Mataram Durval Teófilo Filho.
Mataram Moise Katagambe.
Mataram muitos mais, desde há muito. E se deixar vão seguir matando.
Houve manifestações em todo o país, contra o racismo.
Uma das manifestações foi em Curitiba.
A manifestação de Curitiba aconteceu no sábado, 5 de fevereiro.
Soube dela na segunda, 7 de fevereiro, as 10h46 da manhã, quando
um integrante do Diretório Nacional do PT postou um twitter da Gazeta do Povo,
onde se podia ler o seguinte: “vereador do PT lidera invasão de igreja católica
durante missa”.
Seguiu-se um animado debate na lista de zap do Diretório Nacional
do PT.
Em paralelo, rolava o debate nas redes sociais e na mídia empresarial, como gosta de falar um companheiro, provavelmente por considerar este termo mais asséptico do que “oligopólio”.
Em ambos espaços, havia gente condenando a “invasão” e a interrupção de uma “missa”.
Fato?
Não, mentira.
A palavra invasão tem um significado muito conhecido.
Até por isso os movimentos de luta pela terra e por moradia preferem usar "ocupação".
Não houve "invasão": a porta da igreja estava aberta, não foi forçada; os manifestantes entraram pacificamente, não houve nenhuma depredação; os manifestantes fizeram uma declaração e saíram.
Algumas imagens da performance estão nas imagens deste link:
https://www.instagram.com/p/CZrnwIeg05q/
Também não houve interrupção de missa: como se pode ver nas imagens citadas acima, no momento da entrada dos manifestantes não havia nenhuma celebração ocorrendo na igreja.
Hoje cedo, alertado a respeito de estar difundindo fake
news, um professor universitário apagou seu post – sem reconhecer o erro – e agregou
um questionamento: não via motivo para a manifestação ser feita na porta de uma
Igreja.
O professor escreveu assim: "Poderiam protestar na porta de um quartel da Marinha, mas escolheram uma igreja".
O motivo pode não fazer sentido para o colega professor
universitário, mas faz absoluto sentido para quem compreende porque a igreja em tela se
chama Igreja de Nossa Senhora do Rosário de São Benedito.
Ou seja: o protesto não foi contra a igreja, o protesto foi defronte a igreja, pelo simbolismo desta igreja para o movimento negro.
Os fatos são esses: não houve invasão, não houve interrupção
de missa, nem houve intenção de atacar a igreja.
(Diferente de outro mais famoso, os manifestantes de Curitiba não entraram no templo para protestar contra os vendilhões.)
Mas como no caso da mamadeira de piroca, a direita não
perdeu tempo: entre outros, Bolsonaro e Moro já se pronunciaram a respeito, em suas contas pessoais.
Conclusão?
Primeiro, é preciso saber que – como no passado - este tipo
de situação vai acontecer muitas e muitas vezes. Portanto, menos pânico e mais cabeça fria.
Segundo, não podemos repetir as mentiras do lado de lá. Cada
militante que repercutiu a "narrativa" sobre “invasão” e “interrupção de culto” deveria
pensar duas vezes a respeito dos motivos pelos quais continua caindo neste tipo
de parola.
Terceiro: ninguém precisa concordar com o feito. Aliás, se possível não devemos cair em tentações, digo: provocações.
Os relatos são convergentes: um diácono da igreja foi grosseiro com os manifestantes. Estes obviamente não acharam graça nenhuma em ser enxotados, enxotados logo daquela igreja, enxotados no contexto daquela manifestação. E por isso resolveram entrar na Igreja, criando inadvertida mas previsivelmente o pretexto e as imagens usadas para falar em “profanação injuriosa”
(Aliás, Cantalice que me perdoe, mas a nota de Dom José Antonio Peruzzo tem momentos de pura desfaçatez. E como ainda vivemos num Estado laico, o fato dele ser Arcebispo não o livra de ser criticado pelo dito e pelo não dito).
Por fim: ninguém precisa pedir licença para lutar. Mas é preciso saber que nestes tempos tenebrosos, a direita não dá trégua e uma parte dos chamados “progressistas” está com medo até de sua sombra.
Por isso, quem quiser
fazer algo um pouquinho fora do esquadro precisa estar disposto a segurar a
onda, pois a solidariedade não é líquida e certa como (parecia ser) noutros
tempos.
E por falar em solidariedade, ninguém se iluda: vai aumentar a pressão para Renato Freitas ser cassado de sua cadeira de vereador do PT em Curitiba (PR).
Além disso, Renato Freitas já era e vai continuar sendo cada vez mais caçado, com o objetivo de massacrar sua imagem e sua vida.
Motivo a mais para as pessoas preocupadas com a "dignidade do templo", não esquecerem da necessidade de proteger a dignidade e a vida do nosso companheiro.
Uma pergunta: por que ele foi com a militância do PCB? O que agrega um partido que nos ataca de manhã, de tarde e de noite e que foi favorável ao golpe de 2016?
ResponderExcluirEstavam todos na praça, inclusive varios militantes do PT. A existência de partidos políticos é assegurada pela constituição assim como a liberdade de expressão e manifestação.
ResponderExcluirO PCB não ataca o PT, ataca a política de conciliação de classes do PT social democrata.do PT neoliberal.
ResponderExcluirde 2022 10:26
ResponderExcluirO PCB não ataca o PT, ataca a política de conciliação de classes do PT social democrata.do PT neoliberal
VC só pode estar de brincadeira, né? A manifestação ocorreu dentro de uma igreja. É possível um ato dentro de uma igreja? Um ato contra os crimes bárbaros que são cometidos por racismo? É mais do que possível, é desejável, é imperativo. Mas isso não implica eu desconhecer que estou em uma igreja, que é um espaço que possui os seus códigos, os quais são compartilhados pelos fieis. Além disso, se eu não controlo todo o uso da imagem que produzo, preciso ao menos tentar limitar ao máximo a possibilidade de usos arbitrários. Nenhuma das duas questões foi objeto de respeito: nem a liturgia do espaço, nem o cuidado com as imagens que circulariam fora do contexto, mas que levam a igreja consigo. Quem deve segurar a onda é que realiza ações sem pensar nas consequências, é quem não reflete minimamente.
ResponderExcluirPosso afirmar que não havia missa na hora em que militantes entraram na igreja, foi justamente no momento que os fiéis saíram, que o padre pediu que os manifestantes saíssem da frente da igreja, na praça. Não houve invasão, visto que a porta ao lado estava aberta. Eu não entrei para não aglomerar. Estava lá por solidariedade aos congoloses que atendo como advogada. E não sou filiada a nenhum partido.
ExcluirSem esquecer que é o povo que mantém os templos e os clérigos, seja como fiéis, seja porque arcam com seus impostos pessoais enquanto os templos estão dispensados de qualquer obrigação para com o Estado!
ExcluirManifestação de indignação não escolhe lugar. Companheiro Renato está correto. Se padre Júlio Lancellot diz que isso é armação contra Renato. Imagine eu. É claro que pra chamar atenção até de petistas "progressistas" deve se armar da dignidade da situação. Imagine se fizessem como fizeram nós Estados Unidos quando policial matou um negro debaixo do seu tacão. Imagina a covardia de tantos progressistas. Viva Renato e seus amigos. Se estava pessoal do PCB. Queria que estivesse pessoal do PSDB? Imagina uma cabeça dessa de gente que combina com romance da Lispector " A hora da estrela". Gente que fala, sem estudar a importância desse partido de esquerda na luta por Democracia e justiça social no Brasil.
ExcluirEstratégia de c* é rola agora?
ResponderExcluirEntão...
ResponderExcluirPolíticos da velha guarda entram em igrejas pra pedir votos!
Padres e Pastores "orientam" seus fiéis nas eleições, mas finalizar uma manifestação por vidas negras em frente de uma igreja construída por negros que eram impedido por lei de frequentar a Matriz, isso não pode?
Ah vá!
Gostei
ExcluirMas já fui testemunha de um grave episódio, no plenarinho da Assembleia legislativa do PR, em um evento de discussão de políticas públicas para migrantes e refugiados, no ano de 2017, quando um grupo, liderado pelo então assessor da Al, entrou no local com máscaras do então juiz Sérgio Moro, gritando palavras de ordem ofensivas aos migrantes e aos presentes, interrompendo a audiência pública e causando profunda humilhação aos migrantes. Isso não mereceu nenhuma atenção da mídia, sendo grave porque o líder era servidor da Al. Nada lhe aconteceu!
ResponderExcluirEsse assessor era Eder Borges do MBL
ExcluirSe o técnico do Palmeiras, sr. Abel Ferreira tem como lema "coração quente, cabeça fria!" eu penso que estes são tempos de um balde de água fria no coração e na cabeça.
ResponderExcluirConte até dez, beba um copo de água.
Pomar, conhece a oração que Jesus ensinou: "Não deixes cair em tentação", porque é impossível que as tentações, provocações venham. "... mas livrai-nos do mal". E você que crê diga Amém
Mais que um mal entendido, foi um erro. Todos erramos. O erro é tentar desobjetificar o objeto religioso. Não se faz piada, não se critica, não se odeia, não se ridicularizam bandeiras, espaços, símbolos e dogmas, sejam eles de qualquer denominação. Ninguém é dono da verdade.
Tratado sobre a tolerância, O Sagrado e o profano, enfim... os professores sabem indicar bons livros e ajudar a esfriar essas mentes. Sou contra o ensino religioso pois o Estado deve ser laico, mas defendo o Ensino de História das Religiões (no plural) nos cursos de licenciatura pra educadores de ciências humanas de forma obrigatória (1 semestre).
O PT como instituição deve pedir desculpas à todos que se sentiram agredidos de alguma forma e dizer que os petistas respeitam as religiões. Como diz uma frase já popular, "o Estado é laico, mas as pessoas não são."
Não vou dizer a forma, mas seria bom uma pessoa ler um comunicado votado pela Direção.
"nem rir nem chorar: compreender"
(Spinosa)
Vá te lascar
ExcluirNotícia de ontem 10/02/2021 tem informação relevante
Excluirhttps://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2022/02/10/vereador-que-protestou-em-igreja-contra-racismo-podera-perder-o-mandato.htm
Durante sessão na Câmara de Curitiba ontem, Renato pediu desculpas pelo ocorrido. ""Algumas pessoas se sentiram profundamente ofendidas [pela manifestação contra o racismo ter se estendido à igreja] e a elas eu peço perdão, pois não foi, de fato, a intenção de magoar ou ofender o credo de ninguém, até porque eu mesmo sou cristão"
Tem que dialogar, ouvir muito e pacificar.
PAZ, PÃO e TERRA !
Lê-se no Instagram: “Este vídeo pode apresentar conteúdo explícito ou de violência.”
ResponderExcluirParece que muitos petistas, tão somente preocupados com a campanha eleitoral da chapa Lula-Alckmin, diante do aviso alarmista do Instagram, nem se deram ao trabalho de assistir ao vídeo.
...
“Seguiu-se um animado debate na lista de zap do Diretório Nacional do PT.”
Valter Pomar quer nos deixar morrendo de curiosidade.
Valter, socialize o que rolou nesse debate. Solte os babados.
(Jucemir Rodrigues da Silva)
Acho complicado misturar dois problemas como se fossem um só.
ResponderExcluirUma coisa é a perseguição ao vereador Renato Freitas, petista, negro, de esquerda, com certeza um alvo da direita, que deve ser defendido contra as canalhices, com certeza.
Outra coisa é a atitude desmiolada de entrar numa igreja com um ato sem ter sido convidado. Isso pode sim ser interpretado como uma agressão pela comunidade católica, mesmo que no concreto nada de realmente importante tenha acontecido aí.
O que o povo negro ganhou com isso? Nada.