segunda-feira, 2 de junho de 2014

Sobre a política de alianças

Setembro de 2011

O 4o Congresso do PT rejeitou várias emendas que propunham limitações e prioridades na política de alianças do Partido. Ao rejeitar as emendas, o Congresso manteve o texto-base, que salvo engano limita-se a dizer quem são nossos adversários: PSDB, DEM e PPS.
Na prática, portanto, o PT poderá realizar em 2012 alianças com todos os partidos da base aliada do governo Dilma.
Poderá, inclusive, participar de coligações integradas por partidos adversários (PSDB, DEM e PPS), desde que estes partidos não estejam na chapa majoritária.
Nisto, o Congresso do PT repetiu um equívoco iniciado em 2004: o de transformar a política de alianças do governo, em política de alianças do Partido.
O comportamento adequado, em nossa opinião, deveria ser outro.
Claro que precisamos de alianças.
Claro que alianças se faz com diferentes.
Claro que entre estes diferentes, há desde partidos de esquerda até representantes da classe dominante.
Afinal, a classe dominante brasileira está dividida: parte de seus integrantes apoia o bloco neoliberal (PSDB, DEM, PPS), parte apoia partidos conservadores que não podem ser classificados de “neoliberais” (caso do PMDB).
Nosso inimigo principal é o neoliberalismo.
Contra ele, podemos e devemos fazer alianças com partidos conservadores, que não são neoliberais.
Porém, se nos limitarmos a isto, poderemos derrotar o neoliberalismo, para colocar em seu lugar o “desenvolvimentismo conservador”, aquele no qual o país cresce, sem fazer reformas estruturais, com baixos teores de democracia, igualdade social, soberania nacional e integração continental.
Para que isto não ocorra, para que o pós-neoliberalismo seja um desenvolvimentismo democrático e popular articulado com o socialismo, é necessária outra correlação de forças na sociedade brasileira.
E para construir esta outra correlação de forças, é necessário reforçar o campo democrático-popular, composto pelos partidos e movimentos sociais de esquerda.
Por isto, a chapa Esquerda Socialista defendeu que “a prioridade para as alianças eleitorais em 2012 será montar coalizões programáticas com os partidos do campo democrático-popular”.
Quando fui defender esta emenda, deixei claro que não estava em discussão a composição do núcleo político do governo, nem se tratava de impedir alianças com partidos de centro, nem se tratava de obrigar nosso Partido a fazer alianças com PSB, PCdoB e PDT.
Depois que defendi esta emenda, fui contraditado pelo senador Humberto Costa, que infelizmente não respondeu a pergunta óbvia: se a prioridade do PT nas eleições 2012 não é o campo democrático-popular, qual é? O PMDB?
E, se for isto, considerando a capilaridade do PMDB na maioria dos municípios brasileiros, que efeito terá sobre o PT esta prioridade?
Minha impressão é que os companheiros e companheiras da maioria já se deram conta, mas ainda não descobriram como sair da armadilha em que se meteram.




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