quinta-feira, 27 de novembro de 2025

Rascunho do editorial do P13 de dezembro

Editorial

Lutar muito e lutar certo

Esta edição de Página 13 é dedicada à juventude do PT. Nas próximas páginas, há entrevistas com Elisa Guaraná e Helena Abramo, petistas que são especialistas no tema, na dupla condição de estudiosos e militantes. Há, também, textos que contam a história passada e os desafios presentes da Juventude do PT. Assim como a tese que a tendência petista Articulação de Esquerda apresenta, para debate, no congresso da JPT. De conjunto, um material que esperamos seja útil para os petistas de todas as idades refletirem sobre os desafios da juventude, bem como sobre os desafios do governo e do Partido.

Mas para não dizer que não falamos de flores, aproveitamos para apoiar e comemorar a prisão preventiva de Jair Bolsonaro e demais condenados. Todos devem ser presos e cumprir integralmente sua pena. Sem anistia para os golpistas, que ademais são diretamente responsáveis pela morte de centenas de milhares de compatriotas durante a pandemia da COVID-19. 

O encarceramento dos golpistas não significará a “derrota final” da extrema-direita, uma corrente política que conseguiu penetrar profundamente na sociedade brasileira, expressando o ponto de vista de amplos setores do grande empresariado, com grande influência em setores médios e camadas populares. Muito ainda precisará ser feito para derrotar definitivamente a extrema-direita. A eleição de 2026 terá papel importantíssimo nisto.

Ainda não se sabe qual rumo tomará o clã de Bolsonaro nas eleições presidenciais de 2026. Se tentarem preservar seu “capital eleitoral” lançando uma candidatura presidencial própria, então, no primeiro turno, a direita e a extrema-direita estarão divididas em duas ou mais candidaturas presidenciais. Esta divisão, que à primeira vista as prejudicaria, ajudaria a levar a disputa presidencial para o segundo turno. Inclusive porque a existência de uma candidatura diretamente vinculada ao clã contribuiria para o esforço que as demais candidaturas da direita farão, de tentar se desvincular dos crimes cometidos pelo bolsonarismo. Confirmado este cenário, paradoxalmente, a prisão de Bolsonaro pode contribuir para o desempenho eleitoral das direitas.

Mesmo assim, a persistir o cenário atual, o mais provável segue sendo a reeleição de Lula no segundo turno das eleições de 2026. Entretanto, nada está definido e o cenário, como demonstram as pesquisas, segue muito difícil. De imediato, há quatro fatores que podem alterar negativamente a situação: a taxa de juros, a disputa em torno da segurança pública, o comportamento dos presidentes da Câmara e do Senado, bem como a ingerência do governo Trump. A esse respeito, recomendamos a leitura do documento sobre conjuntura aprovado pela direção nacional da tendência petista Articulação de Esquerda, no dia 23 de novembro, disponível no www.pagina13.org.br

Além de reeleger Lula, aumentar o tamanho de nossas bancadas parlamentares, manter e ampliar o número de estados governados pela esquerda, nossa campanha eleitoral em 2026 deve ter como um de seus objetivos construir uma maioria popular em favor das reformas estruturais necessárias a que o Brasil tenha efetiva soberania alimentar, energética, produtiva, digital, comunicacional, ambiental e militar. O próximo mandato de Lula precisa ir além das políticas públicas e iniciar as reformas estruturais indispensáveis para que o Brasil deixe de ser primário-exportador, paraíso do capital financeiro e um dos campeões mundiais da desigualdade social. Precisamos acabar com a escala 6x1, reduzir a jornada de trabalho, fazer os ricos pagarem impostos, revogar as reformas golpistas de Temer, enterrar a contrarreforma administrativa que está tramitando no Congresso. Estes objetivos só serão alcançados se o Partido, os aliados de esquerda, o sindicalismo, os movimentos sociais e a cidadania democrática implementarem uma política consistente de conscientização, organização e mobilização popular. 

A situação em 2026, assim como em 2025, deve sofrer várias reviravoltas. Nada está decidido, nada está definido. Podemos vencer, vamos vencer, mas à condição de que lutemos muito e que lutemos certo!

Os edtores


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