Nos últimos dias, a grande imprensa vem afirmando que os companheiros Haddad e Lula estariam insatisfeitos com Galípolo.
segunda-feira, 17 de novembro de 2025
Motta & Galípolo
quinta-feira, 6 de novembro de 2025
Detalhes históricos
A política externa do atual governo Lula apresenta diferenças importantes em relação à política externa dos governos Lula 1 e Lula 2.
Algumas destas diferenças têm relação com mudanças ocorridas mundo afora, outras diferenças têm relação com mudanças ocorridas no Brasil.
Mas algumas mudanças estão relacionadas com alterações em certos parâmetros estratégicos adotados por quem decide e implementa nossa política externa.
Só isso explica a reavaliação do Tratado União Europeia-Mercosul ('Não queremos relação neocolonial com os europeus', diz Celso Amorim sobre acordo UE-Mercosul | Brasil 247) ou a postura frente a participação da Venezuela nos BRICS, para ficar só nesses dois exemplos.
Algumas destas "alterações nos parâmetros" são planejadas, outras são são fruto das circunstâncias, mas há também as que derivam do balanço de influências entre o presidente, sua assessoria internacional e o Itamaraty.
No passado, a assessoria internacional foi ocupada por Marco Aurélio Garcia, hoje é ocupada por Celso Amorim.
A assessoria internacional foi e segue sendo um dos canais através dos quais o Partido dos Trabalhadores faz chegar sua opinião acerca da política externa.
Por isso, mas também por razões profissionais (sou professor do bacharelado de relações internacionais da Universidade Federal do ABC), acompanho com atenção a atuação e as declarações dadas por Celso Amorim.
Geralmente concordo, muitas vezes discordo, mas as vezes simplesmente me surpreendo.
Por exemplo, quando Celso disse ("Um dia dramático", diz Celso Amorim à TV 247: "a primeira ação militar em solo europeu após a Segunda Guerra Mundial" | Brasil 247) que o ataque da Rússia contra a Ucrânia havia sido a "primeira ação militar em solo europeu após a Segunda Guerra".
Lembrei imediatamente do ataque da Otan contra Ioguslávia, em 1999: As bombas da Otan que deram início a uma nova era de guerras - BBC News Brasil
Mais recentemente, no início de novembro de 2025, em entrevista ao Globo (Celso Amorim alerta que discurso antiterrorismo pode abrir caminho a ataques na região), Celso disse que “desde 1902, não houve nenhuma ameaça de uso direto da força contra a América do Sul. Isso seria gravíssimo”.
1902?!
Para citar um único caso: e a Guerra das Malvinas?
Comentei sobre isto com um colega de trabalho, que me lembrou da seguinte declaração: Nem União Soviética faria o que Trump tem feito com Brasil, diz assessor especial de Lula a jornal | Exame
domingo, 2 de novembro de 2025
A pesquisa sobre a chacina não é o que parece
sábado, 1 de novembro de 2025
O criptofascismo e o "apoio popular" à chacina
A edição da Folha de S. Paulo na véspera do dia dos mortos afirma que “mais da metade dos moradores do RJ” considera que a “operação” (leia-se: a chacina) foi “um sucesso”.
Deixemos aos especialistas discutir os problemas técnicos que a pesquisa possa ter, entre o quais o fator “medo”, e admitamos que o retrato esteja correto. Pergunto: qual a surpresa?
Afinal, todos sabemos que as posições da extrema-direita são muito influentes e por vezes majoritárias, no mundo e no Brasil.
Vide as eleições recentes na Bolívia e na Argentina. Vide as eleições presidenciais, estaduais e parlamentares de 2022, assim como as eleições municipais de 2024.
Em todos esses e em muitos outros casos, a maioria numérica do eleitorado válido votou em pessoas e partidos cujas políticas prejudicam, objetivamente, a maioria do povo.
Cabe perguntar: por que tantas pessoas que são e serão prejudicadas pela extrema-direita, ainda assim votam nessa gente?
Os motivos são muitos e entre eles não estão correção, eficácia nem eficiência. Noutras palavras, a política de insegurança pública da direita não entrega, nem entregará nunca o que promete. Portanto, a parcela do povo que apoia a política de insegurança pública não o faz por causa dos resultados, pois aquela política não produz paz, nem mesmo a paz dos cemitérios.
No Rio de Janeiro, por exemplo, o governador Castro tem lado na guerra de facções; e o desfecho da recente chacina é que outros “subsenhores da guerra” vão substituir os que tenham sido mortos e presos. Já os verdadeiros chefes e donos da coisa toda seguirão intocados.
Assim, o que explica o apoio popular não é o resultado objetivo, mas sim o convencimento resultante da luta política-ideológica, a saber, a capacidade que a extrema-direita construiu, ao longo de décadas e usando todos os meios (redes e púlpitos inclusive), de convencer a população de que não existiria outro jeito, que este seria o jeito certo.
Isto coloca um desafio ainda maior para a esquerda, especialmente para o PT. Trata-se de simultaneamente combater o crime de outra e verdadeira forma & de combater a política criminosa dos neofascistas.
O desafio é tão difícil que alguns setores do PT e alguns setores do mal denominado "progressismo" acham mais fácil “unir-se a eles”, ou seja, adotar discurso e prática parecidas com as da direita.
É o caso, por exemplo, de um certo criptofascista abrigado na cúpula do PT, personagem meio caricato que demonstra um prazer quase sexual quando fala em pau, porrada e bomba.
O resultado dessa conduta não foi, não é nem será o fortalecimento da esquerda. Passar o pano nas políticas da extrema-direita contribui para legitimar e fortalecer a extrema-direita. Prova suplementar disto é que, na cidade atualmente governada pelo citado criptofascista, a direita geralmente vence as eleições majoritárias, inclusive presidenciais.
Se a esquerda quer mesmo vencer a extrema-direita no debate sobre segurança pública, não tem caminho fácil: é preciso construir uma política diferente, aplicar uma política diferente e defender uma política diferente. Dá trabalho, mas é o único jeito de impedir que a barbárie prevaleça.
Quem quiser seguir outro caminho, precisa "pedir para sair". Ou precisa ser saído por quem realmente quer "combater o fascismo". Afinal de contas, quinta-coluna inimigo é.



