Em Shangai, são 22h00 de 19 de abril de 2024. Logo mais regressa ao Brasil a delegação do PT que está em visita à China. Viemos via Frankfurt, voltaremos via Qatar.
A "delegação de alto nível", como foi denominada pelos anfitriões, era para ter tido 30 integrantes, depois foi reduzida devido a desistências de última hora, bem como por pessoas que tiveram que regressar antes do término, tendo chegado ao final da visita com a seguinte composição: Romênio Pereira, Monica Valente, Valter Pomar, José Airton, João Maurício, Saulo Dias, Maria Isabel, Miguel Ângelo, Carlos Veras, Carlos Zaratini, Ricardo Campos, Maria Isolda, Laura Sito, José Ronaldo, Macaé Maria, Helder Salomão, Cícero Balestro, Vitor Silveira, Debora Pereira, Jean Mark, Danilo Veloso e Liliam Borges.
No último dia da visita, além das atividades fenícias e de turismo, a delegação visitou um centro comunitário e o respectivo comitê de base do Partido. Também houve uma reunião bilateral onde se combinaram os próximos passos, como por exemplo a vinda de professores chineses para uma atividade de formação sobre a história e funcionamento do PCCh, sobre o funcionamento do governo chinês e da planificação, sobre a iniciativa do Cinturão e Rota.
Aliás, do ponto de vista chinês, esta talvez seja a grande questão: se o Brasil vai se integrar à Iniciativa. Seguramente este será o grande tema a ser debatido, quando das visitas que Celso Amorim e Geraldo Alckmin farão à China nos próximos meses. Lembrando que, em novembro de 2024, será a vez de Xi Jinping visitar o Brasil.
De volta ao Brasil, cada integrante da delegação terá o desafio de digerir a experiência e transmitir, ao seu círculo de relações, as impressões que teve. O programa Janela Internacional, da TV FPA, entrevistará quem se disponha. A Fundação também buscará publicar os textos de balanço que sejam produzidos.
O grande desafio, entretanto, transcende conhecer a China e o PCCh. O grande desafio é transformar o Brasil. Deste ponto de vista, a visita a China ajuda a perceber o papel que podem jogar, na transformação profunda de um país, a vontade política, a ação coletiva, a perspectiva de longo prazo.
A "correlação de forças" não era favorável, quando o Partido Comunista da China foi criado, em 1921, por 13 delegados, representando 58 pessoas, num país com 300 milhões de habitantes. A "correlação de forças" também não era favorável, em inúmeros outros momentos da história da China. Mas, adotando a postura de transformar a correlação de forças, as forças sociais encabeçadas pelo PCCh conseguiram - com avanços e recuos, vitórias e derrotas, erros e acertos - fazer da China o que ela é hoje.
Para nós, do Brasil e da esquerda brasileira, é fundamental aprender com essa disposição de não se prostrar diante das dificuldades, de não transformar a correlação de forças momentânea num obstáculo definitivo e, principalmente, de não adotar a mediocridade como meta e parâmetro.
Nosso país tem enormes possibilidades. Enquanto os capitalistas dos setores financeiro e primário-exportador forem dominantes, essas possibilidades seguirão sendo apenas isso: possibilidades. Também por isso, o PT e o conjunto da esquerda brasileira não podem aceitar o papel de gestores do status quo. É preciso disposição de transformar profundamente o país, investir pesadamente no bem-estar social e no desenvolvimento. Quero crer que a delegação de alto nível decolará, logo mais, com esta ideia na cabeça, ainda que com diferentes opiniões acerca de como fazê-lo.
Terminamos por aqui a parte pública desta série de textos. Quanto a parte privada, ou seja, os relatos reservados da excursão, estes serão publicados proximamente, claro que em javanês.
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