Os tempos andam duros
para todo mundo que é de esquerda.
Andam especialmente
duros para quem não entende como aquilo deu nisso.
É o caso daqueles
setores da “esquerda da esquerda” que acreditam que o PT seria um instrumento
da classe dominante.
É o caso, também, dos ultramoderados
que acreditavam que o PT estaria demonstrando como salvar o capitalismo
brasileiro de si mesmo.
A vida derrotou ambas
posições.
Mas é duro reconhecer
o erro, mais fácil acusar os outros de incoerência.
É assim que interpreto
a crítica que Milton Temer faz a uma entrevista recente que divulguei nas redes
sociais.
A entrevista criticada
por Temer está disponível no endereço:
http://www.pagina13.org.br/pt/valter-pomar-o-governo-esta-capitulando-ao-programa-da-direita-motivo-pelo-qual-o-alvo-agora-e-o-pt-e-lula/#.VsyPy8eFeOM
Sujeito educado e por quem tenho o
maior respeito e carinho pessoal, Temer primeiro me afaga.
Diz que sou “do campo combativo do saudoso PT” e que eu teria “consistente formação teórica”.
Afaga, para em seguida descer o porrete.
Diz que dou “nó em pingo d’água”, para convencer meus leitores de que “só
agora, há uma guinada à direita, com as últimas propostas do governo Dilma”.
Respondo: leia o que escrevi desde o início de 2015, ou até antes da posse.
Desde o primeiro dia falo que o governo está sofrendo de torcicolo.
Mas agora há uma evidente mudança de qualidade.
Tanto é assim que o próprio Temer escreve que agora estaria ocorrendo um
desmonte “definitivo” (sic) da Seguridade
Social.
Outro assunto: Temer pergunta ironicamente se eu esqueci das “primeiras
medidas tomadas por Lula quando eleito em 2002”.
Respondo: claro que não esqueci.
Tenho uma memória de cão.
Lembro não apenas do que Lula fez e deixou de fazer, como lembro também das
posições de direita defendidas por figuras do PSOL, agora e também quando militavam no PT.
Agora, o que não me esqueço mesmo é que política não é ajuste de contas
pessoal.
Política é luta pelo poder entre classes sociais, entre grandes forças
políticas.
Temer goste disto ou não, se a direita quer destruir o Lula, a esquerda
tem a obrigação de defender o Lula.
Temer pergunta se eu pretendo “convencer alguém de que Lula é aquilo que
o próprio faz questão de afirmar nunca ter sido?”
Respondo: de jeito nenhum.
Aliás, não sou nem nunca fui lulista. Sou petista.
Acontece que a direita não quer destruir o Lula pelos seus defeitos, que
obviamente existem.
A direita quer destruir o Lula pelas suas qualidades.
Temer insiste em não
entender isto.
E como não entende
isto, não compreende que não basta “não entrar” no “cantochão absolutamente
desprezível do combate sujo e despolitizado a Lula”.
Lavar as mãos não
basta.
Por fim: Temer lamenta
o que o “lulopragmatismo conseguiu fazer em cabeças pensantes”.
Sugiro que ele pense antes
no que o anti-lulismo fez e faz com outras cabeças pensantes.
Por fim, uma historinha que me veio a mente, sei lá por qual motivo: quando os nazistas invadiram a URSS, não faltou quem ficasse lembrando isto ou aquilo da história recente. Mas fez certo quem colocou em primeiro lugar a missão de derrotar o nazismo.
Concordo plenamente.
ResponderExcluir"Certa esquerda" e principalmente os dirigentes do PT precisam entender o último parágrafo do texto em tela!...
Então vc concorda que Trotsky esteve errado nos anos 30? Evoé!
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