Setembro de 2011
O 4o Congresso do PT rejeitou várias emendas que
propunham limitações e prioridades na política de alianças do Partido. Ao
rejeitar as emendas, o Congresso manteve o texto-base, que salvo engano
limita-se a dizer quem são nossos adversários: PSDB, DEM e PPS.
Na prática, portanto, o PT poderá realizar em 2012
alianças com todos os partidos da base aliada do governo Dilma.
Poderá, inclusive, participar de coligações integradas
por partidos adversários (PSDB, DEM e PPS), desde que estes partidos não
estejam na chapa majoritária.
Nisto, o Congresso do PT repetiu um equívoco iniciado
em 2004: o de transformar a política de alianças do governo, em política de
alianças do Partido.
O comportamento adequado, em nossa opinião, deveria
ser outro.
Claro que precisamos de alianças.
Claro que alianças se faz com diferentes.
Claro que entre estes diferentes, há desde partidos de
esquerda até representantes da classe dominante.
Afinal, a classe dominante brasileira está dividida:
parte de seus integrantes apoia o bloco neoliberal (PSDB, DEM, PPS), parte
apoia partidos conservadores que não podem ser classificados de “neoliberais”
(caso do PMDB).
Nosso inimigo principal é o neoliberalismo.
Contra ele, podemos e devemos fazer alianças com
partidos conservadores, que não são neoliberais.
Porém, se nos limitarmos a isto, poderemos derrotar o
neoliberalismo, para colocar em seu lugar o “desenvolvimentismo conservador”,
aquele no qual o país cresce, sem fazer reformas estruturais, com baixos teores
de democracia, igualdade social, soberania nacional e integração continental.
Para que isto não ocorra, para que o
pós-neoliberalismo seja um desenvolvimentismo democrático e popular articulado
com o socialismo, é necessária outra correlação de forças na sociedade
brasileira.
E para
construir esta outra correlação de forças, é necessário reforçar o campo
democrático-popular, composto pelos partidos e movimentos sociais de esquerda.
Por
isto, a chapa Esquerda Socialista defendeu que “a prioridade para as alianças
eleitorais em 2012 será montar coalizões programáticas com os partidos do campo
democrático-popular”.
Quando
fui defender esta emenda, deixei claro que não estava em discussão a composição
do núcleo político do governo, nem se tratava de impedir alianças com partidos
de centro, nem se tratava de obrigar nosso Partido a fazer alianças com PSB,
PCdoB e PDT.
Depois
que defendi esta emenda, fui contraditado pelo senador Humberto Costa, que
infelizmente não respondeu a pergunta óbvia: se a prioridade do PT nas eleições
2012 não é o campo democrático-popular, qual é? O PMDB?
E, se
for isto, considerando a capilaridade do PMDB na maioria dos municípios
brasileiros, que efeito terá sobre o PT esta prioridade?
Minha
impressão é que os companheiros e companheiras da maioria já se deram conta,
mas ainda não descobriram como sair da armadilha em que se meteram.
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