Quando eu comecei a militar, no final dos anos 1970, o cargo mais importante na direção de qualquer partido de esquerda era a "secretaria geral".
No Partido dos Trabalhadores, onde milito desde os anos 1980, a secretaria geral nunca alcançou importância equivalente.
A partir de 2001, quando ocorreu o primeiro PED, o cargo de presidente ganhou maior importância.
Não pelo PED em si, mas porque ele foi acompanhado da eleição em separado do presidente.
Mesmo assim, a secretaria-geral sempre foi e continua a ser um cargo disputado e importante.
Até por isso, acompanho com atenção o que faz e o que diz quem ocupa a secretaria geral.
E confesso ter ficado assustado com a declaração -- atribuída ao atual secretário geral Romênio Pereira-- pelo jornal Folha de S. Paulo.
A matéria da Folha está aqui: http://m.folha.uol.com.br/poder/2017/04/1873494-pt-estuda-criar-vice-presidencia-para-evitar-disputa-entre-gleisi-e-lindbergh.shtml?mobile
Como é praxe, o jornal atribui "ao PT" a opinião/intenção de uma pessoa ou de um setor do PT.
No caso, a opinião/intenção é oferecer ao senador Lindberg uma vice-presidência, para que ele abandone a disputa pela presidência nacional do PT.
Esta proposta é inaceitável por vários motivos, entre os quais cito três:
1) no dia 9 de abril, os filiados e filiadas não elegerão o presidente nacional do PT. Elegerão delegações estaduais, que elegerão uma delegação nacional, que elegerá a direção nacional do Partido, presidência incluída. Querer resolver a questão no dia 9 de abril é subverter as regras e o espírito das regras do Congresso;
2) o Congresso do Partido é para debater nossa linha política e depois escolher a direção. Se escolhemos a direção antes de debater a política, para que Congresso? Propor resolver a questão da presidência dia 9 de abril é colocar a carroça na frente dos bois;
3) as pessoas que estão apresentando suas candidaturas agora, o fazem antes do prazo (a inscrição será feita apenas no Congresso nacional, de 1 a 3 de junho), porque pretendem debater política. Sei que a intenção não é esta, mas aos meus ouvidos este tipo de proposta --- trocar o debate por um cargo -- soa simplesmente ofensiva.
Mas nada disto é tão grave quanto uma frase solta na entrevista, que espero que Romênio Pereira não tenha proferido.
A saber: na hipótese do acordo vingar, "os apoiadores de Lindberg teriam um aliado na cúpula do PT. A CNB teria a presidência. Quem for contra esse acordo estará contra o Partido."
Como é? Quem for contra esta proposta estará contra o Partido?
Se o secretário geral realmente disse isso e se ele realmente acredita nisto, ele deveria propor uma mudança no regimento do Congresso.
Pois lá está previsto o livre debate -- no espírito do "proibido proibir" -- e a eleição da presidência do Partido pelo Congresso. E não através de acordos de cúpula, por mais bem intencionados que sejam.
Já é consenso que nosso Partido foi contaminado por hábitos e práticas da política tradicional.
A declaração do secretário geral -- que espero ele retifique ou negue -- mostra que também fomos contaminados pelo autoritarismo.
Por que tanta aversão ao debate?
N~~ao sei nem quem é o tal Secretario, sei apenas que não só eu mas muitos petistas estamos cansados das manobras e dos erros dessa tendência majoritária que junta a outros figurões levou o partido a desgraça em que se encontra.não me venham mas com manobras e arrumadinhos . meu voto é do Lindberg , na CNB eu não voto mais.
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ResponderExcluirA postagem acima foi feita por Jose Vieira de Sousa e não por Chagas Souza.
ResponderExcluirJoão Paulo:, é o receio do crescimento de outros. O receio de outro supera-lo.
ResponderExcluiresse Secretario é tão importante que quase ninguem sequer ouviu falar dele. Por outro lado não duvido das intenções da FOLHA em fazer mais intrigas , manipulações e mentiras. O grupo sempre foi de Direita e apoiou a Ditadura, mas o grau de decomposição galopante tem assustado muita gente que ja foi leitor e assinante do jornal.
ResponderExcluirPara o deleite dos nossos inimigos!...putzzz....
ResponderExcluirgostaria muito de saber o que a militancia pt vai fazer se ficar comprovado (para muitos já está) que lula fez malfeitos. Outra, este papo de que no pt tem abertura para o diálogo é bobagem, haja visto que os mesmos merdas mandam a anos no partido e o deixaram nesta situação de falência moral. Quero saber até onde vai esta incrível crença no guru, e qual é o plano b caso for constatado que ele não pode, moralmente, concorrer. Ou não há, como parece, um plano b? O povo brasileiro e quem votou no pt dando esta chance ao partido (eu, um destes idiotas), está esperando. A oportunidade por autocrítica de verdade já esvanesceu, embora eu ache que seria de bom tom - se o comando podre do partido deixasse. Sem mais...
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