terça-feira, 16 de setembro de 2014

Valentia fora de lugar


Acho deprimente ler na imprensa afirmações estritamente políticas atribuídas a uma fonte que não quis se identificar.

O uso deste recurso, num debate político, transforma a luta política em fofoca.

Este é um dos defeitos do texto de Otto Filgueiras, intitulado "Negócios da China" (ver ao final).

É um texto cheio de alusões, insinuações, sabe-se lá exatamente a quem, sabe-se lá por qual motivo.
Espero que o autor se dê conta disto e explicite suas críticas. Até para ser coerente com a totalmente desnecessária afirmação de "valentia" com que encerra seu texto.
 
Como disse e repito: não questiono a "honestidade de propósitos" de ninguém. 

Mas do mesmo jeito que Otto tem o direito de atribuir aos que apoiam Dilma uma lista de defeitos, eu tenho o dever de dizer que, NO SEGUNDO TURNO, quem deixar de votar em Dilma estará objetivamente se convertendo em linha auxiliar da direita.

Segue o texto de Otto.

http://www.correiocidadania.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=10049:submanchete150914&catid=72:imagens-rolantes

Negócios da China


ESCRITO POR OTTO FILGUEIRAS   
SEGUNDA, 15 DE SETEMBRO DE 2014
Não demorou muito tempo para que antigos estalinistas, com métodos fascistas, defensores do governo social-liberal de petistas chapas-branca e comunistas de logotipo, acusassem os que se recusam a votar em Dilma/Lula ora de “acadêmicos”, ora de “linha auxiliar da direita”.

Esquecem, deliberadamente, que o atual governo federal faz alianças com escroques iguais a Paulo Maluf e conta com apoio de Delfim Netto, representante importante da ditadura e mentor do “milagre” econômico.

Muitos são descarados e metidos a valentões. Mas apenas no escritório e na falsa escrita.

Colocam-se ao lado dos que atacam o Hamas e defendem o Estado genocida de Israel, se lambuzam com o bolsa-ditadura, expressão pejorativa cunhada por Elio Gaspari, jornalista usado por eles como fonte em seus livros.

Embora digam o contrário, não estão preocupados com a exploração dos trabalhadores pelo capitalismo: passeiam pra lá e pra cá em carros do ano e com motoristas. Estão desesperados porque dependem financeiramente do atual governo federal.

Têm todo o direito de ser do PT e fazer saudações petistas. Mas não podem fraudar a história. Alguns se dão bem com “negócios da China”.

Há tempos perderam a fibra e deixaram de lado o sonho revolucionário. Acusam, levianamente, e sem apresentar provas, um antigo dirigente da Ação Popular, e importante personagem da história e do livro da Ação Popular, de estar “vendido” aos tucanos e “sentado” no colo de José Serra.

Sabemos que, tão logo passem as eleições, eles vão se atracar de novo. Vão continuar acusando antigos companheiros de inimigos, dizendo a boca pequena que o assassinato do prefeito Toninho do PT, em Campinas, foi recado para os de cima e que os bandidos sequestradores e assassinos de Celso Daniel só pretendiam negociar, mas perderam o controle.

Nunca é demais lembrar que quem com porcos se mistura farelos come. Continuarão dizendo que, na queda do comitê Central do PCdoB, na Lapa, em 1976, pelo menos um não levou tapa. O acusado disse, na época, que assinou o depoimento sem os óculos. Não precisava, porque estava sob tortura e todos os presos aparecem nas fotografias policiais de caras amarrotadas de tanto levar porrada.

A baixaria está na Internet. Essa turma não tem integridade, oficio, é profissional da fraude, já detratou Plínio de Arruda Sampaio. E faz isso para defender um governo que seva banqueiros, administra contradições e crises para perpetuar a espoliação do capitalismo.

Em troca das sobras, do sobejo. Estão na “boa companhia” de José Sarney, Fernando Collor, da mídia comercial, incluindo Veja, rede Globo e outros mais.

Esquecem que Luiza Erundina e Marina Silva - defensora do capitalismo verde e abutre, que ocupou o lugar de Eduardo Campos na disputa presidencial, evangélica com discurso de freira e de ambientalista, mas coladinha no diabo do agronegócio - têm a mesma origem e falação para enganar trouxas.

São da mesma espécie. Não lembram mais o que falaram e escreveram.

Nunca fui do PT e não faço luta interna. Sou apenas um simples repórter, com olhar vermelho, e aprendendo lições.

Embora velho e avariado, arrisco dizer que a valentia de todos eles, juntos, pode ser igual, mas não maior do que a minha.


Leia também:
Otto Filgueiras é jornalista e está lançando, pela editora Caio Prado Júnior, o livroRevolucionários sem rosto: uma história da Ação Popular.

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