No dia 9 de
abril, os filiados e as filiadas ao Partido dos Trabalhadores vão comparecer às
urnas em todo o país. É o chamado PED: processo de eleição direta das direções
partidárias.
O PT já
realizou PED em 2001, 2005, 2007, 2009, 2011 e 2013. Antes, a eleição das
direções era feita nos congressos partidários: os filiados e filiadas
compareciam aos encontros de base (zonais e municipais), onde escolhiam direções
(o presidente não era eleito à parte) e delegações aos encontros superiores. Nos
encontros estaduais, eram eleitas as respectivas direções e as delegações ao
encontro nacional, onde se concluía o processo.
Com o PED, o
filiado passou a eleger presidente, direção e delegações pelo voto direto. Há
quem ache este processo mais democrático. Há quem o critique, inclusive por
reproduzir os vícios e problemas dos processos eleitorais tradicionais. Mas até
o momento, o grupo atualmente majoritário no diretório nacional do Partido – a chamada
“CNB” e seus aliados-- não aceitou mudar este método eleitoral.
Entretanto,
frente à derrota sofrida pelo Partido em 2016 e também como reação às críticas,
a “CNB” e seus aliados introduziram algumas mudanças nas regras do PED 2017.
A
principal destas mudanças foi aprovada ainda em 2015: poderão votar todos os
filiados e filiadas que tenham pelo menos 1 ano de partido, sem que seja
necessário estar em dia com as contribuições partidárias (exceção feita a quem exerce cargos de direção partidária, parlamentares, cargos executivos eleitos ou em comissão).
Outra mudança: o PED
elegerá presidente municipal, direção municipal e delegação estadual. Os congressos
estaduais e o congresso nacional serão no “velho estilo”.
Os críticos
ao novo sistema dizem que sob pelo menos três aspectos ele é pior do que o PED
anterior: a) poderá votar no dia 09 de abril quem não contribui financeiramente
com o Partido; b) aumentou a chance dos interesses e acertos eleitorais entre
dirigentes municipais e estaduais prevalecerem, na hora de compor e eleger
chapas, sobre os interesses programáticos e a linha política nacional do
Partido; c) diminuiu a quantidade de debates entre as chapas em todos os níveis
e o tempo de campanha é muito menor que antes.
Os críticos dizem
que há o risco de ocorrer algo que já teria ocorrido em 2013: um grande esforço
logístico para fazer votar filiados e filiadas, sem que isto tenha sido
acompanhado de esforço pelo menos proporcional para garantir a presença dos
filiados e filiadas nos debates.
Ademais, haveria também o risco de –
especialmente nos municípios onde há apenas uma chapa disputando --, ocorrer fraude
pura e simples: o número de participantes no PED ser um e o número indicado nas
atas ser outro.
Abstraindo
eventuais fraudes, existe uma questão que só será respondida no dia 9 de abril: que número de petistas vai atender ao chamado do Partido e participar da votação?
Em tese,
poderão votar os 1.594.579 filiados e filiadas ao PT. Mas nos PED
anteriores, o percentual de aptos que efetivamente compareceu para votar foi de
26% (2001), 38% (2005), 38% (2007), 39% (2009) e 50% (2013).
O número de
aptos em cada PED foi o seguinte: 867 mil em 2001, 825 mil em 2005, 849 mil em 2007,
1 milhão 314 mil em 2009, 844 mil em 2013.
O número de votantes em cada PED foi de 228.637 em 2001; 315.342 em 2005; 327.308 em 2007;
520.417 em 2009; 424.090 em 2013.
Ao Partido
dos Trabalhadores interessa que haja o maior comparecimento. A mudança nas
regras –permitindo o voto de quem não pagou -- favorece isto. A mobilização
contra o golpe também favorece isto. O desgaste sofrido pelo Partido e o menor
número de debates operam em sentido contrário. No dia 9 de abril, descobriremos
o que prevalecerá do ponto de vista quantitativo.
E do ponto
de vista político? Que setor do Partido vencerá as eleições?
A mudança
nas regras torna mais difícil responder esta questão. Entre 2001 e 2013, havia
chapas e candidaturas nacionais disputando o voto direto dos filiados e filiadas.
Hoje, não é assim.
Há 10 teses nacionais inscritas, mas elas não serão
sufragadas pelos filiados e filiadas que vão comparecer dia 9 de abril.
Também
há candidaturas à presidência nacional em campanha ou especuladas, mas tampouco elas serão votadas
no dia 9 de abril.
Neste dia, os filiados e filiadas vão escolher delegações
estaduais, que vão escolher delegações nacionais, que vão eleger a presidência
e a direção nacional do Partido.
E não há verticalização. Existem apenas 10 teses nacionais, mas há 121 chapas de
delegados/as estaduais. Já nos municípios, ocorre o contrário: em 2952 municípios
há só uma chapa disputando o voto dos filiados. Em apenas 339 municípios há
duas ou mais chapas.
Portanto, será apenas nos congressos estaduais de 5 a 7 de maio que ficará totalmente clara qual a correlação de forças interna, entre as diferentes posições hoje existentes no Partido.
Além disso, existe a situação política mundial, regional e nacional, que influirá na opinião política de quem saia delegado ou delegada no dia 9 de abril.
No próximo texto, falaremos das teses nacionais inscritas.
Aqui em Jaboticabal-SP, apesar de o esforço logístico para fazer votar filiados e filiadas, por parte da majoritária ter sido grande, a construção de duas chapas foi fundamental para o fortalecimento do processo democrático. Agora resta continuar o debate nas demais instancias para colhermos bons frutos no resultado final.
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