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Segue projeto de resolução, para leitura e debate na reunião da DEAE SP dia 20 de novembro.
Projeto de resolução
Balanço preliminar das eleições de 2022 no estado
de São Paulo
A direção estadual da tendência petista
Articulação de Esquerda, reunida no dia 6 de novembro de 2022, aprova a
seguinte resolução.
1/A eleição de Lula, no segundo turno das
eleições presidenciais de 2022, é um fato de imensa importância. Do ponto de
vista mundial, permite engajar o Brasil na construção de uma ordem baseada na paz, no desenvolvimento e no atendimento às necessidades dos povos.
Do ponto de vista continental, permite retomar, ainda que em novas bases, o
processo de integração regional que estava em curso antes da crise de 2008 e da
ofensiva das forças de direita. Do ponto de vista nacional, torna possível interromper
o retrocesso e cria melhores condições para lutarmos por transformações
profundas em nossa sociedade, em benefício das classes trabalhadoras. E do
ponto de vista imediato, impede o que aconteceria em caso de vitória da extrema-direita:
uma escalada repressiva e violenta contra as forças democráticas, populares e
socialistas.
2/A grande responsável por nossa vitória no
segundo turno foi a militância que foi às ruas defender a eleição de Lula e das
demais candidaturas das forças democráticas e populares, em particular das
candidaturas petistas. Por isso, constitui uma obrigação dirigir o mais profundo agradecimento
a cada militante, assim como a cada eleitor e eleitora que no dia 30 de outubro
compareceu às urnas para votar 13. Foram estas pessoas, na sua maioria pobres, negros
e negras, mulheres, moradores da periferia, trabalhadores e trabalhadoras com consciência
de classe, residentes em todos os cantos de nosso país, mas especialmente na
região nordeste, que nos permitiram conquistar esta vitória. É graças a todos e
todas que hoje podemos dizer: vencemos!
3/Tão logo foi proclamada a vitória, ao mesmo tempo
que a militância se dirigia aos pontos de concentração para comemorar, uma
parcela minoritária da extrema direita iniciou o bloqueio nas estradas e as concentrações
em frente aos quartéis, pedindo – as vezes explicitamente, as vezes disfarçadamente
– um golpe militar. No momento, esta mobilização da extrema-direita não tem
força para converter-se numa ameaça imediata. Entretanto, convocamos todos e
todas a se manter de prontidão, pois está evidente que seguem vivas, atuantes,
perigosas e armadas as forças que deram o golpe de 2016, que praticaram a
fraude de 2018, que sustentaram as políticas neofascistas e neoliberais do governo
cavernícola, entre 2019 e 2022. Dentre as muitas lições que é preciso tirar do
processo iniciado em 2016 – processo que nossa vitória em 2022 deve servir para
começar a enterrar – está a de que não devemos nunca subestimar nosso inimigo,
a de que não devemos nunca superestimar o compromisso democrático das chamadas
“instituições” e da direita gourmet e, acima de tudo, a de que não devemos
temer esta gente, pois como demonstramos várias vezes, as elites e seus
serviçais podem ser derrotados.
4/Mas, para que esta derrota seja efetiva e
completa, muito ainda precisa ser feito. E para isto, é necessário tirar todas
as lições do período 2016-2022, a começar pelo ocorrido nas eleições deste ano.
Neste sentido, é preciso que as direções do campo democrático-popular – em
todos os níveis, das organizações de base até as organizações nacionais –realizem
um balanço detalhado do processo eleitoral, com o objetivo de aprender com o
ocorrido, de verificar os pontos acertados e os pontos errados das diferentes
linhas políticas implementadas, de corrigir práticas e procedimentos. Ou
aprendemos com o passado, ou ele continuará a nos assombrar.
5/Neste sentido, orientamos nossa militância a cobrar
das direções setoriais e municipais, assim como do Diretório Estadual do PT,
que convoquem reuniões presenciais de balanço do processo eleitoral. Não como
um processo rápido, burocrático, com o objetivo de aprovar resoluções autocongratulatórias,
mas como um processo real de estudo e debate. Orientamos nossa militância,
também, a contribuir com este processo de balanço partidário, convocando
reuniões abertas de balanço, produzindo estudos e textos, estimulando que
todo o Partido faça o mesmo.
6/Isso é particularmente importante de ser
realizado na região sudeste, em especial no estado de São Paulo. Da votação obtida
por Lula no segundo turno, o maior número de votos absolutos veio de residentes
nos estados do sudeste: 22.793.826. Sem este resultado, Lula não teria sido
eleito. Entretanto, quando consideramos as proporções, fica evidente que o
maior número de votos em Lula em proporção ao eleitorado total foi obtido na
região Nordeste. De eleitores residentes no nordeste, Lula recebeu 22.534.967
votos, sendo que no Nordeste está 26,63% do eleitorado total. Já no sudeste,
onde está 43,38% do eleitorado total, recebemos os já citados 22.793.826.
7/Nos quatro estados do Sudeste, o resultado de
Lula no segundo turno foi o seguinte:
-foi o mais votado em Minas Gerais (50,20% dos
votos válidos)
-ficou em segundo lugar em São Paulo (44,76% dos
votos válidos)
-ficou em segundo lugar no Rio de Janeiro (43,47%
dos votos válidos)
-ficou em segundo lugar no Espírito Santo (41,96%
dos votos válidos)
8/Nos quatro estados do sudeste, também fomos
derrotados nas eleições para governador e senador, com exceção do Espírito
Santo, onde Renato Casagrande (PSB) foi reeleito. Mesmo em Minas Gerais, onde
Lula foi o mais votado nos dois turnos, o bolsonarismo triunfou na eleição para
governo e senado.
9/No Espírito Santo, em Minas Gerais e no Rio de
Janeiro, o PT não teve candidatura própria ao governo do estado. O PT teve
candidadura própria ao Senado no Rio de Janeiro, embora esta fosse uma
candidatura muito contestada, por sua postura no mínimo dúbia em relação ao
governador bolsonarista Cláudio Castro. E teve candidatura própria ao governo
no estado de São Paulo, com o companheiro Fernando Haddad. Por estes e outros
motivos, cada estado da região sudeste merece uma análise em separado.
10/No caso de São Paulo, é importante destacar
que – pela primeira vez desde 2002 – conseguimos colocar nossa candidatura no
segundo turno para governador. Neste sentido, embora tenhamos sofrido uma
derrota eleitoral, obtivemos em certo sentido uma vitória política.
11/Tanto no primeiro quanto no segundo turno,
nossa candidatura conseguiu vencer em cidades importantes, a começar pela
capital São Paulo. Olhando de conjunto a situação, era possível vencer, era
possível eleger pela primeira vez o governador de São Paulo. Cabe, portanto,
analisar os motivos que não tornaram isso possível.
11/Entre os motivos que explicam nossa derrota
eleitoral, citamos os seguintes:
-debilidades estruturais do PT no estado de São
Paulo, acumuladas há muitos anos, entre as quais destacamos: a desaparição dos
diretórios do Partido em muitas cidades e a parlamentarização da vida
partidária;
-debilidades na campanha eleitoral propriamente
dita, como por exemplo a relação entre as campanhas proporcionais e a campanha para
governador;
-ilusões na força de nossos aliados (Márcio França,
Geraldo Alckmin);
-subestimação da força de nossos inimigos
(Rodrigo Garcia, Tarcísio de Freitas)
12/Estavam corretos os que diziam que as eleições
de 2022 se dariam num momento de máxima fragilidade do tucanato. São exemplos
disso o fato de Alckmin ter saído do PSDB, ido para o PSB e se convertido em
vice de Lula; e o fato de Dória ter renunciado a sua candidatura a presidente,
deixado de ser candidato a governador e depois saído do PSDB. Havia a
expectativa de que, nesse cenário, a opção por fazermos uma aliança com a principal
expressão do tucanato paulista – o ex-governador Geraldo Alckmin – e com o
ex-governador Márcio França ampliaria muito nossas chances de vitória. Pelo
mesmo motivo, havia a crença de que a vitória seria mais fácil se o segundo
turno fosse contra Tarcísio de Freitas, inclusive pelo fato de o candidato da extrema-direita
não ter vida política anterior no estado de São Paulo.
13/Os resultados eleitorais mostram que as supracitadas expectativas eram infundadas ou, no mínimo, exageradas. Na disputa pelo Senado,
Márcio França foi derrotado pelo astronauta. E na disputa para governador,
Tarcísio terminou em primeiro lugar tanto no primeiro quanto no segundo turno.
E não há sinais de que o acréscimo eleitoral de Alckmin e Márcio para Haddad
tenha sido expressivo. Evidentemente, isto não quer dizer que outra tática e
outra política de alianças teriam obtido melhor resultado eleitoral. Mas não
temos dúvida de que o resultado não confirmou os discursos grandiloquentes
feitos em defesa da chapa Lula-Alckmin, segundo os quais esta chapa seria o
passaporte para nossa vitória em São Paulo.
14/De toda maneira, o PT de São Paulo saiu desta
eleição maior do que entrou, seja em número de deputados eleitos na Assembleia
Legislativa, seja no desempenho de nossa candidatura a governador. Mas isto não
pode servir de pretexto para não avaliarmos no detalhe nossos erros, em
particular no que diz respeito ao funcionamento do Partido, especialmente de
nosso Diretório estadual.
15/Este balanço e a devida correção de rumos é
indispensável para o êxito de nossa oposição ao governo Tarcísio de Freitas.
Não devemos subestimar a vitória deste bolsonarismo tecnocrático e miliciano no
estado de São Paulo, combinado a presença de governadores de tipo similar em
Minas Gerais e no Rio de Janeiro.
15/Com o objetivo de prosseguir este processo de
balanço e discussão das perspectivas, a direção estadual da tendência petista
Articulação de Esquerda decide:
-solicitar a convocatória de uma reunião
presencial do Diretório estadual do PT São Paulo, para abrir o processo de
balanço e de debate sobre nossa tática;
-solicitar a convocatória de reuniões presenciais
dos Diretórios Municipais do PT em todas as cidades, para abrir o respectivo
processo;
-igualmente com o mesmo objetivo, solicitar a
reunião das macros, dos setoriais e dos núcleos partidários;
-orientar cada direção municipal da AE a convocar
reuniões abertas a filiados e simpatizantes do PT, para realizar o debate sobre
balanço e perspectivas. É importante, para além da análise geral, fazer uma análise
detalhada de cada cidade e de cada região e de cada setor social, sempre tendo
em vista orientar nosso trabalho político futuro;
-realizar uma plenária estadual virtual no dia 23 de novembro as 19h00;
-convocar uma plenária estadual presencial da AE
para o dia 10 de dezembro;
-estimular e dar o apoio necessário para que a companheira
Jandyra Uehara possa visitar todas as cidades em que recebeu votação, para participar
de atividades de balanço, debate sobre a conjuntura etc.
16/Especificamente sobre a campanha da
companheira Jandyra, a direção estadual propõe à coordenação da candidatura
(composta majoritariamente por militantes da AE) o seguinte processo:
-a elaboração de um documento de balanço;
-a convocação de uma plenária da candidatura.
17/A direção estadual da AE São Paulo fará uma
reunião de planejamento do ano 2023 no dia 17 de dezembro, das 9h às 17h, na
rua Silveira Martins. Nesta reunião, entre outros pontos, a direção estadual
vai apreciar a proposta de participar financeiramente no aluguel do local onde
nosso companheiro Cloves Castro mantinha sua livraria.
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