O texto abaixo foi publicado na revista Carta Capital edição 949. Esta edição começou a circular no dia 21 de abril.
O
Partido dos Trabalhadores realizou, no dia 9 de abril, uma eleição para
escolher suas novas direções municipais e zonais, bem como as respectivas
presidências.
No
mesmo dia foram escolhidos os delegados e as delegadas que vão se reunir nos
congressos estaduais que o PT realizará de 5 a 7 de maio, simultaneamente, nos
26 estados e no Distrito Federal.
Nestes
congressos estaduais serão eleitas as direções estaduais e presidências, bem
como as delegações ao 6º Congresso Nacional do Partido, de 1 a 3 de junho.
A
pauta do 6º Congresso inclui cinco grandes temas: cenário internacional;
cenário nacional; balanço dos governos nacionais petistas;
estratégia-política-programa; funcionamento e organização partidária.
Além
de aprovar resoluções sobre cada um destes temas, o 6º Congresso também elegerá
um novo Diretório Nacional e decidirá quem ocupará a presidência.
Atualmente
há duas pré-candidaturas à presidência nacional do PT: a senadora Gleisi
Hoffman e o senador Lindbergh Farias. Mas a inscrição e a eleição devem ocorrer
apenas no dia 3 de junho, para um mandato que excepcionalmente será de apenas
dois anos.
Na
eleição do dia 9 de abril, participaram cerca de 290 mil petistas. Um número
expressivo, quando comparado com outros partidos. Mas um número preocupante,
quando comparado com a trajetória do próprio PT.
Para
efeito de comparação, nas eleições anteriores participaram, respectivamente:
228.637 em 2001; 315.342 em 2005; 327.308 em 2007; 520.417 em 2009; 424.090 em
2013.
A
queda na participação fica mais evidente no percentual de comparecimento,
frente ao número total de aptos a exercer o voto: 26% (2001), 38% (2005), 38%
(2007), 39% (2009), 50% (2013), 18% (2017).
Estes
números ainda podem sofrer alterações, a depender do acolhimento ou não de
recursos que foram impetrados contra supostas fraudes. Apenas nos estados de
São Paulo e Minas Gerais, estão sub judice
mais de 20 mil votos.
Somente
depois da votação destes recursos saberemos com certeza em quantos municípios a
eleição foi considerada válida; quantos delegados e delegadas foram eleitos por
cada uma das 121 chapas inscritas; e qual o tamanho da delegação que cada
unidade da federação enviará ao 6º Congresso.
Só
na segunda semana de maio, depois dos congressos estaduais, será possível ter
clara qual será a correlação de forças no Congresso, para o qual foram
inscritas dez teses, cujos títulos são: “A esperança é vermelha: Brasil
Urgente, Lula presidente!!!”; “Unidade pela reconstrução do PT”; “Avaliar,
corrigir rumos e mudar o Brasil”; “Em defesa do Brasil, em defesa do PT, em
defesa de Lula”; “Por um partido socialista e democrático! Por um governo democrático-popular!”;
“Optei – Em defesa do PT“; “Alternativa: Crítica, Autocrítica e Utopia“,
“Avante Militância Socialista ao VI Congresso Nacional do PT”; “Estado de
Emergência Petista“; “Lélia Gonzalez – Muda PT com raça e classe”.
Destas
teses, a que hoje reúne a maioria de petistas que são dirigentes, parlamentares
e governantes é a intitulada “Em defesa do Brasil, em defesa do PT, em defesa
de Lula”.
Se
esta tese obtiver a maioria absoluta do 6º Congresso, provavelmente teremos mais
do mesmo. Mas se obtiver uma maioria apenas relativa, o Congresso pode reservar
surpresas. Afinal, pequenas dissidências podem transformar uma maioria relativa
em minoria. E vice-versa.
O
6º Congresso ocorrerá num contexto de crise internacional e nacional; de
realinhamento entre as diferentes frações do Capital, dentro e fora do país; e
também de realinhamento de forças entre os diferentes Estados, em âmbito
mundial.
A
continuidade da crise iniciada em 2008, combinada com o ascenso do populismo de
direita, aprofunda os riscos de guerra, as ameaças contra a soberania nacional,
contra as conquistas democráticas e contra os interesses populares.
É
neste contexto que ocorreu o golpe no Brasil e vem sendo aplicada a "ponte
para o futuro", causando uma deterioração acelerada dos indicadores
econômicos e sociais,
Construir uma alternativa de
esquerda para a atual situação passa por organizar a Frente Popular, defender
os direitos das maiorias, fazer oposição radical aos golpistas, lutar para
derrotar e derrubar o governo Temer, garantir o mais cedo possível a realização
de eleições presidenciais diretas, batalhar para eleger Lula e se preparar para
um governo de enfrentamento, cuja síntese política precisa ser a defesa da
convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte.
Já
para o grande capital e seus representantes, trata-se de ampliar sobremaneira a
exploração da classe trabalhadora e aprofundar a internacionalização subalterna
de nossa economia. Objetivos incompatíveis com os níveis de liberdades democráticas
atualmente existentes.
É
por isto que buscam aprofundar o golpe, interditar Lula, inviabilizar o PT,
reprimir a mobilização social, judicializar e criminalizar a política,
estimulando as alternativas Bolsonaro e Dória, parlamentarismo e inclusive a
volta dos militares.
A
classe que implementou o golpe não está disposta a aceitar nova eleição de
Lula. E como a alternativa "tentar cooptar Lula" não está disponível –
entre outros motivos, porque 2018 não é 2002, nem para eles, nem para nós -- a
disjuntiva hoje posta para a classe dominante é: ou retirar Lula da disputa ou
retirar do calendário as presidenciais de 2018, por exemplo através do
parlamentarismo.
O
único jeito de deter este tipo de ameaça é não cair na armadilha de discutir um
"plano B" e lembrar que, contra a ilegalidade, é legítima a
desobediência civil.
O programa democrático e popular já foi implementado e apresentou claramente seus limites.
ResponderExcluirTrata-se de colocar em pauta um programa socialista
Chega de etapismo
Não se trata mais de reformar o sistema burguês