No espaço nobre do editorial, o vetusto O Estado de S. Paulo sapecou "O autorretrato de Dilma".
Lá está dito: "Habituada, da cadeira presidencial, a falar o que quiser, quando quiser e para quem quiser - e a cortar rudemente a palavra do infeliz do assessor que tenha cometido a temeridade de contrariá-la -, a autoritária candidata à reeleição foi incapaz de aguentar a barra de uma entrevista de meia hora a três jornalistas da Rede Globo, no "Bom dia, Brasil". A sabatina foi gravada domingo no Palácio da Alvorada e levada ao ar, na íntegra, na edição da manhã seguinte do noticioso. Os entrevistadores capricharam na contundência das perguntas e na frequência com que aparteavam as respostas. Se foram, ou não, além do chamamento jornalístico do dever, cabe aos telespectadores julgar."
Vamos atender ao pedido do Estadão.
Eu, como telespectador, discordo do comportamento dos entrevistadores.
Não porque tenham questionado os números apresentados pela presidenta.
Não porque tenham exigido respostas às suas perguntas.
Isto daí, diria, faz parte.
Acho, entretanto, que as seguidas interrupções prejudicaram o entendimento das opiniões da entrevistada.
Ou seja, uma atitude profissionalmente questionável.
Tão ou mais grave que a forma, foi o conteúdo de alguns questionamentos.
Eles têm todo o direito de pensar e dizer o que pensam e dizem. Mas a recíproca é verdadeira. Assim, como o Estadão achou que era o caso de perguntar, respondo: minha opinião é que em alguns casos a ignorância só é menor do que a cara-de-pau
Recomendo assistir na íntegra a entrevista.
http://g1.globo.com/bom-dia-brasil/noticia/2014/09/bom-dia-brasil-entrevista-dilma-rousseff.html
Me chamaram a atenção, especialmente, os seguintes trechos:
Ana Paula Araújo: Eu queria falar da sua campanha eleitoral na TV, em que a senhora diz que, se a sua adversária Marina for eleita, os pobres vão passar fome, os banqueiros vão fazer as maiores maldades com o povo, acaba o pré-sal, as pessoas não vão mais comprar casa própria. Enfim, claro que a sua adversária nega fundamento em todas essas acusações. A minha pergunta é: a senhora acha legítimo levar o debate político para esse lado, ao invés de discutir propostas, soluções para o país, ficar botando medo nas pessoas?
"Esse lado"?
No mundo em que a senhora Ana Paula vive, os banqueiros não estão no centro de uma crise econômica que provocou dezenas de milhões de desempregados??
Não se deve falar disto na campanha???
E depois temos a Miriam Leitão.
Miriam Leitão: Candidata, é o seguinte... Outros países, como por exemplo o Reino Unido, o Partido Trabalhista decidiu pela autonomia do Banco Central. Isso reduziu os juros de longo prazo, estabeleceu uma política monetária tranquila. Ninguém acusou o Partido Trabalhista, ou em outros países, no Chile, por exemplo, de isso empobrecer os pobres e defender os bancos. Quer dizer, por que não é melhor levar argumentos mais racionais em vez de usar um argumento desses, que é um argumento... Não faz sentido esse argumento.
Novamente perguntamos: em que mundo, em que planeta, vivem as senhoras Miriam Leitão e Ana Paula Araújo?
Neste mundo, é racional, faz sentido dizer que defender os bancos favorece os pobres???
O pior é que a condição de porta-vozes do oligopólio faz certos jornalistas acreditaram sinceramente em certas mentiras.
Aliás, este pode ser um motivo a mais para democratizar a comunicação: libertar certos jornalistas desta situação angustiante, de ter que mentir sinceramente todo santo dia.
Mais democracia, mais empregos, mais liberdade.
Lá está dito: "Habituada, da cadeira presidencial, a falar o que quiser, quando quiser e para quem quiser - e a cortar rudemente a palavra do infeliz do assessor que tenha cometido a temeridade de contrariá-la -, a autoritária candidata à reeleição foi incapaz de aguentar a barra de uma entrevista de meia hora a três jornalistas da Rede Globo, no "Bom dia, Brasil". A sabatina foi gravada domingo no Palácio da Alvorada e levada ao ar, na íntegra, na edição da manhã seguinte do noticioso. Os entrevistadores capricharam na contundência das perguntas e na frequência com que aparteavam as respostas. Se foram, ou não, além do chamamento jornalístico do dever, cabe aos telespectadores julgar."
Vamos atender ao pedido do Estadão.
Eu, como telespectador, discordo do comportamento dos entrevistadores.
Não porque tenham questionado os números apresentados pela presidenta.
Não porque tenham exigido respostas às suas perguntas.
Isto daí, diria, faz parte.
Acho, entretanto, que as seguidas interrupções prejudicaram o entendimento das opiniões da entrevistada.
Ou seja, uma atitude profissionalmente questionável.
Tão ou mais grave que a forma, foi o conteúdo de alguns questionamentos.
Eles têm todo o direito de pensar e dizer o que pensam e dizem. Mas a recíproca é verdadeira. Assim, como o Estadão achou que era o caso de perguntar, respondo: minha opinião é que em alguns casos a ignorância só é menor do que a cara-de-pau
Recomendo assistir na íntegra a entrevista.
http://g1.globo.com/bom-dia-brasil/noticia/2014/09/bom-dia-brasil-entrevista-dilma-rousseff.html
Me chamaram a atenção, especialmente, os seguintes trechos:
Ana Paula Araújo: Eu queria falar da sua campanha eleitoral na TV, em que a senhora diz que, se a sua adversária Marina for eleita, os pobres vão passar fome, os banqueiros vão fazer as maiores maldades com o povo, acaba o pré-sal, as pessoas não vão mais comprar casa própria. Enfim, claro que a sua adversária nega fundamento em todas essas acusações. A minha pergunta é: a senhora acha legítimo levar o debate político para esse lado, ao invés de discutir propostas, soluções para o país, ficar botando medo nas pessoas?
"Esse lado"?
No mundo em que a senhora Ana Paula vive, os banqueiros não estão no centro de uma crise econômica que provocou dezenas de milhões de desempregados??
Não se deve falar disto na campanha???
E depois temos a Miriam Leitão.
Miriam Leitão: Candidata, é o seguinte... Outros países, como por exemplo o Reino Unido, o Partido Trabalhista decidiu pela autonomia do Banco Central. Isso reduziu os juros de longo prazo, estabeleceu uma política monetária tranquila. Ninguém acusou o Partido Trabalhista, ou em outros países, no Chile, por exemplo, de isso empobrecer os pobres e defender os bancos. Quer dizer, por que não é melhor levar argumentos mais racionais em vez de usar um argumento desses, que é um argumento... Não faz sentido esse argumento.
Novamente perguntamos: em que mundo, em que planeta, vivem as senhoras Miriam Leitão e Ana Paula Araújo?
Neste mundo, é racional, faz sentido dizer que defender os bancos favorece os pobres???
O pior é que a condição de porta-vozes do oligopólio faz certos jornalistas acreditaram sinceramente em certas mentiras.
Aliás, este pode ser um motivo a mais para democratizar a comunicação: libertar certos jornalistas desta situação angustiante, de ter que mentir sinceramente todo santo dia.
Mais democracia, mais empregos, mais liberdade.
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