No dia 29 de dezembro de 2021, o vice-presidente nacional do PT
Washington Quaquá deu uma entrevista atacando gratuitamente a presidenta Dilma
Rousseff.
A entrevista pode ser lida no endereço abaixo:
As declarações de Quaquá foram rebatidas prontamente pela
companheira Gleisi Hoffmann, como se pode ler no endereço a seguir:
No dia 30 de dezembro, o assunto também foi objeto de uma nota
assinada por 27 secretarias estaduais e pela secretaria nacional de mulheres do
PT. A referida nota pode ser lida abaixo:
https://pt.org.br/nota-sobre-dilma-e-a-relevancia-eleitoral-de-mulheres-na-politica/amp/
Além disso, tivemos inúmeras declarações, posts, mensagens e
textos, entre os quais:
http://valterpomar.blogspot.com/2021/12/quaqua-ataca-dilma.html
Repúdio ao ataque de Quaquá contra Dilma
São inaceitáveis as declarações do vice-presidente nacional do
PT, Washington Quaquá, contra a ex-presidente e companheira Dilma Roussef.
Grosseiras, deturpadoras da história e politicamente nefastas.
Comentando a ausência de Dilma no jantar de Lula com Alckmin,
Quaquá disse que Dilma é “eleitoralmente irrelevante” e chegou a atribuir-lhe a
responsabilidade pelo impeachment. Foi além, afirmando que temos de esquecer o
golpe, “desconsiderar o passado para pensar no futuro”
Esquecer o golpe, Sr. Vice-presidente, é repetir os erros, as
mesmas alianças, a mesma fé nos inimigos. É desarmar politicamente o partido,
num momento crucial.
O Diálogo e Ação Petista repudia as declarações de Quaquá e
exige que ele faça uma retratação pública.
Manifestamos nossa integral solidariedade à companheira Dilma,
vítima ontem de um golpe e hoje do ataque gratuito de Quaquá.
31 de dezembro de 2021.
Comitê Nacional do Diálogo e Ação Petista
Também no dia 31 de dezembro,
Quaquá divulgou um texto a respeito da polêmica, no seguinte endereço:
https://www.brasil247.com/blog/olhem-para-cima
Por uma dessas ironias do destino, estava exatamente assistindo
“Don´t Look Up” quando cometi o erro de ler o texto de Quaquá. E simplesmente
não consegui terminar de ver o filme, sem antes fazer alguns comentários a
respeito das opiniões expressas pelo referido vice-presidente nacional do PT.
Vou pular as partes que são mera
agressão, inclusive a piadinha boboca feita com meu sobrenome. Também vou pular
a parte em que Quaquá lembra de suas origens (embora sempre me dê vontade de
citar a esse respeito o suposto diálogo em que Chu afirma para Brejnev que
ambos traíram suas origens de classe). Igualmente vou deixar de lado as várias
afirmações demagógicas, tipo “deixar de ser candidato” e se apresentar como
vítima de uma tentativa de “calar a sua voz” etc. Tudo isto que deixo de lado é
parte importante do estilo literário de Quaquá, mas não acrescenta nada ao
debate de mérito.
Sobre o mérito: Quaquá deu uma entrevista falando sobre a
ausência da companheira Dilma Rousseff em um jantar promovido pelo grupo
Prerrogativas, bem como falando sobre o papel de Dilma na campanha de Lula.
Não sou da coordenação
(que aliás não foi formada) e não tenho influência sobre isso, mas “a Dilma não
tem mais muita densidade eleitoral para ter um papel eleitoral central na
campanha do Lula”.
Quaquá tem todo o direito de achar
isso, assim como tem todo o direito de dar opiniões públicas sobre o que bem
entender. Mas quem fala o que quer, está sujeito a ouvir o que não gostaria.
Para começo de conversa: Dilma tem mais densidade eleitoral do
que grande parte dos integrantes da direção do PT, Quaquá inclusive. Dilma foi
eleita e reeleita presidenta da República e teve cerca de 2,7 milhões de votos
para senadora em Minas Gerais em 2018.
Na verdade, se aceitássemos como
válido o critério de Quaquá – segundo o qual seria preciso ter “muita densidade
eleitoral para ter um papel eleitoral central na campanha de Lula” – Dilma sem
dúvida alguma faria parte da lista das pessoas habilitadas a ter este papel eleitoral
central.
Quaquá não respeita seu próprio critério, mas isso não importa,
pois o que ele buscava era uma maneira supostamente objetiva para
“desqualificar” a presidenta Dilma, ou seja, para sustentar a tese de que a
opinião de Dilma não tem relevância no que diz respeito a campanha de Lula em
2022.
Quaquá diz ter falado em seu nome
e não em nome do PT. O que é verdade em termos: se Quaquá não fosse
vice-presidente nacional, suas opiniões não teriam recebido destaque algum.
Quaquá diz, também, não ter falado “nenhuma mentira” e que
não desrespeitou em nenhum momento a ex-presidenta. Entretanto, como lembramos
acima, a afirmação de Quaquá sobre a densidade eleitoral de Dilma não é
verdadeira; e na opinião de muita gente, eu inclusive, é um “desrespeito”
desmerecer o papel dela.
Mas vamos dar a Quaquá o benefício
da dúvida e acreditar que ele não tinha a intenção de desrespeitar Dilma. Um
problema é que – mesmo depois da reação de muita gente contra seus comentários
iniciais– Quaquá segue se fazendo de desentendido.
Contudo, o que foi dito até agora é parte do problema, não o
problema inteiro. Pois o maior desrespeito, o maior ataque e o maior erro
político de Quaquá não envolve o tema da “densidade eleitoral”; diz respeito ao
tema do golpe de 2016.
Segundo o próprio Quaquá, perguntado se “não achava ruim o
presidente Lula fazer aliança com quem apoiou o golpe”, ele teria dito o
seguinte: “A direita brasileira e o centro romperam o pacto democrático de
1988, é isso foi uma tragédia pro Brasil. Deu no que Deu! Mas também precisamos
reconhecer que à presidente Dilma faltou habilidade para tratar com a base
aliada no Congresso”.
Ou seja: houve golpe, mas faltou
“à presidenta Dilma habilidade para tratar com a base aliada no Congresso”. Ou
seja: coloca-se no mesmo plano o golpe e o trato com a base aliada. Não é
preciso nenhum esforço interpretativo para concluir que – segundo Quaquá – o
golpe aconteceu porque Dilma não teve habilidade.
Historicamente, isso é simplesmente falso. Politicamente, como
disse alguém que não posso citar, trata-se de “miopia política da mais
desqualificada esta suposição de que com negociação fisiológica tudo se
resolve”. E do ponto de vista “pessoal”, é um desrespeito sem tamanho imputar a
vítima a culpa pela violência.
Talvez por não conseguir enxergar a lógica por detrás desse seu
modo de pensar – culpar a vítima pela violência - Quaquá não entenda o motivo
de ter sido criticado por uma nota da secretaria nacional de mulheres do PT.
Um detalhe importante é que Quaquá não inclui, nas frases que
afirma ter dito ao jornalista, o seguinte: “Existe um pedaço pequeno do PT que ainda fica nesse negócio de
golpe. Política não se faz com ressentimento, se faz pensando em estratégias
para transformar a vida do povo” (...) Temos que desconsiderar o passado para
pensar no futuro”.
Novamente, vou partir do princípio de que Quaquá está falando a
verdade e que, portanto, as frases acima transcritas foram inventadas pelo
jornalista. Mas o que ele assume ter dito já é o suficiente para confirmar que
ele “viaja na maionese” no debate sobre a densidade eleitoral e que sua
“narrativa” sobre o golpe é do tipo “vamos lembrar da culpa da vítima” etc.
O final do texto de Quaquá pode ser resumido em duas partes.
Numa delas, ele critica a (supostamente) esquerda do PT. O
método desta crítica é o seguinte: ele faz uma caricatura, depois espanca a
caricatura. Com este método ele obviamente vence todas as polêmicas; mas por
outro lado torna-se inútil debater suas afirmações.
A segunda parte do final é uma exposição da estratégia, do
programa e da política de alianças que Quaquá defende “para os próximos 30 anos”.
Num resumo: ampliar ao máximo as alianças em direção ao
centro; depois, rachar as elites e atrair uma parte do empresariado para um
programa econômico reformista. Esse programa vai começar de “baixa
intensidade”, mas vai em direção a um “Estado de Bem Estar Social pujante e
verdadeiro, que avance a consciência popular e sua organização rumo a um
socialismo democrático.
Para viabilizar estes objetivos “é preciso construir um pacto
que garanta por 30 anos três eixos essenciais para o país”. Ou seja, o caminho
para mudar profundamente o Brasil seria um pacto (como ninguém pensou nisso
antes!!!) em torno do “fortalecimento da democracia”, “da soberania nacional,
com o controle das riquezas nacionais sob comando do Estado” e da “distribuição
de renda e riqueza de forma paulatina”.
Atentem para as palavras “pacto” e
“paulatino”
Como é óbvio, Quaquá considera que o governo Lula 2023-2026 é o
ponto de partida desses “30 anos”: só Lula tem força pra construir um pacto
de 30 anos de prosperidade! Prosperidade para o Brasil e para o povo brasileiro!
Um pacto Lula + 30! Um pacto para além do próprio Lula biológico.
Mas para isso tudo dar certo, não podemos fazer “um governo de
confronto”, mas sim um “pacto” com “forças sociais amplas” etc.
Pacto, pacto, pacto.
Obviamente alguém pode perguntar como devemos fazer para evitar que
este “plano” seja atropelado pelas classes dominantes, mais ou menos como
ocorreu com Vargas, com Jango e mais recentemente com os governos do PT.
E é exatamente neste ponto que Quaquá vincula o seu plano de 30
anos com seu ataque contra Dilma. Vejamos:
E o que tudo que falei tem a ver com esse histerismo em relação
a uma declaração simples e nada desrespeitosa que dei em relação a ex presidenta
Dilma? Tem a ver que não podemos cometer os mesmos erros cometidos.
E tem muita gente querendo cometer. Em essência esses que criticam o ato do
grupo prerrogativas e a foto do presidente Lula com Geraldo Alkimin.
- Não organizar o povo;
- Não fortalecer os partidos de esquerda e organizações
populares;
- Escolher mal ministros de Supremo; STJ etc;
- Dar autonomia político/persecutória/ilegal a PF;
- Deixar que uma corporação se autogoverne e faça o que quer,
inclusive escolhendo seu procurador geral, como no caso do MPF;
- Criar leis como a do terrorismo; MP conduzir inquéritos e
investigação; Delação premiada sem nenhum critério; etc etc etc…
E nem os erros de:
- descuidar e tratar mal a base aliada no congresso e não saber
fazer conta na hora de disputar o comando da câmara e do senado;
- não entender que o congresso, para o bem e para o mal,
represente s sociedade brasileira e suas virtudes e deficiências, é que nenhuma
sociedade é uma loja de perfume francês, cherosinha… E que é preciso fazer
política com base na realidade existente (...)”
O mínimo que se pode dizer do
raciocínio acima é tratar-se de uma mixórdia.
Em primeiro lugar: os erros cometidos pelo PT no governo federal
possuem muitas causas, algumas das quais têm relação com as concessões feitas
aos neoliberais e golpistas.
Portanto, para não cometer os mesmos erros cometidos entre 2003
e 2016, podemos começar não fazendo alianças com golpistas e neoliberais, muito
menos dando a um deles a candidatura a vice-presidente da República.
Em segundo lugar, os erros
cometidos pelo PT no governo federal não foram cometidos apenas nos mandatos de
Dilma, nem são erros individuais da companheira Dilma.
Neste ponto voltamos ao ponto de partida da polêmica toda: Quaquá pesa a mão contra Dilma.
Em terceiro lugar, a relação de erros citados por Quaquá demonstra
que, na visão dele, nosso sucesso depende essencialmente de operar corretamente
no plano das instituições de Estado.
A organização popular e o fortalecimento da esquerda são citados
no estilo “saudação à bandeira”. Toda a sua lógica é de disputar o Estado a
partir do Estado, o que é algo necessário, mas totalmente insuficiente, até
porque as instituições de Estado não são neutras nem integradas por gente desatenta, como demonstram os vários “golpes de Estado” ocorridos no Brasil.
Em quarto lugar, a relação elaborada
por Quaquá inclui, ainda que de maneira discreta, a defesa de alianças com
bolsonaristas e outros setores da direita.
Mas o mais interessante é a seguinte passagem: citar Dilma tem
a ver que não podemos cometer os mesmos erros cometidos. E tem muita gente
querendo cometer. Em essência esses que criticam o ato do grupo prerrogativas e
a foto do presidente Lula com Geraldo Alkimin.
Eu não faço a menor ideia dos motivos pelos quais Dilma não
esteve presente no jantar do Prerrogativas, assim como não sei o que ela pensa
da candidatura Alckmin. O que sei é que – ao contrário do que diz Quaquá – defender
a vice para Alckmin é reincidir em parte importante dos erros cometidos entre
2003 e 2016.
Resumo da ópera: Quaquá está errado ao atacar Dilma, Quaquá está
errado na avaliação do golpe e está errado em defender o pacto como estratégia de transformação da sociedade brasileira.
A rigor, Quaquá só me parece “coberto de razão” num único ponto, a
saber, na afirmação feita por ele numa postagem em sua conta do Instagram, no
dia 30 de dezembro de 2021. Segue abaixo:
De fato, a opinião de Quaquá não é só dele. Mas não vejo motivo de gáudio no fato de se fazer na vida pública o que outros fazem apenas na privada.
Parabéns pelo texto companheiro.
ResponderExcluirImportante seu contraponto, Pomar. Ela nos oferece a oportunidade de ir "mais além de Alckmin" e refletirmos sobre qual projeto se pode ter em um país eternamente em desenvolvimento, cuja sociedade está desapegada da gramática dos direitos e estruturalmente racista, machista, misógino e avessa ao laicismo. Até onde vamos com Lula e sua vocação messiânica (que não é só dele)? Há possibilidades de irmos sem ele e sem o PT há um lugar mais digno para a população? Qual a melhor estratégia?
ResponderExcluirValter deu o recado direitinho, Quaquá que vá cantar em outro lugar.
ResponderExcluirE aí então depois de toda essa conversa vocês vão fazer o quê com o Quaquá? Pode então ser vice do partido e denegrir a imagem dos expoentes do partido??
ResponderExcluirEsperamos que Quaqua leve ao menos uma advertência do partido. Obrigada pela luta e por produzir informação crucial para orientar a militância petista.
ResponderExcluirNo minimo Quaqua tem que aprender a respeitar as mulheres.
ResponderExcluirSe com Dilma expresidenta faz isso, imaginem do que é capaz no dia-dia com mulheres como eu tantas outras que ele considere "irrelevantes"
Dilma tem tanta relevância, que sofreu um golpe! Orquestrado pelos herdeiros das capitanias hereditárias.
ResponderExcluirSinceramente não sei o que esse senhor Quaqua ainda Faz no PT. Uma vergonha! Desrespeitoso e misogino, ainda flerta com a direita.
ResponderExcluirTotal apoio e solidariedade a ex presidenta Dilma!
Gostei bastante da reflexão. Pela nossa presidenta Dilma, e também pela repetição do erro de dar de lambuja,para os golpistas, mais umas vaguinhas nós Ministérios.
ResponderExcluirTotal solidariedade com nossa presidenta. Este senhor se mostrou misógino em público. Não sei porque falou da presidenta que sofreu um golpe e se defendeu com a maior elegância, firmeza, honradez. Me pergunto: este senhor continuará na vice-presidencia? É uma afronta e desrespeito. Além de expor o partido publicamente.
ResponderExcluirDilma foi eleita e reeleita em outro Brasil. Um Brasil quea extrema direita não tinha força política, que os militares não estavam no jogo político e a Lava Jato só estava no início.
ResponderExcluirDilma ficou em 4º em Minas Gerais para o senado. Ex-presidentes como Sarney e Colllor perderam eleição desse jeito?
O dado que não é considerado é que
Dilma saiu da presidência com alta rejeição e mínima aprovação, por isso o golpe foi popular e mesmo seu eleitorado de 14 ou apoio sua saída ou lavou as mãos.
E ele não disse que o golpe foi por causa da falta da habilidade de Dilma. Mas não podemos tapar o sol com a peneira. Ainda lembro que petistas que não estavam no governo sabiam que liderenças do governo estavam sendo grampeados, mas o Ministro Chefe da Casa Civil não. Só isso já mostra a falta de habilidade política do governo Dilma. Não precisa analisar sua relação com o congresso, que também é falha.
Penso que o assunto deve ser debatido, dentro do partido, com as lideranças, inclusive o presidente Lula, militantes e filiados até que haja um consenso...
ResponderExcluirJÁ QUE ESTAMOS "RASTEJANDO DIFUNTOS" IRRELEVANTES PARA O MOMENTO, VEM A PERGUNTA QUE NÃO QUIZ CALAR: PORQUE NÃO TIVEMOS CORAGEM DE METER MOURO NA CADEIA NO PRIMEIRO GRAMPO FEITO A UMA PRESIDENTA DA REPÚBLICA E UM EX PRESIDENTE E COLOCADO EM REDE NACIONAL, JÁ QUE TÍNHAMOS O ESTADO APARELHADO E A COBERTURA DA LEI DE SEGURANÇA NACIONAL, NO MÍNIMO? AH ERA UMA LEI DA DITADURA...BLÁBLÁBLÁ...."O PAU QUE DÅ EM CHICO TAMBÉM DÁ EM FRAMCISCO". QUEM NÃO BATE APANHA E QUEM DÁ O PRIMEIRO MURRO É QUE GANHA A BRIGA. INFELIZMENTE DEIXAMOS QUE LEVASSEM A PRIMEIRA FLOR DO JARDIM E NÃO FIZEMOS NADA. AÍ ELES DESTRUÍRAM O JARDIM INTEIRO. FAVAS CONTADAS QUE NÃO PODEM SER REPETIDAS. O QUE TEMOS QUE ESTÁ DISCUTINDO COM PROFUNDIDADE DENTRO DO PARTIDO É A GUINADA DA TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO PARA A ÓPUS SIE. SERÁ QUE ISSO TRARÁ ALGUMA PRIMAVERA?
ResponderExcluir* ÓPUS DIE
ResponderExcluirO PT tem cada figura nos seus quadros.Esse QuaQuá deixa muito a desejar.
ResponderExcluirIrretocável o texto e os apontamentos
ResponderExcluirValter preciso em seu diagnóstico, muito bom.
ResponderExcluirEsse senhor não merece o cargo que ocupa. É misógino, despreza a contribuição de militantes do sexo feminino. É a impressão que passa. As mulheres sustentam metade do céu.
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