Em meio ao carnaval, num almoço com amigos, alguém
disse que Bolsonaro, além de fascista, era um maluco total, pois vive para
combater o comunismo, algo que “não existe mais no Brasil”. E acrescentou:
“ninguém é mais comunista hoje!”
Por educação, não abri a boca, mas levantei o dedo,
a mão e o garfo (não a faca, que permaneceu prudentemente deitada sobre a
mesa). Surpresa, a interlocutora retrucou com ênfase: “que comunista nada, você
é do PT!!”.
Este episódio é revelador da confusão política e
ideológica em que estamos metidos, todos nós da esquerda brasileira.
Por um lado, somos atacados por uma extrema-direita
que vê um comunista por detrás de cada palavra de ordem democrática. Por outro
lado, temos uma esquerda que, na sua grande maioria, não consegue perceber que
a extrema-direita tem certa razão.
Afinal, ao longo da história, muito sangue e suor
tiveram que ser derramados para conquistar a soberania nacional, os direitos
sociais e as liberdades democráticas. Ao contrário da lenda difundida por
alguns, quem garantiu aquilo tudo não foi o fordismo e muito menos o
liberalismo, mas sim a luta da classe trabalhadora, em especial do movimento
socialista.
Além disso, o capitalismo neoliberal que nos é contemporâneo
experimenta cada vez mais dificuldade para conviver com o bem estar social, as
liberdades democráticas e a soberania nacional dos outros, o que faz com que
políticas historicamente reformistas e socialdemocratas sejam hoje, de fato,
ainda mais “ameaçadoras” do que antes.
E no Brasil, assim como em boa parte da América
Latina, as classes dominantes continuam operando em chave escravocrata e
colonial. Para um patrimonialista, democratizar um pouquinho que seja a
política é como uma expropriação.
Por todos estes motivos, quem quiser lutar de forma
consequente por aquelas políticas “reformistas”, precisa estar disposto a
enfrentar uma reação aparentemente despropositada. Queres paz, prepara-te para
a guerra; queres reforma, prepara-te para fazer uma revolução.
No fundo, o espanto da colega de almoço tem relação
direta com a derrota sofrida pelo PT e pelo restante da esquerda brasileira,
entre 2016 e 2018: a crença de que se fossemos moderados, eles também seriam.
A vida confirmou o contrário. E o fez porque o
capitalismo segue cada vez mais refratário a reformas, inclusive àquelas
reformas que noutros tempos ajudaram a salvar o capitalismo de si mesmo. Vale
dizer que em geral estas reformas foram impostas aos capitalistas. Talvez por
este motivo, diz-se que Vargas acusava a burguesia brasileira de ser meio burra;
se for verdade, isto nunca a impediu de lucrar como nunca, ao longo de cada
período da história de nosso país.
Uma das conclusões a tirar disto tudo é que, seja
ou não “comunista”, toda a esquerda brasileira é e continuará sendo alvo de uma
feroz campanha anticomunista. E o alvo maior desta campanha é o principal
partido da esquerda brasileira, o Partido dos Trabalhadores, que completou no
dia 10 de fevereiro de 2020 seus 40 anos de idade.
Como muita gente, acompanhei direta e pessoalmente
a maior parte desta trajetória. Meu primeiro ato efetivo de militância petista
foi na campanha eleitoral de 1982. A filiação propriamente dita ao Partido
ocorreu apenas em 1985. Desde então, já fiz de tudo um pouco: militei em núcleo
de base, fiz parte de diretório zonal, diretório municipal e diretório estadual.
Assumi em 1993 a secretaria de Comunicação do PT São Paulo, a direção da revista Teoria
e Debate e do boletim Linha Direta. Também atuei na área
de formação política do Partido, especialmente no Instituto Cajamar, entre 1987
e 1991. Em 1997 ingressei no diretório nacional, fui eleito para uma das
vice-presidências e, em 2005, para a secretaria de Relações Internacionais do
PT (até 2010) e para a secretaria executiva do Foro de São Paulo (até 2013).
Dentro do Partido, militei na Articulação dos 113
e, em 1993, participei da criação da Articulação de Esquerda, tendência de que
faço parte até hoje e em nome da qual disputei a presidência nacional do PT em
2005, 2007, 2013 e 2019.
Vale dizer que nunca fui parlamentar, nem mesmo
candidato. Minha experiência governamental resumiu-se a assessorar, entre 1995
e 1996, o então prefeito de Santos (SP), David Capistrano; e a ser secretário
de Cultura, Esportes em Turismo na gestão de Izalene Tiene, em Campinas (SP),
entre dezembro de 2001 e dezembro de 2004.
Antes de militar no PT, participei por breve
período como militante da “base secundarista” da chamada esquerda do Partido
Comunista do Brasil, por onde também passaram, entre muitos outros, José
Genoíno, Tarso Genro, Wladimir Pomar, Ozeas Duarte, Carlos Eduardo de Carvalho,
Maurício Faria, Humberto Cunha, Alon Feuerwerker, Igor Fuser, Celeste Dantas e
Maria Luiza Fontenelle.
Vários desses saíram do PCdoB para criar o Partido
Revolucionário Comunista, a partir do qual atuaram no PT e também no PMDB.
Outros optaram desde o início por construir diretamente o PT, recusando a
proposta de ter um “partido dentro do partido”.
Naquela época, minha decisão de militar no PT teve
dois motivos fundamentais: a) o PT construía, na prática, uma alternativa à
estratégia defendida pelos dois partidos oficialmente comunistas (PCdoB e PCB);
b) o PT abrigava a maior parte da militância que dirigia as grandes lutas
operárias e populares do final dos anos 1970 e início dos anos 1980.
O primeiro de meus motivos fundamentais para
ingressar no PT continuou quase que totalmente válido até 1995. Entretanto,
desde então o Partido veio mudando de linha política, aproximando-se mais e
mais das posições que, nos anos 1980, eram defendidas pelos partidos comunistas
oficiais e por organizações assemelhadas. Ou seja, a defesa de uma aliança
estratégica com um setor dos capitalistas brasileiros, aliança traduzida em um
programa que pretendia combinar uma etapa de desenvolvimento capitalista, com
elevação dos níveis de democracia, bem estar social e soberania nacional.
Àquelas ideias, nos anos 1990 o PT acrescentou
outra: a de que nossos objetivos poderiam ser alcançados mediante governos
eleitos através das regras do jogo. Esta acréscimo constituía uma metamorfose
da noção original, defendida pelo próprio PT ainda nos anos 1980, segunda a
qual a construção e a conquista do poder incluíam a disputa de eleições e o
exercício de mandatos institucionais, combinados com a luta social, a
organização da classe e o fortalecimento de uma cultura socialista de massas.
Desde 1995, a defesa da estratégia original do PT
continuou a ser feita por algumas tendências, mas não mais pela maioria do
Partido. Algumas dessas tendências continuam no PT até hoje; outras desistiram
do PT e contribuíram para o surgimento do PSTU, da Consulta Popular e do PSOL.
Mas nenhuma dessas organizações (nem o PCO, surgido antes) conseguiu escapar da
força gravitacional do petismo, nem do ponto de vista político, nem do ponto de
vista ideológico.
Por outro lado, a mudança na linha política do PT,
a partir de 1995, converteu ao petismo muitos militantes que defendiam a tal
aliança estratégica com setores da classe capitalista e/ou que viam a luta
eleitoral e a ação institucional como os limites máximos da ação político
partidária.
A citada conversão foi muito facilitada pela
ofensiva neoliberal, que trouxe de volta dilemas dos anos 1930, mas também pelo
colapso do socialismo soviético, que muitos consideraram como o fim de todo
socialismo, pelo menos daquele baseado em uma estratégia revolucionária de
conquista do poder.
A aposta eleitoral e a aliança estratégica com um
setor da classe capitalista pareceram dar seus melhores frutos entre 2006 e
2010. Mas o “lado B” daquela linha política mostrou toda sua força durante a
fase final do governo Dilma Rousseff, no golpe de 2016, na condenação e prisão
de Lula, na fraude que elegeu Bolsonaro.
Rebaixar o objetivo estratégico (substituir o
anticapitalismo socialista pelo discurso antineoliberal e confundir a luta pelo
poder com a conquista eleitoral de governos) trouxe, como efeitos colaterais, a
renúncia prática de tentar realizar as chamadas reformas estruturais, a crença
no compromisso democrático da classe dominante, a aposta no “republicanismo”, a
dependência crescente frente ao financiamento estatal e empresarial, o
enfraquecimento da organicidade militante e a subordinação do Partido (e
movimentos) aos governos.
Isto tudo, mais a guinada dada em 2015, quando a
presidenta Dilma Rousseff convocou Levy para ser ministro da Fazenda, tornaram
impossível ao PT prevenir, resistir e derrotar o golpe. Tudo poderia ter sido
diferente, mas o fato é que poucos setores do Partido perceberam que havíamos
entrado em “tempos de guerra”. Aliás, para um grande número de próceres
petistas, demorou a “cair a ficha” de que o Congresso aprovaria o
“impeachment”, de que o Judiciário condenaria e prenderia Lula, de que as
elites apoiariam Bolsonaro; e mesmo em 2018, nosso candidato Fernando Haddad achou
ser o caso de elogiar aspectos supostamente positivos do trabalho de Moro e da
Lava Jato.
No 6º Congresso nacional do PT (2017), o petismo
ensaiou uma autocrítica da estratégia adotada desde 1995, em particular dos
erros cometidos a partir de 2003. Mas, na campanha de Fernando Haddad e no 7º
Congresso nacional (2019), ficou evidente que uma parcela significativa do
Partido simplesmente não consegue visualizar a possibilidade de adotar outra
estratégia, que não aquela já adotada contra os governos tucanos de Fernando
Henrique Cardoso. É este o motivo real de alguns que, contra todas as
evidências, seguem recusando fazer autocrítica da estratégia adotada desde 1995:
o temor dos desdobramentos práticos que advirão do reconhecimento de que foi
errada a política de “conciliação de classe”.
Caso a parcela moderada do petismo tenha razão,
mais cedo ou mais tarde a história se repetirá, ganharemos as eleições, voltaremos
ao governo federal e poderemos, então, implementar políticas públicas que,
novamente, vão melhorar a vida do povo, ampliar as liberdades democráticas e
reconstruir as bases da soberania nacional. E o golpismo terá sido apenas um
hiato, um ponto fora da curva.
Vale dizer que, caso este cenário se converta em
realidade, estará dada a justificativa para que o PT conclua sua metamorfose,
deixando de ser um partido socialista (que luta pela superação do capitalismo)
e se convertendo em um partido democrático (que luta apenas pela
“democratização do capitalismo”). Isto porque o referido cenário demonstraria
algo que, como já expliquei, considero muito improvável: que o capitalismo
contemporâneo, especialmente o brasileiro, seria capaz de conviver democraticamente
com políticas reformistas estruturais e de longa duração. Neste caso, a luta
pelo socialismo se metamorfosearia na luta por reformar o capitalismo. E minha
colega de almoço teria, no final das contas, toda razão em se espantar com a
existência de “comunistas-petistas”.
Mas se a parcela moderada do petismo não tiver
razão, se o golpismo não for um hiato, mas uma tara; se o capitalismo
brasileiro em particular e o capitalismo contemporâneo em geral não forem
capazes de conviver e assimilar políticas reformistas fortes (como as propostas
por Jeremy Corbins e Bernie Sanders, por exemplo), então quem insistir numa
estratégia testada e superada, estará contribuindo para o prolongamento da
derrota sofrida entre 2016 e 2018, derrota aprofundada ao longo de 2019.
Vale lembrar que esta derrota não foi apenas do PT,
nem apenas do conjunto dos partidos de esquerda. Foi de toda a classe
trabalhadora e pode ser medida objetivamente pela piora nas condições de vida,
pela redução nas liberdades e na soberania.
Frente a esta derrota, cada setor do PT e o petismo
como um todo são chamados a escolher uma, dentre três alternativas fundamentais:
a) ou reorientar completamente a estratégia, em condições cada vez mais
difíceis e com cada vez menos chance de êxito; b) ou se adaptar cada vez mais,
rebaixando os horizontes e as práticas ao nível da degeneração; c) e/ou viver
derrotas em série, até que, mais cedo ou mais tarde, surja um partido que nos
superará pela esquerda, como o próprio PT fez com os partidos de esquerda pré-existentes.
Detalhe: que partido seria este, capaz de, na pior
das alternativas citadas, superar o petismo? Muito provavelmente, nenhum dos
que estão aí se candidatando ao posto. Primeiro, porque uma destruição
catastrófica do petismo criaria uma nuvem tóxica que sufocaria todas as
organizações de esquerda, por muito tempo. Segundo, porque para surgir um
partido que substitua o PT, seria necessário um tsunami de lutas sociais,
similar ao dos anos 1970 e 1980. O Partido dos Trabalhadores, é bom lembrar,
surgiu muitos anos depois da grande derrota sofrida pelo PCB e pelo PTB, num
ambiente de ascenso da luta de massas.
Portanto, os problemas estratégicos que o PT
enfrenta são imensos. Não admira que muitas pessoas não queiram pensar a
respeito. Não admira, também, que outras simplesmente pirem, desistam,
capitulem, cansem de “dar murro em ponta de faca”, abandonem a militância ativa.
Assim como não admira que alguns hipotequem sua alma a um cargo em comissão (ou
similar) e deixem “a vida levar”, movidos pela crença inercial de que contra
Bolsonaro dará certo o que fizemos contra FHC.
Como reação pessoal, é compreensível e, em muitos
casos, inevitável, embora em alguns casos não seja agradável de ver, muito
menos de cheirar, como é o caso de alguns personagens absolutamente
irrecuperáveis, que poderiam contribuir fazendo como Vaccarezza, Palocci e
outros, saindo formalmente de um Partido ao qual já não pertencem de fato.
Mas do ponto de vista político, nenhuma das atitudes
citadas anteriormente contribui para enfrentar e solucionar o problema
estratégico posto. Assim como tampouco contribui sair do PT em busca de uma
utópica e inexistente bolha sem problemas, atitude adotada por muitos que não
percebem que os problemas do PT não são problemas apenas do PT, mas sim os
problemas da imensa maioria da vanguarda da classe trabalhadora brasileira.
Motivo pelo qual muitas pessoas saem do PT, mas o PT não sai delas; motivo pelo
qual muitos partidos de esquerda atuam, na prática, como se fossem “tendências
externas” do petismo.
Uma coisa é certa: a classe trabalhadora vai dar a
volta por cima, mais cedo ou mais tarde. E se queremos que isto ocorra o mais
rápido possível, se não queremos que se repita um cenário como o de 1964/1980, então
é preciso trabalhar para evitar a destruição catastrófica do petismo.
Este é um dos motivos pelos quais, 40 anos depois,
continuo apostando no PT. Esse é, também, o motivo pelo qual alguns dos que
apostaram noutros projetos partidários, visando superar o PT, hoje estão mudando
de linha e reaproximando do petismo.
Falando noutros termos: só sob a liderança da
esquerda, a classe trabalhadora será capaz de derrotar o neofascismo e o
ultraliberalismo; e até onde a vista alcança, não há como a esquerda fazer
isso, sem o PT ou contra o PT. Mas se isto é verdade, também é verdade que o PT
só conseguirá contribuir neste sentido, se mudar sua orientação política e,
principalmente, se conseguir materializar esta nova linha política, em uma nova
prática política. Pois não será a golpe de selfies e tuítes que conseguiremos
recuperar maioria política e organicidade militante, para as posições de
esquerda, na classe trabalhadora.
Isso me remete para o outro dos motivos pelos quais
ingressei no PT, nos anos 1980, motivo que continua válido até hoje. Em 2010,
ao completar 30 anos, o PT não era apenas o Partido no qual militava a maior
parte da vanguarda da classe trabalhadora brasileira; era também o Partido
preferido pela maior parte da classe trabalhadora brasileira.
Hoje, dez anos depois, a situação se alterou em
dois sentidos: cresceu bastante o número de militantes que não são petistas; e
também cresceu bastante a parcela da classe trabalhadora que não vota no PT,
muito antes pelo contrário. Entretanto, todas as pesquisas formais e informais
indicam que o petismo continua sendo a opção da maior parte dos trabalhadores e
trabalhadoras conscientes.
Além disso, mesmo nas cidades e estados onde o PT
se enfraqueceu muito, e por isto está sendo superado eleitoralmente por concorrentes
de esquerda, estes partidos supostamente alternativos ao PT já incorrem em
muitos dos defeitos do petismo, algumas vezes (infelizmente) sem incorrer nas
qualidades.
Dito de outra forma, mesmo onde a estrutura formal
do PT e sua força eleitoral estão em mal estado, a maior parte da vanguarda da
classe trabalhadora segue sendo “petista”. E para conquistar esta base social,
os partidos que surgiram fazendo a crítica ao PT acabam adotando posições (e
atitudes) que mimetizam as do PT. Com isso, alguns (e, às vezes, vários) dos
problemas que enfraqueceram o PT continuam presentes nas suas supostas
alternativas. Um dos exemplos disto é o que vemos, por exemplo, no Rio de
Janeiro: o PSOL superou o PT eleitoralmente, mas o conjunto da esquerda é menor
hoje do que era antes, motivo pelo qual a direita vem até agora nadando de
braçada.
Este é, portanto, outro dos motivos pelos quais
continua sendo necessário disputar os rumos do PT. Pois se o PT não conseguir
superar seus próprios problemas e limitações, o conjunto da esquerda e o
conjunto da classe trabalhadora pagarão muito caro por isto; e, se após um
tempo mais ou menos prolongado de derrota, surgir uma alternativa, esta
alternativa enfrentará muitos dos mesmos dilemas que o PT enfrenta hoje; e se o
PT não tiver conseguido enfrentar e superar estes dilemas, será muito mais
difícil que nossos eventuais sucessores tenham êxito. Evitar um “loop infinito”
como o citado é outro dos motivos pelos quais, 40 anos depois, considero
necessário permanecer no PT.
E aqui voltamos ao ponto de partida deste texto:
boa parte da força gravitacional do PT, nos anos 1980, vinha da convicção de
que era possível e necessário construir um partido revolucionário de massas. Ou
seja, engajar dezenas de milhões de pessoas em um movimento político e cultural
contra tudo isso que está aí, num curso anticapitalista, anti-imperialista,
socialista, revolucionário, capaz de virar o Brasil de ponta cabeça.
Ainda não demonstramos que isto é possível. O
Brasil de 2020 é, em vários aspectos, pior do que o Brasil de 1980. Mas, seja
naquilo que tivemos êxito parcial (melhorar relativamente a vida do povo),
quanto naquilo em que ainda não tivemos êxito (mudar as estruturas do país, derrotar
a classe dominante e impedir seu movimento reacionário), em todo caso ficou
confirmada a necessidade inescapável de um movimento organizado de dezenas de
milhões de trabalhadores e de trabalhadoras, dispostas a lutar radicalmente
contra o status quo.
Também neste sentido, os motivos que nos levaram a
apostar a vida na construção do petismo seguem plenamente válidos. E aos que
estão inundados por aquele pessimismo derrotista tão típico de épocas de reação
política, só posso dizer que se o bolsonarismo demonstrou que é possível
converter milhões de pessoas em favor de posições reacionárias, absolutamente
desprezíveis e criminosas, por qual motivo seria impossível ganhar milhões de
pessoas para posições revolucionárias, em favor da mais ampla felicidade e
igualdade?
Não se trata de acreditar na influência dos ventos
alísios na menstruação da borboleta azul, mas simplesmente de lutar. Estudar,
lutar, organizar, reconquistar maioria na classe trabalhadora: este é o caminho
para superar a “crise dos 40” do nosso Partido dos Trabalhadores. E das
trabalhadoras.