segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

Roteiro de fala no debate travado no Diretório Nacional do PT dia 7/12/2020

1/Bom dia a todos e a todas.

CONJUNTURA

2/Embora esta reunião seja dedicada ao balanço das eleições, considero essencial destacar o que vem pela frente: o aprofundamento da tragédia sanitária, social e econômica.

3/ recrudescimento das contaminações e das mortes devido não apenas ao Covid 19

4/desemprego crescente, que vitima especialmente os jovens, a miséria e a fome vão crescer ainda mais, nas próximas semanas e meses, com o fim do auxílio emergencial

5/situação econômica do país desastrosa para a imensa maioria

6/isto deve estar no centro da nossa atuação

7/inclusive dos prefeitos que vão tomar posse em janeiro

8/a conclusão que tiramos daí é que devemos retomar a campanha pelo impeachment, eplo Fora Bolsonaro

9/e reforçar a luta pela anulação dos processos ilegais contra Lula e pela devolução de seus direitos políticos

10/e aprender a lição de 2020: a defesa da vida (vacinação universal, renda emergencial, geração de empregos) x tem que estar combinado com a luta pelo fim do governo Bolsonaro

11/por óbvio, defendemos que as bancadas do PT tenham candidatura à presidência das Mesas e não se comprometam com quem está diretamente relacionado com esta crise e seu agravamento, reforçando quem já saiu reforçado do processo eleitoral

SOBRE O BALANÇO ELEITORAL

1/Sobre o balanço, entendemos que estamos começando o balanço e que há muita coisa que precisa ser analisada com ciência.

2/as condições em que a eleição ocorreu, prazo curto, pandemia, sem coligações, com fundo etc. precisam ser ponderadas, assim como as fake news, a compra de votos, a manipulaçõ da ajuda emergencial, o peso de quem já era governo, a redução nas lutas sociais, o capitalismo, MAS É importante lembrar que tudo isto já estava dado quando muitas imaginavam que teríamos uma grande vitória

3/DA NOSSA PARTE, a ideia essencial de nosso balanço é que os resultados de 2020 confirmam, mais uma vez, que não virá principalmente da luta eleitoral-institucional o impulso necessário para derrotar o bolsonarismo e o ultraliberalismo.

4/Para alterar a correlação de forças politica do país, faz-se necessário uma grande onda de lutas sociais.

5/Sem isso, as próximas eleições tendem a perpetuar a atual correlação de forças, com pequenas inflexões à esquerda ou à direita.

6/defendemos que o Partido utilize o ano de 2021 para isso.

7/É preciso aproveitar o fato de 2021 ser um ano sem eleições, para ampliarmos ao máximo a mobilização e a organização do povo, e para ampliar e capilarizar nossa presença em todo o território nacional e em todos os setores sociais.

8/Defendemos também realizar, no primeiro semestre, ou um 8º Congresso, ou  um encontro extraordinário, com o objetivo exclusivo de prosseguir o debate iniciado no 6º Congresso, acerca do programa, da estratégia, da tática, da política de alianças e da organização do Partido.

9/isto porque existe um problema POLITICO de ESTRATEGIA

10/este problema não se resolve com medidas administrativas e organizativas

11/por exemplo a proposta do Teixeira de uma frente orgânica, isto não é uma decisão que possa ser tomada no DN

AINDA SOBRE O BALANÇO

12/Caberá também ao 8º Congresso (ou Encontro Extraordinário) concluir o balanço do processo eleitoral de 2020.

13/No item 10 de nosso projeto de resolução, apresentamos acho que doze itens que devem ser analisados.

14/sem prejuízo desse debate mais profundo, temos que combater o discurso segundo o qual a população não quereria radicalismo, a população desejaria moderação, saídas pelo centro

15/primeiro, não foi o centro que ganhou estas eleições, foi a direita no sentido amplo (os golpistas)

16/segundo, o bolsonarismo não se saiu bem, mas é um erro superestimar isso

a/no país inteiro, candidaturas

b/pauta bolsonarista muito forte (esgoto: baby Aécio Neves, Melo, Sarto)

c/bolsonarismo é um instrumento, o essencial é o programa... foram esses que ganharam

d/nada impede que, na ausência de alternativa melhor, se unam de novo em torno de Bolsonaro

SOBRE O PT

17/Tivemos vitórias políticas e eleitorais

18/Tivemos derrotas eleitorais e vitórias políticas (Benedita, Marilia)

19/Novidades importantes (por exemplo eleição de jovens,  mulheres, negros e negras)

20/Mas olhando a eleição como um todo, nacionalmente, comparando com o que queríamos, com o que dizíamos que íamos ter, com o que era necessário, a conclusão é que tivemos uma derrota eleitoral e política.

-menos prefeitos

-menos vereadores

- número de votos similar

- número similar de pessoas governadas

-nenhuma capital

-resutado preocupante no NO

-derrota gravíssima em BH

-derrota gravíssima em SP

21/E sobre a derrota em SP, não é algo trivial. Do primeiro ao último dia, houve uma cristianização da candidatura de Jilmar Tatto. Contra quase tudo, contra quase todos e contra uma parte de "nós mesmos". Isso não pode ser colocado debaixo do tapete.

ALIADOS

22/quanto aos nossos supostos ou reais aliados...

a/não vou falar dos coligados de direita, com que não deveríamos estar coligados (aliás, estou muito curioso em saber como será a reunião do Vaguinho com Bolsonaro amanhã)

b/falar o que do PDT de Ciro, que mesmo depois de Sarto só ter vencido graças ao eleitorado petista, dedicou-se a ataques infames contra o PT?

c/falar o que do PSB, que elegeu em Recife a versão baby do Aécio Neves?

d/PCdoB (nós defendendo a Manuela contra os mesmos ataques que Marilia Arraes sofria, sem que Luciana se insurgisse contra isso) [clausula de barreira]

e/PSOL (esforço para projetar Boulos e crítica de Edmilson a Lula em entrevista a O Globo, depois do segundo turno)

23/enfim, o quadro não é fácil, até porque dentro do PT, também  há problemas graves

-governador Camilo operou a serviço dos Ferreira Gomes

-varios parlamentares (contra os quais pedimos abertura de processo disciplinar) apoiaram abertamente candidaturas de outros partidos

-Jaques e outros abriram o debate sobre 2022 da pior maneira possível x “refém de Lula”

-há um ambiente na base do partido que não é de vitória, não é de meia vitória, é de imensa preocupação

-e o crescimento da abstenção, dos votos brancos e nulos, revela que há uma operação (vide Barbosa) em favor de um voto facultativo de fato, excluindo da vida política um pedaço imenso da classe trabalhadora

CONCLUINDO

24/o ciclo de derrotas que começou em 2015 não terminou e este ciclo de derrotas não vai terminar enquanto não houver uma onda de lutas sociais

25/é bom dizer que nós da AE não imaginávamos que fossemos ter uma grande vitória

26/aliás, em geral sempre fomos mais pessimistas do que o Guimarães e outros

27/entretanto e paradoxalmente, o resultado mostrou que  havia espaço para termos resultados melhores (mais vitórias eleitorais e mais vitórias políticas)

-no caso de SP, por exemplo, Haddad tinha que ter sido candidato

-falando em geral:

-tivemos mais candidaturas que 2016

-havia um clima melhor  do que em 2016

-havia o desgaste de Bolsonaro

-havia espaço para ampliar a oposição a Bolsonaro (obtendo vitórias políticas, inclusive eleitorais)

-neste quadro, nacionalizar teria sido eleitoralmente útil

-mas como foi dito, prevaleceu a mais estrita municipalização (e isso foi comum a todos os partidos de esquerda e também a candidaturas petistas de todas as tendências)

28/Reitero: há muitas informações que precisamos debater. Por exemplo analisar o tema do Fundo, agora podendo analisar os recursos versus o desempenho das candidaturas.

29/mas para vencer em 2022 ou quando for, precisamos reconhecer o que houve agora: uma derrota. A melhor coisa para a classe trabalhaora, para a esquerda, é sempre falar a verdade.

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário