Sobre as manifestações bolsonaristas, recomendo a leitura da seguinte análise:
https://www.facebook.com/100006280202434/posts/3043921265827184/
Recebi análises similares acerca dos
atos bolsonaristas ocorridos em Brasília e em Belo Horizonte.
Vale ler, também, a análise dos
Jornalistas Livres:
https://jornalistaslivres.org/bolsonaro-esta-como-gosta-como-hitler-ou-mussolini/
O que estas análises informam, entre tantas outras coisas?
Primeiro, que as manifestações foram
numericamente expressivas, especialmente se considerarmos que não contaram com
a participação de outros setores da direita.
Segundo, que a base social do
bolsonarismo é socialmente diversificada, incluindo de grandes empresários até
setores populares.
Terceiro, que esta extrema direita possui uma "interpretação" acerca do que ocorre no mundo e no país.
Pode ser uma interpretação vintage-guerra-fria, pode ser uma interpretação neofascista, pode ser tudo de ruim... mas nada disso impede que tais ideias contribuam para mobilizar e motivar pessoas em favor de ações que causam muito dano à maioria do povo brasileiro.
Por tudo isso, chamar os bolsonaristas
de “gado”, ou seja, tratá-los como se fossem animais irracionais que são
tangidos de um lado para outro, é um escapismo que não contribui para compreendermos o fenômeno, tampouco contribui para sua derrota política.
Uma questão em aberto – sobre a qual
há intenso debate – é saber se as manifestações de ontem atingiram ou não os
objetivos pretendidos pelo bolsonarismo.
Flopou ou não flopou?
Eles achavam que iam por milhões e
fracassaram no intento?
Tinham a expectativa de que ontem
seria o "Dia D" e saíram frustrados?
Um exemplo deste viés de análise está
aqui:
https://www.youtube.com/watch?v=t5gmSvm8RRU
Minha opinião: Bolsonaro não chamou
as manifestações de 7 de setembro porque queria dar um “golpe” ao estilo 31 de
março de 1964.
Aquele tipo de golpe se dá contra quem está no governo.
Bolsonaro já está lá.
E quer continuar na
presidência da República por muitos anos, inclusive para não terminar esta história preso.
E o que ameaça este objetivo de Bolsonaro?
A pandemia? A crise social? A crise
econômica? O governo Biden?
Não.
A maior ameaça é a descrença – por parte
de um pedaço da classe cada vez mais expressivo da classe dominante – de que Bolsonaro será capaz de derrotar Lula
na próxima eleição presidencial.
É por este motivo que um pedaço crescente da elite
está se convencendo da necessidade de antecipar a saída de Bolsonaro.
Como diria Antonio Carlos de Andrada: "façamos a revolução antes que o povo a faça".
Este pedaço da elite não está preocupada
em defender as “instituições” e muito menos em preservar as “liberdades
democráticas”.
O que move esta turma é, muito
resumidamente, tirar Bolsonaro para abrir espaço para uma candidatura da
direita gourmet que seja capaz de derrotar Lula.
Como Bolsonaro já demonstrou ter - a preços
do aluguel de anteontem - apoio parlamentar para bloquear um eventual pedido de impeachment, a
direita gourmet vem lançando mão de dois instrumentos principais: a Globo na
batalha de ideias e o Supremo nas operações práticas.
É por isto que o alvo imediato de Bolsonaro
é o STF, mais precisamente o ministro Alexandre de Moraes.
Neste sentido, a mobilização de ontem
tinha um objetivo principal: demonstrar à direita gourmet que – “isolado” ou
não – Bolsonaro tem bala na agulha e disposição para cair atirando.
Neste sentido, é um erro minimizar a
demonstração de força do bolsonarismo.
Aliás, chega a ser engraçado: ontem
havia gente recomendando que não devíamos sair de casa, hoje tem gente falando
que o cavernícola é um tigre de papel.
Bolsonaro não pode nem deve ser subestimado,
nem como político tradicional, nem como adversário eleitoral, nem como golpista.
Quem cometeu este erro em 2018 não
deveria reincidir nele agora, por exemplo subestimando a importância de lutar
pelo seu impeachment imediato.
Seja como for, a grande questão é:
frente a operação bolsonarista, o que fará a direita gourmet?
Voltaremos a isso na sequência deste
texto.
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