quinta-feira, 29 de maio de 2014

Texto de 1986 comentando uma entrevista de Jacó Bittar

E Jacó falou...                                                                                                                     '
Em entrevista "polemica" publicada em “Convergência Socialista” n. 109, o sr. Jacó Bittar, "o 1º vice-presidente do PT" declina uma série de pontos de sua avaliação sobre a campanha eleitoral e o desempenho do partido. Mesmo sabendo que as opiniões ali expressadas não representam o conjunto do pensamento de Jacó - e por isso mesmo - vamos nos arriscar a fazer aqui alguns comentários críticos sobre seus ditas.
Talvez incomodado pelo desempenho relativamente fraco do partido - e, por que não, dele próprio - Jacó, ainda que revele não possuir "dados suficientes para um balanço à nível nacional”, nos conta que:
"eu acho que participamos de um processo eleitoral onde as regras do jogo foram estabelecidas para dar continuidade a um processo de dominação sobre a classe trabalhadora"
Sábia descoberta esta, de que as regras do jogo burguês foram feitas para continuar burguês, paras como diz Jacó, impedir que "partidos como o PT pudessem levar sua proposta".
A luta de classes de fato não se dá sobre o terreno escolhido pelos trabalhadores. Ela se dá no terreno onde quem dá as cartas é a burguesia, onde a burguesia é mais forte. Por maior que seja a democracia, por maiores que sejam as vantagens que os trabalhadores disponham neste ou naquele momento, sempre prevalece no final das contas o fato: as regras do jogo são feitas para que o vencedor seja sempre burguês.
Não é por nada que naqueles momentos em que as classes exploradas parecem "vencer", a burguesia vem e, como menino mimado, tira a bola do jogo. Não é por nada que aos trabalhadores é vedado o acessoinstitucional” ao poder.
Mas enfim, Jacó mesmo fala que isto, as regras do jogo, "além do poder econômico", "não é novidade". Novidade mesmo e que nosso dirigente descubra o poder da TV. Eis a explicação: o PT teve pouco tempo de TV, a TV foi por onde passou 80 à 90% da propaganda, logo...
Quiçã fosse assim. Talvez os erros de nosso partido sejam sanados pela compra de uma emissora. Pois, como diz Jacó,
"Quércia, há 60 dias atrás, era um homem derrotado, e através da TV ele  conseguiu atingir  a população”.
Eis assim que Quércia não atingiu a população porque seu discurso foi correto, porque o plano cruzado lhe dava respaldo; porque defendeu o congelamento e atacou os sonegadores; porque apareceu como o candidato "dos pobres". Nada disso é a razão de sua vitória - mas sim porque ele conseguiu "atingir a população através da TV", pelo visto há candidatos de sobre pra fazer "merchandising" da Rede Globo...
"A campanha tem a ver mais e com um bom programa de TV, com o tempo maior".
Jacó é brilhante. Dada a descoberta, ele nos mostra que, se a burguesia continuar, usando com maestria o instrumento técnico -TV - ela está cotada para permanecer no poder a long time. Nem uma palavra sobre os acertos táticos dos candidatos da burguesia, sobre a predominância conservadora, sobre o apoio da população aos liberais burgueses. A MÍDIA é a esfinge que não conseguimos decifrar.
Mas consideremos que Jacó tenha razão, que a TV seja fundamental. Por que seria assim? Por que a população acaba votando em quem "usa melhor" este instrumento de comunicação, de massas?
Duas hipóteses. Ou o povo e burro, inculto, etc etc - e por isso acredita que o "bom patrão" vai resolver seus problemas - ou então discurso da burguesias AMPLIFICADO (e se trata disto) pelos meios de comunicação, tem uma BASE REAL, tem de fato penetração na população.
Na realidade, Jacó parte de uma premissa falsa - a de que, se tivéssemos mais tempo, nossas chances aumentariam proporcionalmente; que o tempona TV seja o fator predominante; ou, de uma forma mais geral, que se tivéssemos acesso a população nos mesmos termos da burguesia conseguiríamos disputar, também, nos mesmos termos.
Infelizmente, enquanto a burguesia domina no Brasil, há décadas, nós contamos os nossos tempos em anos. Ademais, temos de reconhecer com todas as letras que a população não acredita na proposta do partido, que o partido não e maioria na população, e que só um trabalho longo, que vai demandar muitas e muitas derrotas, pode nos transformar em maioria. Mas nada disso é surpresa para Jacó, ao fim de seus devaneios como o mais new-Mac-Luhan, papa da mídia global. Surpresa foi o PT, como ele diz, ter cometido um "grande equívoco". Ter "duzentos candidatos proporcionais que, por falta de uma direção política, tentaram fazer o mesmo jogo que a burguesia faz: concorrer em faixa própria, discutir, disputar com a burguesia voto a voto, coisa que não é o nosso forte. O nosso forte é a militância unificada defendendo uma proposta partidária".
A galinha tem asas, o que não quer dizer que ela voe tão alto quanto o gavião. O que tem a ver o fato de nosso forte "ser a militância unificada defendendo uma proposta partidária" com "disputar com a burguesia voto a voto"???
Pois pasmem, Jacó diz isso:
''concorrer em faixa própria, discutir, disputar com a burguesia voto a voto" é "fazer o jogo que a burguesia faz"!
Errado, Jacó, é disputar voto a voto com os companheiros do próprio partido, coisa que muita gente fez. Errado, Jacó, é não correr em faixa própria, é se confundir, as custas de um discurso "honesto" "decente", "educado", com tantos burgueses honestos, e educados” que tem por aí. Errado, Jacó, é não discutir.
Mas Jacó viu o mal, ainda que aponte a causa errada. O mal, no caso, foi não termos avaliado corretamente o quadro político em que se inseria a campanha; não termos centralizado a campanha nos deputados constituintes; termos nos perdido na discussão sobre os eixos do candidato a governador, antes, durante e, se não tomarmos cuidado, depois; o erro, enfim, foi ter feito o jogo da burguesia, priorizando uma campanha que não tivemos a coragem política de dizer perdida desde o início - que era a campanha para governador - e desdenhando na prática a outra, para a constituinte. Nesse sentido, e só nesse sentido Jacó tem razão, houve falta de direção política nossa direção, estadual e nacional, errou; e pagamos todos por isto.
Mas Jacó parece pensar diferente. Ele diz que:
"se tivesse havido uma unidade do partido em cima do Suplicy, que era quem polarizava a eleição porque era candidato a governador, teria sido diferente."
Eis ai o erro, a falta de direção que mesmo denunciou linhas atrás. Em primeiro lugar, não estava dado desde o inicio que Suplicy deveria "polarizar" a campanha. Muito pelo contrário, se tivéssemos seguido as deliberações do encontro estadual, o centro deveria ter sido a campanha para a constituinte. Em segundo lugar, não é verdade que não tenha havido "unidade" em torno do Suplicy. Não houve de nenhum setor do partido, boicote a campanha do candidato a governador, ou “não se unir” a ela. Em terceiro lugar, pressupondo que Jacó tenha razão: pressupondo que não tenha havido "unidade" em tomo de Suplicy; pressupondo tudo isto enfim: porque diabos "seria diferente"???
No frigir dos ovos, o que prevaleceu foi a orientação de apoiar Suplicy, de centralizar na campanha para governador, etc etc, tudo seguindo a receita Jacá - e no que deu senão no que vemos?
O erro político foi ter, desde a discussão sobre as candidaturas, cassando pela campanha eleitoral, e seguindo a intervenção de Jacó no debate, centralizado a atuação do Partido na campanha para governador, colocando em segundo plano a constituinte.
Jacó não entende isto, é claro. Ele foi dos que indicaram o Lula para candidato. A irresponsabilidade desta posição merece umas linhas. Em primeiro lugar, o centro da luta política no próximo período será a constituinte. Era segundo lugar? O companheiro Lula é o representante mais caracterizado da classe trabalhadora e do PT. Em terceiro lugar, e por isso e muito mais, sua presença na Constituinte era e é fundamental para ser o porta voz das opiniões de nosso partido. E o que queria Jacó e tanto queria que repete na entrevista que "meu  candidato era o Lula"? Ele queria que o Lula se enfiasse numa campanha derrotada, perdida, que ele não fosse à constituinte. Bela forma de queimar um dirigente, dando-lhe uma “missão impossível”. E isso porque?
"Eu achava que era a oportunidade de a gente colocar um divisor de águas, principalmente quando concorria António Ermírio de Moraes, (...) então nós deveríamos ter um sindicalista? um trabalhador saindo para a política neste momento."
Jacó, companheiro, toda hora e hora para "colocar um divisor de águas", não só a hora eleitoral. Ademais, que belo exemplo: Lula de um lado, Ermírio de outro, ambos candidato "que não representa" realmente o empresariado, o sr. Quércia.
Aos ingénuos, a pérola: "deveríamos ter trabalhador saindo para, a política neste momento". A par a estranheza do argumento (“sair para a politica”), que vamos deixar por conta do copy da entrevista, resta o obreirismos nada melhor para representar um trabalhador que um trabalhador. Origem de classe, Jacó, não quer dizer posição de classe, como tantos José de Fátimas, já mostraram.
Ademais, foi o sr. mesmo, sr. Jacó, que disse para quem quisesse vir, que "nós não queremos transformar o Suplicy em alternativa de governo, queremos transformá-lo era alternativa de poder" (trecho do discurso proferido por Jacó na comício de encerramento da campanha do PT na praça da Sé) - terá o choque eleitoral lhe mostrado súbita e impositivamente as vantagens de um "trabalhador" como candidato? Diz a música que quem sabe faz a hora. Jacó, sabendo que e chegada a hora de atribuir responsabilidades, atira sobre a direção (estadual):
"a direção continuou insistindo e não trabalhou pista; em cima da campanha do Suplicy, muito pelo contrário. Vários dirigentes estavam mais preocupados com suas próprias campanhas do que com a do partido e não houve unidade."
Num país onde candidatos ao governo estadual se atiram epítetos de "ladrão" e todos saem ilesos, nada mais natural que alguém se sinta no direito de fazer as acusações mais graves e sair despreocupado. Pois é grave acusar a direção de, "muito pelo contrário", não ter "trabalhado em cima da campanha do Suplicy" Provas, sr. Jacó, provas é o que exige sua acusação. Provas para que não pensemos que isto é mais uma desculpa como tantas foram as que nosso candidato "não trabalhador" usou durante a campanha para explicar nossos problemas. PROVAS!
Provas também para que possamos castigar os "dirigentes mais preocupados com suas próprias campanhas do que com a do partido", PROVAS? Seria positivo que a direção estadual divulgasse a lista de comparecimento às atividades unificadas do partido e coisas "simples", porem PROVAS, como as contribuições feitas para o CDEU - para que possamos ver quem apoiou, e quem DIZ que apoiou.
Enquanto as provas não vêm, só nós cabe lamentar a irresponsabilidade de um dirigente nacional do partido que nos diz que há quem nos tenha traído mas que não dá os nomes aos bois.
Mas os chifres sempre aparecem por sobre o muro, não há jeito. Pois não é o Jacó indignado com a direção que no diz que:
"nos não podemos fazer uma campanha classista com o Suplicy fazendo discursei não há essa possibilidade".
Pois então, a direção errou, por não ter apoiado Suplicy. Mas, pasmem,  não dá para fazer uma campanha classista com o Suplicy fazendo discurso" (????). E não e só:
"o Suplicy e um grande companheiro, o que mais poderia representar o partido agora em termos da consciência política que o partido formou."
Está dito: consciência política que se formou indicou o Suplicy, o Suplicy “fazendo discurso” não permite uma campanha classista, donde o PT precisa buscar seus eixos classistas que perdeu ao escolher Suplicy (e preterir Lula, leia-se nas entrelinhas).
A questão é que Suplicy:
"não tem o pique (!...), não tem o discurso de um classista".
Nada mais natural. A TV é o "estalo", Suplicy não tem "o pique". Classismo neles, Jacó. Além do mais...
"naquela oportunidade, o Suplicy estava muito desgastado, um desgaste por falta de direção política. A direção, por sua omissão, contribuiu muito para isto".
Quando o pensamento e muito complexo, a verdade aparece no final. Eis aqui: Suplicy estava muito desgastado, por falta de direção política. E como Suplicy "foi o candidato porque representava a vontade do partido". Eureka, o partido tinha "falta de direção política". O curioso, o estranho, e que Jacó não nos dê outra alternativa senão repetir os erros cometidos, que já indicamos.
Nem poderia ser de outra maneira. Desde o momento em que a burguesia tomou a iniciativa, com o Plano Cruzado 1, o partido perdeu definição tática. Faltou, por exemplo, pura clareza que nos permita definir o Quércia como um candidato de centro em SP. Faltou, por exemplo, clareza suficiente para entender que centrar a nossa atividade em torno da campanha do Suplicy era levar o partido a disputar com a burguesia em um terreno minado e errado. E, que Jacó me permita, faltou isto sim foi clareza à direção PRÁTICA do partido, que passou a ser de fato o sr. Suplicy, clareza para entender que a campanha não era um disputa de personalidades, mas de propostas políticas.
Mas senhor Jacó sabe bem onde está o problema para ele. Esta na votação obtida por Hélio Bicudo. E aí vai ele discutir sobre o potencial de voto do partido, se Bicudo era interessante para Quércia, etc..
É incrível onde leva o sectarismo. Ao invés do sr. Jacó se regozijar pelo fato de um candidato nosso ao senado, porque tem penetração social, porque penetra inclusive em áreas onde o conjunto do partido não penetra, ter conseguido expressiva votação - não, nada disto, o centro é mostrar que "essa oportunidade foi oferecida pelo outro partido (o PMDB)".
E mais: ao invés de desmontar o órgão oficial da burguesia liberal paulistana, a “Folha de SP” o sr . Jacó, no afã de obter apoio para seus comentários anti-direção estadual, dá-lhe sustentação. É por esses e por outros dirigentes que a Folha de São Paulo vai se transformando no órgão oficial do PT em SP.
Não cansado de defender o suicídio político do Lula, que, diz Jacó deveria ele sim ser nosso candidato a governador não cansado ainda de defender o centro da campanha no Suplicy, quando deveria ter sido nos constituintes; não cansado disto tudo, Jacó, nosso Jacó, falas:
"eu penso que daqui para a frente o PT não pode jogar todo o peso na Constituinte. Eu discordo da proposta do Lula, de referendum à Constituição. Acho que é jogar uma falsa expectativa."
Há coerência era Jacó, isto e certo. Passo uns tirar o principal líder do partido da Constituinte, lançando-o à governador. Passo dois; centrar na candidatura Suplicy a campanha de nosso partido. Passo três: "não jogar peso na Constituinte". E, passo quatro, voltar "à luta do dia a dia".
Mas calma com o andor. Jacó tem um pingo de razão. Se ele diz que não devemos jogar as nossas expectativas na Constituinte, mas sim no movimento de massas; se ele diz que o centro da atividade do partido deve estar na mobilização popular e a partir dela é que deve ser feita a intervenção na constituinte; então, muito bem, concordamos com Jacó. Mas é isso que quererá dizer Jacó? Ou ele quer propor uma volta à política destruída pelos fatos, de entender que a constituinte não vai ser o centro da luta política do próximo período? Que quererá dizer Jacó? Ora, ao que nos parece, deve ser o segundo caso. Não é ele que diz ser contrário a proposta de referendo do Lula? Jacó, venha comigo. A burguesia quer dá constituinte um conjunto de leis o mais conservador possível. Os trabalhadores querem um conjunto de leis o mais democrático possível. Passo lógico, a "burguesia faz com que a constituinte seja senão um "congresso constituinte". Derrotada no primeiro embate, os trabalhadores vão para a eleição dos deputados constituintes. A burguesia centra a disputa política em torno dos governadores, o PT cai na esparrela, e a massa dos deputados constituintes é conservadora. Terceiro passo: a constituinte deverá trabalhar fora da vigilância do controle e da mobilização popular. O PT propõe que a constituinte tenha suas sessões transmitidas para todo o país via TV, que a população. seja mobilizada. Quarto passo: a burguesia quer que seja promulgada a nova constituição por esses deputados eleitos. O PT quer que a constituinte seja referendada pela população.
É isto Jacó: a burguesia quer elitização, quer uma constituinte estritamente conservadora. A classe trabalhadora? Jacó, quer romper os estreitos limites que a burguesia quer impor, quer que o trabalhador participe em todos os momento, não só na hora de votar nos deputados. Será, Jacó, isto uma "falsa expectativa" ou será justamente por compreender que a constituição será uma obra conservadora (o que e. uma expectativa com que até Jacó concorda) que nos queremos que a população vote num referendum? Não cansado, Jacó alerta:
"A CUT quase que desaparece nesse processo eleitoral, o próprio PT e seus militantes praticamente desapareceram, nos movimentos sociais, das greves dos portuários, bancários (SIC), metroviários.”
Mentira Jacó, mentira. Vejamos um exemplo: enquanto não terminou a negociação salarial dos bancários, nosso companheiro Gushiken não fez, nem ele próprio, nem a massa de militantes petistas bancários sua campanha - pondo em razoável risco, aliás, sua própria eleição. Isto é uma mostra de "desaparecimento"?
O problema? Jacó, e o inverso. Os militantes do PT que atuam no movimento sindical participaram muito pouco da campanha, não participaram como deviam. Haja visto quantos sindicalistas que elegemos nesta campanha. Bancada federal paulista provável no dia que escrevo este artigo: 8. Movimento sindical: 2. Bancada estadual etc etc...: 10. Sindicalistas: 4. O que faltou, Jacó, foi não “estar muito mais presentes no  processo eleitoral” mas sim ter estado muito menos. Faltou empenho, empenho e empenho em especial dos companheiros sindicalistas. E os problemas que virão daí nós ainda veremos.
No fim, mas não ao cabo, Jacó inicia uma análise de conjuntura:
"o poder econômico impera, a correlação de forças não foi alterada". Brilhante, Jacó, a seguir por estes critérios enquanto a burguesia estiver no poder, enquanto o "poder económico imperar", NUNCA a correlação de forças mudará. Pois para Jacó o fato de ter vendido avassaladoramente o setor liberal do PMDB; o fato dá “esquerda independente” ter sido esmagada; o fato do  PT ter crescido; derrota do PDT no RJ, o fato do PFL ter sido derrotado e o PDS defenestrado; tudo isto, para Jacó, "nao alterou a correlação de forças". Parece-se Jacó aqui com Sir Ney, que disse que a correlação de forças em seu feudo não se alterou, e que ele só alteraria os ducados se vencesse o partido do cruzado Marco Maciel... Jacó, veja em que companhia andam tuas avaliações? Mas o que podemos esperar de um dirigente nacional que diz (sic):
"O PT tem o compromisso histórico de ser oposição, e sendo oposição não procurar fazer grandes análises do que o governo está aplicando. O que o governo está aplicando por excelência por anteciparão, nós temos que ser oposição, porque ele atende os interesses da classe empresarial, ao patrona não atende os interesses dos trabalhadores."
Pela primeira vez vejo era letra de forma, não importa nada, importa o INSTINTO. Não precisa fazer análise, basta ser contra "por princípio". Só que, companheirinho Jacó, sua tática só seria boa se a burguesia não vivesse tentando cooptar os trabalhadores. Porque a burguesia, Jacó, sabe que para manter o poder ela precisa fingir, disfarçar, cooptar, ceder e conceder. Se me entendes, companheirinho, fazer POLÍTICA. E se a burguesia faz isso para manter o poder, nós temos que fazer para conquista-ló. Se a burguesia cede, ANALISAR como cedeu e porque cedeu. Se a burguesia recua, ANALISAR e EXPLICAR porque recuou. ANASILAR, companheirinho, porque as massas tem que saber analisar do nosso ponto de vista cada passa dado pela burguesia.
Mas Freud explica. Na Idade Média os cavaleiros andantes iam (à cavalo) para as liças (combates) armados de lanças e escudos, com pesadas vestes (armaduras). O combate era feito de tal modo que os ataques eram feitos em linha reta, da qual os cavaleiros não se desviavam até que aquele mais forte derrubava o outro pela pura força física. Na corte do Rei Artur, o cavaleiro Lancelote, ANALISANDO, um dia desviou do seu cavalo do adversário, que caiu estrepitosamente por não ter previsto (ENTENDIDO -ANALISAR) que seu inimigo poderia fazê-lo. Mas os cavaleiros acabaram: eram românticos demais. Eis então que Jacó, educado nos mais perfeitos moldes da cavalariça, intenta repetir D. Quixote. Boa sorte, Jacó.
Ao cabo. O resto da entrevista de Jacó e dedicada a explicar o porque ele considera a eleição como “saldo positivo”; por que o LULA é "fundamental", o partido "precisa muito do companheiro Lula", etc etc; porque ele é favorável as tendências dentro do partido ("desde que não seja um partido dentro do partido); prometendo um documento  ("para que as coisas não fiquem mais como se fosse uma briga com este ou aquele companheiro); etc...
Sou de opinião que antes de se ter definido o quadro geral dos resultados eleitorais - o que deve acontecer dentro de mais uma semana, creio – é inviável fazer uma análise completa da conjuntura.  Uma coisa é certa: NÃO se trata de fazer uma análise em termos de se a campanha foi "positiva" ou "negativa". Não fosse por outras razões, toda a campanha tem “aspectos positivos” e “negativos”. Trata-se sim de fazer uma avaliação objetiva das forças em luta durante a campanha e quais saíram vencedoras e quais derrotadas, como e porquê. Trata-se ainda de verificar quais eram as tarefas do partido nesta eleição e quais as que cumprimos de fato. Trata-se enfim de fazer uma avaliação de conjuntura, e não um debate só sobre o PT. A luta política se faz combatendo os inimigos, avaliando suas forças e as nossas. Basta de internismo na vida partidária. Precisamos de politica, avaliação política e luta política.
Se desviarmos a discussão para quem deve ser nosso próximo presidente, ou ainda sobre os eixos do Suplicy, estaremos no caminho errado.
Dessa forma, faço minhas as palavras finais de Jacó: "trata-se de montar um esquema de  discussão  que   seja o mais  democrático  possível   e  que   o  resultado disso seja aplicado e seja cumprido pela direção do partido". Pois é Jacó, pena que as coisas certas sejam ditas no final.






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