(versão atualizada dia 6 de julho)
À
militância petista
À
militância da tendência petista Articulação de Esquerda
O Partido dos Trabalhadores aprovou, no V Encontro Nacional
(1987) e no I Congresso (1991), o direito de tendência. E determinou que as
tendências devem dar publicidade, ao Partido, acerca de suas posições e
atividades.
Cumprindo esta determinação, informamos ao conjunto do
Partido que nos dias 28, 29 e 30 de julho de 2023, acontecerá na sede nacional
do PT em Brasília, o Oitavo Congresso nacional da tendência petista Articulação
de Esquerda.
Destacamos o fato de que neste ano de 2023 a tendência
petista Articulação de Esquerda completará 30 anos, fato que será lembrado na
abertura do Oitavo Congresso.
Fica desde já convidada a participar, da abertura do 8º
Congresso, o conjunto da militância petista, em particular a direção nacional
do PT, bem como as direções de todas as tendências existentes no Partido, a
começar pelas 14 tendências que fazem parte das 8 chapas representadas no
Diretório Nacional do Partido eleito em 2019.
O mesmo convite é extensivo aos congressos de base da
tendência, que elegerão as delegadas e delegados que terão direito a voto no
Oitavo Congresso nacional da AE.
Nestes congressos de base, terão direito a voto os/as
militantes da tendência que estiverem em dia com sua contribuição militante
(conforme disposto no regulamento do congresso, disponível em
www.pagina13.org.br).
Como subsídio aos congressos de base, a direção nacional da
AE aprovou no dia 30 de abril um projeto de resolução. A presente versão,
divulgada no dia 6 de junho, será submetida ao debate na plenária final do
Oitavo Congresso nacional.
Destacamos que nossa opção foi elaborar um projeto de
resolução que possa ser discutido nos congressos de base e, aos poucos, ser
ampliado a partir das emendas que surjam do próprio debate, especialmente com
sugestões concretas sobre como enfrentar a situação atual.
Projeto de resolução
Lula tomou posse na Presidência da República do Brasil em 1 de janeiro
de 2023. Esta vitória só foi possível porque as forças democráticas e populares
resistiram e derrotaram os golpistas e os neofascistas, derrota consagrada no
dia 30 de outubro de 2022, tendo sido decisivo o voto da classe trabalhadora
com consciência de classe, das mulheres, das negras e negros, da juventude e
dos eleitores de coração nordestino, moradores ou não daquela região do país.
A partir de então e mesmo antes de ser diplomado, Lula começou de
imediato a tomar decisões e atitudes presidenciais. É o caso de sua
participação na 27ª Conferência do Clima das Nações Unidas e, também, da
participação de Lula nas negociações junto ao Congresso Nacional, buscando
alterar o orçamento 2023 de forma a incluir recursos para pagar a chamada Bolsa
Família para milhões de famílias. O governo de extrema-direita não havia
incluído tais recursos na previsão orçamentária e, caso a negociação não fosse
feita, Lula iria iniciar seu governo administrando uma crise humanitária de
proporções ainda mais graves.
Também no período de 31 de outubro a 1 de janeiro, Lula dedicou grande
atenção à transição e ao balanço do governo derrotado. O resultado do balanço
está consolidado num relatório que foi tornado público no dia 22 de dezembro de
2022 e cuja leitura é essencial para dar conta da herança maldita recebida pelo
governo Lula, que dificulta imensamente nossa atuação.
No mesmo período, Lula se dedicou à composição de seu governo e à
definição de suas relações com o judiciário e com o legislativo. Nos três
casos, aplicou-se a chamada “política de frente ampla”, ou seja, a política de
alianças entre o Partido dos Trabalhadores e um amplo leque de forças,
incluindo aí outros partidos de esquerda, partidos de centro, partidos de
centro-direita e partidos de direita, bem como setores de partidos.
Dada a correlação de forças, se decidiu fazer alianças, inclusive com
forças de direita, que no passado recente chegaram a fazer parte da base de
apoio do governo anterior. Vale dizer que, embora haja, no interior do PT e da
esquerda, diferentes opiniões acerca de qual deveria ser a amplitude da frente,
bem como haja diferentes opiniões acerca de como devem ser as relações internas
a esta frente, não houve no Partido questionamentos à necessidade do PT
realizar alianças para disputar e vencer as eleições presidenciais de 2022. Mas
vale lembrar que fazer política de alianças é totalmente diferente de capitular
frente a inimigos.
No que diz respeito ao judiciário, Lula e seu governo buscam adotar
relações institucionais e respeitosas com a cúpula do poder judiciário
brasileiro. Isso ocorre não obstante parte do judiciário, inclusive da suprema
corte, ter dado respaldo à ilegal condenação, prisão e interdição eleitoral de
Lula. Seguiremos combatendo os que buscam empoderar o judiciário com funções e
atribuições que não são suas. Até porque, se hoje prevalece no Supremo uma
postura contrária à extrema direita, há pouco tempo prevaleceu uma postura
contrária à esquerda. O cumprimento da lei – como foi feito no caso que decidiu
a inelegibilidade do genocida – não deve ser confundido com a partidarização da
justiça, com a judicialização da política, com o protagonismo político das
supremas cortes, por exemplo, sob a forma do lavajatismo e do lawfare. Em
nenhum caso é aceitável – ao menos em uma democracia - dar a uma instituição
não eleita poderes que são restritos à soberania popular e a quem for eleito
por ela.
No caso da composição do ministério, Lula contemplou a ampla coligação
que o elegeu, mas também contemplou outras forças, em nome de compor uma
maioria congressual, sem que, entretanto, este objetivo tenha sido alcançado.
As vitórias do governo no Congresso, pelo menos até o momento, se deram apenas
quando contamos com o apoio dos setores neoliberais, que só apoiam aquilo com
que têm acordo total ou parcial.
Dos 37 ministros, 17 são petistas ou simpatizantes
do Partido; 3 são filiados ao PSB; 3 são filiados ao MDB; 3 são filiados ao
PSD; 2 são filiados ao União Brasil (partido que, entretanto, não se considera
parte da base do governo no Congresso Nacional); 2 são vinculados ao PDT
(embora um destes dois seja na verdade vinculado ao União Brasil, que portanto
ocupa de fato três cadeiras no ministério); 1 é integrante do PCdoB, 1 da Rede
e 1 do PSOL (embora não tenha se oposto a participação de uma filiada como
ministra, o PSOL enquanto partido não se considera parte do governo). Os
partidos de direita com participação no governo não garantem a fidelidade de
suas bancadas parlamentares, em mais um caso do “toma lá, sem dá cá”.
Ademais da composição partidária estrito senso, é
importante ressaltar que o ministério é composto por uma maioria de homens e
brancos, realidade que precisa ser alterada. Assim como se faz necessário
corrigir distorções regionais e contemplar adequadamente a diversidade
partidária, pois uma única tendência controla a maior parte dos
principais cargos.
No dia 30 de julho de 2023, completar-se-ão sete meses do terceiro
mandato de Lula na presidência da República do Brasil.
Ao longo destes primeiros meses de atividade, o governo desenvolveu uma
intensa atividade. Balanço oficial divulgado pelo próprio governo
apresenta o seguinte resumo: "seis meses de união e reconstrução: é o
Brasil no rumo certo", citando entre outras medidas "programas que
fazem a diferença no combate às desigualdades e conciliam crescimento
econômico com inclusão social: Bolsa Família, Minha Casa, Minha Vida, Mais
Médicos, Brasil Sorridente e Farmácia Popular, entre tantos outros";
"mais renda, mais consumo e mais empregos, impulsionados pelo aumento
real do salário mínimo, a redução dos preços de alimentos
e combustíveis e o aumento da taxa de isenção do imposto
de renda"; "o combate à fome voltou a ser uma política de
Estado, com o aumento de repasses do Bolsa Família, o novo Programa
de Aquisição de Alimentos, o Plano Safra Agricultura Familiar e
o reajuste nos repasses da alimentação escolar para estados
e municípios"; "foram criados os ministérios da Mulher, da Igualdade
Racial e dos Povos Indígenas e sancionada a lei da igualdade salarial
e remuneratória entre mulheres e homens, além do anúncio do pacote de
igualdade racial e a volta da demarcação e homologação de
terras indígenas"; "o presidente Lula se reuniu com líderes
de mais de 40 países e organizações internacionais e transnacionais
dentro e fora do País". Acrescentamos, entre outras
medidas: combate ao garimpo ilegal; recursos para ciência e tecnologia;
investimento cultural via Lei Paulo Gustavo e Lei Aldir Blanc 2; combate ao
trabalho escravo; recomposição do orçamento das universidades federais; ações
para deter o genocídio contra o povo Yanomami; a retomada de várias obras
paradas; a interrupção de privatizações; a recomposição do salário do
funcionalismo público; e a política externa do presidente Lula.
Como se pode constatar, o governo Lula está trabalhando para
garantir e ampliar o bem estar-social, as liberdades democráticas e a soberania
nacional, bem como para desenvolver o país, construir a integração regional e
mudar o mundo.
Objetivos estes que ganharam um duplo reforço no início de julho de
2023, por um lado com a decisão judicial determinando a inelegibilidade de
um grande criminoso e, por outro lado, com a realização - em Brasília - do XXVI
Encontro do Foro de São Paulo.
Entretanto, embora haja muito que comemorar, é muito mais o que resta
por fazer. Sabemos, também, que não basta administrar bem. Fizemos grandes
realizações administrativas entre 2003 e 2016, mas isso não impediu o golpe, a
vitória do cavernícola e quase sete anos de destruição. A luta política se
decide na luta política.
Também por isto, o conjunto da militância petista deve saber combinar,
de maneira adequada, a necessária propaganda positiva das nossas realizações,
com a crítica e autocrítica dos nossos erros, a análise detalhada dos grandes
desafios que temos pela frente, um trabalho intenso de conscientização, a
permanente organização e mobilização do povo, bem como a elaboração das
táticas e da estratégica adequadas ao atual período histórico.
Êxitos, críticas e autocrítica
Tomados de conjunto, os primeiros meses do governo Lula devem ser
comemorados, especialmente frente aos malfeitos de sete anos dos governos
golpistas e de extrema-direita.
Entretanto, sabemos que a avaliação política do governo não é um
desdobramento automático de suas realizações administrativas; sabemos, também,
que – como diz o próprio presidente Lula – precisamos exercer nossa capacidade
de crítica e de autocrítica.
Devemos lembrar que o desempenho do governo Lula nesses primeiros meses
teria sido melhor, se vários ministérios não tivessem sido saqueados,
desmontados ou até mesmo extintos pelo governo cavernícola, o que agora exige
uma engenharia administrativa, legal e orçamentária que torna muito difícil
este início de governo. Além disso, o orçamento deixado pelo governo de
extrema-direita foi absolutamente inferior ao necessário.
A ação de muitos ministérios precisa enfrentar o peso da herança maldita
deixado pelo governo da extrema direita: desmonte e recursos à míngua, contrastando
com a realidade, que exige grande e imediata intervenção.
Outro fator que dificulta a ação de vários ministérios é o fato das
equipes demorarem demasiado para ser montadas, entre outros motivos porque o
governo buscou calibrar as nomeações com a busca – até o momento infrutífera -
de ter uma efetiva maioria no Congresso Nacional. Como resultado, há situações
que na opinião do PT são inaceitáveis, como é o caso da presença de integrantes
e apoiadores do governo anterior em postos chave do atual governo. Detalhe:
esta presença não mudou o comportamento efetivo destes setores no Congresso,
que não obstante clamam por mais espaços no ministério, inclusive na Saúde. A
esse respeito, na esteira das manifestações da 17ª Conferencia Nacional de
Saúde, reafirmamos: a saúde não é mercadoria e não será objeto de negociatas.
As ações positivas do governo – especialmente quando postas em contraste
com anos de gestão da extrema-direita – não podem nos levar a fechar os olhos
para o fato de que, em algumas áreas e temas, até agora muito pouco ou quase
nada mudou. E isto se deve, essencialmente, ao fato de que vários ministérios
são encabeçados por titulares vinculados a direita, inclusive a setores que
participaram do golpe, do lavajatismo, além de terem apoiado o governo
derrotado.
Evidente que enquanto prosseguir esta situação, nesses ministérios – com
destaque para os da Comunicação e da Defesa – não haverá avanços efetivos, no
sentido do cumprimento do programa de reconstrução e transformação. Avanços que
são urgentes: como tem dito e repetido o presidente Lula, temos pressa. Não
apenas para superar os motivos que produzem sofrimento no povo, mas também
porque a situação política nacional, continental e mundial é muito instável e
não admite que se perca um segundo sequer.
Desafios estratégicos
e históricos
A esse respeito, é preciso lembrar sempre que a situação mundial é
de crise sistêmica. Esta crise possui múltiplas dimensões
(militar, política, social, econômica, ambiental, cultural), tem duração
indeterminada e seu desfecho dependerá de muitos conflitos que atualmente estão
em curso.
No âmbito mundial, um dos principais conflitos envolve Estados Unidos e
República Popular da China. Em nosso continente, o conflito fundamental se dá
entre os que defendem a submissão ao imperialismo estadounidense e, de outro
lado, nós que defendemos a integração regional latino-americana e caribenha. E,
no âmbito nacional, o conflito fundamental se dá entre opositores e defensores
do modelo primário-exportador, sem cuja superação não haverá como garantir
desenvolvimento, bem-estar social, liberdades democráticas e soberania
nacional.
Os grandes conflitos que caracterizam o atual período histórico
ganharam maior dimensão, profundidade e velocidade nos últimos anos, a partir
da crise de 2008. Em seguida vieram: a onda de golpes na América Latina e a
posterior reviravolta ocorrida em diversos países, com governos direitistas
sendo substituídos por governos progressistas e de esquerda; a pandemia e todos
os seus impactos; o crescimento mundial da extrema-direita; a guerra entre
Rússia e Ucrânia/Otan. Para onde quer que se olhe, o mundo está atravessado por
conflitos, lutas e mobilizações de todo tipo, como demonstra a onda de
protestos na França.
Momentos de crise profunda – como a que vivemos atualmente – são
terríveis e perigosos, mas também são os momentos mais propícios para darmos
passos decisivos para a construção de um novo mundo, um mundo com bem-estar e
liberdades, com soberania e integração, um mundo desenvolvido e que preserve o
meio ambiente, um mundo socialista.
Este é um dos motivos, aliás, que explica a calorosa recepção dada a
Lula nos quatro cantos do mundo: a humanidade quer um futuro diferente do
passado, um futuro que tem na palavra igualdade uma de suas mais poderosas
sínteses.
É desta perspectiva que abordamos a atual conjuntura brasileira. Nosso
governo está chamado a contribuir para uma missão histórica, que inclusive
transcende as fronteiras do Brasil. Mas só teremos êxito se ampliarmos nosso
apoio junto a classe trabalhado, se dermos um salto de qualidade na atuação de
nosso Partido e se impusermos derrotas tanto à extrema-direita neofacista
quanto aos neoliberais.
Neste sentido, mais do que comemorar os êxitos parciais obtidos até
agora, o esforço principal do PT deve ser vencer as batalhas presentes e
futuras, entre as quais a mudança da política do Banco Central; forças
armadas comprometidas com a defesa da soberania nacional; o respeito do
Congresso às prerrogativas constitucionais do executivo; o início de um novo
ciclo de desenvolvimento do Brasil. Tudo isto combinado e à serviço de melhorar
rápida e profundamente a qualidade de vida da maioria do povo brasileiro.
Exonerar o presidente do Banco Central
Legislação aprovada durante o governo golpista concedeu uma suposta
“independência” ao Banco Central, suposta porque na prática o tornou ainda mais
dependente e extensão dos interesses da especulação financeira.
Nomeado pelo derrotado, o atual presidente do Banco Central mantém uma
política de juros absolutamente alucinada, cujo único propósito é transferir
recursos para o setor financeiro.
É preciso tomar todas as medidas legais e institucionais para, no mais
rápido prazo possível, alterar a diretoria do Banco Central, a começar pela sua
presidência, sob pena de não conseguirmos adotar uma política de
desenvolvimento com ampliação do bem-estar social.
Apoiamos as críticas feitas pelo presidente Lula contra a política de
juros. E propomos, ao governo, que oriente seus representantes no Conselho
Monetário Nacional a atuar conforme prevê o artigo 5º da lei complementar
número 179, de 24 de fevereiro de 2021, que no seu artigo 5º diz o seguinte: “O
Presidente e os Diretores do Banco Central do Brasil serão exonerados pelo
Presidente da República (...) IV - quando apresentarem comprovado e recorrente
desempenho insuficiente para o alcance dos objetivos do Banco Central do
Brasil. § 1º Na hipótese de que trata o inciso IV do caput deste artigo,
compete ao Conselho Monetário Nacional submeter ao Presidente da República a proposta
de exoneração, cujo aperfeiçoamento ficará condicionado à prévia aprovação, por
maioria absoluta, do Senado Federal. § 2º Ocorrendo vacância do cargo de
Presidente ou de Diretor do Banco Central do Brasil, um substituto será
indicado e nomeado para completar o mandato, observados os procedimentos
estabelecidos no art. 3º e no caput do art. 4º desta Lei Complementar, devendo
a posse ocorrer no prazo de 15 (quinze) dias, contado da aprovação do nome pelo
Senado Federal. § 3º Na hipótese do § 2º deste artigo, o cargo de Presidente do
Banco Central do Brasil será exercido interinamente pelo Diretor com mais tempo
no exercício do cargo e, dentre os Diretores com o mesmo tempo de exercício,
pelo mais idoso, até a nomeação de novo Presidente”.
A demissão do presidente do Banco Central é importante, mas não é
suficiente. É preciso mudar a política de juros altos e passar a ter a geração
de empregos como o objetivo central da política de juros.
Na mesma perspectiva, reafirmamos a necessidade de revogar as contra
reformas trabalhista e da previdência, bem como destacamos que o correto teria
sido aumentar o salário mínimo - como defendeu a CUT – para no mínimo R$
1.382,71 e já a partir do início do ano, como forma de compensar o confisco
salarial resultante da inflação. Reafirmamos, também, que é preciso achar
maneiras de recuperar o que foi confiscado desde o golpe.
Julgar, condenar e prender os criminosos de 8 de janeiro
No dia 8 de janeiro, milhares de criminosos
atacaram os prédios do governo federal, do Congresso Nacional e do Supremo
Tribunal Federal. Para fazer a polícia da capital do país agir
adequadamente contra os criminosos, o presidente Lula foi obrigado a decretar
intervenção na segurança do Distrito Federal. Posteriormente, o presidente do
Supremo Tribunal Federal decretou o afastamento temporário do governador do
Distrito Federal. E, dias depois, foi a vez do comandante do Exército ser
demitido e substituído, comprovando que ele nunca deveria ter sido nomeado.
O ataque da extrema-direita não foi um ato espontâneo, nem totalmente
inesperado. Já no dia 12 de dezembro de 2022, após a diplomação de Lula, a
extrema-direita havia promovido um quebra-quebra na cidade de Brasília,
contando com a cumplicidade do ainda presidente da República, do governo do Distrito
Federal, de setores das Forças Armadas e das polícias. E no final de dezembro
de 2022 e início de janeiro de 2023, as redes (anti)sociais da extrema-direita
foram tomadas por mensagens arregimentando pessoas para vir a Brasília.
Tratou-se, portanto, de uma operação de guerra,
financiada por empresários, coordenada por uma aliança cívico-militar e
perpetrada por alguns milhares de neofascistas, que usaram o acampamento
defronte ao Quartel General do Exército como base de operações. Apesar disso, o
então e ainda ministro da Defesa disse que nos acampamentos havia democratas,
inclusive amigos e familiares seus, prevendo que eles se desmobilizariam aos
poucos e pacificamente. Aliás, até hoje o atual ministro da Defesa segue –
contra todas as evidências – tentando encobrir a participação criminosa de
altos mandos nos atos de 8 de janeiro. Suas declarações apenas
confirmam os motivos pelos quais ele foi escolhido pelos militares para ocupar
o posto.
Resta evidente a necessidade de processar, julgar e punir quem financiou
as caravanas e os acampamentos da extrema-direita; quem, por ação ou omissão,
facilitou o acesso da extrema-direita à Esplanada dos Ministérios, onde ficam
os três prédios atacados; assim como processar, julgar e punir quem invadiu e
depredou os três palácios. Ficou patente, também, a necessidade de uma revisão
completa dos protocolos de segurança e inteligência do governo federal. Parte
disto vem sendo feito. Mas muito resta por ser feito, como ficou fartamente
demonstrado pelos fatos que levaram à demissão do General encarregado do
chamado GSI; e, mais recentemente, pela descoberta de diálogos mantidos pelo
então ajudante de ordem do cavernícola.
Até agora, oficiais-generais e outros militares de alta patente
envolvidos com o golpe não foram punidos, nem mesmo administrativamente. O
ex-comandante do Exército, por exemplo, general Júlio César Arruda, precisa ser
compulsoriamente reformado, uma vez que resistiu às ordens para desalojar o
acampamento bolsonarista montado diante do Quartel General do Exército em
Brasília, desacatou ministros e o interventor federal no Distrito Federal (DF)
e chegou a ameaçar um coronel da Polícia Militar que tentava remover os
acampados.
Outro general de quatro estrelas, Gustavo Dutra de Menezes, foi
responsável por impedir ações contra os bolsonaristas acampados no QG.
Portanto, é outro caso de militar da mais alta patente que não pode permanecer
na ativa, independentemente das ações que vierem a ser ajuizadas contra ele por
participação nos eventos golpistas.
Caso os generais Arruda e Dutra não sejam objeto de reforma, passando à
reserva, eles continuarão participando do Alto Comando do Exército, o que é uma
situação inaceitável, tais as evidências de seu envolvimento com os golpistas.
Reformá-los imediatamente é uma prerrogativa do governo federal e deve
ser levada a cabo, sob pena de premiar quem conspirou contra a vontade popular.
Dutra, por exemplo, vem até o momento exercendo uma subchefia do Estado-Maior
do Exército.
Destaque-se como ação extremamente positiva a transferência da Agência
Brasileira de Informações (ABIN) para a Casa Civil, deixando assim de fazer
parte do Gabinete de Segurança Institucional (GSI). Mas o próprio GSI deve ser
extinto e o controle da Inteligência deve ficar sob controle de órgãos civis e
não do Exército. Ademais, precisamos ter um Ministério da Defesa que seja
legítimo representante do poder civil. Além de seguir pendente a necessidade de
criar um Ministério da Segurança Pública.
Segue necessária, também, uma reforma das Forças Armadas e das PMs, que
seja capaz de democratizar tanto os processos de recrutamento e de formação de
oficiais como suas estruturas internas (organização, regulamentos, hierarquia).
Os currículos atuais das escolas militares são fortemente enviesados pelo conservadorismo
mais reacionário, calcado nas antigas doutrinas de “Segurança Nacional” e nas
agendas expansionistas dos EUA, a ponto de as Forças Armadas considerarem
seriamente a possibilidade de uma invasão da Amazônia pela França e de
colocarem um oficial-general a serviço da 5ª Frota estadounidense.
As escolas militares não podem se furtar às orientações do Ministério da
Educação, nem escamotear uma vasta bibliografia de autores e escolas de
pensamento que os generais ainda hoje enxergam como “subversivos”. A
resistência dos militares a qualquer alteração no seu sistema escolar indica
precisamente quão crucial é esse sistema na reprodução da ideologia
profundamente antidemocrática, visceralmente oligárquica, que historicamente
vem enquadrando a visão de mundo de gerações e gerações de oficiais. Lembrando
que esta visão de mundo inclui a subordinação das forças armadas brasileiras a
uma potência estrangeira: os Estados Unidos.
A gestão das escolas militares é profundamente autoritária,
desrespeitando a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) e a Constituição
Federal, que preveem a gestão democrática do ensino, com a participação de
professores, funcionários e estudantes nos colegiados e nas decisões das
instituições escolares. No ensino superior, um exemplo é o Instituto
Tecnológico da Aeronáutica (ITA), cujo reitor é escolhido em processo de
seleção decidido exclusivamente pelo Alto Comando da Aeronáutica, sem consulta
à comunidade.
A extinção da diretoria responsável pelas escolas cívico-militares, no
âmbito da Secretaria de Educação Básica do MEC, foi um passo importante para
sepultar a política do governo anterior. Contudo, não é suficiente para
avançarmos na desmilitarização da gestão educacional e escolar das redes
públicas. É preciso induzir a descontinuidade e a reversão do processo de
militarização de escolas em estados e municípios, para que as estruturas civis
responsáveis por essas unidades escolares reassumam plenamente sua gestão, em
todos os aspectos, livrando-as da interferência de militares e de suas
respectivas corporações.
Outra alteração que devemos priorizar, não apesar mas exatamente por
causa das pesadas adversidades conjunturais, é a desmilitarização das PMs e sua
desvinculação do Exército. É preciso pôr fim à falida “guerra às drogas”. As
PMs seguem comportando-se como “tropa de ocupação” nas periferias e comunidades
faveladas dos grandes centros urbanos. São as forças policiais que mais matam
no mundo inteiro! O texto atual da Constituição Federal as define como “forças
auxiliares do Exército”, o que dificulta aos governadores e governadoras
exercer comando sobre elas. O que vale para os governos estaduais encabeçados por
petistas, sendo o caso da Bahia particularmente preocupante.
Vale lembrar, também, da necessidade de alterar o artigo 142 da
Constituição Federal, que prevê, atualmente, a figura da “garantia da lei e da
ordem” (GLO). É preciso acabar com as chamadas operações de GLO e transferir
automaticamente para a reserva o militar que assumir cargo público, encerrando
as especulações sobre o suposto “poder moderador” das Forças Armadas, pondo fim
a um certo discurso praticado por setores neofascistas com a finalidade de
justificar a tutela militar sobre a sociedade civil.
É central a reformulação do artigo 1º da Lei da Anistia (lei 6.683/1979)
e do seu parágrafo 1º, que preveem anistia para os autores de “crimes conexos”,
uma espécie de código para anistiar agentes militares e civis que praticaram
torturas, assassinatos e toda sorte de atrocidades contra aqueles e aquelas que
se opuseram à Ditadura Militar, bem como contra diferentes grupos
populacionais, inclusive camponeses e povos indígenas.
Ao “interpretar” essa lei, em 2010, o Supremo Tribunal Federal
considerou válidos os dispositivos de “crimes conexos”, legitimou a anistia que
os militares se autoconcederam (e a seus cúmplices civis), e interditou todo e
qualquer processo criminal contra torturadores e assassinos a serviço do regime
ditatorial e de seu terrorismo de Estado: centros de tortura, execuções
sumárias, “casas da morte”, desaparecimento forçado de corpos, falsificação de
laudos etc.
Não haverá sequer liberdades democráticas no
Brasil, muito menos uma “democracia”, enquanto persistir a tutela militar sobre
a sociedade civil, enquanto a tortura não for definitivamente banida, enquanto
as Polícias Militares tiverem licença para matar. Razão pela qual enfrentar a
questão militar deve estar entre as prioridades do programa do PT e
exortamos o governo do companheiro Lula a prosseguir avançando.
Vale dizer que perdemos a oportunidade de fazer isso no debate sobre o
programa de reconstrução e transformação; no debate sobre o programa da
federação; e no debate sobre o programa da coligação. O mesmo ocorreu no
governo de transição. Esta atitude contribuiu para sermos surpreendidos pelo 8
de janeiro.
O PT deve convocar uma conferência nacional para debater Defesa Nacional
e o papel das forças armadas. Precisamos de forças armadas fortes, capacidades
tecnologicamente, subordinadas ao governo eleito pelo povo e comprometidas com
a defesa da soberania nacional.
No terreno militar, assim como em outros terrenos, o governo
Lula precisa combinar uma “guerra de movimento” com uma “guerra de posição”,
neste caso parecida com aquela que se precisa fazer quando se reocupa uma
cidade que fora tomada por um exército invasor. É preciso ir de casa em casa,
desalojando franco-atiradores, desmontando minas e armadilhas de todo tipo.
Contra as emendas secretas, orçamento participativo e reforma política
A bancada do PT no Congresso Nacional, a pedido do governo, votou a
favor da reeleição do presidente da Câmara dos Deputados e do presidente do
Senado federal. Isto apesar de ambos terem contribuído para dar sustentação
legislativa à administração da extrema-direita, além de terem introduzido
métodos duramente criticados pelo PT, como o popularmente designado “orçamento
secreto”.
Apesar da disposição pacífica do PT, prevaleceu
desde então – no caso da presidência da Câmara dos Deputados – a tentativa de
impor uma espécie de semiparlamentarismo (ou, o que é equivalente, um
semi-presidencialismo). Combatemos e seguiremos combatendo esta tentativa, sem
respaldo constitucional e sem respaldo popular. A atitude especialmente de Arhur Lira confirma
o erro cometido pelo PT, ao votar na sua reeleição, sem nem ao menos negociar
previamente os termos desse apoio, numa atitude que pode ser resumida assim:
“toma lá, sem dá cá”.
Um dos objetivos do PT é derrotar a hegemonia da direita e da
extrema-direita no Congresso Nacional. Isto exigirá ampliar nossa votação nas
eleições proporcionais, mas também exigirá mudanças legislativas, sendo este um
dos motivos pelos quais reafirmamos a necessidade de fazer uma Assembleia
Nacional Constituinte que promova uma reforma política.
No curto prazo, entretanto, impõe-se ampliar a denúncia contra as
manobras do atual presidente da Câmara, apoiar as investigações em curso contra
os malfeitos de que ele é acusado e, principalmente, criar um verdadeiro
mecanismo de participação popular na definição do orçamento, que resgate os
aspectos positivos do Orçamento Participativo, como contraponto ao fisiologismo
institucionalizado das emendas secretas.
Neste sentido, é necessário fazer
um balanço do PPA participativo, na perspectiva de construir um Orçamento
Participativo.
Iniciar um novo ciclo de desenvolvimento
Comemoramos o fato de 88% das negociações da data base de maio (setor
privado) tenham obtido vitórias acima da inflação. Mas para mudar os rumos do
Brasil, não basta aumentar os salários e ampliar as políticas sociais.
A nossa vitória contra a extrema direita e contra o neoliberalismo
dependem não apenas de melhorar conjunturalmente a vida do povo, mas também de
mudanças estruturais, o que exige construirmos uma nova perspectiva de futuro
para o Brasil.
Neste sentido, é fundamental que o anúncio do Novo PAC mude o rumo do
debate acerca da política econômica. O problema central do Brasil não é
“controlar gastos”, mas sim ampliar os investimentos, especialmente os
investimentos do Estado, no sentido de combater a desigualdade e induzir o
desenvolvimento.
As políticas dos governos golpistas e de extrema-direita foram no
sentido oposto. Um dos instrumentos disto foi o chamado “teto de gastos”,
aprovado em 2017, que buscava limitar por 20 anos a expansão do gasto público à
variação inflacionária, excetuando os gastos financeiros, cuja evolução seguiu
descontrolada. O resultado foi a evolução descontrolada da dívida pública, a
desestruturação das políticas públicas e a estagnação da economia nacional. O
preço quem pagou foi a maioria do povo, assim como foi o povo que pagou os
custos da mal denominada “lei de responsabilidade fiscal”, que nunca impediu o
crescimento da dívida pública que beneficiava o setor financeiro.
O PT sempre se opôs ao “teto de gastos” e congêneres. O presidente Lula,
na campanha de 2022, informou que iria trabalhar por sua revogação. Enquanto o
teto de gastos impedia a expansão real do gasto público, o chamado Novo
Arcabouço Fiscal (ainda em debate no Congresso nacional) permite que isso
ocorra. Mas o NAF permite a expansão do gasto público apenas sob determinadas
condições. Em um cenário em que não se conseguir aumentar os impostos, em que
não se conseguir avanços significativos no combate às desonerações e à
sonegação, o crescimento dependerá fundamentalmente do investimento privado.
Mais do que isso: ao estabelecer um crescimento das “despesas” sempre menor do
que as receitas, o NAF abre a possibilidade de um futuro em que o Estado será
mais mínimo do que é hoje.
Diante do marco fiscal proposto pelo Ministério da Fazenda,
defendemos alterações no sentido de:
1) estabelecer metas de crescimento e geração de empregos,
como parâmetros para a política fiscal;
2) estabelecer metas fiscais expansionistas, portanto
opostas à política monetária do BC, para evitar o risco de uma dupla pressão
contracionista;
3) estabelecer metas de evolução do superávit subordinadas
às necessidades de investimento, em nenhum caso aceitando déficit zero ou
superávit, enquanto a economia brasileira não crescer de forma sustentada;
4) diluir ao longo de vários anos as “punições” previstas
para o caso de não cumprimento das metas;
5) incluir propostas tributárias que, além de rever
desonerações e combater a sonegação, aumentassem os impostos sobre os ricos;
6) alterar os números de variação da receita e crescimento
dos “gastos”, no sentido de eliminar qualquer restrição ao papel do setor
público na economia brasileira. Reiteramos: o peso do setor público frente ao
PIB deve crescer e não diminuir, ao contrário do previsto na proposta da
Fazenda e na proposta de Cajado;
7) retirar a educação, a saúde, a previdência, o
salário-mínimo e os investimentos da conta dos “gastos”, para evitar cortes nos
demais gastos públicos;
8) permitir a transferência de recursos do Tesouro para os
bancos públicos.
Opinamos que o marco fiscal proposto pelo Ministério da
Fazenda era contraditório com as posições históricas do Partido e,
principalmente, contraditório com o tipo de política que o Brasil necessita
para sair das atuais condições de economia primário-exportadora e de uma
sociedade de imensa desigualdade. A propaganda positiva que o Ministro da
Fazenda e parte de sua equipe fazem a respeito é, em parte, puro “pensamento
positivo”; e, em parte, submissão à lógica fiscalista e curtoprazista que
predomina na elite brasileira.
Argumentou-se, dentro do governo e do partido, que o marco
fiscal proposto pelo Ministério da Fazenda era o máximo de avanço possível,
dada a correlação de forças.
De fato, a correlação de forças é um problema. Mas a questão
não está principalmente em constatar qual é a correlação de forças; a questão
fundamental está em como fazer para alterar a correlação de forças. Se nos
limitamos a constatar qual é a correlação de forças, é óbvio que o passo
seguinte será retroceder ainda mais. E foi exatamente isso que ocorreu no
debate do marco fiscal no Congresso Nacional.
Ademais, alertamos que o marco fiscal proposto pelo
Ministério da Fazenda, se fosse aprovado como proposto, iria gerar pressões
contra o piso constitucional da saúde e da educação.
Submetido ao debate na Câmara dos Deputados, o NAF original foi alterado
para pior, com a introdução de contingenciamento obrigatório, criminalização,
eliminação de exceções, proibição de concursos e reajustes etc.
Mesmo a direção do Partido não tendo sido consultada
previamente, prevaleceu na bancada da Câmara uma postura recuada, de não
apresentar emendas. Isto contribuiu para que a direita do Congresso nacional,
através do relator Cajado, pudesse agir sem nenhum contraponto, apresentando um
relatório que piorou muito os problemas já existentes na proposta apresentada
originalmente pela Fazenda.
O relatório foi aprovado pela Câmara, inclusive com o voto
da bancada do PT, ressalvada a corajosa declaração de voto de um grupo de
parlamentares. Como resultado, o marco fiscal original foi alterado para pior,
com a introdução de contingenciamento obrigatório, criminalização, eliminação
de exceções, proibição de concursos e reajustes etc.
No Senado, a proposta aprovada pela Câmara sofreu duas alterações
importantes, no sentido de preservar o Fundeb e os investimentos em ciência e
tecnologia. Agora o tema está novamente em debate na Câmara. Se for mantida a
proposta do relator Cajado (PP Bahia), passaremos a ter dois problemas: uma
política monetária contrária ao crescimento e uma política fiscal que não
contribui para o desenvolvimento.
Por que então setores do governo e do Partido apresentam o
marco fiscal como uma vitória?
Em alguns casos, por ato reflexo: acham que tudo que vem do
governo é bom. Noutros casos, por entender que o marco fiscal aprovado é melhor
do que o teto de gastos, o que era verdade parcial no caso do proposto
originalmente pela Fazenda e quase deixou de ser no caso do aprovado pela
Câmara. Há os que pensam que, com a aprovação do NAF, será possível alterar
pacificamente a política do Banco Central. Mas há, também, os que acreditam que
teremos um cenário primaveril: retomada dos investimentos privados, grandes
investimentos estrangeiros, êxitos no combate à sonegação e redução nas
isenções.
De fato, se este cenário primaveril se confirmar, as
restrições da política monetária do BC e as restrições da política fiscal terão
sido superadas.
Também neste cenário primaveril, mesmo que o crescimento dos
“gastos” seja sempre menor do que as receitas, mesmo que o marco fiscal projete
um futuro em que o peso do setor público no PIB seja menor do que é hoje, isto
não impedirá a ampliação dos investimentos públicos e do bem-estar social.
A pergunta é: este cenário primaveril é realista? E, mesmo
que seja, ele vai se materializar no tempo político adequado, ou seja, a tempo
de afetar positivamente as eleições de 2024 e 2026?
Em nossa opinião, o cenário primaveril não é realista. Sem
forte investimento público e sem mudança na política de juros, o investimento
privado não crescerá, ao menos não crescerá na quantidade e na qualidade
necessárias. Por outro lado, o cenário internacional é excessivamente
turbulento, não permitindo confiar em investimentos estrangeiros cujo volume e
natureza permitam saltos de qualidade na economia de um país como o Brasil.
Além disso, mesmo que haja crescimento nos investimentos, privados e
estrangeiros, nas condições atuais ele será em grande parte capturado pelo
sistema financeiro. Sem falar que fazer depender nosso desenvolvimento de capitais
estrangeiros é um equívoco em si mesmo.
Por outro lado, é improvável que tenhamos êxito no combate à
sonegação e na redução das isenções, no volume e na velocidade necessárias, sem
que haja uma imensa mobilização política dos setores populares contra os ricos.
E a pergunta é: se existe condições de fazer isso, por qual motivo, na
elaboração do tal marco fiscal, fizemos tantas concessões à Faria Lima?
Conclusão: se o cenário primaveril não é o mais provável, se
o mais provável for um cenário sem grandes investimentos estrangeiros, sem
grandes investimentos privados nacionais, sem avanços significativos no combate
às desonerações, sem avanços significativos no combate à sonegação, neste
cenário realista o novo marco fiscal impõe imensas restrições a ação do Estado
e aos investimentos públicos.
Diante desta situação, estamos convocados a travar uma
imensa batalha em favor de uma reforma tributária progressiva, que faça os
ricos pagarem a conta. O que exigirá superar a atual postura do Ministério da
Fazenda, que assumiu indevidamente os compromissos de não aumentar e de não
criar impostos sobre os ricos.
Sem novos impostos sobre os ricos, as receitas não vão
crescer significativamente. Como nos próximos anos certas despesas vão
aumentar, aconteça o que acontecer. Como – segundo o marco fiscal – o conjunto
das despesas não pode crescer mais do que 70% do crescimento das receitas.
Então a conclusão é que haverá uma disputa para saber quais despesas serão
mantidas e quais serão cortadas.
Pelos motivos acima, vai crescer a pressão para revogar os
atuais pisos constitucionais da saúde e da educação, conforme aliás já
anunciado pelo Secretário do Tesouro. E por qual motivo setores do governo
defendem isso? O motivo real, mesmo que não declarado, é o seguinte: segundo os
parâmetros do marco fiscal, o teto das despesas cresce na velocidade de 70% da
receita, mas certas despesas, por exemplo, a saúde e a educação, crescem com
base em 100% da receita.
Por isso, o novo marco fiscal impõe, como consequência
“lógica”, a necessidade de alterar os atuais pisos da saúde e educação, como
forma de reduzir o crescimento dessas despesas para próximo da velocidade
máxima (70% do crescimento das receitas) autorizada pelo marco fiscal.
Ou seja, um dos efeitos colaterais do marco fiscal aprovado
pela Câmara será jogar pobres contra pobres, disputando um cobertor curto.
Por estes e por outros motivos, parabenizamos os
parlamentares federais (mais de 22) que, apesar de respeitarem a disciplina
partidária, fizeram uma declaração de voto demarcando com as diretrizes do
marco fiscal.
Qualquer que seja o formato final do NAF, seguiremos necessitando de
medidas extraordinárias que nos permitam sair das atuais condições de
desigualdade social e primário-exportação. Precisamos de muitos investimentos,
investimentos principalmente estatais, e feitos com velocidade, durante várias
décadas. Sem isso, nosso país não escapará da atual situação, de subpotência
primário exportadora.
Para financiar nossa política de desenvolvimento, é preciso – entre outras
medidas – realizar uma reforma tributária progressiva, de grande impacto. Esta
batalha deve ser articulada com o Novo PAC: os ricos devem pagar a conta, para
o Brasil se desenvolver combatendo a desigualdade.
Nessa perspectiva, de politizar o debate sobre o desenvolvimento,
defendemos a convocatória imediata de uma Conferência nacional pelo
desenvolvimento. Sem isso, a neoindustrialização será apenas um slogan, ou se
reduzirá a nichos, sem gerar efeitos sistêmicos sobre o conjunto da
sociedade.
Nesta mesma perspectiva, destacamos a necessidade de a Petrobrás adotar
medidas que rompam totalmente com a política adotada no governo anterior e a
façam adotar papel central (junto com a Eletrobrás) no processo de retomada do
crescimento, do desenvolvimento e da chamada neoindustrialização. A mudança da
política de preços é um importante passo neste sentido, mas muito mais precisa
ser feito.
Destacamos, por fim, que não haverá neoindustrialização, nem tampouco
política ambiental com transição ecológica, se não houver mudanças radicais no
agronegócio e na mineração. Estes dois setores não tem conflitos ideológicos
com o PT, nem com o governo Lula; tem conflitos com o futuro do Brasil. No
futuro que eles defendem, não haverá mudança no lugar do Brasil no mundo, nem
tampouco na desigualdade social existente em nosso país.
Transformar a qualidade de vida do povo
A luta contra o neofascismo é inseparável da luta contra o
neoliberalismo. As politicas neoliberais submetem o povo a um massacre
cotidiano e contribuem para que parcelas da nossa população sejam capturadas
pela extrema direita e pelo individualismo extremo. Por isso, tampouco basta
ampliar os empregos e os salários. É preciso mudar as condições de vida como um
todo, o que exige fortes políticas públicas de cultura, comunicação, saúde e
educação, entre outras.
Saúde e educação são, ademais, peças fundamentais em nossa política de
desenvolvimento. É necessário retomar a pauta do financiamento, que de acordo
com a Meta 20 do Plano Nacional de Educação deveria chegar até 10% do PIB,
objetivo que sofreu um profundo retrocesso com a Emenda Constitucional que
instituiu o chamado “teto dos gastos”. É preciso enfrentar, também, os
retrocessos ocorridos, desde 2016, na Educação Básica e no Ensino Médio. Nos
somamos a luta dos trabalhadores da educação e dos estudantes que pedem a
revogação da chamada reforma do ensino médio e combatem as concepções
privatistas na área da educação, inclusive as que se manifestaram na transição
e no ministério da Educação.
Apoiamos as resoluções aprovadas pela 17ª Conferência Nacional de Saúde
e um SUS 100% público, integral, equânime e democrático. Apoiamos, também, a
luta para recuperar o orçamento do SUS, a defesa do piso da enfermangem, a luta
contra a avassaladora privatização da gestão dos serviços e das ações
assistenciais, o enfrentamento à desregulamentação dos planos e seguros
privados, as ameaças ao cuidado em liberdade e antimanicomial.
Em janeiro de 2023 foi anunciado a criação de um departamento no
Ministério do Desenvolvimento Social, com a seguinte nomenclatura:
“departamento de entidades de apoio e acolhimento atuantes em álcool e outras
drogas”. Essa ação favorece o setor privatista da saúde, a ala conservadora das
igrejas e seus partidos, o tratamento para usuários em abuso/dependência em
substâncias psicoativas fora dos preceitos de direitos humanos. As chamadas
comunidades terapêuticas não se enquadram na Resolução de Tipificação dos
Serviços Socioassistenciais aprovadas no Conselho Nacional de Assistência
Social (n. 13/2014) e há contra as Comunidades Terapêuticas diversas denúncias
de irregularidades em todo o Brasil, apontadas no Relatório da inspeção
nacional em CTs, elaborado pelo Conselho Federal de Psicologia, pelo Mecanismo
Nacional de Prevenção e Combate à Tortura e pelo Ministério Público Federal
(2018).
Nesse sentido, defendemos que o governo Lula revogue o decreto federal
que cria tal departamento, como recomendou o Conselho Nacional de Saúde, e
simultaneamente desenvolva ações, sob a coordenação do Ministério da Saúde,
voltadas ao controle e vigilância de modo a gradativamente extinguir tais
instituições, suspendendo a transferência de verbas públicas e definindo-as
como asilos religiosos ou assemelhados, agenciando seu fechamento com a
retomada e fortalecimento dos serviços substitutivos na RAPS.
A política no comando
O PT foi fundado em 1980. Temos 43 anos. Em 1980 o povo brasileiro não
elegia pelo voto direto seu presidente da República. Este direito básico só foi
conquistado em 1989. Outra conquista em 1989 foi a ampliação do número de
pessoas habilitadas a votar. Desde 1989, a maior parte do povo brasileiro tem
direito a votar nas eleições. Não era assim antes. Pois bem: desde 1989 até
hoje aconteceram 9 eleições presidenciais. O PT venceu cinco e ficou em segundo
lugar nas outras quatro eleições presidenciais.
Isso dá uma ideia da importância do PT na política brasileira e do apoio
eleitoral que temos no povo.
Entretanto, toda essa nossa força eleitoral não foi capaz de impedir o
golpe de 2016. E em 2022, nós ganhamos a eleição presidencial, com 60 milhões
de votos, mas nosso inimigo teve 58 milhões de voto. Além disso, as forças de
direita ganharam grande número de eleições estaduais e são majoritárias no
Congresso nacional.
Portanto, temos pela frente imensos desafios, se quisermos atingir
nossos grandes objetivos: ampliar o bem-estar social do povo, ampliar as
liberdades democráticas, impulsionar o desenvolvimento de novo tipo, garantir a
soberania nacional, participar da integração regional, contribuir para a construção
de uma nova ordem mundial, tudo isto tendo como nosso objetivo histórico e
estratégico o socialismo.
Para dar conta desses objetivos de médio e longo prazo, precisamos neste
momento concentrar nossas energias em: 1/derrotar a extrema-direita; 2/superar
a influência do neoliberalismo; 3/disseminar, no povo brasileiro, uma cultura
democrática e popular; 4/ampliar a força das esquerdas nas instituições de
Estado, a começar pelas prefeituras que estaremos disputando em 2024 e pela
reeleição de nosso projeto em 2026; 5/estimular a auto-organização da classe
trabalhadora, em seus movimentos, sindicatos e partidos, a começar pelo próprio
PT.
Estas cinco tarefas imediatas estão intimamente ligadas ao sucesso do
governo Lula, sucesso que não se limita a “união e reconstrução”, mas se amplia
no sentido da reconstrução e transformação. Se o governo Lula tiver sucesso
neste trabalho de reconstrução e transformação, teremos sucesso naqueles cinco
objetivos. E para o governo Lula ter sucesso no trabalho de reconstrução e
transformação, precisamos que o Partido e a esquerda partidária e social tenham
êxito naqueles cinco objetivos.
Por isso, se faz necessário dar um salto de qualidade no funcionamento
do nosso Partido, bem como do conjunto do campo democrático e popular. O que
inclui, no curto prazo, um enfrentamento coletivo da CPI do MST, a preparação
adequada das eleições 2024, maior sincronia entre ação do governo, dos partidos
de esquerda e dos movimentos sociais.
Lula é hoje chefe de Estado, chefe de governo, líder da ala esquerda do
governo e nosso principal comunicador social. É uma sobrecarga brutal sobre os
ombros de uma única pessoa. Cabe ao Partido, como instituição coletiva, assumir
mais tarefas na defesa e na disputa de rumos do governo, na luta contra a
direita neoliberal e neofascista. E cabe tanto à esquerda partidária quanto à
esquerda social - lideradas pelo PT - não apenas vencer nas urnas em 2024 e
2026, mas também ocupar de maneira permanente as redes e as ruas. Só a
ampliação da luta social garantirá a reconstrução e a transformação do Brasil.
Atuando
sob condições mais difíceis
O ocorrido no dia 8 de janeiro, o ocorrido com o NAF e os
acontecimentos internacionais confirmam que o terceiro governo Lula atua em
condições muito mais complexas e difíceis do que os governos encabeçados pelo
PT entre 2003 e 2016.
Além das dificuldades resultantes da situação mundial e da
herança maldita do golpismo e do bolsonarismo, temos as dificuldades ligadas à
situação do governo Lula, da classe trabalhadora, da esquerda e do PT.
Fica evidente, a cada dia que passa, que enfrentamos uma
dupla oposição: da direita tradicional e da direita neofascista, ambas
neoliberais. As duas direitas estão presentes no governo e na máquina de
Estado. São majoritárias no Congresso nacional, entre os governadores de
Estado, nos aparatos de segurança e na grande mídia. As duas oposições, embora
se dividam no que toca a “reconstrução”, unificam-se para impedir a
“transformação” nacional. Ambas operam para vencer as eleições de 2024 e tirar
o PT da presidência, em 2026.
Frente a este quadro, a linha política hegemônica na
esquerda brasileira e em nosso Partido está demonstrando ser ineficiente e
insuficiente, tanto do ponto de vista tático quanto do ponto de vista
estratégico. É preciso mudar de orientação estratégica e tática. E, para fazer
isto, é preciso abandonar a atitude baluartista, cabotina, autocongratulatória
e debater abertamente os problemas existentes, debate que deve ser feito nas
instâncias partidárias.
Hoje, ainda tem prevalecido a opção de não travar o debate
nas instâncias. Antes mesmo da campanha começar, a maioria dos integrantes do
atual Diretório Nacional escolheu não aprovar nenhuma resolução sobre como
enfrentar o bolsonarismo nas forças armadas, assim como não aprovou uma
resolução que propunha enfrentar já na campanha eleitoral a mal denominada
“independência” do Banco Central. Tampouco debatemos previamente na direção do
Partido a proposta de Novo Arcabouço Fiscal. Como resultado, o Partido tem mais
dificuldade de enfrentar os problemas, uma vez que estes não desaparecem pelo
fato de não terem sido debatidos.
A respeito desses e de outros temas, como por exemplo a
necessidade de revogar as contrarreformas da previdência, trabalhista, sindical
e do ensino médio, a mudança de rumo da Petrobrás e a recuperação da
Eletrobrás, a luta por outra política de segurança pública e de Defesa, a
Articulação de Esquerda tem apresentado diversas propostas ao Diretório
Nacional do PT.
Com base nelas, e também com base nas propostas que surjam
dos congressos de base, o Oitavo Congresso da AE aprovará um conjunto de
resoluções e orientações, tendo como objetivos principais apontar medidas
concretas no sentido de retomar o crescimento, implementar uma industrialização
de novo tipo, mudar o curso do desenvolvimento nacional, realizar a reforma
agrária, defender o meio ambiente, ampliar as políticas públicas, o bem-estar
social e as liberdades democráticas do povo brasileiro, recuperar a soberania
nacional, promover a integração latino-americana e caribenha, mudar o lugar do
Brasil no mundo.
Entretanto, não bastam propostas, se não conquistarmos
maioria organizada junto a classe trabalhadora.
As eleições presidenciais de 2022 demonstraram que a
esquerda é majoritária entre os eleitores ativos, por uma diferença de 2
milhões de votos. Aliás, ganhamos 5 das últimas 9 eleições presidenciais.
Entretanto, se considerarmos os mais de 30 milhões que votaram branco, nulo e
se abstiveram; e somarmos a estes os trabalhadores que votaram na candidatura
presidencial da extrema-direita, a conclusão inescapável é que, neste momento,
a esquerda não tem maioria numérica na classe trabalhadora.
Ademais, décadas de neoliberalismo, somadas a décadas de
institucionalização e burocratização, enfraqueceram brutalmente a presença, a
força e a representatividade das organizações da classe trabalhadora:
movimentos, associações, sindicatos, partidos. E, de outro lado, nas últimas
décadas constituiu-se uma extrema-direita com base de massas.
Portanto, nossa tarefa estratégica, de cujo sucesso dependem
todas as outras tarefas, é fazer com que a esquerda conquiste e organize a
maioria da classe trabalhadora.
Quando falamos de esquerda, falamos principalmente de nosso
Partido, o Partido dos Trabalhadores.
A maioria da classe trabalhadora com consciência de classe,
especialmente mulheres, jovens, negros e negras, se identifica com o PT. Desde
os anos 1980 até hoje, a vitória da classe trabalhadora brasileira depende, em
grande medida, das opções feitas pelo PT. Mas a verdade é que nosso Partido –
ao mesmo tempo que tem imensos méritos – vem apresentando imensas debilidades.
A principal destas debilidades não é organizativa, nem de comunicação; a
principal debilidade é política: nosso Partido não construiu uma linha política
e uma maneira de funcionar adequadas aos tempos de guerra em que vivemos.
Guerra travada, contra a maioria do povo brasileiro, pelos
defensores do imperialismo, do capitalismo, do modelo primário exportador, do
neofascismo, do patriarcado, do racismo, do fundamentalismo, pelos defensores
de todo tipo de preconceito, opressão e exploração. Guerra que custou a vida de
centenas de milhares de pessoas, como é o caso dos indígenas vítimas de
genocídio; e, também dos brasileiros e brasileiras que poderiam estar entre
nós, se o governo de extrema direita não tivesse sido aliado da Covid.
Neste contexto, qual é o papel da tendência petista
Articulação de Esquerda? Em resumo, contribuir, no limite de nossas forças,
para que nosso Partido – assim como a CUT, o MST, a CMP, o MNLM, a UNE, a Ubes,
as Frentes e todas as demais organizações do nosso povo – estejamos à altura
dos imensos desafios postos pela atual situação nacional, continental e
mundial.
Para tornar isso possível, será necessário um intenso
trabalho organizativo, com destaque para nosso enraizamento na classe
trabalhadora e para a mudança de métodos de funcionamento. A retificação que
exigimos no PT, também deve ser feita entre nós. As minorias e as maiorias de
nosso Partido padecem de deformações gravíssimas e não somos alheios a isto.
Destacamos, como parte desta retificação, em primeiro lugar,
contribuir na organização da classe, nos locais de trabalho, de moradia, de
estudo, nos espaços de cultura e lazer. Para este esforço convocamos cada
militante de nossa tendência. Não basta criticar o que os outros não fazem, é
preciso fazer aquilo que achamos que precisa ser feito.
Em segundo lugar,
contribuir para construir o Partido dos Trabalhadores e das trabalhadoras, como
partido de massas e radicalmente democrático. Novamente, reafirmamos: não basta
criticar os que têm maioria nesta ou naquela instância, é preciso fazer por
nossa própria conta o que pode e deve ser feito.
Em terceiro lugar,
lutar contra as políticas equivocadas que existem no interior do chamado campo
democrático-popular, com destaque para os setores social liberais infiltrados
na esquerda, defensores das privatizações, das terceirizações, do capital
financeiro e do agronegócio. Neste terreno, é preciso lembrar que as concessões
feitas ao neoliberalismo só produzem mais neoliberalismo.
Em quarto e
fundamental lugar, trabalhar para que o PT continue lutando, aqui e agora, em
favor de soluções efetivamente socialistas e revolucionárias para os grandes
problemas do nosso país, de nosso continente e do mundo. Nos tempos perigosos e
desafiantes em que vivemos, não cabe dúvida: o futuro depende da classe
trabalhadora lutar com todas as suas forças pela soberania, pela democracia,
pelo desenvolvimento e pelo socialismo.
Anexo 1
Resolução organizativa
A atual direção nacional da tendência petista vai
apresentar, ao Congresso: i/um balanço da atuação da direção nacional da AE que
está findando seu mandato; ii/uma proposta de critérios de funcionamento e
composição da nova direção; iii/uma nominata. Nossa proposta de nominata terá
como pressupostos: i/acordo com a linha política aprovada no Congresso;
ii/capacidade dirigente; iii/disposição de assumir tarefas, a começar pela
participação nas reuniões periódicas; iv/paridade (mínimo de 50% de mulheres).
Lembramos que a direção nacional não é um parlamento
representativo das regiões, estados, setores etc. Tendo em vista a ampliação
das tarefas, num cenário de governo, eleições municipais 2024 e Ped 2025,
estamos considerando: i/manter uma direção executiva com uma composição de 8
integrantes; ii/eleger uma direção ampliada com até 16 integrantes (incluindo
neste número os 8 da direção executiva).
A direção executiva manteria reuniões mensais e a direção ampliada faria
reuniões trimestrais.
Destacamos, dentre as tarefas a cargo dos/das dirigentes
nacionais: secretaria geral e de organização; comunicação; finanças; formação
política; acompanhamento da direção partidária; acompanhamento dos setoriais;
acompanhamento do Congresso nacional; acompanhamento dos movimentos sociais e
de nossa atuação neles; acompanhamento da atuação da AE nos estados.
A proposta é elegermos a direção, já estabelecendo as
respectivas tarefas. Reiteramos, finalmente, que a direção eleita em 2023 terá
mandato até 2025, portanto “cuidará” das eleições 2024 e do PED 2025.
Anexo 2
Saúde como política pública estratégica e de Estado,
democrática, classista, anticapitalista e rumo ao socialismo
https://pagina13.org.br/saude-como-politica-publica-estrategica-e-de-estado-democratica-classista-anticapitalista-e-rumo-ao-socialismo/
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