A coordenação nacional da tendência petista “Construindo
um novo Brasil” (CNB) divulgou, na noite de 3 de abril, a seguinte mensagem:
A corrente Construindo Um Novo Brasil, reunida em São Paulo em 03
de abril com o Presidente Lula, se associa ao seu esforço na construção da
unidade de todo o partido, indicando o nome da Companheira Gleisi Hoffman, como
candidata à presidência nacional do PT, a ser apresentada a todas as correntes.
Os Companheiros Alexandre Padilha e Márcio Macedo ratificando seu
compromisso histórico com a unidade do partido retiram as respectivas
candidaturas em prol da possibilidade de termos, pela primeira vez na história,
uma mulher na presidência nacional do PT.
A CNB entende que a unidade partidária é pressuposto fundamental
para fortalecer e revigorar o nosso partido, para derrotar o projeto neoliberal
e construir a possibilidade do Brasil voltar a ser justo, democrático e feliz
com Lula Presidente em 2018.
A nota não deixa dúvidas acerca da paternidade,
da motivação
e da
operação. A paternidade é do presidente Lula. A motivação é a “construção
da unidade de todo o partido”. A operação consiste na candidatura ser “apresentada
a todas as correntes”. Não está claro --e talvez não houvesse como deixar isto claro—
o que fará a CNB caso a “possibilidade” não prospere. As candidaturas de
Padilha e Márcio Macedo serão reapresentadas? A senadora Gleisi será candidata
mesmo havendo disputa?
Só os participantes da reunião da coordenação
nacional da CNB poderão responder estas e outras questões. Também só eles
poderão informar quais os bastidores da decisão, sobre a qual se especulava
desde o dia 24 de março. Mas ao aceitar o nome da senadora Gleisi, a coordenação
da CNB reconhece, ao menos implicitamente, que a “unidade partidária” passa
pela adoção de uma tática de ”enfrentamento permanente” contra os
golpistas.
Vale lembrar que, em sua fatídica entrevista
à Veja, o senador Humberto Costa (um
dos líderes da CNB, assim como outros senadores petistas que votaram em Eunício
Oliveira) afirmou que na bancada petista...
...há dois grupos bem distintos. O meu, que defende uma posição
mais aberta, mais negociadora. E o da senadora Gleisi Hoffmann, que assumiu a
liderança no meu lugar e quer o enfrentamento permanente. Na minha visão, não é
possível ter uma orientação de enfrentamento permanente (...) Quem se interessou
pelo debate sobre se o PT votaria ou não no Eunício Oliveira? Só o PT. E aí o
que eles, Lindbergh e Gleisi Hoffmann, fizeram foi jogar uma parte da
militância contra o grupo dos parlamentares que defendiam o entendimento....
Ao aceitar o nome da senadora Gleisi, a
coordenação da CNB também reconheceu – neste caso, explicitamente – a dificuldade
que enfrenta na disputa pela presidência nacional do PT.
É sabido que o nome preferido da CNB era,
desde o princípio, o do presidente Lula. Para além dos motivos que são públicos
(http://valterpomar.blogspot.com.br/2017/03/novamente-sobre-presidencia-do-partido.html),
há outros de natureza “logística”.
Por exemplo: caso Lula aceitasse ser
presidente nacional do PT, ele não seria candidato apenas da CNB. Isto permitiria
a esta tendência pleitear, sem maiores constrangimentos, o controle de outros
cargos importantes da executiva nacional do Partido, como a secretaria geral e
a tesouraria. Já no caso de Padilha ou Márcio Macedo serem eleitos presidentes,
o mais provável é que a CNB tivesse que abrir mão da secretaria geral ou de
outro cargo chave na futura executiva nacional do Partido.
Embora este não seja o motivo principal, a apresentação
da senadora Gleisi como uma “possibilidade” de “unidade partidária” também tem estas
implicações “logísticas”, na falta de termo mais adequado.
Ao longo deste dia 4 de abril ficará mais
clara qual a reação das bases partidárias (inclusive da CNB) frente ao
lançamento da senadora Gleisi como candidata à presidência nacional do PT. Também
ficará clara qual a reação dos golpistas, que acompanham com atenção o debate
sobre os rumos do PT.
Da parte dos que desejam mudar o PT, a reação ao
lançamento da candidatura da companheira Gleisi deve ser de comemoração.
Não apenas por ver uma companheira na disputa da presidência nacional do PT, como
antes fizeram Maria do Rosário e Iriny Lopes. Mas principalmente porque o
Partido só tem a ganhar com um debate entre o senador Lindberg e a senadora
Gleisi.
Afinal, nenhum dos dois quer “virar a página
do golpe”. Ambos fazem parte, nas palavras do senador Humberto, do “grupo
bem distinto que defende o enfrentamento permanente”.
Resolvida esta questão já na largada, o
debate entre ambos poderá priorizar o programa, a estratégia e a construção
partidária, temas tão maltratados na tese apresentada pela CNB (ver http://valterpomar.blogspot.com.br/2017/04/sete-teses-de-abril.html).
Só através deste debate será possível construir
a “unidade partidária” que todos dizem desejar. Motivo pelo qual esperamos que
ambos – Lindberg e Gleisi – apresentem suas posições.
De nossa parte, acompanhamos desde o início –
e pretendemos seguir acompanhando -- a postulação do companheiro Lindberg. Mas
uma decisão oficial – em princípio marcada para os dias 20 e 21 de maio, quando
se reunirá a direção nacional da tendência petista Articulação de Esquerda -- depende
de uma discussão que ainda será feita acerca da plataforma da candidatura Lindberg.
Como explicamos numa resolução aprovada em
março (http://valterpomar.blogspot.com.br/2017/03/resolucao-sobre-conjuntura-e-o-6.html),
a presidência nacional do Partido é importante. Mas muito mais importante é
definir com qual política vamos enfrentar a ofensiva da direita, com qual
política vamos recuperar o apoio da classe trabalhadora, com qual política
vamos atuar na atual etapa da luta de classes em âmbito mundial, continental e
nacional. Por isto, nossa prioridade não é debater a pessoa que ocupará a presidência
nacional do PT, mas sim debater o programa, a estratégia, a tática e o modelo
de organização do Partido.
Na atual situação histórica, o
“presidencialismo” pode ser útil para a esquerda, quando se trata de disputar
os rumos do Brasil. Mas quando se trata de discutir o funcionamento de nossas
organizações, o “presidencialismo” tende a provocar ilusões (pois há quem
acredite que basta escolher um bom presidente) e pode converter-se num
obstáculo (pois há quem hipertrofie a figura do presidente, deixando de lado
muitos dos princípios de funcionamento coletivo indispensáveis a organizações
democráticas e de esquerda).
Por todos estes motivos, nós da tendência
petista Articulação de Esquerda ainda não temos uma posição oficial nem
definitiva a respeito de como votaremos na disputa da presidência nacional do
Partido. Podemos vir a ter candidatura própria? Podemos. Quem? Decidiremos se e
quando esta possibilidade realmente estiver colocada. Podemos vir a apoiar
outra candidatura, que sinalize uma renovação política e organizativa do
Partido? Podemos desde que isto esteja baseado numa plataforma de renovação
tanto da linha política quanto da maneira de conduzir o Partido.
Neste sentido, reiteramos: o Partido só tem a
ganhar com o debate entre a senadora Gleisi e o senador Lindberg.
São dois grandes nomes e aguerridos combatentes da linha de frente do PT. Tenho minha posição tomada quanto à um ou a outra candidatura. Ambos são estrelas expoentes do nosso partido. Como membro da Articulação de Esquerda vou aguardar qual a orientação política a ser adotada. Parabenizo aos dois: Gleicy e Lindberg. Vamos à luta com o #FORATEMER pela #DIRETASJÁ
ResponderExcluirPara mudar é preciso Lindberg PRESIDENTE!
ResponderExcluirEu sou pela posição de enfrentamento permanente até tirarmos toda a corja ou grande parte da corja que se instalou no congresso. É um absurdo falar em se unir a esses golpistas! União com esses golpistas é união com a bandidagem! É união com esse neoliberalismo que está desgraçando o país! Quem quiser seguir esses caras que saia do partido. Tanto Gleise ou Lindberg são excelentes nomes para presidente do PT, e que todos petiscos, bem como simpatizantes / militantes tenham a mesma postura que estes dois ilustres senadores.
ResponderExcluirEu sou pela posição de enfrentamento permanente até tirarmos toda a corja ou grande parte da corja que se instalou no congresso. É um absurdo falar em se unir a esses golpistas! União com esses golpistas é união com a bandidagem! É união com esse neoliberalismo que está desgraçando o país! Quem quiser seguir esses caras que saia do partido. Tanto Gleise ou Lindberg são excelentes nomes para presidente do PT, e que todos petiscos, bem como simpatizantes / militantes tenham a mesma postura que estes dois ilustres senadores.
ResponderExcluirPrezado Pomar,
ResponderExcluirSou um simpatizante de longa data do PT, militante integral em época de campanhas, com independência, ou seja, nem sempre concordo com as escolhas e simplesmente não acompanho a candidatura que não me convence. Minha história pessoal me teria levado mais naturalmente a ser um "coxinha", mas pelas artes da vida e da reflexão, estou na luta do campo progressista desde as Diretas Já. Isso tudo para dizer que sou um observador crítico-reflexivo do PT o qual considero ainda o melhor instrumento de luta partidária para a justiça social. Ressinto-me de melhor formação política em termos teóricos (professor pesquisador tem essas necessidades) e encontrei em seu blog um local interessante para me familiarizar com as discussões internas do partido. Gosto especialmente de suas análises de conjuntura e propostas de ação. Pergunto de que forma alguém como eu poderia se apropriar de ferramentas teóricas do campo da política a fim de ampliar a capacidade de formulação. Mais especificamente: há algum repositório em que eu possa encontrar textos introdutórios e mais sintéticos que ajudem a sanar lacunas em minha formação? Assumo, obviamente, que de sua parte há uma tendência a indicar leituras mais próximas de sua linha de pensamento. Não tenho qualquer objeção a isso uma vez que suas intervenções me parecem adequadas. O maior diferencial na qualidade de tais textos seria a síntese, uma vez que não possuo tanta disponibilidade de leitura em temas não relacionados ao meu trabalho de professor, mas o grau de complexidade pode ser elevado, pois acredito que possuo formação intelectual e treinamento/prática de pesquisa científica suficientes para lidar com temas complexos. Agradeço desde já qualquer ajuda dada e deixo minha palavra de incentivo ao bom trabalho neste blog.