Nascido a 23 de setembro de 1913, na cidade de Óbidos (Pará), Pedro Pomar foi o primeiro filho de Felipe Cossio Pomar e Rosa de Araújo Pomar.
Deputado federal por São Paulo em 1947.
Foi fuzilado aos 63 anos, em 16 de dezembro de 1976, em São Paulo, na Chacina da Lapa.
Seu pai, pintor e escritor peruano, foi criador do APRA (Aliança para a Revolução Americana). A mãe, Rosa, era maranhense, tendo ido para Óbidos quando seu pai, subtenente, foi transferido para o Batalhão de Artilharia.
Em 1918, quando Pedro tinha 5 anos, a família fez uma viagem aos Estados Unidos. Moraram em Nova Iorque. Um ano depois, o casal se separou. Rosa encarregou-se, então, de sustentar sozinha, como costureira, os três filhos: Pedro, Roman e Eduardo.
Com 13 anos, Pedro saiu de Óbidos, sozinho, para fazer o ginásio em Belém, onde se envolveu na movimentação política dos anos 30.
Em setembro de 1932, participou ativamente da organização de um levante armado em apoio aos constitucionalistas de São Paulo. Esmagada a revolta, passou algum tempo no Rio de Janeiro, depois retornou a Belém, onde concluiu o ginásio.
Não se sabe ao certo quando Pomar passou a integrar as fileiras do PCB, mas é certo que foi recrutado pela escritora Eneida de Moraes.
Aos 19 anos, entrou para a Faculdade de Medicina. Nessa época, também jogava futebol, profissionalmente, no Clube do Remo.
Em 5 de dezembro de 1935, casou-se com Catharina Patrocínia Torres. Tiveram quatro filhos.
Disputou suas primeiras eleições em 30 de novembro de 1935, encabeçando a lista do Partido da Mocidade do Pará, que recebeu apenas 64 votos (o partido mais votado recebeu 4.888 votos).
Aos 22 anos, terceiranista de medicina, Pomar foi preso pela primeira vez, em janeiro de 1936. Enquanto estava na cadeia, nasceu seu primeiro filho.
Solto em 14 de junho de 1937, foi novamente preso em 2 de setembro de 1940. Fugiu da cadeia, em direção ao Rio de Janeiro, junto com João Amazonas e outros integrantes do Partido, no dia 5 de agosto de 1941.
Reuniu-se com a família em julho de 1942. Vivendo com dificuldades, tendo trabalhado inclusive como pintor de paredes, Pomar ajudou a formar a Comissão Nacional de Organização Provisória, que se encarregou de reorganizar o PC em escala nacional, convocando e realizando a Conferência da Mantiqueira, em 1943. Depois, mudou-se para São Paulo.
Em 1945, Pomar concorreu a uma vaga de deputado federal pelo Pará. Não fez campanha, e não conseguiu eleger-se, o que não se repetiu na eleição complementar de 1947, quando concorreu pela coligação PCB-PSP (Partido Social Progressista, de Ademar de Barros). Recebeu mais de 100 mil votos, a maior votação da época.
Durante seu mandato parlamentar, chefiou a delegação brasileira ao Congresso Mundial da Paz, no México, em 1948; integrou também, a delegação ao Congresso Mundial da Paz de 1949, ocorrido em Varsóvia.
Membro do Comitê Central e da Comissão Executiva do PC, foi secretário de Educação e Propaganda, encarregado de supervisionar os cerca de 25 jornais mantidos pelo partido em todo o país. Entre 1945 e 1947, foi diretor da Tribuna Popular, diário de massas do PCB. Mais tarde dirigiu a Imprensa Popular, do Rio, e colaborou ativamente em Notícias de Hoje, de São Paulo. Foi, ainda, secretário político do Comitê Metropolitano do Rio de Janeiro. Em 1950, concluído o mandato, passou à clandestinidade.
Nessa época, já havia entrado em conflito com a maioria da direção do PC. De segundo ou terceiro principal dirigente, começou a ser gradualmente rebaixado. Afastado do secretariado, depois da Executiva, foi em seguida transformado em suplente do Comitê Central e deslocado do plano nacional: enviado para o Rio Grande do Sul, onde colaborou nas lutas operárias e populares ocorridas no Estado nos anos 1951 e 1952. Por sua experiência, foi indicado para participar de um comitê especial organizado em São Paulo, por cima da estrutura normal do Partido, com a finalidade de dirigir o processo de lutas grevistas e contra a carestia. Esse comitê orientou a atividades do PCB em São Paulo durante os anos 1952 e 1953.
Depois, voltou a morar no Rio de Janeiro. Foi, então, enviado à União Soviética, onde estudou por dois anos. Ao retornar, participou do Comitê Regional Piratininga, responsável pela organização do partido na Grande São Paulo. Em 1956, Pomar integrou a delegação brasileira ao 8° Congresso do Partido Comunista Chinês. De 1957 a 1962, participou ativamente da luta interna no PC, o que lhe valeu a paulatina destituição das posições de direção que ainda ocupava: de dirigente regional passou a dirigente do Comitê Distrital do Tatuapé, do qual o próprio Prestes, pessoalmente, ainda tentou destituí-lo durante as conferências preparatórias do V Congresso.
Pressionado pela direção, negou-se a voltar ao Pará e, para sobreviver, passou a fazer traduções e a dar aulas. Traduziu alguns livros de economia, uma série de livros de psiquiatria e de outros ramos científicos, tanto do inglês e do francês, como do russo. Traduziu, também, os dois primeiros volumes de “Ascensão e Queda do III Reich”, de W. Schirer, e deu aulas de russo. A maioria das traduções saíram com nomes de outros autores.
Em 1959, participou do Congresso do PC Romeno, onde assistiu ao choque direto entre Kruschev, o PC Chinês e o Partido do Trabalho da Albânia.
No V Congresso do PC, em 1960, Pomar ainda foi mantido como membro suplente do Comitê Central. Mas a luta interna caminhava para a sua expulsão e a criação, em fevereiro de 1962, do Partido Comunista do Brasil. Pomar, junto com Maurício Grabois, João Amazonas, Kalil Chade, Lincoln Oest, Carlos Danielli e Ângelo Arroyo foram os principais articuladores da conferência que selou o rompimento com o setor majoritário do PCB.
Eleito membro do Comitê Central do PC do B e redator-chefe de “A Classe Operária”, Pomar dedicou-se a organizar o novo partido, tendo realizado várias viagens ao exterior. Sabe-se que teve papel destacado na VI Conferência Nacional do PC do B, em julho de 1966. Nessa época, continuava morando em São Paulo.
Tendo discordâncias com a linha política e com os métodos adotados pela direção, Pomar não integrava o núcleo dirigente mais restrito do PC do B. Só após o assassinato de três membros da Comissão Executiva, em fins de 1972, Pomar incumbiu-se da direção de organização.
Após a derrota da guerrilha do Araguaia, Pomar escreveu um balanço crítico, em torno do qual conseguiu reunir a maioria da direção.
Pomar não deveria estar presente à reunião da Lapa. Mas a doença de sua mulher Catharina, desenganada pelos médicos, levou a desistir de uma viagem à Albânia. Por uma dessas ironias, vários membros da família reuniram-se para despedir-se de Catharina – que viveria até 1986 –, sem saber que na verdade despediam-se de Pedro.
Pomar foi executado pela repressão no dia 16 de dezembro de 1976 na fuzilaria contra a casa 767 da Pio XI. Seu corpo apresentava cerca de 50 perfurações de bala. Morreu ao lado de Ângelo Arroyo.
Foi enterrados no Cemitério Dom Bosco, em Perus, sob nome falso. Em 1980, a família conseguiu localizar e trasladar seus restos mortais para Belém do Pará, onde estão enterrados, e, no mesmo ano, editou o livro ‘Pedro Pomar’ , pela Editora Brasil Debates.
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