segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Para Fernando Bala Dornelles

Um pequeno comentário que fiz gerou uma interminável polêmica (ver ao final).
E por conta desta polêmica, dedico ao companheiro Fernando Bala Dornelles esta poema, do genial Carlos Drummond De Andrade.

Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.

As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.

O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.

O homem atrás do bigode
é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode.

Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus,
se sabias que eu era fraco.

Mundo mundo vasto mundo
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.

Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo.


Para o caso de não ter ficado claro, destaco: as vezes a rima não é solução.
Bate na palma da mão, bate na palma da mão, Jairo Jorge e Rui Falcão é um exemplo disto.
Rima. 
Mas não é solução.

Abraços

Valter Pomar


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