O texto abaixo foi publicado em 26 de junho de 2009, na página eletrônica do Partido dos Trabalhadores.
O companheiro Vinícius Wu escreveu um artigo intitulado “Não em nosso nome!”, criticando meu informe acerca da viagem à Coréia.
Ao contrário do que ele insinua, nossa política externa é definida pela direção do Partido, não pela secretaria de Relações Internacionais. O convite para visitarmos a Coréia foi feito pelo Partido do Trabalho daquele país, por ocasião de uma visita feita em 2008 à sede do PT em Brasília, quando estiveram com vários dirigentes partidários, inclusive com nosso presidente nacional. A delegação que visitou a Coréia foi composta por Joaquim Soriano e Valter Pomar, secretários de Formação e de Relações Internacionais, respectivamente. Um relatório da visita foi apresentado à direção do Partido e um resumo foi publicado na página eletrônica do PT.
A visita confirmou o que já sabíamos: existem profundas diferenças entre o que o PT defende e o modelo vigente na Coréia. Mas nossa diplomacia não inclui apenas quem pensa ou age como nós. Pelo contrário: mantemos diferentes níveis de intercâmbio com partidos das mais variadas e contraditórias orientações políticas e ideológicas, na Palestina e Israel, nos Estados Unidos e Rússia, em cada país da Europa e América Latina etc.
Não achamos que diplomacia seja atributo privativo dos Estados. Relações diretas entre organizações não-estatais (partidos e movimentos sociais, por exemplo) podem ajudar a destravar situações como a existente na península coreana.
Nisto reside o principal equívoco de Wu: a maneira como ele fala da Coréia lembra o discurso bushiano sobre o “eixo do mal” e as críticas tucanas contra a suposta tolerância da política externa brasileira frente ao que eles chamam de “governos totalitários”. A abordagem proposta por Wu contribui para a mentalidade coreana de “fortaleza sitiada” e legitima a agressividade estrutural dos Estados Unidos.
Nossa posição é outra: colaborar para uma solução pacífica e negociada, através da ampliação de relações com quem não está diretamente envolvido no conflito. Sem abrir mão do nosso ponto de vista, sem deixar de fazer críticas, mas sem transformar as diferenças em impedimento para o diálogo, nem em obstáculo para nossa presença.
Não vou responder às considerações pessoais, desnecessárias e desrespeitosas, feitas por Wu. Exceto para dizer que não há nada de turismo, nem de exótico, no tema da Coréia. Quem supõe isto, não entende o que está acontecendo no mundo.
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