Segue proposta de texto de conjuntura internacional e nacional para o congresso sindical do Maranhão
2.Inicialmente,
Trump pressionou para que o ex-presidente Jair Bolsonaro fosse anistiado e pudesse
disputar as eleições 2026. Mas depois da condenação de Bolsonaro pelo STF, Trump
dá sinais de que pode buscar outra candidatura para apoiar. No momento, a
candidatura mais cotada é a do atual governador de São Paulo, Tarcísio de
Freitas.
3.Tarcísio
de Freitas, a depender do interlocutor, fala coisas diferentes. Para uns ele
diz que em 2026 será candidato a reeleição para governador. Para outros, diz
que pode ser candidato a presidente da República, desde que Bolsonaro o apoie. Muito
provavelmente a verdade é que ainda não está decidido quais candidaturas vão
disputar a eleição presidencial em nome da direita. Mas já está definido qual
será o programa da direita nas eleições presidenciais: manter a economia
brasileira sob domínio do agronegócio e do capital financeiro, reduzir as
políticas sociais e os direitos das classes trabalhadoras.
4.Este
programa vem sendo executado desde o golpe contra a presidenta Dilma. Este foi
o programa do governo Temer e também o programa do governo Bolsonaro. Este é,
hoje, o programa dos governos estaduais e municipais encabeçados por políticos
da direita neoliberal tradicional e por políticos da extrema-direita neoliberal.
Este programa pode ser resumido assim: reduzir direitos e liberdades da classe
trabalhadora, aumentar a riqueza dos grandes capitalistas e de seus sócios
estrangeiros.
5.Neste
contexto, as classes trabalhadoras, os movimentos sociais e populares, os
sindicatos e centrais, assim como os partidos realmente comprometidos em
defender os interesses das classes trabalhadoras, têm diante de si imensos
desafios:
-contribuir
na defesa da soberania nacional e trabalhar para um mundo sem guerras, com paz,
desenvolvimento, direitos econômicos, sociais, civis e ambientais;
-contribuir
para proteger e ampliar as liberdades democráticas, enfrentando a
extrema-direita e a direita que querem que a política seja privilégio dos ricos
e poderosos;
-contribuir
para proteger e ampliar os direitos sociais do conjunto da população,
especialmente as políticas de saúde e educação, os salários e aposentadorias,
os empregos e as condições dignas de trabalho.
6.Hoje, mais
do que nunca, os desafios das classes trabalhadoras incluem a defesa do
meio-ambiente. Está em curso uma catástrofe climática, produto da exploração
capitalista devastadora dos recursos naturais. Se esta devastação não for
detida, se esta catástrofe não for barrada, as condições de vida na Terra,
especialmente dos mais pobres, se tornarão cada vez mais insuportáveis.
7.Também
cabe destacar, entre os desafios das classes trabalhadoras, a defesa dos
direitos das mulheres, dos negros e negras, dos LGBT, da juventude periférica e
de todos os setores que os neoliberais de extrema-direita e de direita atacam,
maltratam e exterminam. Vivemos tempos em que o racismo, a misoginia, a
lgbtfobia e o fundamentalismo estão à solta. Cabe a nós combater e derrotar
estas políticas.
8.As
manifestações realizadas no dia 21 de setembro, contra a “PEC
da Blindagem” e contra a “anistia para golpistas” foram um momento importante
deste combate. Tanto nas ruas quanto nas redes sociais, uma parte importante do
povo brasileiro manifestou-se a favor das liberdades democráticas, contra os
bandidos que querem usar seus mandatos para cometer crimes sem punição nem
processo; e também contra os que desejam anistiar golpistas.
9.Ocupar as ruas é importante para pressionar o
Congresso e para defender a pauta do povo, mas acima de tudo porque as esquerdas
precisam recuperar o controle das ruas e a confiança em si mesma.
10.O resultado da votação no Senado, enterrando a
tramitação da “PEC da Blindagem”, mostrou que é possível alterar, a partir
da pressão das ruas, a correlação de forças existente no Congresso Nacional.
Mas o maior desafio ainda está por vir: trata-se de mudar a composição do
Congresso, tanto Câmara quanto Senado.
11.A mudança completa na composição do Congresso
depende de fazermos uma reforma política e eleitoral, que provavelmente exigirá
a realização de uma Assembleia Constituinte. Mas é possível começar a mudança,
elegendo parlamentares comprometidos com o povo nas eleições de 2026. Mas para
isto é importante explicar à população os motivos pelos quais a atual maioria do
Congresso nacional é antipopular, antinacional e antidemocrática.
12.Também por este motivo é importante que os
movimentos sociais e o movimento sindical continuem investindo na mobilização
social. Nem sempre esta tática tem êxito imediato. Mas ela será fundamental
para derrotar as propostas que vêm sendo defendidas e aprovadas pelos
parlamentares das duas direitas.
13.A luta pelas liberdades democráticas — que inclui
punição para os golpistas, inclui impedir que o parlamento se transforme em
refúgio de criminosos, mas também inclui a revogação da contrarreforma
sindical, pois não há democracia popular sem sindicalismo forte — não esgota a
pauta do povo.
14.Para a imensa maioria da população, a democracia só
ganha sentido se for um instrumento para conquistar o fim da escala 6x1, a
redução da jornada de trabalho, a redução do Imposto de Renda, a taxação dos
ricos, a redução dos juros, a ampliação dos recursos para as políticas públicas,
a revogação das contrarreformas da previdência e trabalhista.
15.Existe vida além do trabalho. Mas para que isso
seja verdade, é preciso mudar muita coisa. Todo mundo deve ter emprego, os
salários têm que ser maiores, a aposentadoria deve ser mais cedo e maior, a
jornada de trabalho tem que ser menor, o transporte tem que ser público,
gratuito e de qualidade. Precisamos reduzir a jornada de trabalho, sem redução
de salários. E a escala 6x1 precisa acabar.
16.A vida da maioria do povo pode ser muito melhor.
Mas para isso é preciso ampliar os investimentos públicos em saneamento,
moradia, transporte, educação, saúde, cultura e lazer. E só haverá mais
investimentos públicos, se tirarmos os ricos da zona do conforto. Quem paga
menos impostos no Brasil? Os ricos. Quem fica com a maior parte dos recursos do
orçamento público? Os ricos. Isso precisa acabar. Rico tem que pagar muito mais
imposto e os trabalhadores têm que pagar muito menos imposto. Por isso apoiamos
a redução do Imposto de Renda, proposta pelo governo federal e em discussão no
Congresso nacional. É um pequeno, mas importante passo em direção aos nossos
objetivos. Por isso, também, apoiamos a redução da taxa de juros: quanto mais
alta a taxa de juros, maior a dívida pública, que beneficia os credores, que
são exatamente os ricos que controlam o sistema financeiro.
17.Por todos esses motivos, mas também porque queremos
que o Brasil seja um país desenvolvimento, industrializado, tecnologicamente
moderno, sem depender da primário-exportação, livre da ditadura do capital
financeiro, devemos pressionar o governo para que mude o rumo da política
econômica, especialmente a taxa de juros e a política de déficit zero. A
Polícia Federal demonstrou os vínculos entre o PCC e a Faria Lima (nome que se
dá ao sistema financeiro nacional). Mas a verdade é bem pior: o conjunto do capital
financeiro assalta cotidianamente o povo brasileiro.
18.O Banco Central, ao manter uma taxa de juros de
15%, está a serviço de quem pretende estrangular a economia e prejudicar
o povo. A taxa de juros deve cair imediatamente e para isso o governo deve
contribuir pressionando o BC e alterando as chamadas metas de inflação.
19.Ao mesmo tempo, o governo tem que abandonar a
chamada política de déficit zero. Esta política visa guardar dinheiro para
transferir ao setor financeiro. E como a taxa de juros é muito alta, o governo
tem que transferir cada vez mais dinheiro. Para aumentar os investimentos
produtivos e as políticas sociais, é preciso que o governo federal abandone a
meta do déficit zero.
20.Se o Banco Central seguir mantendo a taxa de juros
nas alturas, se o Congresso não aprovar aumento dos impostos sobre os ricos, a
alternativa será cortar investimentos e políticas sociais ou deixar de lado os
parâmetros determinados pelo Novo Marco Fiscal. Num ano eleitoral, a primeira
atitude, além de socialmente errada, seria politicamente suicida.
21.A batalha em torno do Marco Fiscal e da política de
juros é decisiva para aqueles, como nós, que não apenas queremos que o povo
vença as próximas eleições, mas também queremos defender os recursos
constitucionais da saúde e da educação, assim como queremos impedir a
contrarreforma administrativa que a direita está tentando aprovar no Congresso
Nacional.
22.Os movimentos sociais e sindicais devem pressionar
neste sentido, não apenas o governo federal, mas também os governos estaduais e
municipais: cabe aos governos, em todos os níveis, aumentar a quantidade e a
qualidade dos serviços públicos, contratar mais e pagar melhor os servidores.
23.Neste espírito, é preciso derrotar a proposta de
reforma administrativa que está em curso no Congresso nacional. E é preciso
também impedir que o Supremo Tribunal Federal aprove, no julgamento do chamado
Tema 1.389,
uma
destruição em larga escala dos direitos trabalhistas e sociais.
24.A polarização contra a direita e contra a
extrema-direita se dá, também, no plano da política externa. Defendemos a solidariedade
com a Venezuela, com a Colômbia, com Cuba e com o povo palestino. E defendemos
que o Brasil mantenha sua integração aos BRICS. Afastar o Brasil dos BRICS,
mais precisamente da China, é um dos principais objetivos do governo Trump.
25.A eleição presidencial de 2026 deve ser um momento
para apresentar ao povo um programa de reformas democráticas e populares em
defesa da soberania produtiva (industrialização & alta tecnologia), da
soberania energética (inclusive retomando o pleno controle estatal da Petrobrás
e da Eletrobrás), da soberania alimentar (com destaque para a reforma agrária),
da soberania digital (regulando, mas principalmente construindo big techs
brasileiras e nacionalizando o controle sobre as terras raras), da soberania comunicacional
(cumprir a Constituição e acabar com o oligopólio da mídia empresarial), da
soberania ambiental (com foco na Amazônia e no Cerrado), da soberania militar
(que inclui uma reforma integral das Forças Armadas e das Polícias Militares).
26.Nosso programa inclui, ainda, o fim da escala 6x1,
a redução da jornada de trabalho, a defesa do SUS e da educação pública, a
revogação das contrarreformas previdenciária-sindical-trabalhista, a reforma
política e a cobrança de impostos sobre os ricos.
27.Defendemos ainda uma verdadeira política de
segurança pública, que inclui o combate às organizações criminosas, localizando
e prendendo os verdadeiros chefes do crime, desmontando seus esquemas
financeiros, bloqueando seu acesso à armamento pesado e privativo das forças
armadas. A chacina ocorrida no Rio de Janeiro não foi nada disso. O que ocorreu
lá foi, em parte, desdobramento de uma incorreta política de insegurança
pública, baseada em tiro, porrada e bomba. O que ocorreu no Rio de Janeiro é,
também, uma verdadeira guerra de facções, na qual setores do governo do Rio
apoiam uma facção contra outra. Mas a chacina também foi uma ação político
eleitoral, uma tentativa da extrema-direita de recuperar a iniciativa política
através da "guerra ao tráfico".
28.Devemos explicar para a população o que está
acontecendo, demonstrar que violência não gera segurança, mostrar que o governo
do Rio está penetrado pelo crime, lembrar que a extrema-direita manipula a
violência para tentar recuperar espaço.
29.Os defensores da chacina dizem que as pesquisas
demonstram o apoio popular. Mas as pesquisas indicam que 52% da população acha
que depois da "operação policial", o Rio de Janeiro está "menos
seguro". E quando a pergunta é "qual deveria ser a primeira reação de
um policial que está trabalhando e se depara com uma pessoa com um fuzil na
mão?", 50% responde que a reação deve ser "buscar prender sem
atirar".
30.Os desafios da classe trabalhadora no próximo
período são imensos. Para que a vida do povo possa continuar melhorando, é
preciso elevar o nível de consciência, organização e mobilização da classe
trabalhadora. Façamos a nossa parte!
Nenhum comentário:
Postar um comentário