As eleições na cidade do Rio de Janeiro demonstram o risco que correm os que decidem o seu voto com base nas pesquisas.
No Rio, há mais ou menos um mês, havia quem propusesse "voto útil" na candidatura do PT, supostamente em troca do voto útil na candidatura do PSOL em outra cidade do país.
Também no Rio, mas há uma semana, começou a circular um abaixo assinado pedindo "voto útil", não mais na candidatura do PT, mas agora na candidatura do PDT.
Alguns dos signatários deste abaixo assinado eram os mesmos que, pouco antes, pediam voto útil na candidatura do PT.
Motivo da mudança?
As pesquisas, que primeiro mostravam a candidatura do PT e, depois, mostravam a candidatura do PDT como tendo, supostamente, maiores chances de ir ao segundo turno.
Pois bem: neste sábado, 14 de novembro, véspera da eleição, sai uma nova pesquisa de intenção de voto.
Desta vez, a pesquisa diz que é a candidatura do PT que tem maiores chances de ir ao segundo turno.
Moral da história: terrível a vida dos que decidem seu voto com base nas pesquisas.
No Rio de Janeiro, não importa o que digam as pesquisas, a melhor opção é Benedita da Silva, 13, do Partido dos Trabalhadores.
E, em todos os lugares do país, vale o mesmo: erra quem deixa as pesquisas decidirem seu voto.
Um projeto coletivo como o próprio nome indica é um projeto de TODOS, portanto, para o bem ou para o mal TODOS (lideranças e liderados) respondem por ele, pouco importando se a contribuição ou os óbices para o sucesso ou o fracasso dele sejam deste ou daquele segmento individual. Na Bolívia não apareceu um novo MAS ou outro MAS para defender em linhas gerais o mesmo projeto. Não tenho constância se houve um debate sobre o deletério papel e a "hegemonia" do MAS sobre a esquerda boliviana, também não sei se houve críticas (ou autocríticas) sobre os "erros" do MAS durante os 13 anos de governos daquele partido naquele país. É possível que muitos bolivianos pensaram que as eleições não valiam de nada e que tudo é uma fraude e que o "deep state" e o "imperalismo" dominam tudo. Será que algum "gênio" boliviano viu na candidatura de Luis Arce, ex-ministro de Evo Morales, um plano B, uma laranja podre, um infiltrado do Mas jurídico e outras pataquadas do mesmo gênero. Provavelmente e tratando-se da esquerda provavelmente devem ter acontecido mas nada disso impediu de surgir novas ou as mesmas lideranças de sempre que levasse adiante o mesmo projet. Os bolivianos mesmo sabendo de todas as circunstâncias desfavoráveis que cercavam aquele pleito, foram as urnas renovar seu voto de confiança naquele projeto de país e no partido e nas lideranças políticas que o defendem. É verdade que se o PT e as esquerdas brasileiras se encontram nessa situação de paralisia e retração não se deve a ação desses "gênios", mas a inação das lideranças do PT e dos outros partidos da esquerda no Brasil. As esquerdas no Brasil deveriam saber que destruir a hegemonia do PT não nas esquerdas mas na política nacional era o principal objetivo dos inimigos daquele projeto popular, democrático e solidário de pais que o PT liderava não por uma dádiva divina mas por seu papel nas lutas históricas desde 1982.
ResponderExcluirAs esquerdas "revolucionárias" e "vanguardistas" (que antevê tudo antes que os pobres mortais) não deveriam nunca esquecer que o voto é uma "arma" (não apenas o sonho de uma noite de verão da esquerda democrática) e tão mais importante quando ela é a única ao alcance das mãos e a mão de TODOS. Que os eleitores construam aquilo que as lideranças políticas tem sido incapazes de fazer. VOTEM e conquistem vitórias, construam maiorias e consensos, ocupem as instituições.
Sabe eu fico aqui pensando:o que sera que os capitalistas que estão enchendo as burras e matando o povo de tanto trabalhar pensam quando observam estes partidos que se autointitulam de esquerda se confrontarem para ver quem ganha mais voto e quem elege mais em uma democracia em abstrato? Devem pensar: taí.....esta é a forma para manter um povo alienado, ocupado e distraido daquilo que de fato importa.
ResponderExcluirAs eleições municipais de 2020 serviram para que a direita avançasse ainda mais sobre o regime. A direita golpista, representada por partidos como o DEM e o PP, cresceu muito, embora não tenha popularidade nenhuma. A esquerda perdeu várias prefeituras — o PT perdeu 75 em relação a 2016 e o PCdoB perdeu mais da metade de suas prefeituras. E isso tudo pelo mesmo motivo: em geral, a esquerda optou pela política de frente ampla, de aliança com a direita, e não da luta pelo Fora Bolsonaro.
ResponderExcluirApesar dessas condições extremamente desfavoráveis, teve um partido de esquerda que apresentou um tímido crescimento: o PSOL. Mas isso não aconteceu porque o PSOL enfrentou a direita e chamou os trabalhadores para lutar pelo Fora Bolsonaro. Muito pelo contrário: o PSOL está se tornando, junto com o PCdoB, o partido oficial da frente ampla com a direita golpista, a mesma que derrubou Dilma, prendeu Lula e ajudou a eleger Bolsonaro.
Tanto é assim que o fascista Sérgio Moro elogiou a “performance” do PSOL nas eleições, dizendo que teria se tornado um partido “relevante”. Vários jornais burgueses também destacaram que o PSOL teria se tornado um partido importante para a esquerda. Obviamente, isso não é verdade, visto a quantidade ínfima de prefeitos que elegeu. Mas fica uma questão: como o PSOL está conseguindo se tornar o partido “oficial” da esquerda?
Além do fato de o PSOL estar sendo impulsionado pela burguesia como forma de tentar diminuir a polarização, é preciso apontar que esse partido só conseguiu avançar na sua política de frente ampla porque o maior partido de esquerda do País, o PT, tem permitido. E o caso de São Paulo é o mais escancarado.
A ida de Guilherme Boulos para o segundo turno é uma falsificação completa. Uma operação da burguesia para transformar um professor de psicanálise, sem qualquer vínculo real com o movimento operário, em uma “liderança” da esquerda. Nesse sentido, é preciso destacar que nem mesmo uma liderança verdadeira do MTST Guilherme Boulos de fato é, mas apenas um burocrata, que recebeu a coordenação do movimento de presente. Tanto é assim que a sua “base”, isto é, os sem teto, são lulistas, e não um eleitorado efetivo do PSOL.
Boulos só teve um relativo sucesso em se apresentar como uma nova liderança da esquerda porque o PT não denunciou essa operação. Em momento algum, o PT denunciou que o PSOL, junto com a Folha de S.Paulo, a Revista Veja se articularam para afundar a candidatura de Jilmar Tatto. A fraude Boulos, a operação de fabricar um líder de esquerda cujo único fim é reciclar o lixo da direita golpista, nunca foi combatida pelo PT. Muito pelo contrário: agora, Boulos receberá o apoio do PT.
A operação da frente ampla com Guilherme Boulos vai muito mais além de derrotar eleitoralmente o PT na cidade de São Paulo. A frente ampla é, no fim das contas, uma tentativa de fortalecer os partidos e figuras mais desmoralizadas do regime político, como o próprio PSDB. E o objetivo dessa direita não é conviver pacificamente com a esquerda, mas sim de destruir o PT e todos os setores que colocarem os planos dos golpistas em risco.
Nesse sentido, a política de capitulação diante de Guilherme Boulos apenas levará o PT a perder cada vez mais espaço e a ver a direita se fortalecer. Afinal, como o PSOL não tem base real nenhuma, não será capaz de deter o avanço da direita, na medida em que essa for se aproveitando da política de colaboração de classes com o PSOL. É preciso, portanto, abandonar as ilusões de formar uma “frente de esquerda” em abstrato e denunciar energicamente a fraude da frente ampla da burguesia contra a esquerda e os trabalhadores.