sexta-feira, 25 de outubro de 2024

Celso Amorim e a “confiança quebrada”

Segundo Celso Amorim explicou, em entrevista ao Globo, o veto à entrada da Venezuela “não se trata de democracia, mas de confiança que foi quebrada”.


“Confiança quebrada”!

Semprei achei o oficio diplomático algo muito difícil. Mas para quem adota a “confiança” como critério, deve ser duríssimo. 

Uma verdadeira montanha russa emocional.

Afinal, a esmagadora maioria dos Estados tem o hábito de colocar seus interesses acima de quaisquer outras considerações, inclusive das solenes declarações feitas na noite anterior.

Os Estados Unidos, por exemplo, vivem decepcionando quem tem “confiança” nas promessas deles. Vide o caso das negociações do Brasil com o Irã, a pedido de Obama.

Aliás, pergunta: o Brasil “confia” em cada um dos integrantes do BRICS? A Venezuela seria mesmo um ponto fora da curva?

Seja como for, o que um Estado deve fazer quando há uma “confiança que foi quebrada”?

Fazer uma “DR” e recomeçar outra vez?

“Dar um gelo”? Retaliar? Mostrar quem manda? Romper relações? 

Mudar de continente (e de vizinhos)?

Ao colocar o problema nesses termos - “confiança quebrada” - somos levados a abordar uma questão de Estado de um ponto de vista muito louvável nas relações pessoais, mas pouco apropriado, digamos assim, à selva da política, especialmente, mas não só, da politica internacional.

Reconheço, entretanto, que a teoria da “confiança quebrada” ajuda a entender os acontecimentos dos últimos dias. Pois o fato de uma teoria ser errada, não impede que as pessoas acreditem e se orientem por elas.

Entretanto, mesmo deste ponto de vista, nossas relações com a Venezuela não começaram ontem. Assim, se é para falar de “confiança”, é bom lembrar de tudo que aconteceu em nossas relações bilaterais, especialmente desde 2016.

Quando se faz isso, é impossível desconhecer que, se existiu “quebra de confiança”, não foi unilateral.



4 comentários:

  1. ¿Confianza quebrada? Oh, mister Amorín. Me recuerda mucho las razones del tío Sam.

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  2. https://mst.org.br/2024/10/25/mst-desenvolve-area-experimental-de-producao-agroecologica-modelo-na-venezuela/

    "El Principito"

    – Eu estou aqui, disse a voz, debaixo da macieira...
    – Quem és tu? perguntou o principezinho. Tu és bem bonita...
    – Sou uma raposa, disse a raposa.
    – Vem brincar comigo, propôs o principezinho. Estou tão triste...
    – Eu não posso brincar contigo, disse a raposa. Não me cativaram ainda.
    – Ah! desculpa, disse o principezinho.
    Após uma reflexão, acrescentou:
    – Que quer dizer "cativar"?
    – Tu não és daqui, disse a raposa. Que procuras?
    – Procuro os homens, disse o principezinho. Que quer dizer "cativar"?
    – Os homens, disse a raposa, têm fuzis e caçam. É bem incômodo! Criam galinhas também. É a única coisa interessante que eles fazem. Tu procuras galinhas?
    – Não, disse o principezinho. Eu procuro amigos. Que quer dizer "cativar"?
    – É uma coisa muito esquecida, disse a raposa. Significa "criar laços".
    – Criar laços?
    – Exatamente, disse a raposa. Tu não és ainda para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo...

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  3. Romântico demais pecar nações em crise diplomática, com " cativar entre raposa e principezinho"

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