Como você vê a contraposição entre o Consenso de Washington e o pacto da nova governança global e desenvolvimento lançado por Lula?
O Consenso de Washington está ideologicamente desmoralizado. Mas continua
econômica e politicamente poderoso. As políticas de austeridade, de orientação
neoliberal, continuam sendo hegemônicas na Europa, EUA e Japão. Tudo que atua
no sentido de superar estas políticas é positivo. Mas, evidente, nem tudo que
se propõe a superar o neoliberalismo, terá êxito, nem o fará em benefício dos
trabalhadores. Uma parte da esquerda européia e brasileira, por exemplo, ataca
o neoliberalismo, mas continua prisioneira de conceitos e práticas herdeiras do
Consenso de Washington.
O senhor poderia tecer considerações sobre a visão mundial sobre o Lula como estadista, e a onda de ataques que ele recebe pela imprensa brasileira?
A imprensa brasileira é, majoritariamente, propriedade e porta-voz das
classes dominantes. E a posição hegemônica das classes dominantes brasileiras,
acerca do PT e de Lula, é "na falta de alternativa, suportar; aceitar
jamais, e fazer tudo para que seja passageiro e não volte mais". Fora do
país a visão é mais matizada. Mas não nos iludamos: Lula é elogiado como
estadista quando interessa, mas quando não interessa o atacam, como ocorreu no
caso das negociações entre Irã, Turquia e Brasil.
À luz da favelização do mundo e sua mundialização do Brasil, qual implicação traz à posição do Brasil no campo diplomático internacional?
Nosso governo deve trabalhar para que o Brasil lidere um bloco de países latino-americanos e caribenhos. Devemos trabalhar, também, para que a integração regional seja combinada com uma mudança profunda na ordem econômico social de nossos países. E se preparar para enfrentamentos cada vez mais duros com os que se pretendem donos do mundo.
Como o senhor observa a proposta de Lula de retomar as Caravanas da Cidadania.
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