A edição 106 do Página 13 publica um conjunto de textos dedicados a situação da mulher.
Publicamos, também, textos dedicados aos encontros setoriais do Partido: o dia 3 de março foi a data limite para a inscrição de candidaturas à coordenação, chapas para compor os setoriais estaduais e chapas para eleger delegados aos setoriais nacionais.
Tratamos, ainda, do quadro eleitoral nas cidades do Rio de Janeiro e de Campinas. Voltaremos a estes dois temas (setoriais e eleições 2012) na edição 107, que circula em abril.
Registramos, ainda, o trágico assassinato de Paulo Rocaro, jornalista e militante petista, dirigente do Partido na cidade de Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul.
Entre os muitos temas que não conseguimos abordar nesta edição, há um que desejamos tratar neste editorial: a política externa do governo Dilma.
O recente voto do Brasil, na Assembléia das Nações Unidas, em favor de uma resolução criticando a situação na Síria, assim como a postura adotada anteriormente em favor de uma “inspeção” acerca da situação dos direitos humanos no Irã, foram atitudes incorretas que na prática contradizem as motivações humanitárias e pacifistas professadas pelo governo brasileiro.
Além de não contribuir para a solução dos reais problemas internos de países como Síria e Irã, além de reduzir a influência positiva que o Brasil tem junto a eles, atitudes como estas acabam servindo de decoração para o teatro que os Estados Unidos e seus aliados organizam previamente às agressões militares.
A política externa do governo Lula não foi “revolucionária”, nem foi “antiimperialista”. Mas talvez por isto mesmo contribuiu muito para ampliar a margem de manobra, na América Latina e noutras regiões do mundo, de todos aqueles que lutam contra a hegemonia estadounidense.
Isto foi possível entre outros motivos porque, na gestão Celso Amorim/Samuel Pinheiro Guimarães, se soube navegar contra certas hipocrisias diplomáticas, que no mais das vezes apenas servem para encobrir os interesses da potência dominante.
O Brasil não precisa, não pode e não deve apoiar ditaduras, nem podemos fechar os olhos a agressões aos direitos humanos. Mas tampouco podemos ser massa de manobra dos interesses dos EUA e de seus ditadores amigos. Nem cabe compartilhar as ilusões no “imperialismo humanitário” e na “democracia imposta através da invasão estrangeira”.
Não se trata apenas de ter “responsabilidade ao proteger”. Se trata de perceber que a ingerência externa não é e nunca foi um bom caminho para os que desejam combinar desenvolvimento, com democracia, paz e direitos humanos.
Defendemos que o PT debata nossa política externa, nesta fase sob orientação de Dilma e Patriota. Que aponte os elementos de continuidade. Que registre as inflexões positivas. E que critique de maneira clara as inflexões negativas, que em nossa opinião não são desdobramentos da personalidade da presidenta ou do novo chanceler, mas sim resultado de uma avaliação política equivocada acerca do papel dos Estados Unidos, do Brasil e da pauta dos direitos humanos no mundo atual.
Durante o período Lula-Amorim também houve equívocos, como no caso do Haiti e da postura frente às negociações da Organização Mundial do Comércio. Mas em temas chave como a ênfase na integração latino-americana e na preservação da paz não se cometeu nenhum erro fundamental. É disto que se trata, no fundo: que no caso do Irã e da Síria, entre outros, não se cometa nenhum erro fundamental.
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