O TSE acaba de informar que o candidato da extrema direita ganhou as eleições presidenciais de 2018, com 11milhões de votos de vantagem. O candidato neofascista teve 57,5 milhões de votos e Haddad 46,5 milhões de votos.
Nossa resposta é: resistiremos.
O Brasil tem mais de 200 milhões de habitantes e mais de 140 milhões de eleitores.
O neofascista e ultraliberal não tem o apoio da maioria do povo brasileiro.
A votação em Haddad é um dos muitos indicadores de que, contra o neofascismo e o ultraliberalismo, haverá muita resistência.
Não devemos ter ilusões: a extrema-direita já demonstrou estar disposta a implementar, mesmo que a ferro e fogo, seu programa ultraliberal e antidemocrático.
E um dos principais obstáculos para isso é e continuará sendo o conjunto das organizações da esquerda brasileira, com destaque para o PT, a CUT, o MST, a UNE e a Frente Brasil Popular.
Foram estas forças que vertebraram a luta contra o golpe e contra a extrema-direita.
No curto prazo, caberá a estas organizações:
a) contribuir na resistência democrática e popular contra o neofascismo e o ultraliberalismo, inclusive mobilizando imediatamente os setores populares contra o que Michel Temer tentará fazer, no apagar das luzes de seu governo golpista;
b) reforçar as medidas em defesa dos direitos humanos, da vida e da integridade de seus militantes, atividades e sedes, impedindo que a violência combinada de grupos paramilitares e a cumplicidade ativa ou passiva de setores do aparato judicial e de segurança destruam, intimidem e/ou desorganizem o funcionamento da esquerda brasileira;
c) formular uma estratégia e um modelo organizativo adequados ao novo momento histórico, articulando partidos e movimentos, bancadas parlamentares e governos liderados pelo PT e aliados, em uma frente democrática e popular em defesa das liberdades democráticas e dos direitos econômicos e sociais do povo;
d) retomar com toda energia a campanha Lula Livre.
No médio e longo prazos, o êxito da resistência, a derrota do neofascismo ultraliberal, a reconquista do governo federal, a luta por transformações democrático-populares e socialistas, dependerão de que percebamos que não estamos em 1968, nem em 1987 ou 1995.
A estratégia adotada pela maior parte da esquerda brasileira, nos momentos citados, não é adequada para o momento que teve início na noite de 28 de outubro.
Um dos maiores desafios do PT será ajudar a construir e implementar uma nova linha política estratégica e uma conduta cotidiana à altura desta nova situação histórica.
As vitórias da extrema-direita nos estados de SP, RJ e MG, bem como a força da centro-esquerda e do PT no Nordeste precisam ser objeto de análise detida.
Nossa linha política deve dar grande destaque à questão regional, que sobressai a cada eleição.
Nossa linha também deverá combinar, de maneira adequada, a luta em defesa das liberdades democráticas, com a defesa dos interesses econômicos e sociais das classes trabalhadoras, evitando tanto o economicismo quanto a defesa “em abstrato” da “democracia”.
E nossa linha inclui continuar defendendo e construindo o Partido dos Trabalhadores.
O Partido dos Trabalhadores foi construído em 1980, na luta contra a Ditadura Militar e, depois, contra a “transição conservadora”. Em 1989 quase ganhamos a Presidência da República. Nos anos 1990 estivemos na linha de frente da oposição ao neoliberalismo. De 2003 a 2016 governamos o Brasil. Desde então, lutamos contra o golpe e lideramos o enfrentamento ao neofascismo.
Essa trajetória nos converte, automaticamente, em inimigo principal do governo que tomará posse em janeiro de 2019.
Terão continuidade a perseguição midiática, o arbítrio judicial e policial e as violências paramilitares. Tentarão inviabilizar nosso funcionamento, dividir nossas fileiras e, inclusive, cassar nossa legenda.
Só derrotaremos estas e outras agressões — a começar pela prisão política de Lula — se mantivermos uma linha política correta, o que inclui reconstruir os nossos vínculos com aqueles setores da classe trabalhadora que se distanciaram de nós.
Faz parte da defesa do PT um balanço detalhado de nossa recente campanha eleitoral.
Balanço dos acertos (entre os quais destacamos a defesa até o limite da candidatura de Lula), dos erros políticos (entre os quais destacamos o tempo gasto e as concessões feitas no sentido de atrair setores de “centro”, quando mais importante teria sido priorizar a desconstrução de Bolsonaro e a conquista do voto popular) e organizativos (onde se destaca o atraso com que se enfrentou o tema da comunicação nas chamadas redes sociais).
Ao fazer o balanço da campanha presidencial, articulado ao balanço das campanhas para governador, Senado e proporcionais, devemos ser os primeiros a apontar nossos erros.
Entre eles, o de não termos conseguido impedir, nem reverter, a conquista de parcelas das classes trabalhadoras pelo discurso neofascista e ultraliberal.
Ao reconhecer erros, não nos furtaremos a desmascarar aqueles que criticam e pedem “autocrítica” do PT apenas para esconder a contribuição que deram, por ação ou omissão, para o crescimento político e eleitoral da extrema-direita. Inclusive, em alguns casos, não tomando posição explícita na reta final do segundo turno.
A covardia destes contrasta com a valentia de milhares de “famosos” e de milhões de “anônimos” que dedicaram tempo, suor e saliva para tentar impedir a catástrofe.
A militância do PT ocupou seu lugar na primeira fila no combate ao neofascismo ultraliberal. E lutou o bom combate. Viva a militância petista!!!
O PT deve acolher a militância que despertou para a luta desde o golpe, bem como aquela que hoje está abrigada em outros espaços, como o MST e organizações próximas.
No caso do PCdoB, o PT deve abrir um diálogo que permita a este partido contornar os problemas criados pela cláusula de barreira.
Diálogo similar deve ser feito no terreno sindical e das frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, na perspectiva de unificar ao máximo que for possível as forças da esquerda.
O candidato neofascista e ultraliberal ganhou na apuração dos votos com o apoio do arbítrio, da mentira, do abuso de poder econômico e de uma fraudulenta manipulação midiática das redes sociais — crimes eleitorais gravíssimos que o judiciário não quis punir. Particularmente decisiva para a vitória do neofascista foi a decisão do TSE, impedindo Lula de ser candidato.
O período que se inaugura será de imensos desafios e dificuldades. Sem subestimar as dificuldades que se abaterão sobre o governo da extrema-direita, tampouco devemos minimizar o tempo e o esforço que serão necessários para derrotá-lo.
Mas a vitória será possível, se além de todas as tarefas e desafios abordados anteriormente, continuarmos construindo o Partido dos Trabalhadores, com uma linha política que o mantenha como principal expressão do povo consciente e que luta, dos movimentos populares e sindical, da cidadania democrática, da militância de esquerda, dos trabalhadores e trabalhadoras que lutam pelo socialismo.
Precisamos voltar com urgência para nossa base social, reconquistar os movimentos sociais e populares sem perder de vista os espaços de poder institucional conquistados e barrar, junto às demais forças progressistas, o avanço da extrema-direita nazifascita, numa luta incansável.
ResponderExcluirverdade
ResponderExcluirContinuemos na luta!
ResponderExcluirÓtimo.
ResponderExcluirSigamos em luta...
ResponderExcluirResistir, lutar e vencer. A esquerda sempre foi do povo e o povo é a base. Voltemos à base.
ResponderExcluirNa luta,sempre. E concordo que o Lula Livre tem que voltar com toda a força.
ResponderExcluirExcelente contribuição para iniciarmos a análise.
ResponderExcluirOi, Valter. Acabei de ler a carta do Gabrieli, que acho prematura, confusa e mal pensada. Uma coisa, é claro, salta à vista. Por que pensar em Ciro para alguma coisa a essa altura do campeonato? É como se reivindicássemos tb o FHC como liderança da oposição ao Bolsonaro.
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