Na véspera do primeiro turno, o PT realizou um seminário com representantes de organizações internacionais que vieram acompanhar o processo.
Neste seminário, a companheira Tereza Campello falou sobre o tema das políticas sociais. Posteriormente, ela publicou um fio no tuíte, que pode ser lido aqui:
https://institutolula.org/campello-tentativas-de-comprar-eleitores-revela-preconceito-com-pobres
Concordo com Tereza: são várias as explicações que explicam por que não deu certo o “plano maligno” de Bolsonaro, de "comprar os pobres".
Da minha parte, acrescentaria a seguinte explicação: os "pobres" não são uma categoria homogênea.
Há muitos pobres que votam na direita. A depender da trajetória pessoal, da participação ou não em atividades comunitárias, do contato ou não com sindicatos, do tipo de cultura política, enfim, a depender de tudo aquilo que constitui a visão de mundo das pessoas, pobres de situação econômica similar podem adotar posições políticas antagônicas.
É por isso, aliás, que uma política pública real ou supostamente favorável ao povo pode ter impactos eleitorais muito diferentes, a depender de fatores político-ideológicos. É isto que explica, ao menos em parte, a hegemonia da direita em algumas regiões do país, vis a vis a hegemonia da esquerda em outras regiões.
Nas regiões e nas camadas sociais onde prevalece um espírito igualitário e comunitário, os defensores de políticas de transferência de renda e similares tendem a receber maior apoio, pois amplas camadas da população acreditam que todos poderão ser beneficiados. Já nas regiões e camadas sociais onde prevalece o "cada um por si e Deus por todos", defensores de políticas de transferência de renda e similares enfrentam mais dificuldades.
Qual a decorrência prática disto?
Uma delas é que não basta apresentar um rol de propostas, seja uma lista do que fizemos (legado), seja uma lista do que faremos (programa). O legado é importante, o programa é importante, mas para terem mais êxito as propostas precisam vir "embrulhadas para presente", ou seja, articuladas num projeto de futuro, num desenho de sociedade almejada.
Dito de outro jeito: para combater discursos neofascistas que vociferam "Deus, pátria, família e liberdade", não basta falar de "arroz, feijão, saúde, educação".
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