segunda-feira, 6 de setembro de 2021

Rápido comentário sobre o dia 7 de setembro

As pesquisas apontam para uma vitória de Lula nas eleições de 2022. 

Inclusive por isso, parcela dos que apoiaram Bolsonaro no segundo turno de 2018 está buscando construir uma alternativa não-bolsonarista para enfrentar Lula.

Por conta destes e de outros fatores, há quem diga que Bolsonaro estaria ficando “isolado”.

Mas não está derrotado, muito menos imóvel.

Para além de ações mais convencionais para reconquistar apoios e votos, Bolsonaro está apostando na mobilização do núcleo duro de sua base de apoio.

A data escolhida – o 7 de setembro – gerou a impressão de que se trataria de um confronto direto com a oposição de esquerda, a começar pelos organizadores do Grito dos Excluídos, este ano articulado com a campanha pelo Fora Bolsonaro. 

Mas o alvo imediato do bolsonarismo são setores da própria elite, a começar por alguns ministros do Supremo Tribunal Federal.

A escalada contra o STF não é consensual nem mesmo entre os setores que hoje apoiam e integram o governo de Bolsonaro. 

Mas o núcleo duro do governo está determinado a “esticar a corda”, talvez por saber mais do que nós sabemos acerca do risco que Bolsonaro e sua família correm de terminar – nas palavras do presidente – “morto ou preso”.

Ao final do dia 7 de setembro saberemos: 

a/qual o número total de pessoas que o núcleo duro do bolsonarismo é capaz de mobilizar, em quantas cidades e com qual composição política e social; 

b/qual a proporção entre retórica golpista e prática violenta, de que tipo e contra que alvos. 

Igualmente ao final do dia 7 de setembro, saberemos: 

c/qual a disposição real que a direita gourmet tem de enfrentar o golpismo bolsonarista, bem como o grau de comando que possui sobre as forças policiais;

d) qual a capacidade de convocatória da oposição de esquerda, nas piores condições possíveis (atos realizados em um feriado prolongado, sob ameaça combinada de pandemia e violência, com setores da própria oposição defendendo a desmobilização).

É provável que neste 7 de setembro de 2021 haja atos de violência – que podem ser maiores ou menores, planejados diretamente ou estimulados indiretamente, agressões reais ou atentados sob falsa bandeira.

É também provável que - ao menos em São Paulo e Brasília - as manifestações bolsonaristas sejam maiores do que as da oposição de esquerda.

Mas, aconteça o que acontecer, enganam-se os que acham que - se a esquerda não comparecesse - estaríamos evitando uma vitória do bolsonarismo ou neutralizando as ameaças golpistas.

Uma vitória por WO da direita contribuiria para um cenário pior e não para um cenário melhor do que o atual.

Ademais, a esquerda precisa se preparar para este "novo normal": as eleições de 2022 não serão eleições: serão uma guerra.

E nesta guerra, a disputa pelas ruas em 2021 terá grande importância, política e simbólica.

Este é um dos vários motivos pelos quais é necessário ir às ruas neste dia 7 de setembro.









Nenhum comentário:

Postar um comentário