quarta-feira, 12 de abril de 2017

Fraude sistêmica, planejada e em escala industrial

Agora é oficial: um grupo de petistas de Minas Gerais, vinculados a chapa “Muda para valer” impetrou recurso contra as fraudes ocorridas no processo eleitoral organizado, naquele estado, pelo PT no dia 9 de abril.
Já falamos a respeito em http://valterpomar.blogspot.
O recurso apresenta uma série de considerandos, entre os quais:
-em Minas Gerais, foram inscritos cerca de 400 municípios para realizar a eleição apenas de delegados e delegadas estaduais, sem informar quem registrou estes municípios e quem neles se responsabilizaria pelo processo eleitoral. Valendo dizer que a própria comissão organizadora eleitoral estadual reconheceu que, no caso de 93 municípios, não havia localizado quem se dispusesse a organizar a eleição (um claro indicador de que a iniciativa de fazer o processo partiu de fora e de cima);
-a média de comparecimento nesses municípios foi de 80% dos filiados e filiadas aptos, havendo casos de incríveis 115% (sic!!!), número que contrasta com a média do estado, que foi de 30%. Valendo dizer que onde houve chapa municipal e não houve fiscalização, o comparecimento também foi discrepante.
O recurso solicita a supressão geral dos votos dados às chapas naqueles municípios onde houve apenas eleição de delegados/as e não houve PED municipal; também solicita a nulidade onde não houve fiscalização; e solicita acesso às listas de votantes com as respectivas assinaturas, dado os indícios de fraude.
Trocando em miúdos, os recorrentes entendem que houve uma fraude, envolvendo centenas de municípios e milhares de votos. 
Uma fraude sistêmica, planejada em escala industrial.
Em muitos casos, trata-se de uma reprise da fraude realizada em 2013, quando foram fabricadas atas de votação e mortos votaram.
O primeiro passo desta fraude teria sido registrar, junto à direção estadual do PT de Minas Gerais, o maior número possível de municípios para neles realizar a eleição.  823 cidades indicaram local de votação, num universo total de 853 municípios.
Quem fez o registro? Em quase cem cidades, foi um fantasma. A própria direção estadual do PT teve que retirar estes municípios da lista de cidades onde ocorreria o PED. O bode saiu da sala, mas o problema continuou.
Dentre os 736 municípios restantes, havia um grande número em que não ocorreria eleição para direção municipal. Ou seja, municípios onde não havia petistas dispostos e em condições de montar uma chapa para eleger uma nova direção municipal. Mas onde, ao menos supostamente, havia gente disposta a organizar a eleição das chapas estaduais. 
Em outro grande número de municípios, havia chapa única concorrendo. Traduzindo: inexistia fiscalização.
No conjunto dos municípios citados, verificou-se um nível de comparecimento superior a média nacional e estadual. Na maior parte do país, caiu o número de votantes em relação a 2013. Mas em 2017, naqueles municípios a que estamos nos referindo, o número de votantes foi similar ou até superior ao do PED anterior.
Além disso, em todos os municípios citados, a maior parte e às vezes a totalidade dos votos foi para uma única chapa.
Até o momento em que concluo este texto, já foram apurados os votos de 602 municípios. Na parcial anterior, com 578 municípios apurados, em aproximadamente 227 só tinha havido votação para chapa estadual. E exatamente nestes, a chapa 400 conseguiu 12.391 votos contra 834 das outras três chapas que estão disputando a eleição.
Abaixo relacionamos os dez casos mais escandalosos. Acreditamos que a tabela dispensa comentários, salvo o de constatar que a “unidade como valor universal” não é um atributo coreano.




É óbvio que estamos diante de uma fraude. A quem serve?
Ao PT não serve. Macula a imagem do Partido, envenena o ambiente interno, judicializa a disputa política, tira legitimidade do processo eleitoral e das novas direções.
A fraude serve a quem dela se beneficia. E também a quem cala diante dela. Inclusive aos que foram vítimas desta mesma fraude em 2013 e de quem esperamos um mínimo de coerência com o que denunciaram à época.
Assim como esperamos que a direção do Partido atenda as solicitações feitas no recurso.



2 comentários:

  1. Aqui em Caldas (Sul de Minas) houve um golpe. Um cara tomou o PT, se aliou a um prefeito que apoiou o golpe, criou uma diretoria que se reune escondido dos filiados e não convocou eleição. Nem sei se houve. Só se reelegeram entre eles mesmos.Já pedimos ajuda aos diretórios estadual e federal, mandando atas registradas em cartório, etc, mas não houve resposta. Teria como checarmos quem eles elegeram dessa vez? Pode ter sido até alguém do PSDB, ao qual estão aliados, ou até do DEM.

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  2. A delação feita pela Odebrecht compromete o Lula. É grave.

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