Diante
das mobilizações contra os aumentos e pela reversão das tarifas do
transporte coletivo em diversas cidades do país, a Direção
Nacional da Articulação de Esquerda, tendência interna do Partido
dos Trabalhadores, manifesta seu repúdio à repressão: a questão
social não é caso de polícia e, portanto, não deve ser tratada
dessa maneira. O direito à livre manifestação foi conquistado
duramente e não podemos permitir que seja ameaçado.
A
ação truculenta da PM-SP já virou rotina em toda e qualquer
manifestação popular, o que reforça a necessidade de rever o
modelo de polícia militarizada vigente no país e demonstra o
autoritarismo do governo estadual e seu desprezo pelas demandas
populares. Atos isolados de provocadores inconsequentes não podem
servir de pretexto para a ação violenta dos órgãos de repressão,
especialmente da Polícia Militar do estado de São Paulo, sob
comando do governador Geraldo Alckmin (PSDB).
Consideramos
que frente às legítimas reivindicações de setores da população,
cabe aos governos negociar. Neste caso, negociar na perspectiva de
reverter o aumento das passagens e, principalmente, alterar os
parâmetros que organizam o transporte público nas cidades
brasileiras, que deve ser financiado cada vez mais coletivamente,
pelos impostos, e não individualmente, pelos usuários, via
pagamento de tarifas.
É
importante lembrar que as manifestações das juventudes brasileiras
dos grandes centros urbanos demonstram que a insatisfação com os
transportes não se limita ao preço da tarifa. Constituem também
uma reação contra um modelo que privilegia a lucratividade da
iniciativa privada, que explora economicamente o direito fundamental
de mobilidade, que é especialmente prejudicado nas regiões
metropolitanas.
Para
esquerda brasileira, em especial para o Partido dos Trabalhadores,
estas manifestações devem servir como um alerta acerca do mal-estar
existente nas juventudes, nos setores populares, nos grandes centros
urbanos. Afinal, apesar do Brasil estar hoje muito melhor do que na
era neoliberal e muito melhor do que estaríamos se os tucanos
tivessem vencido as eleições de 2002, 2006 e 2010, ainda assim o
país continua sendo brutalmente desigual.
Uma
desigualdade que está presente na vida pessoal e na vida pública. O
acesso à habitação, à saúde, à educação, à cultura, ao
esporte, ao lazer, à comunicação, ao transporte e, de maneira
geral, o acesso a tudo aquilo que a vida urbana pode nos oferecer,
ainda é distribuído de maneira totalmente desigual. A isto se
agrega a violência, que atinge especialmente as periferias e os
setores populares, inclusive por obra de uma polícia tantas vezes
racista e brutal.
Também
por isto, o PT deve enxergar nesta explosão de parcelas da juventude
de nossas cidades não apenas um sinal de alerta, mas um sinal de
vitalidade, um ponto de apoio fundamental para nós que desejamos
prosseguir na obra que iniciamos em 1980 e que continuamos desde
2003.
Por
isto dizemos aos nossos governos que negociem. Por isto propomos aos
nossos parlamentares e militantes, que estejam presentes nas
manifestações. Para defender o direito à mobilização, para
isolar os provocadores e, principalmente, para apoiar a luta por uma
vida melhor. Pois é a luta que faz a lei.
O
papel de defender a ordem e o status quo é das forças da direita. A
nós cabe lutar para ultrapassar os limites do possível. Por isto,
nós do PT devemos ser os primeiros a dar um viva às manifestações
e clamar para que não sejam passageiras.
Direção
Nacional da Articulação de Esquerda
15
de junho de 2013
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