de 28 petistas.
A delegação é encabeçada pela presidenta nacional do PT, a companheira
Gleisi Hoffmann.
A programação inclui a visita a quatro cidades: Pequim, Xiamen, Fuzhou e
Shangai.
As passagens, a hospedagem, os deslocamentos e a alimentação da
delegação estão sendo pagos pelo Partido Comunista da China.
A primeira parte da programação, de 9 de tarde até 11 de abril, envolveu
- além do "sétimo seminário teórico", reuniões e visitas em vários
locais de Pequim, a saber:
1/com o chefe do departamento de relações internacionais do Partido
Comunista da China;
2/com Li Xi, integrante do comitê permanente do birô político do Comitê
Central do PCCh. Para simplificar: em outubro de 2022, o Congresso do
PCCh elegeu um Comitê Central com 205 titulares, dentro do qual tem um
Birô Político com 25 integrantes, dentro do qual tem uma comissão
permanente com 7 integrantes. Noutras palavras, Li Xi é um dos 7
principais dirigentes da China. Por isso, a reunião com Li Xi foi
realizada no Grande Salão do Povo;
3/com Xie Chuntao, pró-reitor da Escola Central do PCCh;
4/com Hun Chunying, ministra-adjunta do Ministério das relações
exteriores da China;
5/com Marcos Galvão, embaixador do Brasil na China;
6/a sede de um serviço público chamado 12345;
7/o Museu da história do PCCh.
No dia 12 de abril a delegação visitará a sede da empresa Huawei, a
Cidade Proibida e a Grande Muralha.
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Sobre o seminário teórico, mais detalhes estão aqui na página eletrônica
da Fundação Perseu Abramo, no seguinte endereço:
https://fpabramo.org.br/cooper
No link acima está o discurso feito pela presidenta Gleisi Hoffmann.
Além deste discurso, três integrantes da delegação fizeram exposições
mais longas.
A seguir o roteiro destas exposições (há diferenças entre o que foi
falado e os roteiros abaixo).
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Roteiro da exposição feita por Monica Valente, secretária executiva do
Foro de São Paulo
Cabe a mim falar sobre “Reforçar a capacidade de governança pela
administração integral e rigorosa do Partido”.
Ou seja, neste painel daremos ênfase a aspectos políticos.
Vale a pena começar citando alguns aspectos da história do Brasil e
enfatizando algumas diferenças importantes entre a situação política
brasileira e a situação política chinesa.
O Brasil viveu uma ditadura militar, entre 1964 e 1985.
Depois vivemos governos conservadores, entre 1985 e 2002.
Estes governos adotaram, na maior parte dos casos, políticas que nós
chamamos de neoliberais.
Entre 2003 e 2016, o PT exerceu a presidência da República, primeiro com
o companheiro Lula, depois com a companheira Dilma.
Em 2016 sofremos um golpe de Estado.
E entre 2016 e 2022, tivemos novamente governos conservadores e
neoliberais.
Desde 2023, o PT voltou à presidência da República, com Lula ocupando
uma vez mais a presidência.
Entretanto, o Brasil não é mais o mesmo.
Em diversos cenários, retrocedemos.
Noutra mesa deste seminário, poderemos discutir o retrocesso no plano
econômico.
Aqui, quero falar do retrocesso no plano político.
Forças de direita controlam importantes governos municipais e estaduais.
Controlam, também, parcela importante do Congresso Nacional.
Além de ocuparem inúmeras outras posições decisivas.
Parte dessas forças de direita não é apenas de direita, são de
extrema-direita, neofascistas.
Foram estas forças que tentaram um fracassado golpe de Estado, no dia 8
de janeiro de 2023.
Esta correlação de forças negativa coloca para nós, do PT, um desafio
maior do que o desafio que enfrentamos entre 2003 e 2016.
Naquele tempo, enfrentamos uma oposição de direita.
Hoje enfrentamos duas forças de oposição, uma delas de direita e outra
de extrema-direita.
A primeira é uma velha conhecida e sabemos como enfrentá-la: trata-se da
direita neoliberal tradicional.
A segunda apareceu nos últimos 10 anos e constitui para nós um grande
desafio.
Trata-se da extrema-direita neoliberal.
Esta extrema-direita tem base popular, especialmente entre os setores do
povo que professam a religião cristã de confissão protestante.
Para derrotar a extrema-direita, fizemos uma frente ampla, para fazer um
governo de coalizão.
Ganhamos as eleições, mas seguimos minoritários no Congresso Nacional.
Na opinião de nosso partido, alterar esta correlação de forças depende
da conscientização e mobilização de setores da classe trabalhadora que,
hoje, ainda se mantém distante das posições de nosso Partido.
Para dar conta desse desafio, precisamos aprimorar nossa comunicação
política e, também, fazer disputa política cotidiana.
Lembrando que esta comunicação e esta disputa política cabem ao governo
federal, aos 4 governos estaduais que o PT dirige, cabe as 241
prefeituras que nos governamos, cabe aos XX deputados estaduais, aos XX
deputados federais, cabe aos XX senadores do PT.
Mas cabe, também, ao Partido enquanto tal e aos movimentos sociais que
nós influenciamos.
Cabe, ainda, a forças políticas e sociais que, mesmo não sendo petistas,
são nossas aliadas.
A articulação entre estes diversos instrumentos da classe trabalhadora é
essencial para que incidamos na correlação de forças em nosso país.
Temos minoria nas prefeituras, governos estaduais, nos parlamentos, nos
meios de comunicação.
Além disso, a direita a extrema-direita têm grande influências nas
forças armadas, nas polícias e em algumas igrejas.
A possibilidade de alterar esta correlação de forças depende e muito da
mobilização direta da classe trabalhadora e de nossa capacidade
partidária de organização.
Como disse recentemente o presidente Lula, “só a mobilização evita volta
da extrema-direita”.
O PT é hoje o maior partido do Brasil e contamos com a preferência
partidária de aproximadamente um terço da população brasileira.
Hoje estamos engajados para participar ativamente das eleições
municipais de 2024.
É a partir da disputa nos municípios , da organização partidária e da
auto organização popular que poderemos contribuir, no biênio 2025-2026,
para organizar e consolidar a base popular necessária para mudar o
Brasil.
Ressaltamos também que , no plano político, a estratégia da integração
regional latino americana é parte essencial para o enfrentamento das
contradições que surgem do desenvolvimento autônomo e soberano do país
frente às politicas imperialistas que buscam tratar a região como mera
exportadora de commodities .
É importante que nossos amigos chineses tenham em conta a complexidade
da situação brasileira, muito diferente da situação chinesa.
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Roteiro da exposição feita por Valter Pomar, diretor da Fundação Perseu
Abramo
Cabe a mim falar sobre a “Exploração de caminho de modernização conforme
às próprias realidades de país”.
Começo lembrando que a sociedade brasileira nasceu dependente das
potências metropolitanas da época, especialmente Portugal e Inglaterra.
Desde então e até hoje, o Brasil foi e segue sendo uma das sociedades
mais desiguais do mundo.
Para preservar esta desigualdade, a classe dominante brasileira sempre
fez de tudo para impedir que a maioria do povo tivesse acesso à
democracia.
Outra característica do Brasil é que nosso desenvolvimento é sempre
inferior às nossas possibilidades.
Toda vez que o Brasil começa a se desenvolver, algo acontece e a roda da
história nada para trás.
Como diz um ditado popular, somos o país do futuro, mas o futuro nunca
chega.
Para ser mais preciso, na maior parte da história do Brasil nós tivemos
crescimento, tivemos modernização, mas não tivemos desenvolvimento.
No Brasil costumamos falar de “modernização conservadora”, ou seja, uma
modernização que conserva a riqueza dos que já são ricos e o poder dos
que já têm poder.
Quando falamos de desenvolvimento, falamos não apenas de crescimento,
não apenas de acumulação de riquezas materiais.
Quando falamos de desenvolvimento, falamos da criação das condições para
a nossa sobrevivência no longo prazo.
Condições econômicas, sociais, culturais, ambientais, políticas.
Falamos de criar estas condições em escala planetária, em escala de
humanidade, em escala de civilização, em escala de modo de produção e
reprodução da vida.
Nesta escala mais ampla, falar em desenvolvimento é falar das forças
produtivas de toda a humanidade.
Se nós do Brasil quisermos contribuir positivamente para o futuro da
humanidade, precisaremos dar um salto de qualidade em relação a situação
atual.
E para isso teremos que fazer um imenso esforço produtivo e tecnológico,
cultural e político, para transformar as condições materiais e
espirituais de vida de nossa população.
Se trata de elevar a capacidade produtiva da sociedade como um todo e se
trata, também, de elevar a capacidade produtiva individual de cada um
dos brasileiros e brasileiras.
Um primeiro passo foi dado em 2022, quando reconquistamos a presidência
da República, derrotando a extrema-direita neoliberal.
A vitória de Lula impediu Bolsonaro de continuar na presidência.
Mas a vitória na eleição presidencial não basta. Há inúmeras tarefas
pela frente.
Hoje, a economia brasileira possui dois grandes pilares: a especulação
financeira e a exportação de produtos primários (minerais, vegetais e
proteína animal).
Hoje quem domina a economia brasileira é o agronegócio, a mineração, o
capital financeiro e o capital transnacional.
Um de nossos desafios é mudar esta situação.
Mudando esta situação, mudaremos as bases estruturais nas quais repousa
a distribuição de propriedade, riqueza e poder em nossa sociedade.
Uma questão central a ser resolvida, insuficiente em si mesma, mas sem a
qual as demais não terão solução a contento, é a reindustrialização do
Brasil.
Em 1980, nosso país estava se convertendo em uma grande potência
industrial.
Desde então, tivemos a crise da dívida externa e vários governos
neoliberais.
Como resultado disto, desde 1980 o Brasil veio se desindustrializando
fortemente.
Isso começou a mudar nos governos Lula e Dilma (entre janeiro de 2003 e
agosto 2016), que manifestaram a disposição de colocar um freio e até
de tentar reverter o processo de desindustrialização.
Mas aí tivemos o ciclo golpista iniciado no impeachment de 2016 e
continuado com os governos de Temer e Bolsonaro (agosto de 2016 a
dezembro de 2022).
Como resultado disto, o Brasil involuiu. Deixamos de ser uma quase
potência industrial e viramos uma subpotência agroexportadora e
minério-exportadora.
Além de prosseguirmos sendo um paraíso para o capital financeiro
especulativo.
A “desindustrialização” iniciada em 1980 foi uma verdadeira ponte para o
passado, que nos levou a experimentar hoje, no ano de 2024, uma situação
similar, mas pior, àquela situação vivida no Brasil, na década de 1920,
um século atrás.
A desindustrialização mudou a composição da classe dominante, mudou a
composição e as condições de vida da classe trabalhadora, mudou o
ambiente político e cultural no Brasil, mudou a relação do Brasil com o
mundo.
Foi nesse ambiente de desindustrialização que os neoliberais atuaram e
seguem atuando.
Foi em reação a esse ambiente de desindustrialização, que a esquerda
encabeçada pelo PT ganhou quatro eleições presidenciais seguidas (2002,
2006, 2010 e 2014) e voltou a ganhar, novamente, em 2022.
Foi também nesse ambiente de desindustrialização que os neofascistas
cresceram e seguem ameaçando.
Por todos estes motivos, um dos principais desafios estratégicos do
governo Lula é servir de ponto de partida para uma “transição”: sair da
condição atual, de subpotência agro-minério-exportadora & rentista, e
passarmos a ser uma potência industrial.
Mas uma potência industrial de novo tipo.
Por novo tipo, queremos falar tanto de uma capacidade científica,
tecnológica e industrial padrão século 21, quanto queremos falar de uma
relação totalmente diferente com a classe trabalhadora, com o meio
ambiente e com o mundo.
Achamos que a atual situação mundial é, apesar de seus perigos, propícia
para as mudanças e transformações que queremos fazer.
A atual situação mundial é marcada pelos desdobramentos da crise de
2008, pela pandemia da Covid 19, pelo agravamento da situação ambiental,
pela ascensão da República Popular da China, pela guerra da Rússia
contra a aliança Ucrânia/OTAN e, destacadamente, pelas tentativas que os
Estados Unidos fazem no sentido de reverter seu declínio enquanto
potência hegemônica.
O declínio dos Estados Unidos abre uma janela para que o Brasil e outros
países possam mudar o mundo e mudar o nosso lugar no mundo.
Adotar como objetivo central a reindustrialização nacional tem
implicações em nossa política externa. Por exemplo, em nossa relação com
a Europa. A Europa demonstrou, na segunda onda da crise de 2008 e agora
na Guerra da Ucrânia, sua submissão aos interesses estratégicos dos
Estados Unidos.
Por outro lado, na relação econômica com o Brasil e com a região, parte
das nações que integram a União Europeia insistem em firmar acordos que,
se fossem aceitos, acabariam reforçando a nossa condição
primário-exportadora.
Quanto aos Estados Unidos, estes já demonstraram sua disposição de fazer
de tudo – sabotagem, golpes, lawfare, guerras, cooptação, fábricas de
fakenews – para prejudicar a integração regional latino-americana e
caribenha.
E nós consideramos que a integração regional da América Latina e Caribe
é parte essencial de nosso projeto de reindustrialização.
Portanto, fazer do Brasil um polo mundial industrial, científico e
tecnológico entra em choque com as ambições e interesses dos Estados
Unidos e da União Europeia.
Mas entra em choque, também, com a classe dominante brasileira.
A classe dominante brasileira, o empresariado capitalista, já demonstrou
inúmeras vezes que está dominado pelos rentistas da especulação
financeira, pela turma do agronegócio e pelas potências estrangeiras.
Se depender dos capitalistas brasileiros, nosso país continuará
subalterno e subdesenvolvido.
Portanto, a reindustrialização do Brasil depende essencialmente da
classe trabalhadora.
Só a classe trabalhadora tem interesse em promover mudanças estruturais
na sociedade brasileira.
Só a classe trabalhadora está disposta a lutar para que deixemos de ser
uma economia primário-exportadora e controlada pelo capital financeiro.
Só a classe trabalhadora tem interesse em vincular a reindustrialização
com a redução das desigualdades sociais, culturais e ambientais.
Por tudo isso é que dizemos que, do ponto de vista estratégico,
programático e histórico, cabe ao governo Lula a missão de desencadear
um ciclo de desenvolvimento sustentável que reindustrialize o país, que
amplie o bem-estar social da maioria do povo, que amplie as liberdades
democráticas, que proteja nossa soberania nacional, fazendo tudo isso
de forma combinada com a integração regional.
Para dar conta destas tarefas, precisaremos entre outras coisas de mais
estado e mais empresas estatais.
Precisamos que o Estado brasileiro amplie substancialmente o
investimento público em apoio ao desenvolvimento da indústria brasileira
e em apoio ao desenvolvimento científico-tecnológico.
Precisamos que o Estado brasileiro adote fortes políticas de ampliação
do bem-estar social.
Precisamos superar a política monetária adotada, hoje, pela direção do
Banco Central brasileiro.
O Banco Central brasileiro mantém, há bastante tempo, a maior taxa de
juros reais do planeta.
Entre outros motivos, isso acontece porque o presidente e parte
majoritária da diretoria do Banco Central brasileiro foi nomeada pelo
presidente anterior, foi nomeada por Jair Bolsonaro.
Só em 2025 o presidente Lula poderá nomear um novo presidente do Banco
Central.
Cabe ao Estado, ainda, coordenar o investimento estrangeiro e nacional,
o investimento privado e público, a grande e a pequena e média empresas.
Apenas com o protagonismo do Estado, será possível combinar
desenvolvimento econômico com ampliação do bem estar social.
Em outras palavras, um desenvolvimento democrático e popular só será
alcançado com protagonismo do Estado.
Protagonismo de um Estado de novo tipo.
Afinal, o atual Estado brasileiro não está à altura das tarefas que
temos pela frente.
Nos países em que o capitalismo se desenvolveu exitosamente, ainda no
século XIX (desde a Inglaterra até os Estados Unidos, passando por
Alemanha e Japão), nos países chamados de "imperialistas", nesses países
o papel do Estado também foi muito importante.
Mas o Estado foi e segue sendo decisivo, nesses países, essencialmente
para proteger as empresas privadas e os interesses dos grandes
capitalistas.
Já nos países que foram colônias, nos países chamados de atrasados, de
dependentes ou de periferia, o papel do Estado é ainda mais
indispensável, mas no sentido de proteger os interesses da maioria do
povo.
Cumprem um papel importante, também, as empresas estatais.
Não haverá como superar o atraso em relação aos países economicamente
avançados, nem haverá como enfrentar a "concorrência" do imperialismo,
sem Estado e sem empresas estatais.
Os capitalistas privados brasileiros não conseguem, não podem, não
querem e não vão cumprir um papel de liderança no desenvolvimento do
Brasil.
Por isso, não haverá soberania nacional, bem-estar social, liberdades
democráticas e desenvolvimento enquanto a classe trabalhadora brasileira
não controlar as principais alavancas do poder (poder político,
cultural, econômico, militar) e usar estas alavancas para mudar
estruturalmente nossa sociedade.
Está aí a China para demonstrar o papel que o Estado joga no
desenvolvimento acelerado, na ampliação do bem-estar social e na
transformação da periferia em centro.
Sabemos que os Estados Unidos não têm interesse no desenvolvimento do
Brasil.
Motivo pelo qual o Brasil precisa ter capacidade de defender sua
soberania.
Defender a soberania depende, em primeiro lugar, das condições de vida
que o Brasil oferece a seus cidadãos.
Claro que as pessoas podem se mobilizar e se sacrificar por outras
motivações.
Mas no longo prazo, se queremos que a população brasileira defenda a
soberania, precisamos garantir o máximo possível de igualdade social.
Em segundo lugar, a capacidade de defesa depende da economia.
Em poucas palavras: oficinas e laboratórios, indústria e tecnologia.
Em terceiro lugar, a capacidade de defesa depende da democracia, no
sentido mais profundo da palavra.
Precisamos de uma política estruturada de maneira a fazer valer o ponto
de vista da maioria do povo.
Em quarto lugar, a capacidade de defesa depende da vizinhança: quanto
mais integração regional, mais soberania.
Finalmente, a soberania depende de Forças Armadas que estejam a serviço
do povo e não a serviço dos Estados Unidos.
Para terminar, repito que nós do Brasil estamos diante de uma equação
política e econômica muito complexa.
Esperamos ter a ajuda dos nossos amigos chineses nesse esforço,
inclusive no esforço de superar nossa atual condição
primário-exportadora.
Vale dizer que o exemplo chinês já nos é muito útil, pois demonstra tudo
que se pode conseguir, quando se tem uma noção clara sobre o longo
prazo, vontade política, persistência, capacidade de gestão, esforço
coletivo e esforço individual.
Evidentemente, nada disto teria ocorrido sem a Revolução.
Sem a Revolução, sem o Partido Comunista e sem a disposição de luta do
povo chinês, a China não seria o que é hoje.
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Roteiro da exposição feita por Romênio Pereira, Secretário de Relações
Internacionais do PT
Encerramos neste momento nosso seminário teórico.
Acredito que demos novos passos no sentido de esclarecer o ponto de
vista de nossos partidos, acerca de questões decisivas.
Uma dessas questões é o papel dos Estados Unidos na situação mundial.
Hoje, a grande preocupação dos Estados Unidos é reverter seu declínio
como potência hegemônica.
Para atingir este objetivo, os Estados Unidos têm promovido seguidas
agressões militares.
Destaco o cerco promovido pela OTAN contra a Rússia, cerco que está na
origem da atual guerra na Ucrânia.
Destaco, também, as provocações contra a República Popular da China no
estreito de Taiwan.
Nos dois casos, os Estados Unidos querem a guerra, não querem a paz.
A ação dos EUA é um dos motivos pelos quais os atuais governos
progressistas e de esquerda, na América Latina e Caribe, enfrentam
dificuldades ainda maiores do que no período 1998-2008.
O projeto de desenvolvimento do Brasil só terá êxito nos marcos da
integração regional latino-americana e caribenha.
Só com integração, teremos desenvolvimento, industrialização, bem-estar
social e ampla auto-organização democrática do povo brasileiro.
Sabemos que estas preocupações não são só nossas.
No mundo inteiro, outras forças políticas, partidos, movimentos sociais,
intelectuais e governos manifestam as mesmas preocupações.
Não necessariamente concordamos com tudo.
Aliás, em geral discordamos em questões muito importantes.
Mas nos une a luta contra o neocolonialismo, contra a versão moderna do
velho colonialismo, inclusive contra aquele colonialismo que se
manifesta sob a forma monetária e financeira.
Nesse sentido, este seminário foi um importante espaço para a
reafirmação dos compromissos de nossos partidos, com o socialismo, com a
democracia, com a soberania, com o desenvolvimento, com o bem-estar dos
povos, pela paz e por uma nova ordem mundial, sem hegemonismos, nem
colonialismo ou imperialismo.
#
Além das exposições acima e das contribuições feitas por vários
integrantes da delegação, no seminário também foi lida a seguinte
mensagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva:
A SUA EXCELÊNCIA O SENHOR
XI JINPING
PRESIDENTE DA REPÚBLICA POPULAR DA CHINA
Venho através desta carta saudar o Secretário-Geral do Partido Comunista
Chinês e Presidente da China, Camarada Xi Jinping.
Este ano, em 15 de agosto, o Brasil e a China completam cinquenta anos
de relações diplomáticas. São cinco décadas de cooperação, intercâmbio
e amizade que apontam para um futuro compartilhado.
Ano passado, durante minha visita a Beijing, ainda nos primeiros meses
do meu terceiro mandato, alçamos nossa parceria estratégica a um novo
patamar. Expandimos nossos laços comerciais, de investimento, e de
cooperação técnica, científica, tecnológica e educacional, entre outras
áreas. Ampliamos nossa cooperação em satélites, que é um modelo de
iniciativa contínua e transformadora.
Cimentamos laços não apenas entre nossos governos e empresas, mas entre
os nossos povos.
Sempre cientes do passado, olhamos com esperança para o futuro. A
transição justa oferece uma janela única para um modelo de
desenvolvimento mais inclusivo e sustentável para nossos países e para o
mundo. Será um canal cada vez mais importante para o intercâmbio
tecnológico, científico e econômico entre o Brasil e a China, e para o
combate à pobreza e à fome.
Hoje, a relação Brasil-China é importante não apenas para nossos países,
mas também para o mundo.
Enfrentamos muitos desafios comuns, desde a proliferação dos conflitos
armados até a intensificação da mudança do clima e os riscos do mau uso
da inteligência artificial. Tanto o Brasil quanto a China priorizam a
resolução pacífica das controvérsias, o desenvolvimento sustentável e o
desenvolvimento de tecnologias inovadoras e amplamente acessíveis.
A pandemia de Covid-19 nos mostrou que precisamos fortalecer os canais
globais de cooperação, com base na solidariedade.
Entendemos que um mundo altamente assimétrico e desigual só nos traz
mais problemas. Colaboramos para fortalecer os espaços tradicionais da
governança global, como a ONU e as instituições de Bretton Woods. Mas
também reforçamos espaços chave da cooperação Sul-Sul tais como o
G77+China, o BRICS e o BASIC.
Esse ano, a presidência brasileira do G20 nos oferece mais uma
oportunidade de avançar novas ideias e propostas para o desenvolvimento,
a paz e a sustentabilidade no mundo.
Trabalhamos juntos por uma ordem global multipolar e por uma governança
global mais justa e representativa. Valorizamos a coexistência pacífica
entre as grandes potências, com oportunidades de desenvolvimento e o
bem-estar para todos.
E continuaremos trabalhando juntos para que o mundo possa chegar na
COP30, que será realizada na Amazônia brasileira, com novas soluções
para os desafios climáticos e ambientais.
Para fazer frente a esses desafios e aproveitar as oportunidades que
surgem, é necessário aprofundar ainda mais os laços e o conhecimento
mútuo.
Desde que voltei à Presidência, o Brasil e a China também elevaram, e
continuaremos elevando, nossa relação política.
O Partido dos Trabalhadores (PT) e o Partido Comunista Chinês (PCCh)
fazem parte dessa história.
Nossos partidos, como nossos países, têm trajetórias de combate à
pobreza e de promoção do bem-estar.
Hoje o PT é o maior partido político na América Latina. Valorizando a
participação social como forma de fortalecer a democracia, lutamos desde
nossa fundação, em 1980, pelo bem-estar, dignidade e prosperidade dos
trabalhadores no campo e nas cidades, no Brasil e no mundo. O PT elegeu
a primeira mulher Presidente do Brasil, Dilma Rousseff, hoje à frente do
Novo Banco do BRICS.
Atualmente nosso partido é presidido com firmeza e serenidade por outra
mulher sábia e forte, a companheira Gleisi Hoffmann.
Ela estará à frente da delegação do PT para participar da 7ª Edição do
Seminário Teórico PCCh-PT, onde teremos a oportunidade de trocar
experiências de governança, participar de debates e colaborar em
projetos de interesse comum.
O Memorando de Entendimento entre o PT e o PCCh, assinado por ela e pelo
Secretário Li Xi em setembro do ano passado, representa um passo
importante para que os dois partidos possam estreitar e aprofundar ainda
mais esse diálogo.
Tenho certeza de que encontraremos cada vez mais pontos de convergência
e oportunidades de cooperação.
E que as trocas entre os nossos partidos, entre nossos governos, e entre
nossas sociedades se tornarão cada vez mais frequentes e frutíferas.
Viva a amizade entre o povo brasileiro e o povo chinês!
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Mais informações sobre a visita do PT à China, procurem a parte 2 deste
texto.
"Esperamos ter a ajuda dos nossos amigos chineses nesse esforço,
ResponderExcluirinclusive no esforço de superar nossa atual condição
primário-exportadora."
É brincadeira?
A China foi e é um dos principais responsáveis pela nossa reprimarização.
"Vale dizer que o exemplo chinês já nos é muito útil, pois demonstra tudo que se pode conseguir, quando se tem uma noção clara sobre o longo prazo, vontade política, persistência, capacidade de gestão, esforço coletivo e esforço individual."
Sem dúvida, o exemplo chinês é importante inclusive para deixarmos de ser ingênuos e saber que não é apenas a Europa ou os EUA que atuam de modo imperialista a nos prejudicar.