ideológico e político dos partidos comunistas.

Ambos pensavam que era perfeitamente justo levantar a questão e que a mesma corresponde totalmente à situação atual do movimento operário internacional (pág. 375).

Pouco tempo depois, após consultas feitas a D.S. Manuilski e A.A. Zhdanov, Dimitrov chega a uma bem sucedida conclusão sobre o assunto:

12.5.41: Discussão com D.S Manuilski sobre a forma de justificar a decisão de suspender a atividade do CEIC. Numerosas questões, confusas e importantes, se encontram ligadas a essa remodelação. No CC (na casa de Zhdanov), falamos do Komintern.

1°) A decisão deve justificar-se em matéria de princípios, já que temos que oferecer uma explicação plausível ao estrangeiro e aos nossos comunistas soviéticos. O Komintern tinha uma grande história e, de repente, deixa de existir e de atuar como centro internacional homogêneo. Na decisão teriam que ser previamente considerados todos os possíveis golpes do adversário. Por exemplo, de que a proposta se trataria de uma pretensa manobra ou de que os comunistas teriam abjurado do internacionalismo proletário e da revolução proletária internacional.

Nossa argumentação deve ser tal que conduza a um avanço dos partidos comunistas e não que suscite a desmoralização e a incerteza.

As ideias da Internacional Comunista estão profundamente enraizadas nas fileiras das camadas dirigentes da classe trabalhadora dos países capitalistas. Na etapa atual, é necessário que os partidos comunistas se desenvolvam como partidos nacionais autônomos. Depois do apogeu do movimento comunista nacional nos respectivos países, numa próxima etapa, surgirá uma organização comunista internacional sobre uma base mais ampla e mais sólida.

É necessário esclarecer que a dissolução do CEIC não significa nenhuma renúncia à solidariedade proletária internacional. Ao contrário, só modificam as formas em que se manifesta e os métodos correspondem melhor à etapa atual do desenvolvimento operário internacional.

2°) Esta gestão deve ser absolutamente séria e consequente. Não se deve apenas mudar a roupagem, mas incentivar que todos tenham plenas condições. Dessa maneira, o CEIC se dissolve, porém continua existindo de outra forma, como centro internacional dirigente.

3°) A questão sobre de quem parte essa iniciativa, é muito importante: por iniciativa da própria Direção ou por proposição de uma série de partidos comunistas. A última solução é realmente a melhor.

4°) O tema não precisa de pressa. Não se deveria precipitá-lo, mas discuti-lo e prepará-lo seriamente.

É necessário discutir três pontos:

a) Como se deve justificar a decisão do ponto de vista dos princípios?

b) Quem deve tomar a iniciativa da decisão?

c) Como prosseguir a gerência da IC?

5°) Em todo caso, o movimento comunista pode alcançar grandes vantagens a partir desta questão. Todos os pactos Anti-Komintern perdem seu fundamento. O maior trunfo da burguesia se torna obsoleto. Fica claro que os comunistas não estão sob as ordens de um centro estrangeiro, não podendo ser chamados de “traidores”. O P.C. reforçará sua autonomia em cada país, transformando-se em um verdadeiro partido popular. Isso facilitará a entrada no P.C. de militantes operários que, atualmente, não querem ingressar porque são da opinião que se afastariam de seus povos (pág. 386).

Como mostrado, seis semanas antes do ataque da Alemanha nazista contra a União Soviética, a dissolução da I.C. estava, por assim dizer, decidida. O começo da guerra patriótica contra a Alemanha fascista passava, de forma compreensível, a primeiro plano diante das outras questões.

Além disso, a direção dos partidos comunistas através do CEIC, nas condições impostas e completamente transformadas pela aliança momentânea entre a União Soviética, Grã-Bretanha e os Estados Unidos, mais uma vez, mostrou-se de grande importância, como será apresentado no próximo capítulo.

A primeira alusão sobre a dissolução da Internacional Comunista após o ataque fascista, só se encontra no diário de Dimitrov em maio de 1943, depois da grande vitória do Exército Vermelho na Batalha de Stalingrado, que conduziu definitivamente os exércitos da Alemanha fascista ao caminho da derrota:

8.5.43: De noite com Manuilski, na casa de Dimitrov, falamos sobre o futuro do Komintern. Chegamos à conclusão de que o Komintern, como centro de direção para os partidos comunistas nas condições atuais, é um obstáculo para seu próprio desenvolvimento e para a realização de suas tarefas específicas. Eles produzem um documento para a dissolução do centro.

De 8 a 22 de maio de 1943, não existe um só dia em que não se inscreva no diário de Dimitrov uma nota sobre as deliberações a propósito desta questão. Em 11 de maio de 1943, um projeto de declaração do Presidium do CEIC, redigido por Dimitrov e Manuilski, é posto ao conhecimento de Stalin, que se mostra de acordo com ele.

Este projeto se deliberou várias vezes no Presidium do CEIC e teve sua versão final redigida em 20 de maio de 1943. Em 21 de maio, é aceito unanimemente pelo Burô político do P.C. da URSS e publicado em 22 de maio de 1943, no Pravda, como Comunicado do Presidium do Comitê Executivo da Internacional Comunista.

Tinha o seguinte conteúdo:

O papel histórico da Internacional Comunista, surgida em 1919, como resultado do afundamento político da enorme maioria dos velhos partidos operários de antes da guerra, consistia na defesa dos ensinamentos do marxismo contra seu esmagamento e distorção por elementos oportunistas do movimento operário. Consistia em favorecer, em uma série de países, a fusão da vanguarda dos trabalhadores progressistas em verdadeiros partidos operários, em ajudá-los a mobilizar as massas de trabalhadores pela defesa de seus interesses políticos e econômicos, pelo combate contra o fascismo e a guerra que preparava, em apoio à União Soviética, como principal apoio contra o fascismo. A Internacional Comunista desvelou no momento oportuno o verdadeiro significado do pacto Anti-Komintern, do qual se serviam os hitlerianos como instrumento de preparação para a guerra.

Muito antes, o Komintern denunciava infatigavelmente o vergonhoso trabalho dos hitlerianos de minar, em outros Estados, a suposta ingerência da Internacional Comunista, em que justificavam a ação aos gritos e grunhidos. Muito tempo antes da guerra, era cada vez mais claro que a solução das tarefas do movimento operário de cada país, através das forças de um centro internacional, tropeçaria com dificuldades insuperáveis devido à complexidade crescente, tanto da situação interior como exterior dos diferentes países. Esta diversidade de vias históricas de desenvolvimento dos diferentes países do mundo, o caráter diferenciado, inclusive o contraste com sua estrutura, a diferença de nível e ritmo de sua evolução social e política, finalmente, a diferença de grau de consciência e de organização dos trabalhadores fazem com que se imponham tarefas diferentes à classe operária de cada país. Todo o desenrolar dos acontecimentos durante o quarto de século passado e a experiência adquirida pela Internacional Comunista mostraram, de maneira convincente, que a forma de organização escolhida no I Congresso da Internacional Comunista para a união dos trabalhadores e que correspondia às exigências do período inicial do renascimento do movimento operário nos diferentes países e a complexidade de suas tarefas, inclusive, se convertia em obstáculo ao posterior fortalecimento dos partidos operários nacionais.

A guerra mundial desencadeada pelos hitlerianos acentuou ainda mais as diferenças na situação dos diversos países, cavando um profundo fosso entre os portadores da tirania hitleriana. Assim, nos países do bloco hitleriano a tarefa principal dos trabalhadores, dos operários e de todos os homens honestos consiste em colaborar com a derrota deste bloco, minando a máquina de guerra hitleriana, contribuindo com a queda dos governos responsáveis pela guerra. Nos países da coalizão anti-hitleriana, é um dever sagrado das amplas massas populares e, antes de tudo, dos trabalhadores progressistas, apoiar os esforços de guerra dos governos destes países para fazer fracassar rapidamente o bloco hitleriano e assegurar a colaboração das nações sobre a base da igualdade de direitos. Para isto, é necessário não perder de vista que alguns países aliados da coalizão anti-hitleriana possuem suas próprias tarefas. Assim, por exemplo, nos países ocupados pelos hitlerianos e privados de sua independência estatal, a tarefa principal dos trabalhadores progressistas e das amplas massas populares consiste no desenvolvimento da luta armada para transformá-la em guerra de libertação nacional contra a Alemanha de Hitler. Conjuntamente, a guerra de libertação nacional dos povos ansiosos de liberdade contra a tirania hitleriana, pôs em movimento as mais amplas massas populares que sem distinção de partidos e crença religiosa, engrossaram as fileiras da poderosa coalizão anti-hitleriana e mostrou visivelmente que o incentivo nacional e a mobilização de massas podem ser realizados pela vanguarda do movimento operário de cada país, da melhor forma, mais fértil, no marco de seu Estado, para a vitória mais rápida sobre o inimigo.

O VII Congresso da Internacional Comunista já levou em consideração as mudanças que ocorreram diante dele, tanto na situação internacional como no movimento operário, que exigiam uma grande mobilidade e autonomia das Seções da Internacional Comunista. Assim, assinalava a necessidade de que o Executivo da Internacional Comunista, no momento de redigir a resolução concernente a todas as questões do movimento operário, devesse partir das condições concretas e das particularidades de cada país respectivo, evitando toda intervenção direta nos assuntos organizativos internos dos partidos comunistas.

Estas considerações foram levadas em conta pela Internacional Comunista quando teve conhecimento da decisão do Partido Comunista dos EUA, em novembro de 1940, e a aprovou. Os comunistas, guiados pelos ensinamentos dos fundamentos do marxismo-leninismo, jamais foram partidários da manutenção de formas de organização obsoletas. Sempre submeteram as formas de organização e os métodos de trabalho destas organizações aos interesses políticos fundamentais do movimento operário em seu conjunto, às particularidades da situação histórica concreta dada e às tarefas que emanavam diretamente desta situação. Recordam os ensinamentos do grande Marx, que uniu os trabalhadores progressistas às fileiras da Associação Internacional dos Trabalhadores e que, depois do cumprimento de sua tarefa histórica pela Internacional, criou os fundamentos do desenvolvimento do partido operário nos países da Europa e América. Em consequência da necessidade de amadurecimento, a criação dos partidos operários nacionais de massas, foi preciso passar à dissolução da Primeira Internacional, posto que esta arma de organização já não correspondia às necessidades.

(2ª Parte)

Partindo das presentes considerações, levando em conta o crescimento e a maturidade política dos partidos comunistas e de seus quadros dirigentes em seus respectivos países, assim como considerando o fato de que durante o desenvolvimento da presente guerra, uma série de Seções levantou a questão da dissolução da Internacional Comunista como centro dirigente do movimento operário internacional, o Presidium do Comitê Executivo da Internacional Comunista autoriza – posto que nas condições de guerra mundial não há possibilidade de convocação do Congresso da Internacional Comunista – a submeter a proposição seguinte às Seções da Internacional Comunista para sua aprovação:

“Dissolver a Internacional Comunista como centro dirigente do movimento operário internacional e desligar as Seções da Internacional Comunista das obrigações resultantes de seu status e das decisões desta”.

O Presidium do Comitê Executivo da Internacional Comunista convoca todos os membros a concentrar todas as suas forças no apoio unilateral e na participação ativa na guerra de libertação dos povos e dos Estados da coalizão anti-hitleriana para esmagar o mais rápido possível o inimigo mortal dos trabalhadores: o fascismo alemão, seus aliados e vassalos.

Esta declaração foi dirigida a todas as Seções do Komintern para uma tomada de posição. Todos os partidos, sem exceção, a aprovaram.

Com data de 29.5.43 Dimitrov anotou o conteúdo da declaração de aprovação dos partidos da Grã-Bretanha, Austrália e da Iugoslávia, além do conteúdo de uma entrevista concedida por Stalin a King, correspondente da Agência Reuter, em Moscou, a propósito da dissolução do Komintern:

8.6.43: Celebramos a última sessão do Presidium do CEIC.

1. Constatamos que todas as Seções saudaram unanimemente a proposição de dissolução do Komintern e que nenhuma Seção levantou objeções a esta proposta.

2. Declaramos a dissolução do Comitê Executivo do Komintern, de seu Presidium e do Secretariado, assim como a da Comissão de Controle Internacional.

10.6.43: Foi publicado no Pravda nosso comunicado sobre a decisão do Presidium em 8 de junho de 1943.

Dessa forma, tanto a documentação como as notas de Dimitrov em seu diário sobre a história da dissolução do Komintern, fazem cair por terra a lenda da brusca dissolução da Internacional Comunista por um único decreto de Stalin.

A verdade é: foi a lei norte-americana, de outubro de 1940, que ameaçava com proibição o PC dos EUA – no caso de continuar sendo uma Seção do Komintern – o que impulsionou uma reflexão sobre a dissolução. O primeiro passo para a dissolução foi, então, a conseguinte supressão do laço do PC dos EUA com a Internacional Comunista.

A razão decisiva da dissolução do Komintern era, por um lado, a mudança das condições objetivas, entre elas, a execução de uma direção central de trabalho dos partidos comunistas que tinha se convertido em um obstáculo para a continuidade de seu crescimento e para o aprofundamento de seus vínculos com os trabalhadores de seus respectivos países. Por outro lado, a convicção de que os partidos comunistas tivessem amadurecido e se convertido em partidos marxista-leninistas, não tendo a necessidade da direção de um centro.

A dissolução se produziu depois de uma consulta de um ano do Presidium do CEIC e com a aprovação de todas as Seções da I. C. de forma inegavelmente democrática.

A dissolução da I.C. não foi, então, de nenhuma maneira, uma falta ao internacionalismo. O internacionalismo foi um componente essencial de cada partido marxista-leninista verdadeiro, independentemente da respectiva forma organizativa de sua colaboração. Além disso, a criação, em condições novas, de uma organização internacional dos partidos comunistas na forma que correspondesse então à situação existente, foi expressamente projetada para o futuro, tanto por Stalin como pelo Presidium do CEIC.

Como se sabe, o Burô de Informação dos partidos comunistas e operários foi fundado em uma Conferência, em Varsóvia, em setembro de 1947, porque – como dizia no comunicado de imprensa da mesma – a falta de contato entre os partidos representados no evento tinha suscitado fenômenos negativos. Este Burô de Informação tinha por missão a organização de intercâmbios de experiência entre os partidos e, em caso de necessidade, a coordenação de suas atividades sobre a base de um acordo recíproco.

Os participantes da Conferência, membros do agrupamento chamado abreviadamente de Burô de Informação, eram representantes de partidos comunistas no poder: P.C. da URSS, P.C. de Bulgária, P.C. da Iugoslávia, Partido Operário Polaco, P.C. de Romênia, P.C. de Tchecoslováquia, P.C. de Hungria e de dois partidos comunistas da Europa Ocidental, o P.C. da França e o P.C. da Itália.

O Burô de Informação teve uma vida de 9 anos. Seu final muito se diferencia do fim da I.C. Foi claramente apresentado para o mundo externo. A dissolução se justificou no comunicado de informação sobre a suspensão da atividade do Burô de Informação dos partidos comunistas e operários, pelas novas condições para as atividades dos mesmos, e se formula: “O Comitê Central dos partidos comunistas e operários pertencentes ao Burô de Informação realizaram um intercâmbio de opiniões sobre as questões de sua atividade e reconheceram que o Burô de Informação, por eles criado em 1947, esgotou sua função. Neste contexto, de comum acordo, tomou a decisão de suspender a atividade do Burô de Informação (…), assim como a publicação de seu órgão, o periódico ‘Por uma paz duradoura e pela democracia popular’”.

CONCLUSÃO

A Associação Internacional dos Trabalhadores durou cerca de 8 anos, de 1864 até 1872 (OU 13, ATÉ 1876).

A Internacional Socialista, em sua versão “raiz”, sobreviveu mais ou menos 25 anos: de 1889 até 1914.

A Internacional Comunista existiu por cerca de 25 anos, de 1919 a 1943. 

No curso da sua existência, nenhuma vitória.

No período 1919-1923 a gestão da IC foi compartilhada.

No período 1926-1928, peso das posições de Bukharin-Stalin.

No período 1928-1941, peso das posições de Stalin.

As polêmicas Trotsky x Stalin:

-socialismo num só pais (problema por todos TEORICAMENTE mal posto, digamos assim) (a ênfase no tema da BUROCRACIA)(o problema da NAÇÃO: o direito a autodeterminação nacional x o direito a autodeterminação das massas trabalhadoras, debate de Lenin contra Stalin e Bukharin, no VIII Congresso em 1919)

-revolução permanente (retomar o que foi comentado na aula do RP, especialmente crítica Claudin e crítica Gramsci: 1/a passagem 2/o socialismo 3/a dimensão internacional)(TEMA DO CAMPONES, DAS ETAPAS, DA NAÇÃO)

(da tese da revolução permanente ao programa de transição, tema que será debatido numa aula específica)

-críticas detalhadas a política no caso China, Alemanha, Espanha

-no caso chinês, posições de MAO X Stalin mas também MAO x TROTSKY (europeísmo, campesinato, papel da URSS )

QUESTIONÁRIO SOBRE O MOVIMENTO CAMPONES NA PROVINCIA DE HUNAN, DE 1927: “Dentre em breve veremos que, em todas as províncias do centro, do norte e do sul da China, centenas de milhões de camponeses vão se sublevar. Levantar-se-ão com ímpeto, invencíveis, como um furacão, e não haverá força que possa contê-los. Romperão com todas as cadeias e lutarão pela liberdade. Cavarão a sepultura de todos os imperialistas, militaristas, funcionários corruptos do Estado e concussionários, dos tuhao e dos lechen. Questionarão todos os partidos e grupos revolucionários, todos os revolucionários, seja para aceita-los, seja para repudiá-los. Nós devemos nos colocar à sua frente e dirigi-los? Ou devemos ficar à margem, criticando-os autoritariamente? Ou, ainda, ir de encontro a eles, para combatê-los? Todo chinês é livre para escolher cada uma destas três vias, mas o curso dos acontecimentos torna mais próxima para cada um a hora da opção”.

-problemas de fundo

a/interpretação do capitalismo: coincidências muito grandes entre posições de Trotsky e de Stalin (“o capitalismo é incapaz de conter qualquer desenvolvimento importante das forças produtivas”)

b/Ocidente x Oriente: coincidências muito grandes entre peso relativo do Ocidente, com a  divergência se dando acerca da prioridade dada a URSS e, portanto, acerca da possibilidade/necessidade de alianças com estados capitalistas, mesmo que em detrimento dos respectivos movimentos comunistas

c/o que virá depois depois de 1940 (morte Trotsky) já escapa em grande medida do estudo que nos propusemos a fazer nesta aula, MAS as poucas revoluções socialistas que ocorreram no mundo contaram com direção/participação relativa maior dos comunistas não trotskistas do que dos trotskistas comunistas.. se isso diz alguma coisa ou não, cabe debater.

Ultimo comentário: distinguir o movimento comunista da IC e de seus partidos. Hoje isto está mais do que claro.

FONTES

SOBRE CONGRESSOS GERAIS DO MOVIMENTO OPERÁRIO:

http://anchecata.colmich.edu.mx/janium/Tablas/tabla156741.pdf

A crise do movimento comunista, vol. 1 a crise da internacional comunista, de Fernando Claudin.