Nesta
segunda-feira, 1 de junho, aconteceu uma reunião do Diretório Nacional do
Partido dos Trabalhadores.
Seguindo o
modelo adotado desde que começou a pandemia, a reunião teve uma parte transmitida
ao vivo, pela TV do Partido dos Trabalhadores.
Entretanto,
diferente de reuniões anteriores, esta realizada no dia 1 de julho limitou-se a
esta parte transmitida ao vivo, na qual falaram – entre outros -- o ex-ministro
Chioro, o governador Wellington e a governadora Fátima, os líderes Enio e Rogerio,
prefeitos e duas integrantes da executiva nacional do PT, Fernando Haddad,
Dilma Rousseff e Lula.
Na segunda
parte deste texto, destacarei o que me pareceram ser os melhores momentos,
inclusive a exposição de um trigêmeo muito famoso.
A íntegra do que foi dito
está disponível na TVPT.
A rigor, o
que ocorreu dia 1 de junho foi uma “live”, uma “audiência pública” denominada,
inadequadamente, de “reunião extraordinária do diretório nacional”. Mas reunião
mesmo não houve, inclusive porque não houve debate, não houve deliberação.
Exceto, a bem da verdade, uma importante declaração de apoio à imponente mobilização
da população negra dos Estados Unidos, contra o racismo da suposta “maior
democracia do mundo”.
Alguns
dirigentes do Partido solicitaram que houvesse reunião “de verdade”, já que a
conjuntura internacional e nacional está aquecendo muito rapidamente,
manifestos estavam circulando etc. Mas foi dito, por quem estava dirigindo a
reunião, que não era possível, que não havia horário livre para uma reunião
esta semana e que uma reunião deveria ser preparada, além de outros argumentos.
Mas a realidade
se impôs. Lula era o último a falar. E falou. Parte do que ele disse já era de
conhecimento público. Parte não era. E, muito rapidamente, o debate que poderia
ter sido feito, de maneira organizada, numa reunião do Diretório Nacional,
passou a ser feito publicamente.
O pano de
fundo do debate é um manifesto intitulado “ESTAMOS JUNTOS”. Curiosamente, parte
dos que criticam a fala do companheiro Lula, parecem não ter lido o texto deste
manifesto, que reproduzo na íntegra ao final.
“Estamos
Juntos” não fala de Bolsonaro.
“Estamos
Juntos” não fala do fascismo.
Nem da
tutela militar.
Do que fala “Estamos
Juntos”?
O tal texto
abre assim: “Somos cidadãs, cidadãos, empresas, organizações e instituições
brasileiras e fazemos parte da maioria que defende a vida, a liberdade e a
democracia”.
Claro que
cada um tem seu conceito de “liberdade e democracia”. Mas não há relativismo que
nos permita acreditar que “empresas” sejam capazes de defender “a vida, a
liberdade e a democracia”.
A inclusão
desta palavra – “empresas” – é muito reveladora, acerca da autoria intelectual
do manifesto.
O texto
continua assim: “Somos a maioria e exigimos que nossos representantes e
lideranças políticas exerçam com afinco e dignidade seu papel diante da
devastadora crise sanitária, política e econômica que atravessa o país”.
Convenhamos:
o mundo aponta o dedo acusador contra Jair Bolsonaro. Mas o manifesto prefere
não citar nomes.
Segue o
texto: “Somos a maioria de brasileiras e brasileiros que apoia a independência
dos poderes da República e clamamos que lideranças partidárias, prefeitos,
governadores, vereadores, deputados, senadores, procuradores e juízes assumam a
responsabilidade de unir a pátria e resgatar nossa identidade como nação”.
A “independência
dos poderes da República” está ameaçada por quem? O texto prefere não citar
nomes. Mas fala em “unir a pátria”. Unir a pátria contra quem e a favor do que?
Nossa “identidade como nação” inclui ou exclui Guedes Chicago Boy??
Na
sequência, o texto afirma: “Somos mais de dois terços da população do Brasil e
invocamos que partidos, seus líderes e candidatos agora deixem de lado projetos
individuais de poder em favor de um projeto comum de país”.
Opa, opa!
Em nenhum momento
“Estamos Juntos” fala contra Bolsonaro, contra o fascismo, contra a tutela
militar.
Em nenhum
momento “Estamos Juntos” fala do sofrimento da classe trabalhadora brasileira,
vítima das políticas neoliberais e ultraliberais de Guedes e, antes dele, de “Temer-ponte-para-o-futuro”.
O texto fala
em nome de dois terços, mas não coloca sobre a mesa temas como o desemprego, os
baixos salários, as longas jornadas, a perda de direitos, o ataque contra os
sindicatos.
Sendo assim,
em nome de que “projeto comum de país” se está invocando que todos abandonem
seus “projetos individuais de poder”??
O texto
continua: “Somos muitos, estamos juntos, e formamos uma frente ampla e diversa,
suprapartidária, que valoriza a política e trabalha para que a sociedade
responda de maneira mais madura, consciente e eficaz aos crimes e desmandos de
qualquer governo”.
Frente
ampla, diversa, suprapartidária, contra “qualquer governo”?
Nem uma
palavra sobre o governo concreto, que está cometendo crimes e desmandos todo
dia.
No parágrafo
seguinte, o texto diz que: “Como aconteceu no movimento Diretas Já, é hora de
deixar de lado velhas disputas em busca do bem comum. Esquerda, centro e
direita unidos para defender a lei, a ordem, a política, a ética, as famílias,
o voto, a ciência, a verdade, o respeito e a valorização da diversidade, a
liberdade de imprensa, a importância da arte, a preservação do meio ambiente e
a responsabilidade na economia”.
A lembrança
das Diretas Já é ótima! Lá havia um objetivo claro: aprovar uma emenda
constitucional convocando eleições diretas para presidente da República.
E hoje? Os
signatários do “Estamos Juntos” estariam de acordo em defender a PEC das
eleições diretas, que está tramitando na Câmara dos Deputados? Estariam de
acordo em apoiar o impeachment do cavernícola? Em defender o Fora Bolsonaro?
Só fazendo
algo desse tipo, caberia comparar o “Estamos Juntos” com as Diretas Já.
Mas é pouco
provável que isso ocorra. Afinal, o texto -- que começou dando às empresas o
mesmo status que os cidadãos—nesta passagem propõe “deixar de lado velhas
disputas em busca do bem comum”, incluindo no bem comum “a lei e a ordem”.
Como já foi
dito, a autoria intelectual deste texto é óbvia.
O texto continua
assim: “Defendemos uma administração pública reverente à Constituição, audaz no
combate à corrupção e à desigualdade, verdadeiramente comprometida com a
educação, a segurança e a saúde da população. Defendemos um país mais desenvolvido,
mais feliz e mais justo”.
Parágrafos
assim podem ser lidos em textos de quase todos os partidos brasileiros.
Novamente, perguntamos: com Guedes ou sem Guedes?
A seguir,
pode-se ler: “Temos ideias e opiniões diferentes, mas comungamos dos mesmos
princípios éticos e democráticos. Queremos combater o ódio e a apatia com
afeto, informação, união e esperança”.
Comungamos
dos mesmos princípios éticos e democráticos?
Quer dizer
que os que defenderam o impeachment de Dilma e a prisão de Lula comungam dos “mesmos
princípios” que os que foram depostos e presos ilegalmente, injustamente?
O manifesto
termina dizendo assim: “Vamos #JUNTOS sonhar e fazer um Brasil que nos traga de
volta a alegria e o orgulho de ser brasileiro”.
Lendo o
manifesto do “Estamos Juntos”, não resta dúvida: Lula tem razão no que disse,
ao final da audiência pública promovida pelo Diretório Nacional do PT no dia 1
de junho.
Na
continuação deste texto, falaremos mais a respeito.
Somos
cidadãs, cidadãos, empresas, organizações e instituições brasileiras e fazemos
parte da maioria que defende a vida, a liberdade e a democracia.
Somos a
maioria e exigimos que nossos representantes e lideranças políticas exerçam com
afinco e dignidade seu papel diante da devastadora crise sanitária, política e
econômica que atravessa o país.
Somos a
maioria de brasileiras e brasileiros que apoia a independência dos poderes da
República e clamamos que lideranças partidárias, prefeitos, governadores,
vereadores, deputados, senadores, procuradores e juízes assumam a
responsabilidade de unir a pátria e resgatar nossa identidade como nação.
Somos mais de
dois terços da população do Brasil e invocamos que partidos, seus líderes e
candidatos agora deixem de lado projetos individuais de poder em favor de um
projeto comum de país.
Somos
muitos, estamos juntos, e formamos uma frente ampla e diversa, suprapartidária,
que valoriza a política e trabalha para que a sociedade responda de maneira
mais madura, consciente e eficaz aos crimes e desmandos de qualquer governo.
Como
aconteceu no movimento Diretas Já, é hora de deixar de lado velhas disputas em
busca do bem comum. Esquerda, centro e direita unidos para defender a lei, a
ordem, a política, a ética, as famílias, o voto, a ciência, a verdade, o
respeito e a valorização da diversidade, a liberdade de imprensa, a importância
da arte, a preservação do meio ambiente e a responsabilidade na economia.
Defendemos
uma administração pública reverente à Constituição, audaz no combate à
corrupção e à desigualdade, verdadeiramente comprometida com a educação, a
segurança e a saúde da população. Defendemos um país mais desenvolvido, mais
feliz e mais justo.
Temos ideias
e opiniões diferentes, mas comungamos dos mesmos princípios éticos e
democráticos. Queremos combater o ódio e a apatia com afeto, informação, união
e esperança.
Vamos
#JUNTOS sonhar e fazer um Brasil que nos traga de volta a alegria e o orgulho
de ser brasileiro.
De pleno acordo com o texto, estou junto com o autor e com LULA
ResponderExcluirEu costumo repetir por onde eu passo, como um mantra, o Sem Medo de Ser Feliz não foi apenas um slogan, foi concretização de sonhos de felicidade de cada brasileiro e de cada brasileira. O povo brasileiro se deixou levar pela mídia anti-petista, pelo ódio, truculência, sentimento meritocrático que ilude a si próprio, se identificou no pior dos piores e revelou isso nas eleições de 2018. Desejo e atuo para que, pelo menos a maioria dos que elegeram o pior dos piores, se arrependa de verdade e aprenda, demonstrando na prática e no voto, a importância da política é imensa na vida de cada https://almapreta.com/editorias/realidade/se-os-partidos-nao-se-organizam-o-povo-vem-para-a-rua-diz-fundador-da-gavioes-da-fiel?fbclid=IwAR3qlaLRZlBXzuCZR22Baq_IuUThb27vYfaa9o0aGCH7R35T9rdLAeeHEr0; bem como que defender a democracia é fundamental para a existência do equilíbrio harmônico social. Sem Medo de Ser Feliz não foi apenas um slogan foi uma realidade vivida no governo de Lula e que foi tolhida no segundo mandato da presidente Dilma por parte incalta da população, pelos banqueiros que não queriam que as taxas de juros diminuíssem e facilitasse a vida da população, por causa de políticos "honestos" como Eduardo Cunha e sua trupe, por causa de Aécio Neves que no início do mandato de Dilma jurou derrubá-la.Desejo firmemente que todos os envolvidos no golpe de 2016 e na vitória de Bolsonaro, nas eleições de 2018, se arrependam piamente e aprendam a votar para que, se não pudermos ser felizes como fomos na era Lula e Dilma, saibamos repudiar o que é muito nefasto para o Brasil e para os brasileiros. Que o povo brasileiro aprenda de uma vez por todas que soberania nacional não é apenas uma palavra bonita, mas é o verdadeiro sentimento de amor a pátria e aos compatriotas; que ser solidário não é ir a igreja e fazer tudo errado, é querer um governo que faça programas sociais conforme os que Lula e Dilma fizeram. Estou muito triste com o povo do país ao qual eu nasci. Desejo que o povo brasileiro crie juízo e aprendam a viver em sociedade, aprendam a amar de verdade, deixem de ser sepulcros caiados, deixem de ser hipocritas. Meu desejo é conhecer Lula e Dilma pessoalmente para agradecer por tudo que eles fizeram pelo país onde nasci. Muito obrigada, a Lula, Dilma, PT e todos os políticos que NÃO deram o golpe na nação em 2016!
ResponderExcluirEstamos juntos com Lula no posicionanento relativo a clareza de objetivos de uma frente ampla que estabeleça a luta pela democracia e a defesa das instituições porém não explicita contra quem estamos lutando - FORA BOLDONARP - e não levanta a importância da defesa dos direitos sociais e da vida dos pobres e oprimidos do nosso país
ResponderExcluirO texto do Valter desmascara essa tentativa de construir uma frente ampla aonde as lutas sociais e a defesa da vida dos menos favorecidos não aparece como fundamental neste momento político de confronto com um governo fascista e ultraliberal
O que se desenha é uma saída institucional à direita com setores da esquerda isolando o PT, assim como foi a iniciativa das diretas já e eleição no colégio eleitoral de 1985. Muda-se os atores mas o roteiro permanece neoliberal.
ResponderExcluirestou também solidário ao LULA e apoio integralmente a sua fala na reunião que acabou sendo pública *(huum, que não deveria, sendo uma reunião de instância partidária...mas vá lá...serviu pra desbancar
ResponderExcluirpetistas inscautos e ingenuos.e/ou medrosos)....NÃO NÃO TEMOS OBJETIVOS COMUNS COM QUEM FORMULOU PARTICIPOU E EXECUTOU OSGOLPES DER 2016 E DE 2018....NOSSO CAMINHO É NAS RUAS PELA ESQURDA COM OS MOVIMENTOS SOCIAIS ABAIXO O FASCISMO FORA GOVERNO BOLSONARO E SUAS POLITICAS NOVAS ELEIÇÕES!
Apoio a clareza e coragem de Lula !
ResponderExcluir