Tem sido objeto de polêmica, na grande imprensa,
o convite feito pelo Instituto da Cidadania, para que o senador
Antonio Carlos Magalhães participe de seminário sobre pobreza e
desenvolvimento.
O convite a ACM é feito pelo Instituto da Cidadania, não pelo Partido dos Trabalhadores. Entretanto, como o Instituto é dirigido por petistas, sinto-me no direito e no dever de criticar publicamente este convite.
No espaço do Congresso Nacional, o contato com ACM, Ronaldo Caiado e outras figuras desta natureza é inevitável, normal e necessário. No Congresso e noutros espaços públicos, o PT sempre manteve relações com todas as forças políticas.
O Instituto da Cidadania, contudo, é uma instituição privada. Seus animadores não são obrigados a convidar ninguém. Portanto, o convite a ACM é uma opção, produto do livre arbítrio, e é exatamente desta opção que discordamos.
Primeiro, porque só se convida para um seminário desses quem se considera interlocutor e com algo de relevante a falar sobre o tema em tela.
Por exemplo, eu não convidaria o Harry Shibata para falar de ética médica. Não convidaria o Hildebrando Pascoal para falar de segurança pública. Não convidaria o Milosevic para falar sobre direitos das minorias nacionais. Nem convidaria o Clinton para falar de assédio sexual.
O ACM pode ser especialista em combater a sua própria pobreza. Pode ser especialista em aumentar a pobreza do povo da Bahia e do Brasil. Pode ser especialista em falar de desenvolvimento, enquanto apóia um programa recessivo. Mas não é um interlocutor sério para discutir estes temas.
Não é só a chamada esquerda petista quem fala isso. Basta ver o que disse, a respeito, o presidente do PT paulista, Antonio Palloci, em editorial do Linha Direta. Segundo Palloci, a proposta de ACM "contra" a pobreza era uma confissão da pobreza cultural das elites e não valia a pena nem mesmo discutir os seus detalhes.
O segundo motivo que torna inadequado o convite é político. ACM é uma das alternativas presidenciais da direita e um dos coordenadores do bloco conservador. Está tentando "limpar" sua imagem e ganhar apelo popular fora da Bahia. Ao convidá-lo, o Instituto da Cidadania lhe empresta um "selo de qualidade", ajuda indiretamente ACM nesta sua operação política.
O terceiro motivo diz respeito à auto-estima. Recentemente, nas comemorações de 2 de julho, em Salvador, milhares de petistas, entre eles Lula, foram agredidos pela Polícia Militar, numa operação claramente encomendada por ACM.
Os motivos para não convidar ACM, portanto, não têm nenhuma relação com falta de disposição para o contraditório, muito menos com tendências ditatoriais, afirmação atribuída pela imprensa a um dirigente do PT favorável ao convite. Aliás, quem entende de ditadura é o senador Antonio Carlos Magalhães.
É por essas e por outras que sou partidário da candidatura de Miltom Temer à presidência do PT. Num PT dirigido por Temer, o convite a ACM não seria tolerado.
Valter Pomar
3º vice-presidente nacional do PT
O convite a ACM é feito pelo Instituto da Cidadania, não pelo Partido dos Trabalhadores. Entretanto, como o Instituto é dirigido por petistas, sinto-me no direito e no dever de criticar publicamente este convite.
No espaço do Congresso Nacional, o contato com ACM, Ronaldo Caiado e outras figuras desta natureza é inevitável, normal e necessário. No Congresso e noutros espaços públicos, o PT sempre manteve relações com todas as forças políticas.
O Instituto da Cidadania, contudo, é uma instituição privada. Seus animadores não são obrigados a convidar ninguém. Portanto, o convite a ACM é uma opção, produto do livre arbítrio, e é exatamente desta opção que discordamos.
Primeiro, porque só se convida para um seminário desses quem se considera interlocutor e com algo de relevante a falar sobre o tema em tela.
Por exemplo, eu não convidaria o Harry Shibata para falar de ética médica. Não convidaria o Hildebrando Pascoal para falar de segurança pública. Não convidaria o Milosevic para falar sobre direitos das minorias nacionais. Nem convidaria o Clinton para falar de assédio sexual.
O ACM pode ser especialista em combater a sua própria pobreza. Pode ser especialista em aumentar a pobreza do povo da Bahia e do Brasil. Pode ser especialista em falar de desenvolvimento, enquanto apóia um programa recessivo. Mas não é um interlocutor sério para discutir estes temas.
Não é só a chamada esquerda petista quem fala isso. Basta ver o que disse, a respeito, o presidente do PT paulista, Antonio Palloci, em editorial do Linha Direta. Segundo Palloci, a proposta de ACM "contra" a pobreza era uma confissão da pobreza cultural das elites e não valia a pena nem mesmo discutir os seus detalhes.
O segundo motivo que torna inadequado o convite é político. ACM é uma das alternativas presidenciais da direita e um dos coordenadores do bloco conservador. Está tentando "limpar" sua imagem e ganhar apelo popular fora da Bahia. Ao convidá-lo, o Instituto da Cidadania lhe empresta um "selo de qualidade", ajuda indiretamente ACM nesta sua operação política.
O terceiro motivo diz respeito à auto-estima. Recentemente, nas comemorações de 2 de julho, em Salvador, milhares de petistas, entre eles Lula, foram agredidos pela Polícia Militar, numa operação claramente encomendada por ACM.
Os motivos para não convidar ACM, portanto, não têm nenhuma relação com falta de disposição para o contraditório, muito menos com tendências ditatoriais, afirmação atribuída pela imprensa a um dirigente do PT favorável ao convite. Aliás, quem entende de ditadura é o senador Antonio Carlos Magalhães.
É por essas e por outras que sou partidário da candidatura de Miltom Temer à presidência do PT. Num PT dirigido por Temer, o convite a ACM não seria tolerado.
Valter Pomar
3º vice-presidente nacional do PT
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