O companheiro Maringoni postou em seu perfil do face uma mesagem com o seguinte título: "COMETI UM ERRO DE AVALIAÇÃO".
As maíusculas são dele e a postagem está aqui:
https://www.facebook.com/100006008748448/posts/1721606144716327/?d=n
Ao final, reproduzo na íntegra.
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Erros de avaliação todo mundo comete.
Reconhecer publicamente, pouca gente.
Isto posto, vamos ao grão.
Maringoni constata que os atos organizados pelo MBL foram 1/fracos e 2/contaminados pela palavra de ordem "Nem Lula e nem Bolsonaro".
Segundo Maringoni, esta atitude comprometeria "a formação da mais que necessária frente ampla para se derrotar o governo".
E acrescenta: "Kim Katiguiri, que prometera um comportamento equilibrado, se desmoraliza".
Cabe perguntar: por qual motivo Maringoni acreditava no contrário?
Por qual motivo ele acreditava que os atos do MBL seriam fortes?
Por qual motivo ele achava que tais atos não seriam contaminados pelo nem-nem?
Por qual motivo Maringoni confiava que Kim teria um "comportamento equilibrado"?
Resposta de Maringoni: "eu imaginava que a manifestação de São Paulo, por contar com apoio dos governos estadual e municipal fosse bem maior. Acima de tudo, julguei que, após a micareta golpista patrocinada por Bolsonaro no dia da Pátria, novos setores da burguesia se descolariam do governo, arrastando a direita liberal no caminho".
Em resumo: Maringoni "confiou" demais, "julgou" indevidamente o compromisso da direita gourmet e da classe dominante com a democracia e com as chamadas instituições.
E por isso mesmo não percebeu o que estava por detrás da "operação mordomo": preservar as políticas neoliberais, mesmo que às custas de manter um golpista assumido na presidência.
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Mas que consequências Maringoni tira desta sua autocrítica pública?
Não sei ao certo.
Mas a julgar por como termina a já citada postagem, "confio" que Maringoni vai cometer novos erros de avaliação.
Digo isto porque Maringoni termina seu texto enfatizando que "sem a ampliação consistente dessa frente, não haverá mudança da conjuntura", apontando dois caminhos que podem levar a isso mas sem perceber o que decorre de um "problema de três corpos": a esquerda, o bolsonarismo e a direita gourmet.
O caminho sonhado por Maringoni não aconteceu porque os neoliberais colocam em primeiro lugar a liberdade dos mercados e em último lugar as liberdades democráticas.
Já a mobilização do povão só vai acontecer se - entre outras coisas - a esquerda vincular a defesa das liberdades democráticas com a defesa da "pauta do povo".
E isto será muito difícil de fazer, se insistirmos numa "frente ampla" com aqueles que são cúmplices de Bolsonaro no ataque aos direitos do povo.
"Ampliação" que pode acontecer e "dar liga" na luta contra Bolsonaro é aquela produto do engajamento e radicalização popular.
Claro que a radicalização dos de baixo geralmente provoca cisões no andar de cima.
Ou seja: se formos pela esquerda, podemos até atrair aliados que hoje estão à nossa direita.
Mas neste caso as bandeiras seriam vermelhas, não brancas.
E sem fascistinhas ao nosso lado.
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SEGUE A ÍNTEGRA DA POSTAGEM
"COMETI UM ERRO DE AVALIAÇÃO"
Eu imaginava que a manifestação de São Paulo, por contar com apoio dos governos estadual e municipal fosse bem maior. Acima de tudo, julguei que, após a micareta golpista patrocinada por Bolsonaro no dia da Pátria, novos setores da burguesia se descolariam do governo, arrastando a direita liberal no caminho. O bate-cabeças na produção de manifestos na semana anterior apontava para defecções expressivas. O objetivo seria, obviamente, compor forças para viabilizar a terceira via.
ESSE MEU ERRO: as cisões não aconteceram e, até aqui, a operação Temer conteve a sangria bolsonarista. Nenhuma força expressiva, além de quem já se perfilava na oposição, se deslocou.
Assim, no palanque paulistano, estavam os já rompidos com o boçal, como Ciro, Dória, Mandetta, Alessandro Vieira, Isa Penna, Simone Tebet, Joice Hasselmann e Tabata Amaral, além de setores minoritários da esquerda.
Sem a ampliação consistente dessa frente, não haverá mudança da conjuntura. Não bastam novos atos. São precisos novos atos, maiores e representativos de um maior leque de forças. Sem sensibilizar os pobres com temas como inflação, comida, emprego, vacina etc. e sem deslocamentos expressivos na direita, teremos, possivelmente, mais do mesmo".
Muito interessante o chamado à atenção para as "bandeiras serão vermelhas e não brancas"
ResponderExcluirNa devida proporção, lembra a França da revolução burguesa feita pelo povo.
ResponderExcluirMaringoni reverenciou as manifestações de junho de 2013... nenhuma surpresa.
ResponderExcluirBurguesia?
ResponderExcluirA última vez que vi a burguesia foi num livro de Flaubert ou no cinema! É o que podemos chamar de esquerda aérea. Vive em algum lugar idílico e etéreo. E enquanto isso o pau comendo aqui na realidade distópica do capitalismo do século XXI, dominado por empresas que são do tamanho de super Estados, que capturaram esses mesmos Estados e o transformaram a sua imagem e semelhança e que juntos esvaziaram os dois principais instrumentos de luta da classe trabalhadora: os sindicatos e os partidos. E pior, conseguiram capturar e domesticar a consciência crítica da classe trabalhadora a tal energia utópica que foi nossa mola propulsora nos séculos passados. Se o capitalismo temeroso do fantasma do comunismo já era um perigo para a humanidade e a natureza imagina um capitalismo agora livre, leve e solto, esse verdadeiro Leviatã desacorrentado. O Brasil é realmente o país do futuro. Pobre Stefan.
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