quinta-feira, 29 de maio de 2014

Texto de 1988 intitulado 8 perguntas e 8 respostas sobre a candidatura Plínio

1.               Pode o PT lançar um marajá a prefeitura de São Paulo?
Alguns companheiros já afirmaram várias vezes que a candidatura Plínio pode ser facilmente atacada. Plínio é um marajá. E isso pega mal na massa....
Quando lançamos um operário, ele é analfabeto! Quando lançamos um intelectual ele é inexperiente! Quando lançamos o Plínio, ele é marajá.
Além disto ter sido uma artifício utilizado pelo governo Quércia para encobrir os baixos salários pagos a maioria do funcionalismo publico e os altos salários pagos a uma minoria de seus assessores.
Além do Plínio e do Kelio Bicudo já terem respondido visto diversas vezes, inclusive na imprensa partidária.
Além disso, nós,  militantes petistas, temos que  ter em mente que a burguesia possui um profundo ódio de classe. Ela odeia tanto os trabalhadores que passaram a lutar contra a exploração capitalista,  quanto todos aqueles que - embora por suas condições pessoais,  por sua origem de classe, pudessem muito bem se contentar com a situação vigente na nossa sociedade - se lançaram contra ela.
A esse ódio de classe da burguesia, os trabalhadores conscientes, os petistas, só podem responder  contra-atacando. E nunca se subordinando ou se submetendo.

2. Pode o PT lançar o  homem da CNBB?
Volta e meia se faz uma onda de acusações centra vários quadros partidários que são oriundos  e/ou que mantém até hoje uma relação íntima com a Igreja católica. O Plínio é uma das pessoas mais visadas nestas horas. Ele  seria o homem da CNBB no partido.
Quem negar que  o Plínio - e  tantos  outros militantes, quadros e dirigentes partidários - mantém íntima relação com a Igreja estará por certo mentindo.E sem duvida, em vários momentos esta ligação criou atritoe problemas para o partido.
Atritos que, verdade seja dita, não são muito diferentes daqueles que se, criam entre os militantes  partidários que estão profundamente envolvidos em outros movimentos e entidades - como  a CUT, o movimento popular.
Atritos e problemas que, verdade seja dita, não se aproxima , nem de longe, daqueles que o PT enfrenta em sua relação com os partidos-dentro-do-partido, como o PRC, a Convergência Socialista, etc...
Partidos-dentro-do-partido que, também verdade seja dita, são os primeiros a lançar contra o Plínio  o  epíteto  de “igrejeiro”.
Nós, de nosso lado, preferimos ver o problema sob a ótica oposta.
O papel da Igreja nesse pais, a luta dos progressistas contra á igreja conservadora  do  Papa,   a contribuição dos cristãos à luta transformadora de nossa sociedade - tudo isso pode ser revertido positivamente por um partido como o PT. Assim, ao mesmo tempo em que nao   escondemos os problemas, buscamos tirar partido deles, rumo à vitoria.

3. Pode o PT lançar alguém sem disciplina partidária?
Não há hora mais propícia para se levantar dúvidas sobre a disciplina partidária. Nessa hora,   mesmo os mais calados saem de seu mutismo, a revirar as fichas de cada militante  que  se dispõe  a candidatar-se a algo.
Nada mais legítimo em um partido como o PT, onde o candidato tem uma delegação do  Partido. Onde ninguém e candidato de si mesmo.
Nessas horas, contudo, cometem-se injustiças. Como a de dizer que a Luiza Erundina é  "mais petista" do  que  o  Plínio.
O Plínio é do PT desde o início. Não o abandonou. Combateu lado-a-lado conosco nos mais  diversos momentos. Desempenha hoje um papel de destaque na luta que ocorre na frente parlamentar.
Consultado acerca do desempenho da bancada petista no Congresso Constituinte, o Lula foi  o primeiro  a elogiar o desempenho do Plínio. Que aliás é seu candidato a prefeitura de  São Paulo.
Erros?!  Problemas!? Claro que as, eles existem e a bancada petista como um todo tem que  ser submetida ao mais severo processo de crítica e autocrítica - como aliás o PT como  um todo  tem que  fazê-lo no dia-a-dia  da militância.
Processo de crítica e auto-crítica que pode demonstrar com clareza que, na quebra de   disciplina e no zelo militante, companheiros como o Genoíno tiveram  desempenho  muito mais reprovável, como mostra o episodio dos cartazes da CUT,  em que nosso bravo parlamentar desrespeitou a opinião e o voto da maioria da bancada. E quantos dos que   criticam o  Plínio (na enorme maioria das vezes por falta de informação) levantaram a voz contra a atitude do Genoíno?

4. Pode o PT lançar alguém que não tem o apoio das bases?
As bases muitas vezes são  submetidas  a mesma provação que Deus:  que  Deus lhe pague... Deus me perdoe...
As bases vão dar seu ponto de vista na prévia.  A militância partidária está dividida na questão Plinío x Erundina. Haja visto o fato da maioria da Articulação - majoritária no PT -  ter decidido apoiar a candidatura Plínio (104 votos), contra a da Erundiíia (29) e com 21  abstenções.
Ademais, a ideia de que as bases não apoiam o Plínio é fruto do desconhecimento  da penetração que o trabalho que desenvolve possui no partido.

5. Pode o PT lançar alguém apoiado pela “cúpula”?
Pode o PT lançar alguém apoiado pelo Lula? Pelo Azevedo, presidente  do sindicato  dos metroviários? Pelo Zé Dirceu? Pelo Dória? Pelo Aloísio Mercadante?
Pode  o PT lançar alguém apoiado pela Articulação?
Pode o PT lançar alguém apoiado por dirigentes, quadros, militantes?
E porque não  poderia?!
Essa falsa.contraposição entre bases e cúpula e oportunismo daqueles que  começam a  descobrir que não têm tanto apoio das bases  quanto pensavam; ao mesmo tempo em que não   têm apoio da direçao. Oportunismo de quem teme perder no debate franco, aberto, leal.

6. Pode o PT lançar alguém ligado ao programa democrático e popular?
A Convergência Socialista, a DS, o Trabalho, os grupos que apoiam a candidatura Luiza são oportunistas.  Eles na verdade não a apoiam.
Apenas  usam-na como instrumento, como cobertura para atacar a direção do Partido, a Articulação,  as resoluções do 5e Encontro Nacionail.
Nós, de nosso lado, não apoiamos um nome.  Apoiamos um programa. E esse programa é o do  5º  Encontro  Nacional. Democrático e Popular.

7. Pode o PT lançar alguém que tenha competência para administrar SP?

Vencer em São Paulo. Administrar São Paulo. Fatores de acúmulo de forças na luta que travamos. O povo de Sao Baulo, os trabalhadores paulistas querem dar seu voto ao PT. E só farão se sentirem que nosso candidato pode administrar SP.

8. Pode o PT lançar um candidato para ganhar?
O grupo Poder Popular e Socialismo diz que não. Ele não quer ganhar. Ele declara que  o PT está antecipadamente derrotado.
Ele diz que o próximo diretório municipal de São Paulo deve colocar entre suas  tarefas a  de  fazer uma oposição  consequente a prefeitura...
Nós, de  outro lado, queremos disputar para ganhar. Sabemos que para ganhar é necessário levantar bem alto tudo o que o PT significou e significa. Independência, oposição radical,  um programa democrático e popular, ligação com os movimentos sociais, o perfil  socialista. Sabemos disso e o faremos. Para vencer.
*  *  *
O PT nao  lança nomes. Dá a companheiros tarefas que devem ser bem cumpridas. Plínio  para prefeito.



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