Clóvis Rossi é um dos colunistas mais influentes da Folha de S.Paulo. Escreve sobre tudo, mas nos últimos tempos parece ter se especializado em espancar o PT.
No sábado, 4 de agosto, ele afirmou que o PT é um caso para a proteção ao consumidor, pois entre os partidos representados no Congresso, só o PSOL merece o “rótulo” de esquerda. Quanto ao PT, estaria “com o prazo de validade vencido há pelo menos quatro anos e meio. Procon nele”.
Para chegar a esta conclusão, Rossi desenvolve duas linhas de argumentação. A primeira delas é colocar um sinal de igual entre o governo Lula e o PT.
O governo Lula é um governo de coalizão partidária (entre partidos de esquerda, centro e direita) e social (entre setores da classe trabalhadora e setores do grande Capital). Não é, portanto, um governo de esquerda, nem um governo petista.
Isso impõe ao PT uma contradição: participar e apoiar um governo contra a oposição (de direita e de esquerda); e, ao mesmo tempo, pressionar e disputar os rumos deste governo contra os aliados.
Por quanto tempo um partido de esquerda pode participar/disputar um governo de centro-esquerda, sem deixar ele próprio, enquanto partido, de ser de esquerda?
Esta é uma questão presente todo dia, na cabeça da maioria dos quadros do PT. Não porque somos descerebrados, como diz Clóvis Rossi. Mas sim porque a imensa maioria dos petistas tem compromissos ideológicos, programáticos, políticos de esquerda.
Portanto, sabemos que há uma contradição entre o que faz o governo Lula e o que desejamos como militantes. Mas também sabemos que há uma distância entre o que desejamos e o que pode ser obtido, nesta quadra histórica.
Esta contradição entre querer e poder não foi inventada pelo PT. Ela está presente na história da esquerda, em todo o mundo, desde 1789 pelo menos.
Frente a esta contradição, “descerebrados” são os que respondem com maximalismo (ou tudo, ou nada). A imensa maioria apresenta respostas mediadas. No caso do Brasil, por exemplo, as mediações dos petistas que fundaram o PSTU foram menores do que as mediações feitas pelos petistas que fundaram o PSOL. E, obviamente, muito menores do que as mediações dos militantes que seguem no Partido dos Trabalhadores.
Não há respostas fáceis para estas questões. Olhando
Ele começa afirmando que “os quadros petistas, com isoladas exceções, continuam se rotulando” de "esquerda".
Em contraposição, Rossi lembra que o “guru máximo, Luiz Inácio Lula da Silva”, disse que "se você conhecer uma pessoa muito idosa esquerdista, é porque ela tem problemas".
Conclusão a que chega Rossi: “como quase todos os líderes petistas, bem como seus bajuladores na mídia e na academia, já têm uma certa idade, só cabe uma de duas possibilidades: ou ‘têm problemas’ ou são uma fraude”. Rossi fica com a segunda hipótese.
Rossi lembra, ainda, “que a esquerda não manda no governo”, a menos que o PT considere que Henrique Meirelles é "o banqueiro do povo". Algo que Clóvis Rossi considera “ridículo, mas possível na facção descerebrada do lulo-petismo”.
Para que não reste dúvida, Rossi ataca aqueles que, “entre os descerebrados, (...) dirão que as bolsas-esmola são de esquerda”, quando em sua opinião elas “não passam da aplicação prática da frase de Maria Antonieta: ‘Não tem pão, comam brioche’. No Brasil-2007, fica assim: não tem emprego, não tem instrução, não tem como sobreviver pelos próprios meios, comam bolsa-esmola. Nada contra, aliás. Melhor brioche que fome, óbvio”.
Conclusão a que Rossi chega é que “o rótulo ‘esquerda’ hoje aplica-se ao PSOL, entre os partidos representados no Congresso. O do PT está com o prazo de validade vencido há pelo menos qu
Vejamos o artigo “Sem medo de ser patrulhada”, em que Rossi comenta a entrevista de Paulo Zotollo, presidente da Philips do Brasil.
Para Clóvis Rossi, a atitude de Zotollo “parece por fim” ao tempo em que as “patrulhas da esquerda gritavam ‘é da direita’, e o patrulhado se calava sem que fosse preciso acrescentar um mísero argumento para desqualificá-lo”.
Segundo Rossi, Zotollo não se assume “como de direita. Mas assume-se, sim, como rico e da elite, mas nem por isso disposto a calar-se ante o patrulhamento”.
Para Rossi, esta atitude seria compreensível, por dois motivos: a “vitória da direita na guerra ideológica do século passado” (vitória simbolizada pela queda do Muro) e a “violenta guinada do maior partido de esquerda, o PT”.
Com isto, quando as “patrulhas” gritam “é de direita”, ficaria difícil saber a quem elas se referem. Afinal, diz Rossi, “Paulo Maluf e Fernando Collor, dois arquetípicos representantes da direita”, são agora “aliados desde criancinhas do governo Lula”; Delfim Netto, “o demônio preferido da esquerda”, foi “entronizado conselheiro econômico do ‘rei’ Lula, mais ouvido por ele do que os economistas de esquerda de tempos já mortos”; José Sarney é “outro incondicional do lulismo”, embora tenha sido “presidente do partido de apoio ao regime surgido do golpe de 64”, exatamente “o fantasma que agora Lula invoca sem olhar para o lado e ver seus aliados”.
A conclusão a que chega Rossi é que o grito "é a direita/é o golpe" ficou igual ao "olha o lobo".
Segundo ele, “ninguém sério leva a sério. Só os debilóides das patrulhas”.
O outro artigo de Clóvis Rossi intitula-se “Um caso para o Procon”.
Ele começa afirmando que “os quadros petistas, com isoladas exceções, continuam se rotulando” de "esquerda".
Em contraposição, Rossi lembra que o “guru máximo, Luiz Inácio Lula da Silva”, disse que "se você conhecer uma pessoa muito idosa esquerdista, é porque ela tem problemas".
Conclusão a que chega Rossi: “como quase todos os líderes petistas, bem como seus bajuladores na mídia e na academia, já têm uma certa idade, só cabe uma de duas possibilidades: ou ‘têm problemas’ ou são uma fraude”. Rossi fica com a segunda hipótese.
Rossi lembra, ainda, “que a esquerda não manda no governo”, a menos que o PT considere que Henrique Meirelles é "o banqueiro do povo". Algo que Clóvis Rossi considera “ridículo, mas possível na facção descerebrada do lulo-petismo”.
Para que não reste dúvida, Rossi ataca aqueles que, “entre os descerebrados, (...) dirão que as bolsas-esmola são de esquerda”, quando em sua opinião elas “não passam da aplicação prática da frase de Maria Antonieta: ‘Não tem pão, comam brioche’. No Brasil-2007, fica assim: não tem emprego, não tem instrução, não tem como sobreviver pelos próprios meios, comam bolsa-esmola. Nada contra, aliás. Melhor brioche que fome, óbvio”.
Conclusão a que Rossi chega é que “o rótulo ‘esquerda’ hoje aplica-se ao PSOL, entre os partidos representados no Congresso. O do PT está com o prazo de validade vencido há pelo menos quatro anos e meio. Procon nele”.
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