quarta-feira, 18 de setembro de 2024

Roteiro de debate sobre conjuntura

A seguir roteiro da exposição que será feita no debate sobre "Os desafios da esquerda nas eleições municipais", debate realizado em Natal, no dia 18 de setembro de 2024.

Momento em que fazemos este debate: 18 dias antes da eleição. Neste momento nosso desafio é vencer. 

O que significa vencer?

Primeiro, conquistar prefeituras. Especialmente de grandes cidades, mas também de médias e pequenas.

Segundo, eleger vereadores. Seja para serem base de apoio de nossos governos municipais, seja para fazerem oposição aos governos de direita, seja para serem porta-vozes de nosso  projeto político.

Terceiro, ampliar a votação de nosso Partido e da esquerda como um todo. Seja para vencermos, seja para acumularmos forças para futuras disputas.

Para vencer, em qualquer um dos sentidos acima, precisamos de candidaturas, dinheiro, linha política e militância. 

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Infelizmente, não lançamos tantas candidaturas quanto deveríamos ter lançado.

Em 2024, foram inscritas 15.366 candidaturas a prefeito e 422.490 candidaturas a vereador. 

Destas, 78% foram inscritas por partidos do centro-direita, da direita gourmet e da direita cavernícola. 

E apenas 22% foram inscritas por partidos que compõem a centro-esquerda ou esquerda (PCB, UP, PSTU, Federação PSOL-Rede, Federação PT-PCdoB-PV, PDT e PSB).

Em números: 3.322 candidaturas a prefeito e 87.082 candidaturas a vereador foram inscritas por partidos que podem ser descritos como de centro-esquerda ou esquerda. 

Enquanto 12.044 candidaturas a prefeito e 335.408 candidaturas a vereador foram inscritas por partidos de centro-direita, direita e extrema-direita.

No caso do PT, lançamos 1380 candidaturas à prefeitura e 26.654 candidaturas à vereança.

Já o PL lançou 1474 e 32357, respectivamente.

Detalhe: o PL está lançando mais candidaturas agora do que em 2020. E nós estamos lançando um pouquinho a mais para prefeituras e menos para vereança.

Aqui no Rio Grande do Norte, por exemplo, segundo levantamento divulgado pela UOL, os partidos de esquerda não lançaram candidatos em 38,9% das cidades.  Isso apesar de Lula ter vencido aqui no segundo turno de 2022, com 65% dos votos.

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Também não dispomos de tanto dinheiro quanto necessitaríamos. 

O Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC) em 2024 é de R$ 4.961.519.777,00.

Este dinheiro é dividido entre 29 partidos. Se somarmos os recursos recebidos por todos os partidos de centro-esquerda e esquerda, eles vão receber mais ou menos 1 bilhão e 219 milhões. 

Os partidos de centro-direita, direita e extrema direita vão receber 3 bilhões e 742 milhões.

Ou seja: mesmo sem incluir doações de pessoas físicas muito ricas, sem incluir o dinheiro ilegal que continua chegando nas campanhas, sem incluir o uso da máquina, está evidente que o lado de lá tem muito mais dinheiro que o lado de cá.

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Portanto, o que pode fazer a diferença é linha política e militância.

No quesito linha política, é preciso considerar que nem toda a esquerda se comporta como esquerda.

Nem todas as candidaturas do PCB, UP, PSTU, Federação PSOL-Rede, Federação PT-PCdoB-PV, PDT e PSB se comportam como deve se comportar a esquerda.

O que significa se comportar como esquerda? Adotar, em cada questão, o ponto de vista da classe trabalhadora, o ponto de vista que interessa aos que vivem do trabalho, o ponto de vista dos que são explorados e oprimidos.

Quem adota este ponto de vista, precisa dirigir suas propostas e sua campanha exatamente para esses setores.

E precisa compreender que não basta ter propostas de políticas públicas.

Tem que ter.

Mas também tem que travar o debate ideológico, de visão de mundo, sobre as grandes questões que nossas cidades, nossos estados, nosso Brasil, nosso continente e nosso mundo enfrentam.

A direita faz luta ideológica o tempo todo.

E muita gente de esquerda tem medo de aparecer com nossas cores, com nossa estrela, com nosso partido e com nossa posição socialista.

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Finalmente, é preciso ter militância.

Esse foi sempre um de nossos pontos mais fortes.

E hoje não é mais assim.

Em parte porque temos tido menos lutas sociais, de onde nasce a maior parte da militância.

Em parte porque várias  de nossas organizações e direções - não todas - têm apostado menos na formação política e na mobilização.

Em parte porque alguns de nós - não todos - estamos nos burocratizando, o que inclui converter em emprego o que deveria ser voluntariado.

Em parte porque muitos de nós - não todos - estamos sendo dominados pela inércia, pela passividade, pela modorra, pela apatia, pela Matrix.

E, finalmente, porque há entre nós quem fique aguardando que a solução para o problema caia do céu, ao invés de cumprir o seu dever.

Não se deve esperar, nunca, que todo mundo seja revolucionário profissional. Mas se cada um de nós não ampliar o tempo dedicado para a militância, o resultado é que vamos ser derrotados.

Três histórias para ilustrar: atestado só de óbito, aposentadoria do traidor, festa do Avante.

Os tempos em que vivemos, na nossa região e no mundo.

Conflito EUA x China, OTAN x Rússia, Israel x Palestina.

Argentina, Equador, El Salvador.

Bolívia, Chile, Venezuela, Cuba.

Os tempos que viveremos, no Brasil, se não reagirmos.

Cumprir o seu dever, em cada lugar: componente indispensável da vitória.







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