segunda-feira, 5 de setembro de 2011

O debate sobre o Haiti

O plenário do Congresso do PT rejeitou a emenda apresentada pela chapa Esquerda Socialista e pela chapa de O Trabalho, acerca do Haiti.

O curioso é que a emenda em questão trazia o mesmíssimo conteúdo de outras que foram aprovadas, tanto em 2006 quanto em 2010, pelos respectivos encontro e congresso do Partido.

O motivo provável: o fato da emenda ter sido apoiada e co-defendida por O Trabalho, que há anos sustenta uma campanha acusando o governo brasileiro de participar da "ocupação" do Haiti.

Vale dizer que os dois oradores que defenderam a emenda, inclusive uma militante de O Trabalho, não fizeram referência a isto. E limitaram-se a idéia central da emenda, que já fora aprovada em 2006 pelo Partido, a saber: que o mais rapidamente possível, o Brasil deve encerrar sua presença militar no Haiti, mantendo outro tipo de cooperação.

Acontece que o orador que falou contra a emenda, José Genoíno, argumentou como se a emenda tivesse outro conteúdo. Todo o discurso de Genoíno foi em favor da presença das tropas brasileiras, em contraponto aos que acusam o Brasil de "ocupação imperialista".

Embora nada disto estivesse dito na emenda, a defesa de Genoíno e o co-patrocínio de O Trabalho certamente levaram a maioria dos delegados a rejeitá-la.

Logo em seguida, um grupo de delegados e delegadas patrocinou uma moção repetindo os termos da emenda. E esta moção deve fazer parte das resoluções, corrigindo o equívoco.

Registre-se, sobre isso, finalmente, que Genoíno pediu a palavra para retirar um termo que havia utilizado na sua intervenção: a de que o Brasil está cumprindo um "papel civilizatório" no Haiti.

Realmente, um argumento para além de infeliz, que revela como a tentativa de justificar a presença de tropas em outro país pode acabar gerando justificativas estapafúrdias, que no passado não muito distante serviram a imperialistas de todos os calibres para justificar suas infâmias.











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