Bruno Elias, Jandyra Uehara, Adriano Oliveira, Rosana Ramos apresentam
em nome da tendência petista Articulação de Esquerda a seguinte contribuição
–-aberta a emendas e adesões—para debate na reunião de 5/9/2014 do Diretório
Nacional do PT
Um momento decisivo para a história do Brasil
1. O Diretório Nacional
do Partido dos Trabalhadores, reunido no dia 5 de setembro de 2014, conclama a
militância petista a redobrar os esforços em favor da reeleição de Dilma
Rousseff presidenta da República.
2. O que está em questão
não é a continuidade do PT na Presidência da República. O que está em jogo,
essencialmente, é o futuro do Brasil. E o caminho que seguirmos terá enorme
impacto sobre o processo de integração latino-americano e caribenho, bem como
sobre a constituição dos Brics e demais ações em favor de um mundo multipolar.
3. Ao longo dos últimos
12 anos, os governos Lula e Dilma deram passos firmes no sentido de melhorar a
vida do povo brasileiro, garantir empregos e salários crescentes, expandir a
oferta e a qualidade dos serviços públicos, ampliar a democracia, defender a
soberania nacional, promover a integração regional e contribuir para a criação
de uma nova ordem internacional.
4. Entretanto, cada
passo positivo dado pelos governos Lula e Dilma sofreu uma dura oposição por
parte dos setores sociais e políticos ligados ao grande capital e ao
conservadorismo, que preferem um país profundamente desigual, onde a democracia
seja limitada pelo poder do dinheiro e pelo oligopólio da comunicação, e que
seja submisso às grandes potências.
5. Enfrentando estes
setores, fizemos um segundo mandato Lula melhor do que o primeiro. E faremos um
segundo mandato Dilma superior ao atual, sintonizado com o sentimento popular
expresso em várias oportunidades, mas especialmente nas chamadas jornadas de
junho de 2013, lideradas por expressivas parcelas da juventude brasileira. O
que implica concretizar mais mudanças, mais democracia, mais bem-estar social,
mais soberania sobre nossas riquezas nacionais.
6. A oposição de direita
sabe deste sentimento popular e, por isto mesmo, suas candidaturas vestem a
fantasia da mudança e da nova política para tentar esconder o que realmente
fariam, caso saíssem vencedores da eleição presidencial.
7. Mas basta ler os
programas de governo apresentados pelas candidaturas oposicionistas, bem como
observar quem os apoia, para ter certeza de que a mudança almejada pela
oposição é oposta aquela desejada pela maioria da população.
8. O programa das oposições
aponta no sentido do retrocesso: menos soberania nacional e mais dependência;
menos democracia e mais conservadorismo; a volta do desemprego e a redução dos
salários. Em resumo: o “ajuste conservador” de sempre.
9. No programa das
candidaturas da direita, devem ser destacadas três propostas com graves
desdobramentos: a “autonomia do Banco Central”, a “mudança na política externa”
e a “revisão das regras do Pré-Sal”. Traduzindo o programa das direitas para um
português claro: querem abrir mão do controle das riquezas petrolíferas do
país, submeter o país aos interesses das grandes potências e entregar o comando
da economia nacional para o capital financeiro, para os bancos, para os
rentistas e especuladores. O que
resultaria em desemprego, arrocho salarial e retrocesso nas políticas sociais.
10. Foi para atingir
estes objetivos que o grande capital financeiro, por meio do oligopólio da
mídia, manipulou a tragédia ocorrida no dia 13 de agosto e desencadeou uma
violenta operação para forçar o segundo turno e projetar uma candidatura
autointitulada de terceira via.
11.Entretanto, mais e
mais setores da sociedade brasileira dão-se conta de que esta operação
baseia-se numa grande fraude midiática: apresentam como terceira via o que na
verdade é o "plano B" da especulação financeira e das políticas
neoliberais, um instrumento à serviço dos ultraliberais na economia e dos
ultraconservadores nos costumes, a ameaça de um gigantesco passo atrás na
economia, na política e nos direitos humanos.
12. Contra a fraude
midiática, nosso Partido e nossa candidatura devem reagir com otimismo, firmeza,
verdade e humildade.
13.Humildade de perceber,
autocriticamente, que é também por nossa responsabilidade que setores
importantes do eleitorado brasileiro não estão adequadamente informados acerca
do que fizemos, acerca do que estamos fazendo e acerca do que propomos fazer. E
que deixamos a desejar, especialmente na comunicação com a juventude
trabalhadora.
14.Verdade ao afirmar que há
várias candidaturas, mas apenas dois caminhos nesta eleição presidencial: ou o
Brasil avança num segundo mandato superior sob a liderança da presidenta Dilma
Rousseff, ou regressaremos a uma variante do neoliberalismo, com todas as suas
graves consequências (privatizações, flexibilização dos direitos trabalhistas,
sucateamento dos serviços públicos e a submissão do país aos interesses
econômicos externos).
15.Firmeza para deixar a
polarização programática clara para o conjunto da população. De um lado está a
força do povo, do outro lado estão as candidaturas a serviço da especulação
financeira. Coordenando o programa de governo de Marina Silva, está Neca
Setúbal, herdeira de um dos maiores bancos privados nacionais. Com Aécio Neves,
está Armínio Fraga, braço direito de um dos maiores especuladores
internacionais.
16.Otimismo, porque o povo
brasileiro já deu seguidas mostras, nos últimos anos, de grande sagacidade
política. Ao contrário do pessimismo difundido pela mídia oligopolizada, o povo
encara o futuro do Brasil com otimismo. E, ao contrário do que pensam as
elites, o povo não é idiota, o povo sabe votar, sabe escolher o que é melhor
para si e para o país. E é com esta confiança que, como Dilma, sabemos que
assim como a esperança venceu o medo, a verdade também vencerá a mentira.
17. Ao longo das
próximas semanas, nós que apoiamos Dilma Rousseff trabalharemos para politizar
as eleições presidenciais, mostrando quais interesses estão por trás de cada
candidatura, lembrando como era o país até 2002, falando das mudanças que
fizemos a partir de 2003 e principalmente deixando claro o que faremos a partir
de 2015.
18. Entre as questões
que devem ser levadas ao debate político, dentre aquelas que fazem parte do
programa do Partido dos Trabalhadores ou do programa da candidatura Dilma
Rousseff, destacamos:
a) mais mudanças exige
mais democracia. Por isso é essencial fazer a reforma política, através de uma Constituinte
exclusiva seguida de uma consulta oficial à população, para que esta
referende ou não as decisões da Constituinte;
b) democracia não apenas
na política, mas em todos os aspectos da nossa vida, com destaque para a
comunicação. Por isto é essencial aprovar a Lei da Mídia Democrática;
c) democracia
representativa, democracia direta e democracia participativa, para que a
mobilização e luta social influencie a ação dos governos, das bancadas e dos
partidos políticos. Para isto defendemos a Política
Nacional de Participação Social;
d) democracia que leve
em conta as necessidades da classe trabalhadora, maioria do povo brasileiro.
Por isto a imediata a negociação em torno da agenda reivindicada pela Central
Única dos Trabalhadores, onde se destacam o fim do fator previdenciário
e a implantação da jornada de 40 horas sem redução de salários;
e)
democracia não apenas política, mas também social. Motivo pelo qual é essencial
reafirmar o compromisso com as reformas estruturais, como a já citada reforma
política, a reforma tributária, as reformas agrária e urbana;
f) democracia que se
transforme num salto na oferta e na qualidade dos serviços públicos oferecidos
ao povo brasileiro, especialmente na educação, no transporte público, na
segurança e no Sistema Único de Saúde, sobre o qual devemos reafirmar nosso
compromisso com o repasse efetivo e integral de 10% das receitas correntes brutas da
União para a saúde pública;
g) salientando nosso
compromisso em ampliar a importância e os recursos destinados às áreas da
comunicação, da educação, da cultura e do esporte, pois as grandes mudanças
políticas, econômicas e sociais precisam criar raízes no tecido mais profundo
da sociedade brasileira;
h) democracia que
proteja os direitos humanos de todos e de todas. Por isto salientar a defesa
dos direitos das mulheres, por isto destacar a necessidade de criminalizar a
homofobia, por isto enfrentar os que tentam criminalizar os movimentos sociais.
Por isto, também, assumir o compromisso com a revisão da Lei da Anistia de 1979
e com a punição dos torturadores. Assim como com a reforma das polícias e a urgente
desmilitarização das Polícias Militares, cuja ineficiência no combate ao crime
só é superada pela violência contra a juventude negra e pobre das periferias e
favelas;
i) por fim, democracia e
qualidade de vida supõe manter total soberania sobre as riquezas nacionais
–entre as quais o Pré-Sal— e controle democrático sobre as instituições que
administram a economia brasileira –entre as quais o Banco Central, a quem
compete entre outras missões combater a especulação financeira que está por
detrás das candidaturas da oposição de direita.
19. Estes temas devem
ser tratados, tanto no horário eleitoral gratuito quanto na mobilização
militante, não apenas como descrição de obras e programas, mas como confronto
explícito entre dois projetos antagônicos de país: um a serviço do povo, outro
a serviço da especulação. Entre estes projetos, é preciso escolher, não
sendo possível servir aos dois ao mesmo tempo.
20.Travar o debate sobre
estes temas, fundamentais para materializar algumas das principais mudanças
ansiadas pela população trabalhadora e pelos chamados setores médios, fará cair
a máscara das candidaturas oposicionistas, deixando claro seus reais
compromissos.
21. Para que isso
ocorra, entretanto, não bastam as alterações no programa de rádio e TV. É
preciso capitalizar o diferencial da candidatura Dilma Rousseff: a militância.
22. É essencial que
nossa campanha seja capaz de engajar, com o mesmo entusiasmo e entrega, as
centenas de milhares que abraçaram a ideia do Plebiscito Popular pela
Constituinte Exclusiva; os militantes do movimento sindical, estudantil e
sem-terra; os jovens de esquerda, que dinamizam as redes sociais e saíram as
ruas em junho de 2013; os intelectuais e trabalhadores que fomentam a cultura
em todos os rincões de nosso país; e todas as pessoas democráticas e
progressistas envolvidas em causas justas, como a luta contra o sexismo, contra
o racismo, contra a homofobia, pela paz e a solidariedade ao povo Palestino.
23. Campanhas pagas e
pulverizadas em milhares de candidaturas proporcionais não se comparam à
campanha politizada e unificada da militância, que sabe que o desempenho da
candidatura Dilma Rousseff influenciará positivamente todas as candidaturas que
a apoiam, seja ao governo de estados, Senado, Câmara de Deputados e Assembleias
Legislativas.
24. Politicamente,
trata-se de direcionar nosso esforço militante em dois sentidos principais:
defender nosso projeto de futuro e atacar o retrocesso proposto pelas
candidaturas da especulação financeira.
25. Socialmente,
trata-se de consolidar nosso apoio entre os trabalhadores, especialmente na
juventude e nas mulheres, consolidando o
apoio que já temos, reconquistando o que perdemos e conquistando os novos
eleitores.
26. Geograficamente,
trata-se de ampliar ao máximo nosso resultado naquelas regiões do país em que
temos melhor desempenho; mas ao mesmo
tempo travar uma batalha firme ali aonde as candidaturas de oposição vão
melhor, a começar pelo estado de São Paulo, em que duas candidaturas de
oposição apoiam a reeleição do atual governador, que vem dando uma demonstração
cabal de qual é o resultado da política neoliberal de enxugamento do Estado: a
falta de água.
27. Cabe à executiva
nacional do Partido, interagindo com os partidos aliados e com a direção da
campanha, converter estas diretrizes em ações concretas. De imediato, nossas
direções partidárias devem se reunir, para organizar em cada município uma
agenda permanente de campanha para os próximos 30 dias, com prioridade para a
eleição majoritária, promovendo ações de visibilidade e, fundamentalmente,
mutirões nos bairros com visitas de casa em casa e contato direto com o
eleitor. Olho no olho e a verdade são nossas balizas fundamentais, assim como a
pedagogia do exemplo. Esta agenda deve ser monitorada em sua execução
permanentemente através de reuniões diárias ou com a maior regularidade
possível, envolvendo direta ou indiretamente todo o espectro de apoiadores,
nossas candidaturas em todos os níveis e nossas lideranças públicas,
parlamentares e executivas.
28. Mais que nunca,
precisamos de uma firme voz de comando do Partido, para em parceria com as
forças políticas e sociais aliadas, com Lula e Dilma, derrotarmos a ofensiva da
oposição.
29. Em defesa do futuro
do Brasil, cabe ao conjunto do PT, dirigentes, militantes, filiados, eleitores,
simpatizantes, dedicar cada hora e cada dia das próximas quatro semanas a
dialogar com o povo brasileiro, a apresentar o que fizemos, o que estamos
fazendo e principalmente o que faremos.
30. Convidamos a se
engajar nesta luta a militância dos movimentos sociais e dos partidos
políticos, bem como todos os cidadãos e cidadãs sem-partido que defendem a
reforma política, porque sabem que política se faz com democracia, com
participação popular efetiva, e também com partidos políticos, não com
messianismos de nenhum tipo.
31.Convidamos para que
nos ajudem neste esforço as mulheres que querem manter e ampliar seus direitos;
os jovens que lutam por sua autonomia e para viver em um ambiente de tolerância
e diversidade; os trabalhadores da ciência, da cultura e o conjunto da
intelectualidade, que rejeitam o dogmatismo e o pensamento único; os crentes de
todas as religiões, que defendem a convivência num Estado laico, valorizam o
ecumenismo e condenam o fundamentalismo; as várias etnias, especialmente
indígenas, negros e negras, que querem seguir combatendo o preconceito e a
discriminação; os ambientalistas sinceros, que não adaptaram as suas convicções
aos parâmetros do mercado; os trabalhadores que desejam mais empregos, salários
e serviços públicos de qualidade; e o conjunto do povo brasileiro, que deseja
desenvolvimento com sustentabilidade.
32. Há momentos na
história que são decisivos para o futuro de um país. Estamos num desses
momentos. E sob a liderança de Dilma Rousseff, uma mulher valente que nunca
desistiu do Brasil e do povo brasileiro, venceremos e continuaremos fazendo do
Brasil a terra onde a esperança vence o medo.
Dilma de novo, com a
força do povo!
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