quarta-feira, 6 de março de 2024

A culpa não é da Palestina!!!

Pesquisa recente comprova o que alguns "pessimistas" vêm dizendo há tempos: a situação política está longe, muito longe, de estar favorável para a esquerda.

Depois de 14 meses de governo, com várias notícias boas para contar, não houve uma alteração significativa a nosso favor.

Pior ainda: confirmando a máxima quase universal segundo a qual aquilo que não sobe, desce, uma pesquisa recente aponta uma queda na avaliação do governo Lula.

A aprovação do governo caiu de 54% em dezembro de 2023, para 51% em fevereiro de 2024.

E a desaprovação subiu de 43% para 46% no mesmo período.

Até aí, previsível, exceto para os puxa-sacos e chapas-brancas de plantão.

Por óbvio, é preciso tomar medidas.

E medidas exigem diagnóstico das causas.

Causas, no plural, pois trata-se de um combo.

Não existe uma única causa.

Mas, como não podia deixar de ser, tem gente que achou um culpado.

Seria Lula.

Mais precisamente, seria a declaração de Lula comparando o ataque de Israel contra Gaza com a postura de Hitler quando resolveu matar os judeus.

A esse respeito, aliás, a tal pesquisa fez uma pergunta do tipo faça-o-favor-de-responder-aquilo-que-o-entrevistador-quer-ouvir. 

A pergunta foi a seguinte: "Lula exagerou ao comparar o que acontece em Gaza ao que Hitler fez na Segunda Guerra?"

Como é óbvio, o resultado foi "exagerou", com 60%.  

Com base nisso, começaram as "teorias".

Ouvi pelo menos três.

Uma é direta e reta: põe a culpa no apoio de Lula à causa e a vida palestina.

A outra é sofisticada e inclui várias mediações.

Sintetizo assim, por minha conta e risco: as declarações firmes do presidente Lula contra o genocídio, acompanhadas de uma campanha midiática atacando a "comparação" que ele fez entre o ataque de Israel contra Gaza e Hitler, teriam provocado uma queda na popularidade do governo, especialmente entre evangélicos, mais suscetíveis a uma lavagem cerebral ideológica.

A terceira é a culpada-mas-otimista: a pesquisa em tela não teria captado a mudança na opinião pública, posterior ao crime cometido por Israel contra refugiados que estavam junto a um comboio humanitário.

Como a comprovação desta terceira versão depende de nova pesquisa, vejamos se os dados da pesquisa recente confirmam as duas primeiras versões.

Fato: 60% dos brasileiros consideram que teria havido exagero na comparação.

Fato: 69% dos evangélicos rejeitam a comparação.

Porém, tem vários detalhes.

Um deles é o seguinte: a queda na popularidade do governo vem de antes da tal declaração de Lula.

Aliás, a queda já fora detectada em pesquisas anteriores.

Tudo indica que teria acontecido nova queda, com ou sem declaração. 

Acontece, também, que a queda detectada atinge parte da base social do governo (estamos caindo entre jovens, entre mulheres, entre apoiadores de Lula).

Por quais motivos isto estaria acontecendo?

Como já foi dito, há um combo de motivos.

Vejam os citados aqui: Em nova pesquisa, sinal de alerta para Lula - Outras Palavras

Reproduzo dois parágrafos do texto supracitado:

“Um dos temas da pesquisa é especialmente útil para identificar a queda de satisfação da sociedade: a Economia. Agora, 38% acham que ela “piorou” nos últimos 12 meses, contra apenas 26% que julgam ter “melhorado”. É uma diferença de 14 pontos.”

“Há uma percepção esmagadora de que os preços dos alimentos aumentaram (73% x 13%) e de que o mesmo ocorreu com as contas de consumo, que se referem em geral a serviços privatizados, mas administrados pelo governo (63% x 7%). Isso pode ajudar a explicar a queda da avaliação entre as mulheres.”

Afirmação semelhante pode ser lida aqui: Felipe Nunes no X: "14/ É a primeira vez que cai a avaliação positiva da economia entre eleitores do Lula. Saiu de 55% para 46% os lulistas que achavam que a economia melhorou, enquanto passou de 11% para 15% os lulistas que achavam que a economia piorou. https://t.co/cVe8y5gTTD" / X (twitter.com)

Em resumo, o conjunto da obra não está causando o efeito político necessário, especialmente num ano de eleição, especialmente num contexto em que a extrema-direita está na ofensiva.

E o problema central está na política econômica, mais precisamente nos seus efeitos sobre a economia popular.

Dizer que "a culpa é da Palestina" - ou, para ser mais preciso, dizer que a queda acontece quando polarizamos no debate político ideológico - só faz sentido para quem defende Israel, a Faria Lima e o "austericídio".

Dizer que "a culpa é da Palestina", entretanto, não encontra amparo nos dados e não ajuda a resolver o problema.

O tal problema só será resolvido quando acontecer uma inflexão na política da esquerda em geral e do governo em particular.

E é melhor fazer isto já, em tempo de beneficiar nosso desempenho nas eleições de 2024.


ps. matar 30 mil pessoas não é "exagero", é crime de guerra, é genocídio.

ps. comparar com Hitler não é "exagero", é boa história e boa política.









 

3 comentários:

  1. A direita é oportunista.
    Na mesma semana que o nosso digníssimo Presidente Lula mencionou o holocausto Palestino, o fantoche entreguista reuniu os de caráter duvidoso na av Paulista em pleno domingo, eu torcendo por uma chuva de granizos, e eles traziam um adereço: a bandeira de israhell. Os “cristão” achavam q estavam arrasando no look genocida. Mas a bandeira de israhell não representa a cristandade, mas sim q o rebanho ouviu de seu pastor que os assassinos, digo, judeus israelenses nazisionistas são O POVO ESCOLHIDO DE DEUS, tcharammmm. E então, os filhos de deus não podem ser difamados por Lula e como são de deus, são evangélicos, e se evangélicos, são todos um único grupo. Sim, absurdo, mas o absurdo funciona. E a máquina é ligeira, uma comissão especial da Câmara dos Deputados aprovou, 3 dias depois (27/2), o Projeto de Emenda à Constituição (PEC) 5/23, que amplia a imunidade tributária para templos religiosos.
    Mas com q justificativa ? Por que querem conter gastos. Enfim, os abutres estão atentos às oportunidades de lucrar mais. Daí caiu a popularidade de Lula, sim, entre os evangélicos facilitada pela Globo, pela TV Record, q martelaram diuturnamente que Lula falou o q não devia.
    Com o pedido de isenção negociam o aumento da popularidade de Lula.
    Eu espero que anjos iluminem Lula p que ele não ceda a pressão. Desejo q seja iluminado c a presença de espíritos do bem,abençoado, que sua intuição sopre em seus ouvidos que já passou da hora de equilibrar o charlatanismo. Os evangélicos estão se apoderando da maior fatia do bolo e já provaram q não são passivos.
    Mesmo por que, o povo escolhido de deus, deu outra prova incontestável de q são escolhidos sim, mas de outro cara, no episódio do tiroteio de drones na distribuição de farinha.
    Vamos com calma, devagar por que o santo é de barro.

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  2. Das 3 explicações elencadas, gostei mais da "sofisticada".

    Embora o termo "lavagem cerebral" seja bem preconceituosa da parte da esquerda em geral, é bom lembrar que esse período coincide com o carnaval, certamente uma época de nosso calendário que os evangélicos praticantes detestam.

    Fora o calor acima do normal, chuvas, contas pra pagar no início do ano e agora a dengue.

    Tem um zeitgeist desfavorável que deveria ser enfrentado pelos petistas com análise mais refinada.

    O ano começou com governos se preparando para uma Terceira Guerra e devemos evitar cair em discurso de ódio e intolerância política e religiosa.
    Tá difícil não?

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  3. A comparação do Lula foi perfeita, porque chamou a atenção do mundo e mexeu com os brios dos Israelitas.

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